Lucros da dona do Pingo Doce caem 21% para 440 milhões até setembro

A empresa refere que o ano de 2024 tem sido marcado por uma rápida queda dos preços alimentares e um aumento expressivo dos custos, o que está a pressionar as margens do grupo.

A Jerónimo Martins fechou os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido de 440 milhões de euros, o que representa uma quebra de 21,2% face aos 558 milhões de euros reportados em igual período do ano passado. A dona do Pingo Doce justifica esta quebra com a descida dos preços alimentares, aliada a um aumento dos custos, o que se tem refletido numa “forte pressão sobre as margens”.

Apesar da redução dos lucros, as vendas da companhia liderada por Pedro Soares dos Santos cresceram 10,3% para 24,8 mil milhões de euros, enquanto o EBITDA subiu 2,7% para 1,6 mil milhões de euros, com a margem EBITDA a fixar-se nos 6,6%, abaixo dos 7,1% em que se situou nos primeiros nove meses de 2023, adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Como antecipámos, nestes nove meses de 2024, a inflação alimentar caiu, pondo fim aos aumentos de preços extraordinários registados nos dois últimos anos. Cruzada com a elevada subida dos custos, essa queda da inflação levou à intensificação do ambiente concorrencial e ao agravamento da pressão sobre as margens“, explica o líder da retalhista numa mensagem incluída na apresentação de resultados.

Pedro Soares dos Santos acrescenta que, “a este contexto, já de si muito desafiante, somou-se a falta de dinamismo do consumo no nosso principal mercado [Polónia]“, onde o consumo se tem mostrado pouco dinâmico, contribuindo para o aumento da concorrência no mercado alimentar.

“Mesmo sem conseguir compensar completamente o impacto sobre o desempenho financeiro resultante da deflação nos nossos cabazes, o nosso foco manteve-se no consumidor e na oferta dos melhores preços e promoções, o que nos permitiu registar, mais uma vez, notáveis crescimentos dos volumes na Polónia e em Portugal, e reforçar o modelo de negócio na Colômbia“, acrescenta o gestor.

Polónia vale mais de 70% das vendas

Na Polónia, o principal mercado da Jerónimo Martins, com um peso de 70,5% das vendas totais do grupo, as receitas, em moeda local, aumentaram 3,9%, com um LFL de -0,7%. Em euros, as vendas atingiram 17,5 mil milhões, um crescimento de 10,4% face ao período homólogo.

A empresa explica que, “perante um contexto concorrencial de uma intensidade sem precedentes e no qual o preço reforçou o seu papel enquanto o fator decisivo de compra, a Biedronka manterá a liderança de preço, continuando a dar prioridade ao crescimento das vendas em volume.” Esta estratégia, admite a companhia, vai manter a margem EBITDA sob pressão.

Em termos de investimento, a Jerónimo Martins prevê adicionar, este ano, entre 130 e 150 novas lojas e remodelar cerca de 275.

Em Portugal, onde detém as marcas Pingo Doce e Recheio, a empresa fechou os primeiros nove meses com um aumento de vendas na casa dos 5%, no caso do Pingo Doce, para 3,7 mil milhões de euros. O Recheio viu as suas receitas aumentarem 1,8% para mil milhões de euros.

Já a cadeia de drugstores Hebe, onde a empresa prevê reforçar a rede de lojas na Polónia com a abertura de 30 novas localizações no ano, as vendas cresceram 28,3% para 422 milhões de euros.

Na Colômbia, a Ara “manteve a sua estratégia comercial, que lhe tem permitido consolidar a competitividade de preço e apresentar oportunidades de poupança muito valorizadas pelas famílias colombianas.” As vendas atingiram 2,1 mil milhões até setembro, uma subida homóloga de 21,5%.

Em termos de perspetivas futuras, a Jerónimo Martins mantém as suas perspetivas para o ano e reitera o compromisso com o programa de investimentos que, em 2024, deverá situar-se ligeiramente acima dos mil milhões de euros.

Além da expansão e remodelação das redes de lojas, o programa inclui o reforço da operação logística na Polónia, em Portugal e na Colômbia, e considera também o investimento inicial para lançar a operação na Eslováquia.

Adicionalmente, a empresa prevê “um maior investimento em capital circulante, num cenário de deflação ao qual se somam o abrandamento do crescimento, a manutenção de taxas de juro elevadas e constrangimentos no acesso ao crédito”. “Tudo isto continuará a pressionar também os nossos parceiros comerciais locais de menor dimensão, principalmente nas categorias de marca própria e de perecíveis, o que poderá levar a reduções nos prazos de pagamento”, remata.

Notícia atualizada às 18:00

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