Proteção de Dados envia processo da Worldcoin para Alemanha
Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) revela que Worldcoin lhe enviou documentos que mostram que tem sede na Alemanha. Por isso, reconheceu a autoridade do Estado da Baviera como responsável.
A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) decidiu enviar o processo da Worldcoin para a Alemanha, depois de ter concluído que a empresa responsável pelo projeto está sedeada no estado da Baviera, anunciou esta quarta-feira num comunicado.
Em março, a CNPD obrigou a Worldcoin a suspender, no território nacional, pelo período de 90 dias, a recolha de dados biométricos da íris, dos olhos e do rosto, “com vista a salvaguardar o direito fundamental à proteção de dados pessoais, em especial dos menores”.
“Apenas depois desta deliberação da CNPD, a WorldCoin Foundation juntou ao processo documentos que vieram demonstrar que esta empresa tem estabelecimento na União Europeia, em concreto, a ZipCode GmbH, em Erlangen, no estado da Baviera, na Alemanha. Este facto determina que a Autoridade de Controlo competente, a título principal, para a análise e prosseguimento dos autos, passa a ser a Autoridade bávara”, entende a CNPD, que reconheceu “que estamos perante o incidente de competência”.
Não significa isto que a CNPD deixará de supervisionar a Worldcoin. “A CNPD, enquanto Autoridade de Controlo Interessada, exercendo os poderes inerentes a esta qualidade, manter-se-á atenta a todos os desenvolvimentos deste processo”, frisa no comunicado.
Na semana passada, o diretor regional em Portugal, Ricardo Macieira, disse à Lusa que a suspensão da recolha de dados biométricos tinha terminado, mas a empresa decidiu “proativamente não voltar às operações” até ter “algum feedback da CNPD sobre este processo”. “Ainda não tivemos”, acrescentou.
A Worldcoin pretende criar uma rede global de verificação da “humanidade” para facilitar a autenticação em plataformas digitais, permitindo a qualquer pessoa, mantendo-se anónima, provar que é um humano e não um robô. Como tal, a empresa começou no ano passado, em diversos países, a fazer imagens digitais da íris de pessoas que voluntariamente se submetessem a esse registo em troca de uma compensação em criptomoedas (uma moeda virtual usada na internet).
Os dados biométricos são dados especialmente sensíveis à luz do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia.
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