Exclusivo Banco de Portugal negoceia nova sede na antiga Feira Popular
Supervisor liderado por Mário Centeno está a negociar com a Fidelidade a construção de uma sede nos terrenos da antiga Feira Popular. A preços de mercado, poderá superar os 240 milhões.
O Banco de Portugal está a discutir com a Fidelidade a construção da sua nova sede nos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, Lisboa, num investimento que, considerando os valores de mercado — já na casas de 30 euros/metro quadrado para escritórios prime –, poderá superar os 240 milhões de euros, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.
As negociações entre o Banco de Portugal e a Fidelidade (dona dos terrenos da Feira Popular) encontram-se numa fase adiantada, mas ainda não fechadas. Há ainda aspetos técnicos que estão a ser avaliados pelas equipas do banco central, tendo em conta as exigências de autonomia e segurança. O Banco de Portugal integrará um conjunto de edifícios que estão também previstos para aquela zona, residencial e de escritórios, o que traz uma complexidade adicional difícil de acomodar.
O supervisor estará a analisar duas opções neste momento: concentrar tudo num espaço de até 30 mil metros quadrados onde estava o antigo parque de diversões; ou ocupar apenas 10 mil metros e ficar com o Edifício Marconi, que fica ao lado e para onde se vai mudar temporariamente. Mas as últimas declarações do governador Mário Centeno apontam uma preferência para a primeira solução.
“É como o novo aeroporto…”
Oficialmente, nem Banco de Portugal nem Fidelidade fazem comentários, mas o desejo de mudança do supervisor é antigo e a centralização dos serviços visa responder a um esforço de racionalização de custos, como adiantou recentemente Mário Centeno.
Atualmente as instalações do Banco de Portugal encontram-se espalhadas por quatro localizações de Lisboa, onde trabalham cerca de 1.500 dos 1.700 trabalhadores do banco: a sede (Rua do Comércio), o Edifício Portugal (Avenida Almirante Reis), Rua Castilho e Avenida da República. “Para um banco central, por questões de segurança, para proteção não só das condições de trabalho, mas também de informação e valores que o Banco de Portugal tem à sua guarda, isto leva a um grau de despesa e de ineficiência muito elevado”, referiu Mário Centeno na conferência de apresentação do relatório do conselho de administração de 2023.
“Há mais de 40 anos, mais ou menos o mesmo tempo que o aeroporto, que o Banco de Portugal discute, debate e procura soluções para as suas instalações. O Banco de Portugal não tem história de ter tido instalações únicas em Lisboa”, acrescentou.
Em março de 2018, ainda liderado por Carlos Costa, o banco central comprou um terreno nas Laranjeiras/Alto dos Moinhos com vista à construção da nova sede, uma operação orçamentada em 42 milhões de euros, dos quais 37 milhões de valor de aquisição. Mas a opção nunca foi tomada. E mais recentemente, o Expresso revelou que o Banco de Portugal estava em negociações com a empresa pública Estamo “para uma possível operação urbanística que possibilite a construção de novas instalações para esta entidade na Avenida de Berna“. Agora, Entrecampos parece ser a opção preferida.
Edifício Marconi é “solução temporária”
Mais recentemente, no ano passado, o supervisor tentou comprar um edifício no Parque das Nações, mas perdeu a corrida para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) no edifício WellBe, como noticiou o ECO. Por essa altura, chegou também a olhar para o espaço na Universidade Nova de Lisboa na Avenida de Berna, noticiou o Expresso. Também não terá tido sucesso.
Enquanto não encontra uma solução estrutural para o seu problema, o supervisor decidiu instalar-se temporariamente no Edifício Marconi, que fica inclusivamente ao lado dos antigos terrenos da Feira Popular.
“O Edifício Marconi é uma solução temporária, que não envolve a sua aquisição”, frisou Centeno. “Para o ano poderei dizer mais sobre esta matéria, em particular sobre a questão do Alto dos Moinhos e sobre a localização que o conselho pretende ver definida como mais definitiva de todas as instalações do banco numa só localização, algo que o Edifício Marconi não permite”, explicou ainda.
Fidelidade rentabiliza Feira Popular
A Fidelidade comprou os terrenos da antiga Feira Popular em 2018 por cerca de 270 milhões de euros. A seguradora adquiriu três parcelas de terreno naquela zona, sendo que uma delas (Parcela C, praticamente colada à linha de comboio) já está ocupada com a futura sede da seguradora — ainda em fase de construção, mas em processo de venda, como avançou o ECO em primeira mão.
Sobram dois lotes de terreno, ocupando uma área conjunta de mais de 70 mil metros quadrados, e que serão destinados a comércio e serviços (Parcela A) e comércio, serviços e habitação (Parcela B), sendo que as obras ainda se encontram numa fase muito inicial.
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