Exclusivo TAP deve ir ao mercado este ano para refinanciar dívida de 375 milhões

Emissão de obrigações realizada em 2019 chega à maturidade em dezembro. Antes disso, a companhia aérea deverá ir mercado para refinanciar a dívida e poderá até pagar um juro mais baixo.

Foi ainda com os investidores privados ao leme da companhia que a TAP foi ao mercado em 2019 levantar 375 milhões de euros. As obrigações chegam à maturidade em dezembro e antes disso a transportadora deverá ir ao mercado refinanciar a dívida, antecipa a Moody’s. Melhoria do rating e redução da alavancagem financeira poderão permitir taxa de juro mais baixa.

Vemos a possibilidade de a companhia refinanciar os 375 milhões em obrigações sénior não garantidas que chegam à maturidade em dezembro de 2024″, escreve a agência de rating na nota em que reviu em alta a classificação da dívida da TAP, de de B1 para Ba3. Ao que o ECO apurou, é elevada a probabilidade de a operação vir a acontecer.

Estas obrigações são as únicas que a TAP tem cotadas, depois do reembolso da dívida emitida junto dos investidores de retalho em junho do ano passado. Não fazer o refinanciamento significaria perder o contacto regular com os investidores institucionais do setor.

A companhia poderá até conseguir um custo de financiamento mais favorável do que em 2019, quando a taxa de juro foi fixada em 5,625%. É que apesar das taxas de referência estarem mais elevadas, em resultado da política monetária do Banco Central Europeu, a TAP hoje tem uma alavancagem financeira bem mais reduzida e um rating mais alto. A taxa de juro a pagar numa emissão dependerá sempre das condições de mercado, que no limite podem até inviabilizá-la.

Apesar de continuar dentro do patamar de elevado risco, a classificação atribuída pela Moody’s à TAP subiu dois níveis desde 2019, de B2 para Ba3. Além disso, o rácio entre a dívida bruta e o EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) está agora abaixo de 4 vezes, contra 6,8 vezes há cinco anos. A expectativa da agência, vertida na nota a que o ECO teve acesso, é de que aquele rácio continue a apresentar uma evolução favorável.

A Moody’s sublinha ainda o “perfil de liquidez muito mais forte, com a TAP a ter cerca de 1,1 mil milhões de euros no balanço, contra 426 milhões em 2019″. A companhia aérea deverá ainda continuar a beneficiar de forte procura e um contexto de rentabilidade positivo.

A revisão em alta do rating reflete a forte rentabilidade operacional da companhia desde a nossa última decisão em novembro de 2023 e as concomitantes melhorias nas métricas de crédito após a pandemia.

Moody's

A revisão em alta do rating reflete a forte rentabilidade operacional da companhia desde a nossa última decisão em novembro de 2023 e as concomitantes melhorias nas métricas de crédito após a pandemia”, nota a agência, acrescendo que “tal como o resto da indústria, a TAP está a beneficiar de um ambiente de preços robusto, permitindo-lhe passar uma grande proporção do aumento nos custos com combustível e outros”. A agência antecipa, no entanto, uma ligeira inversão nesta tendência em 2024 e 2025.

Depois de ter registado lucros de 177 milhões no ano passado, a companhia liderada por Luís Rodrigues fechou o primeiro trimestre com um prejuízo de 72 milhões de euros, com os novos acordos de empresa a pesarem nos resultados, conseguindo ainda assim um desempenho melhor do que no período homólogo. O CEO da TAP garantiu recentemente que as contas do segundo trimestre correram “muito melhor que o primeiro” e que o ano está a correr dentro do orçamentado. Também o administrador financeiro, Gonçalo Pires, afirmou numa audição no Parlamento que a transportadora aérea iria ter “um resultado positivo no final do ano”.

A Moody’s aponta como fatores que suportam o rating “a localização estratégica em Lisboa, com uma elevada quota de mercado no constrangido aeroporto da capital, uma estrutura de custos competitiva quando comparada com outras companhias europeias e a forte quota de mercado nas rotas entre a Europa e o Brasil. A classificação da dívida é limitada pela “menor dimensão da TAP face às concorrentes e maior concentração de rotas, um histórico operacional fraco e volátil mesmo após a privatização parcial em 2015, uma baixa rentabilidade antes da pandemia quando comparada com as pares e um cash flow negativo devido às despesas com leasing“.

A agência não espera “que uma privatização ou sequer um desinvestimento parcial [pelo Estado] seja concluído no curto prazo”.

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