Programa de Recapitalização do Banco de Fomento perde mais uma empresa

Banco de Fomento está a analisar “nove operações no âmbito do Programa de Recapitalização Estratégica, num montante de investimento superior a 115 milhões", revelou ao ECO fonte oficial.

O Programa de Recapitalização Estratégica, do Banco Português de Fomento, perdeu mais uma empresa – a Eurogalva. Apesar de ter visto o investimento de sete milhões de euros aprovado a 30 de outubro do ano passado, a operação acabou por ser rejeitada por não reunir as condições de elegibilidade, disse fonte oficial do Banco de Fomento ao ECO. Ainda há duas empresas com investimentos por contratar.

A Eurogalva é uma empresa de galvanização e metalomecânica que, a par da Calvelex (têxtil) e da Tupai (uma empresa de metalomecânica ligeira) ainda estavam em negociações com a instituição liderada por Ana Carvalho. Em maio, Samuel Coelho, CFO da Eurogalva reconheceu que não estava muito confiante nas negociações, dado o tempo a que se arrastavam.

O ECO questionou o Banco de Fomento para saber as razões que levaram à saída da empresa da listagem das operações. “Durante a habitual fase de due diligence, em que se fornecem e detalham elementos, no contexto da reapreciação da decisão da operação, verificou-se que não estavam reunidas as condições necessárias de elegibilidade, o que resultou na não aprovação da operação e na sua retirada da lista de operações”, explicou fonte oficial da instituição.

O Banco de Fomento comunicou a aprovação da operação a 30 de outubro de 2023, impondo as suas condições, através de um term sheet com validade de 30 dias. Mas estas “não foram aceites na íntegra” e as três partes envolvidas na potencial operação – Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), criado em julho de 2021 com verbas do PRR, coinvestidor e empresa. Foram encetadas “negociações para procurar consensualizar posições e minutas contratuais, o que não ocorreu antes de terminado o prazo de validade do term sheet (e da decisão de investimento aprovada pelo BPF)”, acrescentou a mesma. Foi depois na fase de due diligence, que o banco verificou que não estavam reunidas as condições necessárias de elegibilidade.

Desde o início de maio, o Programa de Recapitalização Estratégica só tinha aprovado 105,3 milhões de euros. Depois com a desistência da Riopele perdeu os 9,97 milhões que lhe estavam alocados e agora com a remoção da Eurogalva o valor global desceu para 90,42 milhões de euros. A média empresa de Santa Maria da Feira tinha previsto um investimento de sete milhões, dos quais 4,9 milhões eram financiados pelo FdCR e 2,1 milhões por um coinvestidor privado.

O Programa de Recapitalização Estratégica conta com 200 milhões de euros de dotação global, através de verbas do FdCR, tendo por objetivo estimular o crescimento sustentável da economia e colmatar a “delapidação” de capitais próprios durante a crise gerada pela pandemia. Mas, apesar dos prazos apertados de execução decorrentes da origem dos fundos ser do PRR – o período de investimento termina a 31 de dezembro de 2025 –, o programa tem sofrido vários reveses. Em novembro de 2023 foram quatro as empresas que saíram por desistências e agravamento das condições e antes disso, Mário Ferreira, protagonizou uma desistência mediática com a Pluris, em agosto de 2022, que libertou na altura 40 milhões de euros.

Nove operações em análise

O Banco de Fomento está a analisar “nove operações no âmbito do Programa de Recapitalização Estratégica, totalizando um montante de investimento superior a 115 milhões de euros”, revelou ao ECO fonte oficial da instituição.

Presentemente, o programa só tem 45% da sua dotação alocada, tendo investido diretamente em 15 empresas.

Em termos globais, o FdCR (que tem uma dotação de 1,32 mil milhões) já contratou 65% da sua dotação, mas pagou apenas 11,5% (152,45 milhões de euros).

O ECO tentou contactar a Eurogalva, mas não foi possível até à publicação deste artigo.

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