“Políticas públicas são um empreendimento coletivo, não um exclusivo dos políticos”, diz Luís Cabral
Instituto de políticas públicas apresentado esta tarde tem Luís Cabral como diretor académico, Pedro Martins como vice-diretor para a área económica e Filipe Alfaiate como diretor executivo.
O novo instituto de políticas públicas da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) vai procurar construir “uma ponte” entre a academia, a sociedade civil e quem está encarregue de pensar e desenhar as políticas nacionais. A mensagem foi deixada esta sexta-feira pelo diretor académico, Luís Cabral, que defendeu que as políticas públicas são “um empreendimento coletivo, não um exclusivo dos políticos”.
“O novo instituto pode ser uma força para reviver o espírito de que as políticas públicas não são um reino exclusivo dos políticos, deve ser um empreendimento de toda a sociedade“, sublinhou o também professor da New York University, na apresentação do novo instituto.
Na visão de Luís Cabral, as políticas públicas “não podem ser improvisadas”. Antes, têm de ser baseadas em “investigação rigorosa”, daí a importância de haver uma ponte com a academia.
Quanto ao novo instituto, o diretor académico revelou que o indicador de desempenho será o seu impacto nas políticas locais, nacionais e internacionais, na “agulha” das políticas públicas. “Queremos tornar as políticas públicas cool, queremos tornar a carreira nessa área novamente cool“, assinalou o professor.
Além de Luís Cabral, este novo instituto conta com Pedro Martins como vice-diretor para a área económica e Filipe Alfaiate como diretor executivo. E está a contratar (procura estudantes interessados em investigação).
A intenção é que todos os anos haja uma conferência anual sobre políticas públicas, que será aberta ao público, “para que toda a gente possa participar e contribuir para a criação de políticas públicas“, sublinhou Luís Cabral.
Queremos tornar as políticas públicas cool, queremos tornar a carreira nessa área novamente cool.
Na apresentação desta sexta-feira, também o diretor da Nova SBE teve oportunidade de fazer uma intervenção, e avançou que a criação deste estudo teve como inspiração a sua experiência na Dinamarca, onde os canais entre a academia e a política pública são mais ágeis.
Já num painel sobre o papel das políticas públicas, António Nogueira Leite, professor universitário e ex-secretário de Estado, defendeu que “vamos ter uma sociedade melhor e uma economia mais rica, se tivermos boas políticas públicas”, enquanto a ex-ministra Maria Manuel Leitão Marques realçou que é importante combinar vários níveis de decisão. Por exemplo, na inteligência artificial não basta agir a nível europeu. Há quer criar laços transnacionais com os Estados Unidos, identificou.
Por sua vez, o ex-ministro Fernando Medina declarou que os jovens querem participar em causas, mas não na política, posição com a qual o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos concordou. Gonçalo Matias insistiu, em linha com Luís Cabral, que é preciso envolver todas as partes no desenho de políticas públicas, elegendo a habitação e corrupção como as prioridades na discussão.
“Uma verdadeira democracia não ganha vida só a cada quatro anos”
O encerramento da apresentação do novo instituto da Nova SBE esteve a cargo do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que realçou que “os políticos não precisam de se isolar nas torres de marfim das suas responsabilidades“. Antes, podem e devem ouvir a prender com as comunidades, defendeu.
E as universidades, que “trazem novas formas de ver o que está a acontecer e o que acontecerá no futuro”, são “bons candidatos” para esse diálogo, quebrando o potencial isolamento dos políticos, observou Pinto Luz.
“Nada é mais permanente do que os resultados de decisões informadas“, acrescentou o ministro. E referiu, como exemplo, a recente entrevista de Luís Cabral (ao ECO, que pode ler aqui), na qual o professor deixa pistas sobre como resolver a crise da habitação que Portugal atravessa. “Trouxe a atenção do Governo para novas ideias“, revelou Pinto Luz.
Na sua intervenção, o governante fez ainda questão de notar que, em democracia, a maneira de distinguir as boas das más políticas públicas é através da discussão, daí que os políticos precisem de estar próximos da sociedade e vice-versa. “Uma verdadeira democracia não ganha vida só a cada quatro anos, nas urnas“, avisou.
Notícia atualizada às 18h52 com declarações do ministro das Infraestruturas
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“Políticas públicas são um empreendimento coletivo, não um exclusivo dos políticos”, diz Luís Cabral
{{ noCommentsLabel }}