Quase um quarto das empresas sofreu “incumprimentos significativos” em 2024

80% das empresas detetam uma deterioração nos níveis de solvabilidade ou liquidez dos seus clientes, revela um estudo realizado pela Crédito y Caución e Iberinform.

Cerca de um quarto das empresas sofreu incumprimentos significativos em 2024, mostra um estudo realizado pela Crédito y Caución e Iberinform, que revela que 80% das empresas deteta uma deterioração nos níveis de liquidez dos seus clientes. Enquanto a inflação e as elevadas taxas de juro continuam a pressionar as empresas, mas bem menos do que no ano passado, a fraca evolução da procura é agora apontada como um fator disruptivo nos pagamentos por mais de um terço das empresas.

De acordo com a vaga de outono do Estudo de Gestão do Risco de Crédito em Portugal, realizado pela Crédito y Caución e Iberinform e que questionou 300 empresas de todos os setores e dimensões, 23% das empresas portuguesas sofreram incumprimentos significativos, este ano. Um resultado que representa um agravamento de quatro pontos percentuais face aos níveis de impacto alcançados há um ano.

A contribuir para a deterioração da situação financeira das empresas continuam problemas antigos — inflação e taxas de juro — e outros novos: fraca procura.

Em relação à inflação, a evolução dos preços é apontada como fator desestabilizador do comportamento de pagamento e solvência dos clientes por 42% das empresas, uma percentagem que permanece muito elevada, mas que fica 28 pontos abaixo da registada há um ano.

A impactar a capacidade de pagamento das empresas continuam as taxas de juro, que têm aportado um forte agravamento dos custos financeiros. Face ao ano passado, o impacto destes encargos caiu 15 pontos, para 43% das empresas. Já os custos de energia baixaram 17 pontos para 25%.

Em sentido oposto, o estudo aponta um elemento novo a provocar problemas de solvência para as empresas, com impacto na sua capacidade de fazer pagamentos. A evolução da procura é apontada por 34% das empresas como um fator disruptivo, quando há um ano não tinha impacto significativo.

Já as tensões geopolíticas (23%) e os problemas na cadeia de abastecimento (15%) são outros aspetos relevantes citados pelas empresas.

Mesmo relevando maiores incumprimentos por parte dos clientes nos pagamentos, as 56% empresas prevê fechar o ano com aumentos no volume de negócios e 53% nos lucros. Só 16% antecipa uma evolução negativa da faturação e 19% do resultado líquido.

Quando se olha para o próximo ano aumenta o otimismo. Cerca de 75% das empresas portuguesas espera que os níveis de volume de negócios continuem a recuperar, sendo que apenas 4% antecipa uma quebra das receitas.

Depois de um ano marcado por vários desafios, que resultou num aumento das insolvências em Portugal, os empresários mostram-se mais confiantes na evolução da economia, num momento em que os principais bancos centrais já estão a inverter a sua política de taxas de juro.

Uma redução de juros poderá ajudar a economia e aliviar os custos financeiros das empresas e das famílias, com impacto positivo no consumo e no investimento. As perspetivas do Banco de Portugal para um crescimento da economia nacional de 2,1%, em 2025, e de 1,6%, este ano.

A atividade económica, diz o banco central, deverá ser impulsionada pelo consumo privado e pelas exportações em 2024 e acelera em 2025 e 2026, refletindo o dinamismo do investimento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Quase um quarto das empresas sofreu “incumprimentos significativos” em 2024

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião