Três quartos dos ciganos estão entre os 20% de população mais pobre

Para assinalar o Dia Nacional do Cigano, o INE traça um retrato da comunidade em Portugal: há mais mulheres, população é menos escolarizada e tem rendimentos mais baixos.

Três quartos das pessoas que se identificam como ciganas (72,6%) encontram-se no primeiro quintil de distribuição do rendimento, isto é, nos 20% da população com rendimentos mais baixos, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a propósito do Dia Nacional do Cigano.

Para assinalar o Dia Nacional do Cigano, esta segunda-feira, o gabinete de estatísticas divulga um conjunto de dados sobre esta comunidade, com base nos resultados do “inquérito às condições de vida, origens e trajetórias da população residente em Portugal”. Em linhas gerais, os dados revelam que a comunidade cigana tem mais mulheres, é menos escolarizada e tem rendimentos mais baixos, face à média da população nacional.

De acordo com o INE, a população cigana apresentava em 2023 uma estrutura etária mais jovem, com mais de um terço (35%) com idades entre os 18 e os 34 anos, o equivalente a 47,5 mil pessoas. “Por comparação com a população total, a população que se autoidentifica como cigana apresentava uma maior proporção de mulheres (56,6%), o que compara com 51,7% na população total, registando-se uma diferença de 13,2 pontos percentuais (p.p.) entre sexos naquele grupo étnico”, acrescenta o gabinete de estatística.

Já no que toca à escolaridade, esta é também menos escolarizada: 91,9% tinham no máximo o 3.º ciclo do ensino básico, o que compara com 45,7% na população total. Vivem “predominantemente em áreas urbanas (73,7%)” e quase todos (88,1%) “são pessoas nascidas em Portugal e cujos pais e avós nasceram também em Portugal, numa proporção superior à observada na população total (81,5%)”, nota o INE.

Ao nível do mercado de trabalho, seis em cada dez (61,3%) estavam empregados ou desempregados, também uma proporção mais baixa face à população total, onde a percentagem de ativos era de 70,8%. E cerca de três quartos das pessoas que se identificam como ciganas (72,6%) estavam “no primeiro quintil de distribuição do rendimento, o que significa que se posicionam nos 20% da população com rendimentos mais baixos“, nota o INE.

Ainda assim, cerca de metade das pessoas de etnia cigana (53,1%) consideravam que a condição financeira era “suficiente para fazer face às despesas, embora tenham de ter cuidado para controlar os gastos, valor significativamente inferior ao observado na população total, em que mais de três quartos (76,3%) afirmaram encontrar-se nessa situação”.

Este grupo populacional apresentava níveis de discriminação muito superiores à média nacional: mais de metade (51,3%) dizem já ter sofrido de discriminação em Portugal, o que compara com os 16,1% registados a nível nacional. Mais de quatro quintos (82,8%) disseram existir discriminação no país e cerca de três quartos (74,3%) consideraram que a discriminação com base na origem étnica é frequente ou muito frequente (48,8% na população total). Ao mesmo tempo, mais de metade das pessoas ciganas (52,7%) já testemunhou situações de discriminação (35,9% na população total).

Para assinalar o Dia Nacional do Cigano, o Presidente da República recordou o “contributo” da comunidade cigana “para a construção” do país e apelou ao fim das situações de “discriminação, falta de representação e dificuldades de integração” que se mantêm, “nomeadamente nas áreas da habitação e do trabalho”. “Para isso, será igualmente importante continuar a mobilizar a sociedade civil e os decisores políticos para a efetiva execução de políticas públicas que mitiguem os efeitos da pobreza e da exclusão, como previsto pela Estratégia Nacional para Integração das Comunidades Ciganas”, escreve Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada no site da Presidência.

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