BRANDS' ECO Parar para pensar. Fazer silêncio. E ouvir. O que aconteceu na Leadership Summit Portugal 2024
Sob o tema “Humanity is Calling - Be Silent, Decide with Truth”, 32 oradores participaram na 8.ª edição da Leadership Summit Portugal, a 25 de setembro, no Casino Estoril.
Desacelerar, pensar, sem desviar o olhar das grandes discussões do momento, com a lente da IA, da sustentabilidade, das lideranças modernas, das emoções, do envelhecimento, da literacia digital, da beleza moral e da ética. Estaremos prontos para silenciar o ruído que nos rodeia?
Sob o tema “Humanity is Calling – Be Silent, Decide with Truth”, 32 oradores nacionais e internacionais subiram dia 25 de setembro, ao palco do Casino Estoril, para a 8.ª edição da Leadership Summit Portugal, perante uma audiência de 850 pessoas.
No arranque do evento, Nelson Pires, General Manager & Board Member da Jaba Recordati, acordou a audiência no Lounge do Casino, com a wake-up talk “Qual das inteligências artificiais substituirá o ser humano?”.
The Call of Humanity
Já no salão Preto e Prata, o programa inicia-se com um bailado coreografo por Tiago Barreiros e Joana Simões, sob a batuta de Filipa Peraltinha.
Filipe Vaz, CEO da Tema Central, arranca com os discursos institucionais. «Vivemos um período de proliferação de estímulos que condicionam a nossa sociedade e organizações. Vamos refletir e encontrar novos caminhos para a paz e para o desenvolvimento humano. Fazer silêncio, abstrair do excesso de estímulos».
Nuno Piteira Lopes, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, reflete que: «O Mundo está a sofrer várias mutações, é um lugar cada vez mais perigoso e menos confortável, alguns valores e direitos podem ficar comprometidos. A liberdade é um dos objetivos mais nobres da nossa Humanidade. É mais do que direito ou privilégio, é a essência do que nos torna humanos. (…) É preciso líderes que saibam ouvir e refletir nas vozes e ações da população. Liderar é acima de tudo para todos, nunca deixar ninguém para trás».
Por seu lado, António Leitão Amaro, Ministro da Presidência, explica a origem da figura do Ministro. E faz questão de salientar: «Quando se vive em Democracia perceber o que é o bem comum, é uma tarefa dificílima – a primeira condição é ouvir. Não partir para a função convencido que se sabe tudo. E fazer este exercício em verdade. Se servimos, respeitamos e se respeitamos tratamos o outro com verdade. Se nós não vivemos para servir, não servimos para viver.»
João Póvoa Marinho é o host do evento, cujo programa se divide em três slots: The Call of Humanity; The Sound of Silence – Listening; e Decide with Truth.
A slot The Call of Humanity começa com Rupert Read, Filósofo Ambiental, com a talk “From Dystopia to Thrutopia”. O autor faz uso do catastrofismo, da ironia, mas sobretudo de factos para mostrar que o futuro vai ser duro. Não tem outra forma de o dizer. E faz um apelo a toda a audiência: «O tempo já chegou, o limite de 1,5º C já foi ultrapassado e neste momento é libertado na atmosfera o equivalente a 12 bombas de Hiroshima por segundo. Há 20 anos era quatro vezes menos (três bombas)». A boa notícia é que «à medida que as coisas pioram, a Humanidade vai melhorando e juntos vamos construir uma Thrutopia».
O momento que se segue explora o papel das empresas na resolução dos desafios globais em matéria de Sustentabilidade. Da sede da Philip Morris International (PMI), na Suíça, Miguel Coleta, Director Sustainability, Activation & Support, disserta sobre o impacto da saúde causado pelos produtos da PMI.
Indígenas Líderes da Humanidade, Ecologia e Natureza é um grito de alerta para «um povo que é o mais impactado pelas alterações climáticas, e o menos responsável por isso».
«As empresas devem contribuir para os desafios de hoje repensando os seus modelos de negócio» sublinha, como aconteceu na PMI, em 2016, ao ter anunciado um “futuro sem fumo”. «Um novo modelo, onde a estratégia de negócio e a sustentabilidade são um só, focado no compromisso de deixar de vender cigarros». Hoje, 2/3 das receitas em 2030 vêm dos novos produtos com 33 milhões de utilizadores no Mundo. Cerca de 40% das receitas em Portugal vêm dos produtos sem fumo, e o footprint da Tabaqueira também mudou. A PMI tenciona atingir a neutralidade carbónica em 2025. «A transformação e inovação criou oportunidades de negócio para nós e para a sociedade. A sustentabilidade é uma oportunidade tremenda para as empresas», remata.
Os exemplos de três comunidades indígenas, Endorois, Cofán e Batwa, servem de base à talk de Mariana Marques, CEO da Azimuth World Foundation. Indígenas Líderes da Humanidade, Ecologia e Natureza é um grito de alerta para «um povo que é o mais impactado pelas alterações climáticas, e o menos responsável por isso». O trabalho da organização é o de servir estas comunidades e de «descolonizar a filantropia». Pelas suas palavras, «é preciso parar e escutar quem melhor conhece o equilíbrio ecológico, respeita a natureza e os diferentes ecossistemas».
The sound of Silence
Após um momento de pausa, segue-se a slot The Sound of Silence – Listening. «Nos Estados Unidos, há dados concretos de comunicação de atividade extraterrestre, e eles estão muito ativos», a afirmação é de Jim Garrison, Ativista Social e Político. Adianta que o contacto é feito desde 1945, numa linguagem não verbal, mas mental. E o que dizem é: «estamos preocupados com a raça humana». Na talk Listening to the Context, o Fundador da Universidade Ubiquity, partilhou as «mega tendências» que estão a marcar o Mundo. As alterações climáticas vão levar-nos aos primeiros eventos de extinção, entre 2026 e 2027. E a Europa, e o resto do Mundo, estão a ser apanhados num momentum de Guerra que é dos EUA, referindo-se à Guerra da Ucrânia.
Na intervenção seguinte, Martim Sousa Tavares fala da sua experiência a conduzir orquestras. «Um Maestro é um Músico silencioso. Alguém treinado e pago para dar cabo do silêncio com a música», começa por contar, enquanto explica a importância do silêncio.
Martim vai buscar a frase de José Pinho, Fundador da Ler Devagar: “Tudo o que é bem feito é feito devagar”. «Tudo começa no silêncio, o silêncio é uma quimera, é uma predisposição para ele. Há também o silêncio que comanda a ação».
As aulas que teve para aprender a ser maestro eram em silêncio. O Professor dizia: “Só podes ter um encontro com o som, quando na tua cabeça tiveres a tua música a soar perfeitamente”. «Há uma natureza de escuta permanente nos maestros. O maestro é o ouvido da orquestra. Quem ouve, subtrai a capacidade de intervir», sublinha.
No campo da indústria inteligente, Cristina Castanheira Rodrigues partilha que «a Capgemini está a desenvolver padrões para 2033, e isso implica muita escuta e tempo para pensar».
Martim Sousa Tavares, continua em palco enquanto moderador do momento que se segue. No debate Decidir: A Arte de Saber Ouvir, juntaram-se ao maestro, Cristina Castanheira Rodrigues, Administradora-Delegada da Capgemini Portugal, Armindo Monteiro, Presidente da CIP, Luís Rodrigues, Presidente da TAP e Raúl Neto, CEO da Randstad Portugal.
O ponto de partida para a conversa é o do «silêncio como espaço para a escuta». No campo da indústria inteligente, Cristina Castanheira Rodrigues partilha que «a Capgemini está a desenvolver padrões para 2033, e isso implica muita escuta e tempo para pensar». O silêncio é preciso ser empreendedor. Para criar, olhar e reagir aos estímulos é preciso ter esse espaço e nisso utiliza a regra dos três S’s: «solidão, silêncio e ser sólido naquilo que se faz».
Melómano e praticante de mergulho, Armindo Monteiro está habituado ao silêncio e à solidão. Como equilibra a escuta com a necessidade de se fazer ouvir? «A arte de se fazer ouvir vai contra a ideia tradicional do líder, que raramente tem dúvidas e nunca se engana!», afirma. Para Portugal ser uma Economia de primeira divisão, os líderes têm de ser mais empresários e menos patrões e partilha quatro conselhos: «(1) Aprender a ouvir exige ser paciente, e isso é dar tempo, (2) saber perguntar, (3) mostrar que estamos de facto a escutar (a capacidade de dar feedback), e (4) evitar julgamentos precipitados».
Luís Rodrigues, conseguiu fazer o que há muito se procurava, tirar a TAP dos destaques das notícias e silenciar o burburinho. Conhecido por «entrar mudo e sair calado das reuniões», o líder da TAP afirma «tenho de ouvir porque tenho de minimizar o erro na tomada de decisão». «Falo muito pouco e tenho muitas dúvidas», remata.
«Ouvir todos os intervenientes é meio caminho para uma solução. Há momentos para partilhar ideias e há momentos para focar e tomar decisões», destaca Raul Neto, para além da «honestidade com as pessoas».
O que é que o silêncio já vos ensinou? «A afastarmo-nos das ideias feitas, este momento de introspeção ajuda a partir do zero a uma reflexão sem fronteiras», responde Armindo Monteiro. «Ensina-me tudo, tenho de estar em silêncio. Quando era estudante nem punha fones», partilha Luís Rodrigues. «A escuta ativa, ouvir o que os outros têm para dizer, a voz dos clientes, dos colaboradores e dos acionistas é fundamental», desenvolve Cristina Rodrigues. Para o Raúl Neto: «o silêncio diz-me sobretudo o que é importante escutar. Muitos fazemos muitas reuniões, procuro ser sempre o último a falar porque quero ouvir e perceber a opinião de todos e sei que se falar vou influenciar.
Alegria, medo, raiva, nojo e tristeza são as cinco emoções em que se baseia o Inside Out. O orador seguinte fez parte da equipa de produção do filme de animação da Pixar e veio apresentar uma nova emoção, o espanto: Awe. Moral Beauty: How to Meet the Crisis of our Times é o nome da talk de Dacher Keltner, Professor de Psicologia e Fundador do Greater Good Science Center na Universidade de Berkeley.
Na sua investigação, recolheu narrativas de 26 culturas sobre a capacidade de se espantar e da admiração quando algo nos transcende no Mundo, e daí construiu o conceito de ‘beleza moral’. «A beleza moral é a nossa resposta à virtude humana, à gentileza, à coragem e à generosidade. Eu acredito que cultivar a beleza moral começa pelas lideranças e com isso podemos combater as crises no Mundo», afirma.
Líderes contemporâneos devem ameaçar. E outros ensinamentos da Leadership Summit Portugal (Parte 2)
Como decidir com ética e verdade, fazer uso dos conselhos dos avós, dos ensinamentos do rugby, do poder de uma conversa e o que têm os gatos a ensinar para sermos melhores líderes. Foram algumas das ideias que aprendemos na Leadership Summit Portugal, no dia 25 de setembro, no Casino Estoril.
O arranque da segunda parte do evento traz ao palco Raquel Bilro e Isabel Lopes Cardoso, representantes dos Global Shapers – Lisbon Hub, a comunidade mundial de jovens líderes do World Economic Forum. Raquel Bilro fala do seu percurso e de como os jovens líderes criam impacto nas comunidades através dos Global Shapers com a talk “Youth Leadership & Technology in a Disruptive Age”.
Seguiu-se a conversa “Decisões informadas pelo silêncio” com Andrés Ortolá, General Manager da Microsoft Portugal, conduzido por Isabel Lopes Cardoso. Um líder experiente, de origem argentina, que trabalhou em diversas geografias e liderou muitos imprevistos. No meio de tantas culturas e tantos desafios, como erupções vulcânicas, pandemias, terramotos, Andrés Ortolá explica que não é negociável o espaço para refletir. Outro dos seus grandes princípios é o equalizador social, ensinamento bebido ao mate – a bebida argentina, que o faz tratar as equipas como iguais e tenta trazer o melhor de cada colaborador. O CEO que gere uma equipa de mais de 1400 pessoas na Microsoft Portugal, partilhou o sonho de ser piloto e explicou como os ensinamentos da prática de rugby, ao longo de 27 anos, o tornaram um melhor líder.
Margarida Guedes de Quinhones, Diretora Executiva da Pedalar Sem Idade, é o rosto do movimento Pelo Direito ao Vento nos Cabelos, um ramo português do projeto solidário internacional Cycling without age, cuja missão é combater a solidão não desejada e o isolamento da população sénior. ‘Quem diria que aos 80 anos ia andar de bicicleta pela primeira vez?’, sob este mote, Margarida conduziu o riquexó (trishaw) da Associação no palco do São Preto e Prata, com uma voluntária e uma beneficiária a bordo. Em Portugal, o segundo país mais envelhecido da Europa, já fazem dois mil passeios por ano e contam com cerca de 400 voluntários.
No momento “Leadership Summit NEXT GEN” demos um salto até à Geração Z. Nascidos entre 1996 e 2010, esta é a primeira geração a crescer com a Internet, e com valores fortes relacionados com a justiça racial e a sustentabilidade. O projeto NEXT GEN vai envolver jovens a partir dos 15 anos na discussão dos temas de liderança.
"Temos de rehumanizar estes jovens. Faz-me confusão estarem presos no mundo digital. Se o Mundo fosse mais humanizado, era um mundo mais bonito e com mais amor. Temos de desligar das redes sociais”
No palco, os estudantes David Amorim, Natacha Ferreira e Filipe Carvalho demostraram muita preocupação com o coletivo e saber bem o papel de um líder. Partilharam o momento com Nuno Piteira Lopes, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, que fez questão de salientar que «eles são os líderes de hoje e do presente, e não do futuro (…) por isso tenho sempre consciente de que as decisões que tomamos impactam nas gerações a seguir a nós». Sublinhou ainda a importância de envolver esta comunidade na tomada de decisões. E deixou um conselho aos jovens que se aplica aos pais, avós e aos líderes. «Temos de rehumanizar estes jovens. Faz-me confusão estarem presos no mundo digital. Se o Mundo fosse mais humanizado, era um mundo mais bonito e com mais amor. Temos de desligar das redes sociais», remata.
Decide with Truth
Puxar cordelinhos, meter uma cunha, tráfego de influência e abuso de confiança, fazem parte do léxico do fenómeno da Corrupção. O próximo orador, Luís de Sousa, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, apresentou os principais resultados do recente Barómetro da Corrupção, uma iniciativa da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Como olham os portugueses para a Corrupção? Partindo da medição do grau de tolerância dos cerca de 1100 inquiridos, «há tipos de corrupção a que se é mais sensível». «Futebol e Política são as áreas mais expostas ao foco da comunicação social e por isso mais relacionadas com a corrupção». Quanto ao universo das organizações, «o fator cunha afeta o clima de negócios no país, e a sua perceção afeta a vida das pessoas».
Seguiu-se o debate “Liderança Ética: As Virtudes do Líder”, composto por Alexandre Antunes, CEO do Grupo Egor; Vera Rodrigues, Diretora de Recursos Humanos da MC; Inês Narciso, Investigadora, ISCTE-IUL; Nelma Fernandes, Presidente da CPLP, com a moderação de Laurinda Alves, Professora de Comunicação, Liderança e Ética.
«A liderança ética é uma realidade e as organizações têm de pensar que é constante e inegociável. O que pode um líder fazer? Ter os ouvidos maiores do que a boca. Um estudo no Japão diz que o CEO só conhece 4% do que se passa na empresa. Por isso, uma vez por mês, conheço sete pessoas representantes de cada linha de negócio, sentamo-nos a discutir a “realidade real”. Um dia de proximidade, abertura e transparência», confidencia Alexandre Antunes.
Vera Rodrigues dirige uma empresa com 40 mil trabalhadores, abriu o debate a referir que a liderança ética é o caminho para organizações com culturas fortes e diversas. «As organizações precisam de encontrar formas eficazes para ajudar os nossos líderes. Uma das coisas que fizemos foi definir o nosso modelo de liderança, inserido num quadro de valores. Há um caminho a ser feito. Os “no go’s” é o desrespeito pela diversidade e inclusão. Temos a capacidade de, olhos nos olhos, dizer o que está correto ou não».
"Temos de nos rodear de pessoas que nos contrariam, e que questionam as nossas decisões. Estar rodeados de pessoas que fazem as perguntas certas”
Inês Narciso, especialista em criminologia, fake news e pânico moral, diz: «Não há uma solução simples para um problema complexo. A UE tem investido em literacia digital. A comunidade da área de desinformação faz o “follow the money” – quem é esta empresa que compra likes? Quem são estas comunidades que dizem que vacinar faz mal? Isso é o pânico moral – agir perante um perigo, sentindo-o como real». A investigadora demonstra que temos responsabilidade coletiva de valorizar a ética, mas tem de se levar em linha de conta a componente cultural, e a realidade de cada um. «Temos de nos rodear de pessoas que nos contrariam, e que questionam as nossas decisões. Estar rodeados de pessoas que fazem as perguntas certas», adianta.
Para Nelma Fernandes, o desafio de falar sobre ética pode ser acrescido, o universo CPLP composto por muitas culturas introduz na equação a possibilidade de depender conforme o território. «No Aeroporto levamos coisas na mala que devemos declarar ou não. Entre a ética de cada um, a responsabilidade é de cada um. Muitas vezes desculpamo-nos por sermos tão éticos».
Sobre a virtude e situações não éticas, o que pode ser feito na escala de uma empresa? São todos unânimes: «O erro é humano. Não existe ser 100% ético, a ética entra quando o reconhecemos».
O próximo momento vai traz uma abordagem sobre a importância de começar a preparar hoje o amanhã. Afinal, o que está a falhar? E quando é que a sustentabilidade será aplicada na prática? Catarina Marques Rodrigues, Jornalista, conduz a entrevista a Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, entidade que gere o sistema de recolha de embalagens em Portugal.
«O ato de reciclar é um ato individual, mas é também coletivo», destaca Ana Trigo Morais. Em 2022, 35 milhões de euros em embalagens foram enviadas para aterros. «Precisamos de fazer muito mais. Temos um mantra: não queremos nada nos aterros. As embalagens que vão para lá ocupam espaço e perdem valor. O que nos falta? Consciência. (…) Cada um tem de fazer o seu papel, e a responsabilidade é de todos. É uma mudança de mindset. As empresas também devem ter esse reconhecimento e adotar as boas práticas. Deixaremos uma pegada, deixaremos sempre uma marca. O que temos a fazer é tentar reduzir e minimizar ao máximo esse impacto», acrescenta.
A desinformação é um dos maiores problemas da atualidade. Alex Edmans, Professor de Finanças da London Business School, é o orador que se segue com a talk May Contain Lies: how to decide with truth? A propósito do seu recente livro, onde analisa os preconceitos que afetam a forma como interpretamos a informação, afirma que «a verdade não é suficiente».
Segundo a sua visão, «apenas verificar os factos não é suficiente, porque mesmo que seja 100% preciso, isso pode levar ao engano». Então, como decidir com verdade? «Não é necessária uma quantidade imensa de dados». A principal pista é «se há algo que vejamos e que queiramos que seja verdade, temos de imaginar o seu posto». Tendencialmente, não gostamos de informação que vá contra aquilo em que acreditamos e por «não alimentar a confirmação do seu enviesamento, é algo que não queremos que seja verdade». E ter esse discernimento, ajuda a ultrapassar esse enviesamento.
Vivemos num Mundo em que a única coisa que temos certa é a da era da incerteza. A talk “Navigating a World of Chaotic Uncertainty”, orquestrada por Brian Klaas, Professor, Cientista Político americano e Autor do livro Corruptíveis. «Os cérebros tentam encontrar padrões sobre o caos que está a acontecer no Mundo e tentamos otimizar os resultados. Se vivermos numa era que o mundo é muito instável uma das coisas a fazer é experimentar coisas novas, novos instrumentos, novas rotas», adianta.
Na sua apresentação, refere-se também à Teoria do Caos, e à ideia que as o bater das asas de uma borboleta podem provocar um furação do lado posto da Terra. «Resiliência é o que queremos perseguir. Resiliência em vez de otimização», e partilha o conselho do avô, o segredo de um negócio bem-sucedido é “evitar a catástrofe”. E provoca a plateia: «Ter a sabedoria de reconhecer a incerteza radical e admitir: eu não sei. Esta plateia tem mais influencia do que a restante população – as vossas asas são grandes, o que fazem na Terra conta».
Líderes contemporâneos devem ameaçar, poderia ser o título do momento que se segue, e que marca o encerramento da 8.ª edição da Leadership Summit Portugal. São cada vez mais raras as presenças em público de Miguel Esteves Cardoso, figura incontornável da esfera intelectual e literária portuguesa, mas o tema “Gatos, Líderes e Filosofia” foi o motivo para contar com a sua participação no palco do Salão Preto e Prata do Casino Estoril. A conversa com Catarina G. Barosa, Diretora de Conteúdos da Líder, partiu da pergunta: O que podem os líderes aprender com os gatos?
O sentido de humor acutilante do escritor desconstrói a ideia inspiracional de um líder, ao afirmar que «o grande objetivo dos gatos é passar o tempo». Mas «quem manda lá em casa é o gato, eu não mando nada!». Então, como conseguem que as pessoas façam o que eles querem? «Não se importam de pedir ajuda, miam para convencer o ser humano, e o gato não se importa de ameaçar. O líder contemporâneo tem de aprender a ameaçar verdadeiramente!». Os gatos insistem teimosamente e conquistam o seu território, com ameaças, mas também, com ronron.
E contradiz a ideia de que são animais egoístas e que querem estar sozinhos. «O líder que não tem gato, tem de aprender com os cães», e reforça a ideia de que devemos ter vontade de aprender com os gatos, os cães, e até, com as formigas.
No final, partilha algumas ideias sobre liderança, do que tem aprendido com a observação dos gatos. «Os gatos são muito pequenos e têm uma maneira de nos encantar. Têm a capacidade de fazer bluff, desde pequeninos. Incham-se, podem não acreditar neles próprios, mas fazem-se por fazer acreditar». Na verdade, «os gatos não querem fazer nada». Apesar de pequenos e frágeis, são «extremamente sinceros e eficazes», como os verdadeiros líderes deveriam ser.
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Assista a todos os momentos a partir de dia 27 de setembro, disponíveis on demand na Líder TV, na posição 165 do MEO e 560 da NOS.
Por TitiAna Amorim Barroso e Rita Rugeroni Saldanha
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Parar para pensar. Fazer silêncio. E ouvir. O que aconteceu na Leadership Summit Portugal 2024
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