Exclusivo Drahi e sauditas da STC rompem negociações pela Altice
O negócio de venda da Altice Portugal estava em curso, mas o candidato que chegou à fase final, os sauditas da STC, desentendeu-se com Patrick Drahi por causa do preço. E para já fica tudo como está.
Poderia ser o maior negócio do ano, mas, tudo indica, vai morrer na praia. Os sauditas da STC tinham sido escolhidos como preferred biders para comprar a Altice Portugal e estavam em negociações exclusivas com Patrick Drahi, mas nas últimas duas semanas as discussões sobre o preço final da operação ditaram uma rotura e o fim das negociações, revelaram ao ECO duas fontes conhecedoras do processo.
Contactada oficialmente pelo ECO, a Altice escusou-se a fazer comentários sobre o fim das negociações de uma venda que, até há poucas semanas, poderia valer cerca de oito mil milhões de euros (Enterprise Value), o valor da oferta da STC (Saudi Telecom), a empresa saudita pública que entrou, há poucos meses, no capital da espanhola Telefónica. Ainda não são conhecidos os detalhes da rotura das negociações, mas uma terceira fonte que acompanha o negócio garantiu ao ECO que os sauditas consideraram que as avaliações do seu assessor financeiro, o banco de investimento Morgan Stanley, estavam desajustadas e, nesse contexto, pediram para iniciar uma due diligence com vista à revisão do valor oferecido.
A Warburg Pincus, com o apoio do banqueiro português António Horta Osório, terá apresentado uma oferta de 6,7 mil milhões de euros (também com dívida), além de considerar os chamados earnouts, isto é, uma percentagem do valor a pagar condicionado a determinados resultados.
Mesmo sob pressão para vender ativos e reduzir dívida que, só no mercado francês, era da ordem dos 25 mil milhões de euros no final do ano passado, enquanto a International, que inclui a operação portuguesa, tinha uma dívida de quase nove mil milhões –, Patrick Drahi terá recusado discutir uma revisão do preço e, segundo as mesmas fontes, pôs o negócio da Altice Portugal em stand by. E ninguém arriscar antecipar o que poderá ser a próxima carta do milionário franco-israelita.
Quais são os ativos da Altice Portugal? A lista de ativos é extensa, desde logo o Meo. É a operadora líder de mercado em Portugal nos principais segmentos de consumo, de acordo com os dados do número de subscritores publicados pela Anacom. Além disso, a Altice Portugal controla a FastFiber, um operador grossista de fibra ótica, com uma posição de 50,01%. Teve origem no negócio que pôs nas “mãos” de um fundo gerido pelo Morgan Stanley Infrastructure Partners a restante fatia de 49,99% do capital em 2019. Outro ativo estratégico é a Altice Labs, que fica em Aveiro e descende da antiga PT Inovação. É um polo de investigação e desenvolvimento (I&D) que, nos últimos anos, tem encabeçado o filão exportador dentro da Altice Portugal: em junho do ano passado, o ECO escreveu que as vendas para o exterior do país já representavam 85% das receitas desta unidade, que também vende à própria Meo.
O processo de venda da Altice Portugal decorria há meses, chegou a ter pelo menos cinco consórcios candidatos, e estava a condicionar opções de fundo em matéria de investimento, a aguardar o desfecho do processo. Apesar disso, a atividade operacional da Altice Portugal continuou a resistir. As receitas no primeiro trimestre cresceram 0,6%, face aos mesmos três meses do ano passado, para 704 milhões de euros, revelou a empresa liderada por Ana Figueiredo. O segmento de consumo registou crescimentos, mas o negócio dos serviços empresariais sofreu uma quebra nas receitas, devido à redução das vendas da Altice Labs. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) melhorou 5,6%. A Altice Portugal, recorde-se, não publica o resultado líquido.
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