Isabel Vaz critica falta de clareza na gestão da saúde

A CEO da Luz Saúde defende uma clarificação das responsabilidades da ministra da Saúde e alerta para que a recente integração dos cuidados primários nas ULS possa comprometer o sistema.

A saúde é um dos cinco setores com maiores oportunidades de investimento em Portugal, segundo as conclusões do relatório “Structural Trends Shaping Portugal’s Economy and Growth”, produzido pelo Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa a pedido da Euronext e da AEM, no âmbito da iniciativa Portugal Capital Markets Day 2024, que se realiza esta sexta-feira em Lisboa.

No entanto, nem tudo corre bem no setor, salientou Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde, num painel de discussão do Portugal Capital Markets Day 2024. A líder do maior grupo privado de saúde do país aponta o dedo à atual falta de clareza na gestão do setor por parte do Ministério da Saúde, sublinhando que isso leva a ineficiências e a confusões.

Isabel Vaz sublinhou a ausência de mecanismos de controlo eficazes na gestão da saúde pública como sucede no setor privado, referindo a ausência de “procedimentos de checks and balances adequados” no sistema público.

“É fundamental definir quem é responsável por decidir as políticas públicas de saúde, as coberturas do sistema e a alocação dos recursos provenientes dos impostos”, defende Isabel Vaz, notando a necessidade de haver uma clarificação das responsabilidades da ministra da Saúde nestas matérias.

Um dos pontos levantados por Isabel Vaz prende-se com a gestão dos cuidados primários, questionando, desde logo, a eficácia do modelo de Unidades Locais de Saúde (ULS) recentemente implementado, sugerindo que “a integração dos cuidados primários nas ULS pode comprometer a sua função enquanto guardiões do sistema”.

Para a CEO da Luz Saúde, “os cuidados primários deveriam ser independentes da gestão hospitalar, pois são os guardiões do sistema que previnem a afluência desnecessária aos hospitais”.

Além disso, Isabel Vaz sublinhou a ausência de mecanismos de controlo eficazes na gestão da saúde pública como sucede no setor privado, referindo a ausência de “procedimentos de checks and balances adequados” no sistema público. Para a CEO da Luz Saúde, esta lacuna pode resultar em gastos desnecessários e falta de supervisão adequada.

Ainda no decorrer da sua intervenção, Isabel Vaz abordou também os desafios que enfrenta o setor, nomeadamente a escassez de profissionais de saúde. “Na Europa, estamos a falar de uma carência de um milhão de profissionais de saúde”, alertou, sublinhando a necessidade de encontrar soluções inovadoras para aumentar a produtividade e eficiência do setor.

Perante uma sala de investidores nacionais e internacionais, a CEO da Luz Saúde, que recentemente suspendeu o IPO devido a “condições de mercado adversas”, enfatizou ainda o potencial do investimento em saúde para impulsionar a economia, notando que atualmente a saúde pesa 12% do PIB.

“O investimento em saúde traduz-se em produtividade, não apenas em termos de eficiência, mas também na qualidade do que é produzido”, afirmou Isabel Vaz, defendendo uma abordagem baseada em valor para distinguir os investimentos que efetivamente melhoram a saúde da população.

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