Produção de calçado em Portugal tropeça 3,6%, mas dá “pontapé” a Itália
Indústria portuguesa fabricou 81 milhões de pares de sapatos em 2023, caindo menos que a rival italiana. “Começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de nearshoring”, valoriza Luís Onofre.
A produção de calçado em Portugal recuou 3,6% em 2023, em comparação com o ano anterior, para um total de 81 milhões de pares. Ainda assim, a indústria nacional reclama um desempenho melhor do que a concorrente Itália, que afundou 8,6% e fabricou 148 milhões de pares durante o ano passado.
“Nos últimos dez anos, a produção italiana recuou 26,7% — de 202 milhões de pares produzidos em 2013 para 148 milhões no último ano –, enquanto a portuguesa aumentou 8%, de 75 milhões de pares em 2013 para 81 milhões em 2023”, destaca a associação do setor (APICCAPS).
Estes dados constam da mais recente edição do World Footwear Yearbook, que mostram uma quebra de 6% na produção mundial de calçado. Os 22,4 mil milhões de pares fabricados em 2023 representam “o mínimo na década, se excluirmos os anos pandémicos de 2020 e 2021”, realça o relatório.
Nos últimos dois anos, [Portugal] foi procurado por marcas de inegável prestígio a nível internacional, que procuram naturalmente um parceiro fiável, com uma grande qualidade produtiva, serviço de excelência e que está a apostar de forma continuada nas áreas da automação, digitalização e mesmo sustentabilidade.
Quase nove em cada dez pares de calçado continuam a ser fabricados na Ásia, com destaque para a China, o maior produtor mundial, com uma quota de 55%. O continente asiático sofreu um recuo de 7% durante o ano passado, em termos homólogo, ao passo que a Europa “apenas” recuou 5% neste indicador.
“Ainda que o ano de 2023 tenha sido particularmente difícil para o setor do calçado a nível internacional, começam a verificar-se os primeiros sinais consolidados de nearshoring. É claramente um bom sinal para as nossas empresas que, mesmo num clima de grande exigência, continuam a investir e a procurar novas oportunidades de negócio”, contrapõe o presidente da APICCAPS.
Luís Onofre sublinha que “nos últimos dois anos, [Portugal] foi procurado por marcas de inegável prestígio a nível internacional, que procuram naturalmente um parceiro fiável, com uma grande qualidade produtiva, serviço de excelência e que está a apostar de forma continuada nas áreas da automação, digitalização e mesmo sustentabilidade”.
No ano passado, a indústria portuguesa do calçado perdeu 56 empresas e 1.361 postos de trabalho face a 2022. De acordo com os dados mais recentes da consultora Informa D&B, as empresas de calçado e de vestuário lideraram as insolvências no arranque deste ano, localizados em particular nos distritos do Porto e Braga.
Exportações em queda
No que toca às exportações globais, ascenderam a 14 mil milhões de pares e 168 mil milhões de dólares em 2023, correspondente a uma diminuição anual de 9,1% e 6,1%, respetivamente, nos volumes negociados e no valor das transações.
A China surge novamente em destaque como a origem de 63,8% do total das exportações, quase três pontos acima do registo do ano anterior. Seguem-se, a larga distância, o Vietname (9,5%) e a Indonésia (3,2%), sendo que estes três países, em conjunto, valem mais de três quartos das exportações mundiais de calçado.
Quanto a Portugal, a indústria portuguesa vendeu menos dez milhões de pares de calçado no estrangeiro durante o ano passado, segundo dados do INE, compilados pela associação do setor. Esta redução das quantidades exportadas (-11,3%, para um total de 66 milhões de pares) foi superior à perda de 8% em valor em relação ao ano anterior.
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