Venda da Somincor. “Não se avizinha nada de bom”, diz sindicato

  • Lusa
  • 16 Julho 2024

"Pensamos que não é nada do outro mundo, porque a venda de empresas acontece todos os dias em todo o lado”, disse, por seu turno, o autarca de Castro Verde.

O presidente da Câmara de Castro Verde (Beja) disse esta terça-feira esperar que a possível venda da empresa da mina de Neves-Corvo, situada no concelho, seja “um ato de gestão normal”, enquanto o sindicato do setor manifestou preocupação. “Temos pouca informação sobre os termos do negócio e como é que vai avançar, mas pensamos que não é nada do outro mundo, porque a venda de empresas acontece todos os dias em todo o lado”, afirmou à agência Lusa o autarca de Castro Verde, António José Brito.

Falando sobre a eventual venda da Somincor, subsidiária do grupo Lundin Mining que explora a mina de Neves-Corvo, o presidente do município disse compreender estas intenções, dada a alta rentabilidade e importância social e económica da empresa. “É legítimo que a Lundin Mining tenha a perceção de, tendo um ativo tão importante e valioso, o poder rentabilizar e, naturalmente, entendemos isso como um ato de gestão normal no seio de um grande grupo económico”, realçou.

Assinalando que “a Somincor é a maior empregadora do concelho de Castro Verde”, o autarca alentejano mostrou-se convicto de que, caso o negócio se concretize, se siga “um quadro de normalidade e de responsabilidade”. “Precisamos de ter uma expectativa de bom senso e tranquilidade de que todo este processo decorrerá dentro da maior normalidade e, nesse sentido, continuaremos a ter uma empresa muito sólida, geradora de emprego e de riqueza”, salientou.

António José Brito lembrou que, há cerca de 20 anos, a empresa “passou por um processo semelhante”, quando a Lundin Mining a comprou à Eurozinc, e que, também nessa altura, “houve muita especulação” sobre o futuro. “A empresa continuou a fazer o seu caminho e, agora, também é a nossa confiança que continue a fazer o seu caminho, com a maior normalidade e independentemente destes processos, que acontecem em todo o lado e com todas as empresas”, acrescentou.

Já o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), Albino Pereira, tem uma opinião diferente, uma vez que considerou que “não se avizinha nada de bom”. “De certeza absoluta que não será bom para os trabalhadores, pois, quem vier, virá com vontade de ‘passar a limpo’ os direitos que os trabalhadores têm. Isso já foi tentado no passado e agora será mais do mesmo”, disse.

Albino Pereira aludiu mesmo ao que sucedeu quando entraram novos proprietários nas minas de Aljustrel, também no distrito de Beja, em que foram propostos aos trabalhadores “ordenados pouco acima do ordenado mínimo nacional”. “Isso para um mineiro é uma desgraça”, reforçou.

O dirigente sindical acrescentou que “quem vier a seguir quererá ‘fazer uma limpeza’ – como se costuma dizer – e pôr tudo à vontade deles”. “É um procedimento normal em qualquer compra de património”, notou. Perante a eventual venda da concessionária da mina de Neves-Corvo, o STIM pretende “marcar uma reunião com a administração”, anunciou o coordenador, Albino Pereira.

A Somincor já confirmou, em comunicado enviado à Lusa, “a existência de contactos exploratórios” para a venda da sua operação em Portugal. O comunicado da concessionária da mina de Neves-Corvo surge depois de uma notícia, divulgada pelo jornal “ECO”, a dar conta da pretensão da Lundin Mining vender a empresa mineira sediada no distrito de Beja.

De acordo com a notícia do “ECO”, a fase de apresentação de propostas pela mina de Neves-Corvo termina na quarta-feira, numa operação que estará a ser conduzida pelo Banque de Montréal. Constituída em 24 de julho de 1980, a Somincor é a concessionária da mina de Neves-Corvo, que produz, sobretudo, concentrados de cobre e de zinco, assim como prata e chumbo, e onde trabalham cerca de 2.000 pessoas.

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