Irão lança cerca de 200 mísseis contra Israel

A Guarda Revolucionária iraniana assumiu o ataque como represália pelo assassinato de Nasrallah e Haniyeh. Israel promete uma resposta e EUA defendem "consequências severas" para Irão.

Mísseis iranianos atingiram esta terça-feira o território israelita, horas depois de as suas tropas terem entrado no Líbano para combater a milícia Hezbollah, apoiada por Teerão. Os media internacionais apontam para cerca de 200 projéteis, alguns dos quais conseguiram escapar ao escudo de defesa israelita Iron Dome. O exército israelita garante que as explosões, ouvidas no país, são provenientes de interceções de mísseis, cujos fragmentos acabam por cair no território.

Ainda não é claro quais os alvos, as vítimas ou os danos causados pelos mísseis. Na rede social X, a Guarda Revolucionária do Irão confirmou o ataque em represálias pelas mortes do líder político do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniye, e do secretário-geral da milícia xiita libanesa Hezbollah, Hassan Nasrallah, e deixa o aviso: “Se Israel reagir, atingi-lo-emos com mil vezes mais força”.

“Em nome de Deus todo-poderoso, em resposta ao assassínio de Ismael Haniyeh, Sayyed Hassan Nasrallah e Abbas Nilforoushan atingimos o coração da entidade ocupante sionista! Se Israel reagir, atingi-lo-emos com mil vezes mais força”, refere a Guarda Revolucionária do Irão.

Já o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, afirmou que “a vitória pertence aos defensores da justiça“. A mensagem foi acompanhada de um vídeo em que o ayatollah Khamenei estava junto de Haniyeh, Nasrallah e Qasem Soleimani, o antigo general responsável pela Força Quds dos Guardas Revolucionários Iranianos, morto no Iraque pelos Estados Unidos em 2020.

Por outro lado, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu afirma que o Irão “cometeu um grande erro e vai pagar por ele”, avança a EFE Noticias.

O espaço aéreo de Israel foi encerrado esta terça-feira e os voos desviados, informou um porta-voz da autoridade aeroportuária, enquanto as sirenes de alerta soavam em todo o país. “O espaço aéreo israelita está fechado. Os voos foram desviados para outros destinos fora de Israel”, declarou o porta-voz num comunicado. Entretanto, o espaço aéreo israelita foi reaberto e o Governo assegura que é seguro a população sair dos bunkers.

Também o Iraque anunciou o encerramento do seu espaço aéreo “por razões de segurança”, segundo a imprensa estatal do país, e a Jordânia suspendeu igualmente o tráfego aéreo, segundo a entidade de aviação civil nacional.

Depois de anunciar esta terça-feira, na rede social X, que os Estados Unidos estão preparados para ajudar Israel a defender-se contra estes ataques e a proteger o pessoal americano na região, Joe Biden ordenou às Forças Armadas dos EUA que abatam os mísseis que o Irão está a lançar contra Israel, avança a EFE Noticias.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou esta terça-feira o ataque “totalmente inaceitável”, acrescentando que “o mundo inteiro” deve condenar a ação de Teerão. E o conselheiro da Segurança interna dos EUA, Jake Sullivan, afirmou que o ataque terá “consequências severas” para Teerão, sem mais detalhes.

Na Europa, a reação sai a conta-gotas a este ataque, com a palavra de ordem a ser de condenação – em contraste com o silêncio ao longo do dia com a operação de Israel no Líbano. O ministério dos Negócios Estrangeiros alemão condenou, na rede X, “o ataque” iraniano e apelou contra este “escalar perigoso”, que está a arrastar a região para o abismo”.

Já o primeiro-ministro checo Petr Fiala escreveu no X: “Nós estamos com Israel! Como sempre!”

Na Hungria, Viktor Orbán está a rezar “pela segurança do povo israelita nestas horas negras”.

O ministério, tutelado por Paulo Rangel, também condenou “liminarmente dos ataques do Irão a Israel e à sua população civil”. Portugal defende, também através da rede social, que “o Irão deve cessar imediatamente as hostilidades”.

Pela União Europeia, há registar ainda a reação do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que em breve irá ser substituído pelo português António Costa. “Isto é uma ameaça à segurança regional”, escreveu no X.

Também António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, condenou a “escalada” deste ataque e alerta que é “absolutamente” preciso um “cessar-fogo”.

 

O Conselho de Segurança da ONU está em consultas intensas para uma reunião de emergência sobre a situação no Líbano e a escalada na região. A embaixadora da Suíça – país que iniciou esta terça-feira a sua presidência rotativa do Conselho de Segurança -, Pascale Baeriswyl, indicou que ainda não foi marcada nenhuma reunião, apesar de o Irão ter solicitado uma no sábado à noite e de a situação ter piorado desde então.

Contudo, a diplomata admitiu estar convencida de que “mais cedo ou mais tarde” essa reunião terá lugar, previsivelmente antes de 8 de outubro, quando está planeada uma sessão periódica para rever a resolução 1559, datada de 2004, que também se refere ao Líbano.

Na opinião de Baeriswyl, não é necessária nenhuma nova resolução sobre o Líbano, mas sim que as existentes sejam aplicadas, apesar de serem constantemente violadas por todos os atores em conflito e sem consequências. A embaixadora deu como exemplo a guerra em Gaza.

Sobre o ataque desta terça-feira, as forças israelitas já tinham apelado à população para que se preparasse para um eventual ataque iraniano “em grande escala” e que se dirigissem imediatamente para os abrigos em caso de alerta, onde deviam permanecer “até nova ordem”.

Na madrugada desta terça-feira, as Forças de Defesa de Israel iniciaram uma operação por terra contra o Hezbollah, no território do Líbano. Segundo o exército israelita, os ataques são direcionados apenas ao grupo extremista. Esta invasão acontece alguns dias depois de Israel matar o líder do grupo armado libanês, Hassan Nasrallah, em uma escalada das tensões regionais.

(Notícia atualizada às 21h42)

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