IST e empresas criam digitalizador com IA para prever cores e desenhos do mármore

  • Lusa
  • 20 Maio 2024

A tecnologia destinada ao setor nacional da pedra natural está a ser desenvolvida pelo Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos (DER) do IST.

O Instituto Superior Técnico e empresas de mármore no Alentejo estão a desenvolver um digitalizador que, através da inteligência artificial (IA), permitirá ‘ver’ o interior dos blocos e prever as cores e desenhos das chapas a serrar.

A tecnologia destinada ao setor nacional da pedra natural está a ser desenvolvida pelo Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos (DER) do IST e consiste num “digitalizador de blocos de mármore até 25 toneladas”.

Este, “através de IA, vai permitir prever a textura interior” desse mesmo mármore, “antecipando as cores e os desenhos dos veios que as placas poderão apresentar depois de cortadas”, explicou hoje o IST, em comunicado.

Esta funcionalidade irá revolucionar o mercado global do mármore, colocando na vanguarda mundial os grupos empresariais portugueses que nele competem“, afiançou.

O trabalho, por enquanto, decorre “à escala laboratorial” na fábrica do Grupo Galrão, em Pero Pinheiro, no concelho de Sintra (Lisboa), mas com duas pedreiras de mármore no Alentejo, uma no concelho de Estremoz e a outra em Pardais, no vizinho concelho de Vila Viçosa, no distrito de Évora.

O projeto, financiado por fundos comunitários, nomeadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), envolve ainda os grupos A. Bento Vermelho e Marmocazi, que têm “grandes pedreiras” nessa zona alentejana, e duas tecnológicas especializadas em pedra natural.

Em declarações à agência Lusa, Paulo Diniz, administrador do Grupo Galrão, explicou hoje que a fase de testes laboratoriais em curso na fábrica da empresa deverá terminar “em 2025”, sendo depois o digitalizador de blocos montado nas suas pedreiras.

“Na fábrica, estão a ser feitas fotos de miniblocos e, depois, esses são serrados em minichapas”, as quais “são fotografadas para forçar o algoritmo a melhorar-se a si próprio, pela experiência”, ajudando-o “a ficar mais inteligente”, indicou.

Ou seja, “o que está a ser desenvolvido é um sistema que vai prever o que está dentro de cada bloco” de pedra de mármore, antes de ser necessário serrá-lo em chapas.

Paulo Dinis realçou que “a finalidade” passa por aplicar isto à escala industrial, isto é, fazer fotografias das faces dos blocos de mármore nas pedreiras e, “utilizando um algoritmo de inteligência artificial, tentar prever como é que as chapas vão sair”.

“Portanto, é saltar aqui um passo, porque, hoje em dia, nós só temos a certeza disso depois de serrar o bloco”, comparou.

O administrador do Grupo Galrão, que revelou que a ideia é, “a partir de 2026, ter esta tecnologia a funcionar para o mercado”, defendeu que a ferramenta vai permitir “poupar matéria-prima e ter menos desperdícios” nas pedreiras.

“O mármore português tem uma variação muito grande e há sempre surpresas. Hoje, fazemos este trabalho pela experiência e corremos um risco, mas, se tivermos uma ferramenta que nos ajude a ter um grau de certeza maior, vai permitir-nos serrar com a certeza de que [a pedra] serve para aquele trabalho”, frisou.

E, além disso, o digitalizador, que “para as pessoas comuns pode ser descrito como um ‘raio-X’ a cores das pedras”, também permitirá “pegar no ‘stock’ imenso” de pedra que as empresas têm e “transformá-lo num ‘stock’ virtual de chapa, sem necessidade de serrar os blocos”.

“Podemos prever o que vai sair desses blocos e criar um catálogo virtual que, através da Internet, será fácil de disponibilizar ao mercado mundial”, sublinhou.

“Como o padrão visual das placas depende do lado pelo qual se começa a cortar a pedra” esta simulação digital que está a ser desenvolvida “irá permitir visualizar, com precisão, toda a variedade de padrões diferentes que pode ser obtida a partir de um só bloco“, afirmou Gustavo Paneiro, investigador e docente do DER do IST.

Desta forma, os clientes das empresas portuguesas de pedra natural, “sejam eles arquitetos, decoradores ou consumidores finais”, vão poder ter “à sua disposição milhares e milhares de padrões num catálogo virtual” e “será a sua escolha que irá determinar exatamente a forma como cada bloco será cortado”, disse.

Uma funcionalidade que “tornará as empresas parceiras do Instituto Superior Técnico muito mais eficientes e, por isso, competitivas no mercado mundial da pedra natural”, argumentou o investigador, citado no comunicado do IST.

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Lisboa foi a terceira cidade do mundo com mais congressos em 2023

Paris foi a cidade que recebeu mais congressos (156) seguido de Singapura (152) e de Lisboa (151). Portugal ocupa o nono lugar na lista mundial de países (303 eventos), segundo associação do setor.

A capital de Portugal foi a terceira cidade do mundo com mais congressos em 2023, segundo o ranking da International Congress and Convention Association (ICCA). De acordo com esta associação setorial, Lisboa recebeu 151 congressos no ano passado, mais sete do que em 2022. Portugal ocupa o nono lugar na lista mundial de países, com 303 congressos organizados.

Dos 151 congressos que tiveram lugar em Lisboa, 51 (33,8%) realizaram-se no Centro de Congressos de Lisboa (CCL) ou na Feira Internacional de Lisboa (FIL), espaços detidos e geridos pela Fundação AIP. Estes 51 congressos, que não incluem feiras, registaram uma assistência média de 5.283 participantes por evento. Do total de eventos, 36 foram mundiais, 13 foram europeus e dois foram ibéricos.

Além destes congressos, a CCL e a FIL receberam, durante o ano passado, um total de 136 eventos, com um total de 544.441 visitantes.

De acordo com ranking da ICCA, a medalha de ouro das cidades vai para Paris (156 congressos), seguida de Singapura (152). Analisando por países, os EUA foram o país que registou o maior número de congressos (690 eventos) no ano passado, seguido de Itália (553) e Espanha (505).

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Novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa toma posse esta segunda-feira

Paulo Duarte de Sousa vai tomar posse à tarde como novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, sucedendo a Ana Jorge, que foi demitida pelo Governo.

O novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa toma posse esta segunda-feira, ao final da tarde, anunciou o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Paulo Alexandre Duarte de Sousa assume um mandato de três anos, que terminará em 2027, sucedendo a Ana Jorge, que foi demitida pelo Governo no dia 29 de abril.

“Decorre hoje, 20 de maio de 2024, às 17h30, nas instalações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), a cerimónia de tomada de posse do Provedor da SCML, Paulo Alexandre Duarte de Sousa, para o triénio 2024-2027”, avançou o Ministério da tutela num comunicado.

O nome do substituto de Ana Jorge já tinha sido anunciado pela ministra, Maria do Rosário Palma Ramalho, durante uma audição na comissão permanente na Assembleia da República. Numa alusão à especulação que existia sobre o próximo nome à frente da Santa Casa, a governante disse: “O novo provedor da Santa Casa está escolhido. Não é Pedro Mota Soares, nem Maria Luís Albuquerque. É Paulo Alexandre Sousa.”

Porém, a ministra remeteu para mais tarde o anúncio da data de tomada de posse: “Em breve, será anunciada a data da respetiva tomada de posse e a constituição da restante Mesa.”

No anúncio desta segunda-feira, a menos de 24 horas de o gestor assumir funções, o Governo reitera que “Paulo Duarte de Sousa foi o nome escolhido para presidir à mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pela sua experiência em gestão e na área social”.

No entanto, a escolha de Paulo Duarte de Sousa tem causado polémica, pois o novo provedor foi condenado, há quatro anos, pelo banco central de Moçambique, a uma pena de inibição de três anos de exercer cargos sociais e funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras, devido a uma situação de “conflito de interesses” durante a sua passagem pela administração do Banco Comercial e de Investimentos de Moçambique.

Ainda assim, como o ECO revelou depois, o gestor foi absolvido dessa inibição, que já transitou em julgado.

Além disso, segundo o Correio da Manhã, o novo provedor era administrador vogal da Wolfpart, empresa criada pela Caixa Geral de Depósitos para investir no empreendimento de Vale do Lobo, em 2006, num negócio que, anos depois, faria o banco público perder cerca de 100 milhões de euros. Paulo Duarte de Sousa nega, contudo, “qualquer responsabilidade”.

Paulo Duarte de Sousa será o novo provedor da SCMLMinistério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Nascido em Lisboa, tem 56 anos e é licenciado em Gestão de Empresas pelo ISEG. É “pós-graduado em Gestão Bancária e em Estratégias de Exportação” e “tem uma vasta experiência em cargos de administração, de onde se destacam a presidência da Comissão Executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A., a Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos e a Presidência do Conselho de Administração da Wolfpart, SGPS”, indicou o Ministério num comunicado no passado dia 16 de maio.

“Tem também uma vasta experiência internacional, tendo sido representante de Portugal no Economic Affairs Committee, no âmbito da European Mortgage Federation (EMF) e assumiu, entre 2013 e 2019, a representação, em Moçambique, dos interesses económicos e societários do Grupo Caixa Geral de Depósitos”, acrescentou, sublinhando que foi, igualmente, vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.

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Grupo vandalizou fachada do jornal Observador

  • + M
  • 20 Maio 2024

Segundo o jornal, que está a comemorar o 10ª aniversário, não é a primeira vez que a fachada do seu edifício é vandalizada.

A fachada do Observador foi vandalizada na madrugada desta segunda-feira por um grupo de cerca de 10 pessoas, que atiraram tinta às paredes do edifício e deixaram uma faixa preta a dizer “10 anos de transfobia. Insurgência queer sempre“. O jornal assinala este mês o seu 10º aniversário.

O jornal já apresentou queixa à PSP, tendo as autoridades estado presentes nas instalações, já depois de ter sido retirada a faixa preta. “O Observador não responde a grupos que atuam encapuzados, de madrugada, vandalizando propriedade alheia“, diz Miguel Pinheiro, diretor do Observador, citado pelo próprio jornal.

“O Observador está há dez anos contra a transformação social – há dez anos do lado do capital – há dez anos comprometido com a transfobia, o racismo, a xenofobia – há dez anos a negar a crise climática – há dez anos a normalizar o fascismo”, escreve o grupo na descrição de um vídeo publicado nas redes sociais que regista o momento das vandalizações.

O grupo diz também que se opôs “à suposta imparcialidade em que os meios de comunicação social existem” e que os media “não são menos do que instrumentos ao serviço do capital, cúmplices na guerra contra as comunidades marginalizadas”. “Há anos que o jornal digital [Observador] serve de porto de abrigo às vozes mais transfóbicas e reacionárias da sociedade portuguesa”, acusam ainda.

Segundo o Observador, esta já não é a primeira vez em que a fachada do jornal é vandalizada, algo que já ocorreu noutras alturas no ano passado, quando foi pintado “transfobia mata” e “morte ao Observador”. Noutra situação terá sido desenhada a letra “Z”, junto à entrada.

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‘Investor relations’ vão estar mais envolvidos nos temas ESG

  • ECO
  • 20 Maio 2024

Ana Fernandes, 'investor relations officer' da Greenvolt considera "fundamental que haja um equilíbrio entre a supervisão regulamentar e os encargos impostos às empresas".

Ana Fernandes, responsável pelas relações com investidores da Greenvolt, é uma das nomeadas para IRO Award da 36.ª Edição dos Investor Relations and Governance Awards, uma iniciativa da consultora Deloitte. A investor relations officer (IRO) do grupo liderado por Manso Neto considera que o envolvimento nos temas ESG tenderá a ser cada vez maior, dada a importância dada pelos investidores.

A inteligência artificial irá ajudar os IRO “a identificar tendências, padrões e o sentimento dos investidores”, antecipa. Também poderá ser útil no compliance e processos de reporting, automatizando tarefas.

Ana Fernandes aponta que “os mercados bem regulamentados tendem a ser mais atraentes para os investidores”, mas considera “fundamental que haja um equilíbrio entre a supervisão regulamentar e os encargos impostos às empresas”.

A evolução da política monetária e o crescente risco geopolítico têm contribuído para uma maior volatilidade nos mercados financeiros. Que desafios coloca este contexto à gestão da relação com os investidores?

No geral, uma gestão bem-sucedida da relação com os investidores exige uma abordagem proativa, transparente e estratégica para enfrentar estes e outros desafios e ajudar a criar valor para os acionistas. Diria que é necessário avaliar permanentemente os riscos geopolíticos e o seu impacto concreto na atividade da empresa, estar atenta às mudanças de dinâmica do mercado e ser suficientemente flexível para ir adaptando a comunicação à volatilidade existente.

Que outros desafios enfrentam hoje os IRO na relação com os investidores?

Há inúmeros desafios que os responsáveis pela relação com o mercado de capitais enfrentam, mas destacaria:

  • Compliance e alterações regulatórias: Manter-se permanentemente a par das alterações regulamentares e implementar medidas de compliance eficazes é crucial para manter a confiança dos investidores e evitar riscos jurídicos.
  • ESG: Os temas ESG são considerados cada vez mais importantes para os investidores, que estão a colocar maior ênfase na sustentabilidade, na responsabilidade social corporativa e nas práticas empresariais éticas. Os IRO devem conseguir integrar considerações ESG nas suas comunicações com os investidores, divulgar métricas ESG relevantes e demonstrar o compromisso da empresa com a criação de valor sustentável. Neste contexto os ratings e índices ESG são ferramentas importantes para apoiar os investidores na avaliação dos modelos de negócio de uma empresa e é também por isso que o Grupo Greenvolt tem vindo a consolidar a sua posição de liderança num número crescente desses ratings, tendo conseguido, em 2023, melhorar o seu desempenho na Sustainalitycs, na S&P Global e demonstrado a robustez das suas práticas no MSCI ESG e ISS ESG, quatro das mais prestigiadas agências de classificação ESG do mundo.
  • Competição por Capital: Todos competimos pela atenção dos investidores e pelo acesso a capital, os IRO devem procurar diferenciar a sua empresa dos seus pares e atrair o interesse dos investidores. Isto envolve comunicar eficazmente a proposta de valor única da empresa, o potencial de crescimento e o desempenho financeiro que permita atrair e reter investidores.
  • Gestão de situações imprevistas: No caso de uma crise ou evento imprevisto que afete a reputação ou a estabilidade financeira da empresa, os IRO desempenham um papel fundamental na gestão da comunicação e na restauração da confiança dos investidores. Isto requer capacidades de resposta rápida, transparência e estratégias de comunicação eficazes.
  • Globalização: À medida que as empresas expandem as suas operações internacionalmente, os IRO enfrentam o desafio de interagir com um conjunto mais diversificado de investidores em diferentes regiões e fusos horários. Isto requer sensibilidade cultural, proficiência linguística e uma compreensão da dinâmica do mercado local para comunicar eficazmente a proposta de valor da empresa. Por exemplo, a Greenvolt é um Grupo que opera em 20 diferentes geografias e tem investidores em todos os continentes, o que coloca desafios e exigências só superadas com grande flexibilidade e capacidade de adequação às especificidades de cada mercado.
  • Ativismo: à medida que os investidores ativistas procuram influenciar a tomada de decisões corporativas, os IRO devem envolver-se proativamente com investidores ativistas, compreender as suas preocupações e comunicar eficazmente a estratégia e o desempenho da empresa para se defender contra este tipo de campanhas.

Considera que as crescentes exigências regulatórias e de compliance são necessárias ou a sua complexidade é um entrave à atração de capital e ao desenvolvimento dos mercados?

As crescentes exigências regulatórias e de compliance servem um propósito: garantir a transparência, a responsabilização e a proteção dos investidores. Os quadros regulamentares ajudam a estabelecer diretrizes claras para a governação corporativa, a construção de relatórios financeiros e as práticas de divulgação de informação, que são cruciais para construir a confiança dos investidores. Ao impor padrões de transparência e responsabilização, os regulamentos reduzem o potencial de criação e/ou manutenção de actividades fraudulentas, manipulação de mercado e abuso de informação privilegiada, aumentando assim a estabilidade do mercado e a confiança dos investidores.

Além disso, o compliance também pode contribuir para o desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo a participação dos investidores, melhorando a eficiência do mercado e atraindo investidores institucionais que necessitam de uma supervisão regulamentar robusta. Os mercados bem regulamentados tendem a ser mais atraentes para os investidores, pois oferecem maior proteção, menor risco percebido e níveis mais elevados de conformidade.

No entanto, não é despiciendo pensar que muitas vezes representam desafios para as empresas porque todas têm recursos limitados à sua disposição e o cumprimento de todas estas (crescentes) obrigações não é barato. É fundamental que haja um equilíbrio entre a supervisão regulamentar e os encargos impostos às empresas, especialmente no que diz respeito a garantir que a regulação seja proporcional, simplificada e adaptada às necessidades dos diferentes players.

Que impacto pode vir a ter a inteligência artificial no trabalho de um responsável pelas relações com os investidores?

Por natureza prefiro ver o copo meio cheio e olho para o impacto da inteligência artificial (IA) mais como uma oportunidade do que como uma ameaça. Desde logo porque a IA pode analisar grandes quantidades de dados, ajudando os IRO a identificar tendências, padrões e o sentimento dos investidores. Depois porque, num futuro não muito longínquo, a utilização de chatbots com tecnologia de IA pode fornecer respostas em tempo real às dúvidas mais simples dos investidores, melhorando a eficiência da comunicação. Os algoritmos de IA podem prever movimentos de mercado e comportamentos dos investidores, auxiliando o planeamento estratégico e até mesmo a tomada de algumas decisões e finalmente, mas não menos importante, pode ser útil no compliance, ajudando a garantir o cumprimento de regras, automatizando a sua monitorização e os processos reporting.

Como é que os temas do ESG já estão a mudar o papel dos IRO e vão fazê-lo no futuro?

Um dos papéis dos IRO é facilitar o diálogo entre empresa e investidores e fornecer informações sobre iniciativas ESG. Cada vez mais o mercado exige que a comunicação seja transparente e consistente e os investidores estão cada vez mais interessados no desempenho ESG das empresas cotadas. Os IRO devem compreender os indicadores ESG mais relevantes para o seu sector e comunicar as iniciativas e métricas postas em prática de forma transparente e eficaz. Os investidores estão cada vez mais conscientes dos riscos e oportunidades ligados aos temas ESG e os responsáveis pela relação com o mercado de capitais devem saber como a empresa gere esses fatores e como isso afeta o desempenho financeiro a longo prazo.

Considero, por isso, importante e útil, também para as funções de IRO que desempenho na Greenvolt, o compromisso do Grupo em gerir e reportar, de forma transparente, os aspetos ESG da sua atividade. Os vários reconhecimentos externos e avaliações ESG positivas de investidores e analistas materializam a nossa abordagem à sustentabilidade e tornam-nos também mais cientes das oportunidades de melhoria das nossas práticas e processos.

No futuro, prevejo que profissionais de investor relations estejam ainda mais envolvidos nas discussões sobre os temas ESG e sejam responsáveis por comunicar e implementar estratégias relacionadas com esses temas, auxiliando as empresas a entender e responder às expectativas dos investidores. Para que estejam garantidos relatórios precisos e transparentes de métricas ESG, terá de haver uma maior colaboração com partes interessadas internas. Também neste processo pode haver ajuda da inteligência artificial, na análise de dados ESG, identificando tendências e fornecendo pistas úteis, quer para a gestão, quer para a comunicação com o mercado.

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Moedas pede audiências a Marcelo e ao Governo para resolver problema dos sem-abrigo

  • Lusa
  • 20 Maio 2024

Lisboa tem cerca de 3.000 pessoas em situação de sem-abrigo, sendo que 300 estão a viver efetivamente na rua. Moedas considera que "esforço para resolver o problema não pode ser só dos autarcas".

O presidente da Câmara de Lisboa pediu audiências ao Presidente da República e ao primeiro-ministro para, em conjunto, resolverem o problema das pessoas em situação de sem-abrigo na cidade, que têm vindo a aumentar desde a pandemia de Covid-19.

Falando à margem da apresentação de 25 novos elementos da Polícia Municipal, Carlos Moedas disse aos jornalistas ter enviado duas cartas a Marcelo Rebelo de Sousa e a Luís Montenegro por considerar que o “esforço para resolver o problema não pode ser só dos autarcas”.

“Lancei em Lisboa um plano de sete anos para tentar realmente fazer o mais possível pelas pessoas em situação sem-abrigo, um plano de 70 milhões de euros, mas isso não pode ser somente Lisboa, e por isso chamei os meus colegas da Área Metropolitana de Lisboa para olharmos em conjunto [para a questão]”, começou por explicar.

No novo plano da cidade de Lisboa, indicou, prevê-se a duplicação das mil vagas em centros de acolhimento. Contudo, no entendimento do social-democrata, estes espaços “não podem estar só no município de Lisboa” e têm de existir também nos outros concelhos.

“Mas este esforço não pode ser só dos autarcas”, insistiu, lembrando que a situação junto à igreja dos Anjos — com várias tendas de imigrantes concentradas — não consegue ser resolvida só pela autarquia, tendo em conta que muitas das pessoas que por lá pernoitam “não têm sequer documentação”.

De acordo com Carlos Moedas, “há um problema nacional”, daí o seu pedido ao Governo e ao Presidente da República: “Todos temos de trabalhar em conjunto para resolver o problema”, frisou.

Tal como o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o autarca da capital entende que a Agência para a Integração, Migrações e Asilo – AIMA “não está a funcionar”.

“Tem que atuar, tem que estar disponível, porque as pessoas não podem ficar anos à espera de ser recebidas”, afirmou.

Moedas adiantou que tem falado com o ministro da Presidência, Leitão Amaro, que lhe garantiu “o seu apoio”.

“O problema das pessoas em situação de sem-abrigo é muito grave. Começou a aumentar depois da Covid-19 e no pós-pandemia, é um problema para a cidade. Algumas organizações como a associação Vida e Paz, estimam pelo menos mais 25% das refeições que distribuem. É um problema que aumentou, também aumentámos a ajuda, mas a câmara não pode estar sozinha”, sublinhou, lembrando que “metade das vagas de acolhimento” a nível nacional estão em Lisboa.

Carlos Moedas convidou os presidentes dos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML) para um encontro em 10 de maio, para discutir medidas, avançar com uma task-force e criar centros de acolhimento para integrar as pessoas em situação de sem-abrigo que existem na área metropolitana.

No entanto, apenas os presidentes dos executivos de Oeiras, Isaltino Morais (independente), e de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), compareceram e admitiram avançar para a task force com Lisboa. Barreiro (PS), Almada (PS) e Seixal (CDU) fizeram-se representar por vereadores ou técnicos que acompanham a problemática.

Lisboa é a cidade mais afetada pelo fenómeno e conta atualmente com cerca de 3.000 pessoas em situação de sem-abrigo, sendo que 300 deles estão efetivamente na rua.

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Faturação das empresas de trabalho temporário sobe 10,2% para 1,8 mil milhões

  • Lusa
  • 20 Maio 2024

Aumento da atividade empresarial e da procura de mão-de-obra leva faturação das empresas de trabalho temporário a engordar.

A faturação das empresas de trabalho temporário em Portugal cresceu 10,2% em 2023, para 1.800 milhões de euros, face ao ano anterior, devido ao aumento da atividade empresarial e da procura de mão-de-obra, revela hoje a Informa D&B.

De acordo com uma análise elaborada pela Informa D&B, entre 2021 e 2023, o setor das empresas de trabalho temporário apresentou um crescimento da faturação superior a 50% e “é de esperar que o crescimento se mantenha em 2024 e 2025, embora a um ritmo inferior, em consequência de previsões macroeconómicas menos favoráveis”.

O número de empresas autorizadas a exercer atividade no setor de trabalho temporário em Portugal era de 250 em dezembro de 2023, valor ligeiramente superior ao registado no final do exercício anterior.

A zona de Lisboa, com um total de 125 empresas, e a zona Norte, com 76 operadores, eram as que concentravam o maior número de empresas, sendo que nas restantes zonas localizavam-se menos de 20 sociedades autorizadas.

O número de pessoas que trabalhavam neste setor ascendia a 98.027 em 2022, segundo os dados divulgados pela Informa D&B.

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A estabelecer pontes, Lúcia Cavaleiro, na primeira pessoa

Lúcia Cavaleiro queria ser jornalista, mas acabou por enveredar pela comunicação corporativa. "Fazer pontes" é o que deixa a diretora de comunicação da Tabaqueira realizada.

Depois do jornalismo e assessoria de imprensa em estruturas governamentais, foi responsável pela comunicação da Tap e da Uber, sendo agora diretora de comunicação da Tabaqueira. É também diretora da APCE (Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa). “Fazer pontes é algo que me acompanha e faz sentir realizada desde sempre“, diz Lúcia Cavaleiro, numa conversa com o +M.

Os primeiros passos enquanto profissional foram dados como jornalista, mas a prática já vinha bem de trás, embora nem se recorde. Quem lho disse foi um amigo seu, num aniversário, no qual se vangloriou de ter sido o seu primeiro entrevistado, quando tinham ainda seis ou sete anos de idade. É que, quando faziam corridas de bicicletas, Lúcia Cavaleiro dava sempre a sua bicicleta a outra pessoa e preferia ficar na linha da meta, com uma garrafa de plástico, a fazer entrevistas a quem ganhava.

Depois de ter estudado Ciências da Comunicação na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã – onde se “por um lado sofríamos o estigma da interioridade, por outro lado tínhamos a vantagem de serem turmas mais pequenas” – ingressou no mundo do jornalismo televisivo, primeiro pela porta da SIC, através de um estágio, e depois pela da RTP, onde esteve quatro anos e foi apresentadora de um programa.

Após cerca de quatro anos a exercer a profissão, foi assessora de imprensa do Ministério da Ciência, Inovação e Ensino Superior, um convite que não aceitou à primeira. Isto numa altura em que “ainda não havia muito esta tradição de passar do jornalismo para a comunicação institucional, era um bocadinho passar para o lado negro da força“.

Para a aceitação pesou o facto de lhe terem explicado que “muitas vezes as instituições querem comunicar, os jornalistas querem informação e faltava alguém para fazer a ponte. Alguém que soubesse o que os jornalistas precisavam e perceber onde pode ir buscar essa informação dentro das instituições”, explica.

É essa vontade e gosto de fazer e estabelecer pontes que tem marcado o percurso de Lúcia Cavaleiro, não só profissionalmente mas também ao nível pessoal, refere.

E isso é desde logo percetível pelos seus interesses. Um deles passa por aprender novos idiomas. “Mesmo que seja o nível básico, acho que comunicar com outras pessoas no seu idioma nativo é também uma ferramenta de promoção de interação, de criação de proximidade e também uma forma de estabelecer pontes“, refere.

Até agora aprendeu francês, inglês, italiano, russo e chinês, embora em “níveis muito diferentes”. Num futuro próximo está na calha aprender alemão e grego. Árabe e hebraico “são muito difíceis”, pelo que tenciona deixar a sua aprendizagem para quando estiver na reforma.

O chinês, aliás, aprendeu em conjunto com as duas filhas (de 17 e 14 anos), com quem vive no centro de Lisboa. Descrevendo-se como uma citadina que gosta muito de “fazer vida a pé”, Lúcia Cavaleiro mora em Alvalade e diz apreciar a “vida de bairro no meio da cidade”.

É também com as filhas com quem joga muito jogos de tabuleiro – principalmente “Catan” – mas também “Gestos”, jogo que proporciona muita competição mas também “enormes gargalhadas e uma risota pegada”. Além disso, partilha a paixão pelas viagens com as filhas, “que passam o tempo a planear a viagem seguinte”.

À semelhança das entrevistas com garrafas de plástico”, a paixão pelas viagens está “em mim desde sempre, e é uma paixão que é partilhada por toda a família. É algo que fez parte da minha educação. Em minha casa o que era importante era ir, a pé, de carro, de comboio, de barco, de avião. Era ir. Ir e conhecer”, explica a profissional de 46 anos.

A primeira viagem transatlântica sozinha foi feita aos 16 anos para Toronto, no Canadá, para visitar uma tia emigrada – com quem por acaso partilhava o nome – que ainda não tinha tido oportunidade de conhecer. “E, portanto, volto a este tema, de que fazer pontes é algo que me acompanha e faz sentir realizada desde sempre“, afirma.

A paixão pelas viagens é combinada com a que a diretora de comunicação da Tabaqueira também tem pela fotografia, forma que encontrou de registar a sua experiência em determinado contexto ou local.

“Gosto de observar detalhes, de forma muito personalizada, gosto de estar num sítio e de saber que se calhar as fotografias que vou trazer de lá não são as mesmas de outras pessoas, porque eu vou trazer a minha leitura daquele sítio”, explica. Por motivos de trabalho, e apesar de ser amadora, já teve o “privilégio” de fotografar personalidades como o Papa Francisco ou Sebastião Salgado, “um dos grandes fotógrafos mundiais”.

“Algures no tempo”, enquanto esperava pelas filhas – uma na aula de violino e outra na aula de piano – acabou também por se inscrever em aulas de canto, movida pela “curiosidade”, tendo em conta que sempre usou o “instrumento da voz” no seu trabalho. E, segundo a sua professora, “até tinha algum jeito e um bom desempenho”, assegura.

Correr é outras das atividades de que gosta bastante, embora ultimamente pratique mais a “caminhada com passada acelerada”. A corrida começou de uma forma “completamente desinformada e sem técnica” – mais por “fazer uma atividade física e conseguir desligar a cabeça” – mas acabou por se tornar uma paixão.

Para o desenvolvimento dessa paixão contribuiu o “espírito de entreajuda” dos colegas que foi conhecendo num grupo de corrida que integrou. Foi graças a esse grupo que acabou por fazer uma meia-maratona – embora os 10 kms fosse onde se sentisse mais confortável – tendo também participado numa corrida de estafetas.

Embora fosse a mais lenta, a sua equipa acabou por ganhar no seu escalão, pelo que os colegas lhe entregaram o prémio, o qual ainda hoje tem guardado pela lição de que “nunca devemos deixar ninguém para trás” e de que “se trabalharmos em equipa, podemos conquistar e superar os desafios“.

uma vez por semana, entre as 20h e as 21h, liga-se através do Zoom a um grupo de leitura. “Na era dos dispositivos móveis e do scroll down acho que é fundamental encontrarmos tempo para ler, para abrir horizontes através da leitura”, diz.

Voltando ao seu percurso profissional, depois da passagem pelo ministério, Lúcia Cavaleiro ainda passou pela TSF e Imagens de Marca, antes de assumir a função de assessora de comunicação, num organismo do Ministério do Ambiente, a CCDR LVT (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo).

Foi aí, quando já estava grávida da sua primeira filha, que foi “recrutada” para a TAP, tendo entrado no “mundo gigante da aviação”, que tem uma componente tecnológica mas também um impacto “muito grande na vida das pessoas, porque liga localidades e pessoas“.

Em grande parte dos quase 15 anos que esteve na companhia, Lúcia Cavaleiro desempenhou a função de assessora de imprensa e de responsável pela área de comunicação, tendo também sido treinada enquanto porta-voz. Foi também responsável pela coordenação da comunicação de segurança, numa altura em que pouco depois surgiu a pandemia.

“De repente, num projeto que tinha umas características muito específicas, passámos a ter de lidar com uma situação para a qual não havia nenhum playbook. Mas foi um período também muito rico. Tenho um certo orgulho porque um dos meus últimos projetos antes de sair [da TAP] foi este que levou a companhia a ser considerada a mais segura da Europa e a terceira mais segura do mundo”, afirma.

Depois surgiu a possibilidade de “dar o salto” para uma empresa global, a Uber, convite que foi aceite pela “vontade de trabalhar com uma empresa de grande dimensão, inserida num mercado global”. “Eu achava que era o salto que me faltava dar e de facto acho que foi definitivo para trabalhar em ambientes internacionais e globais. Aprendi a questão da sistematização, o que é ser um mercado que tem de lidar com outros mercados, a interação entre equipas de comunicação globais e o que se ganha com essa multiculturalidade”, observa.

Após a passagem pela Uber, surgiu o “desafio contínuo” de liderar a comunicação da Tabaqueira, empresa subsidiária portuguesa da Phillip Morris que está a passar por uma “jornada de transformação intensa e que tem em vista a mudança do paradigma do negócio”, que é o fim da comercialização dos cigarros e a sua substituição por produtos alternativos, sem combustão.

Ajudar a comunicar este propósito, de um mundo sem fumo, e que tem em vista contribuir para a construção de uma futuro melhor para todos, naturalmente que muito me orgulha e desafia diariamente“, afirma.

Olhando para trás, Lúcia Cavaleiro achava que ia ser jornalista. “Eu não antevi um percurso na comunicação corporativa. A verdade é que quando experimentei, percebi que o mundo da comunicação é muito mais vasto, tem missões que também são muito satisfatórias, que me fizeram crescer imenso, e que é um mundo muito mais desafiante do que aquilo que eu pensava“, explica.

No meio de um incêndio, tu nunca correrás no sentido oposto“, foi uma frase que a marcou nesse seu percurso no jornalismo e que lhe foi dita por um diretor numa rádio onde trabalhou. Na altura não percebeu muito bem o que lhe queriam dizer, mas agora pensa que sim. “Uma vez jornalista, há coisas que ficam em nós e eu acho que isso é muito importante para quem trabalha comunicação“, diz.

Mas a porta de regresso ao jornalismo não está nem fechada, nem aberta. “Se é um sítio onde vou voltar ou não, não sei. Eu gosto de estar a viver o presente e gosto de deixar trabalho feito em cada desafio que me proponho“, afirma Lúcia Cavaleiro.

Lúcia Cavaleiro em discurso direto

1 – Qual é a decisão mais difícil para um responsável de comunicação?
A decisão mais difícil para um responsável de comunicação pode ser determinar a melhor maneira de transmitir uma mensagem. Cada público é único e requer uma abordagem diferenciada e o ecossistema de comunicação é cada vez diversificado, aumentando o número de estímulos a que as audiências estão expostas, o que pode tornar a decisão sobre como comunicar efetivamente um desafio.

2 – No (seu) top of mind está sempre?
Está sempre a procura pela inovação e pela criação de conteúdo relevante. Está ainda a necessidade crucial de garantir que todas as comunicações estejam alinhadas com a missão e os valores da organização. Procuro também diariamente atualizar-me para ter uma visão de helicóptero sobre o mundo e sobre as dinâmicas nacionais.

3 – O briefing ideal deve…
O briefing ideal deve ser claro, conciso e diretivo, o que implica um bom trabalho prévio. Deve indicar claramente os objetivos, o destinatário, o orçamento e o cronograma, não limitando a criatividade. Sendo uma peça bem construída, traz, a todos os envolvidos, eficiência e produtividade no seu desenvolvimento e concretização.

4 – E a agência ideal é aquela que…
É aquela que entende profundamente a empresa e a sua visão. É aquela que é parceira e que veste a camisola e que nem percepcionamos como agência no dia-a-dia, mas como parte integrante da equipa. É aquela cujos métodos de trabalho, valores, objetivos e vontade de desenvolver projetos e encontrar soluções criativas são convergentes com os da organização.

5 – Em comunicação é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?
Em comunicação, vale a pena arriscar desde que se faça o trabalho de casa para antever cenários e planear estratégias, diminuindo riscos desnecessários. O conceito de arriscar é ir para além do conhecido, e fazer isso é inovar, o que é essencial para se evoluir na forma como se comunica. Embora seja importante manter a consistência e a coerência.

6 – Como um profissional de comunicação deve lidar e gerir crises?
Como um mediador que gere a relação entre todos os envolvidos de forma a encontrar, com a maior rapidez possível, a mensagem relevante a ser transmitida. Deve trazer um sentido único e agregador de todas as informações que recebe para construir uma comunicação coesa, dinâmica e eficaz. Lidar e gerir situações de crise é algo que “comes with the job” de qualquer comunicador. Assim, são importantes a preparação e o treino frequentes para que seja possível manter a serenidade – algo muito importante que lhe permitirá uma maior clareza na decisão ou aconselhamento e empatia na gestão dos diversos stakeholders.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?
Creio que serão poucos os profissionais de comunicação que se deparem com este “dilema”. Mas, mais do que um orçamento ilimitado, o importante é conhecer os recursos internos da organização para perceber como podem ser usados com eficiência para promover a inovação e o crescimento.

8 – A comunicação em Portugal, numa frase?
A comunicação em Portugal é diversificada, dinâmica e em constante evolução.

9 – Construção de marca é?
Ter uma visão e trabalhar com resiliência e sentido de missão.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em comunicação?
Se não trabalhasse em comunicação, poderia ser piloto de avião. Além de se poder dizer que tem o escritório com a melhor vista do mundo, é uma atividade com uma finalidade e com características com as quais me identifico. É uma ponte que une qualquer lugar e todas as pessoas e traz a oportunidade de explorar novos horizontes, além de, sendo uma máquina mais pesada do que o ar, implicar uma atualização constante de conhecimento e eu gosto de estudar. A necessidade de uma avaliação permanente para reduzir riscos e garantir um transporte de bens e pessoas entre dois pontos, em segurança, é também uma missão muito importante e cativante nesta profissão. Outra opção poderia ter sido a de diplomata, de forma a promover o diálogo e a cooperação através da comunicação. No mundo tão competitivo e dinâmico em que vivemos, estabelecer pontes e criar pontos de convergência é algo que eu faria com muito gosto.

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Cerejeira Namora Marinho Falcão assessora Marco de Canaveses em litígio das Águas

Cerejeira Namora Marinho Falcão assessora Marco de Canaveses, resolvendo litígio das Águas, e poupa 71 milhões de euros ao município.

A sociedade Cerejeira Namora Marinho Falcão assessorou a autarquia do Marco de Canaveses, conseguindo um acordo que coloca fim a um litígio judicial de longa data, há mais de 15 anos, no qual o município tinha sido condenado a pagar à concessionária Águas do Marco mais de 28 milhões de euros. A esta verba tinham ainda de se somar cerca de 43 milhões de euros pela reposição do equilíbrio da concessão.

O acordo agora alcançado representa o fim das ações em tribunal entre a autarquia e a concessionária, e anula a indemnização que a Câmara Municipal teria de pagar à empresa, na sequência do processo iniciado em 2010, que culminou com uma sentença confirmada pelo Tribunal Constitucional em final de 2023. O montante poderia chegar a 71 milhões de euros.

A Câmara Municipal do Marco de Canaveses pagará apenas uma compensação de 6,9 milhões, diluídos em cinco anos e alarga a duração da concessão com as Águas do Marco por mais 15 anos.

O litígio teve início em 2010, data em que a empresa Águas do Marco processou a Câmara Municipal, por não concordar com uma modificação ao contrato inicial entre ambas as partes, com o objetivo de rever os tarifários e assumir a responsabilidade pelos grandes investimentos em infraestruturas de expansão das redes.

A equipa foi composta pelos sócios Nuno Cerejeira Namora e Ricardo Maia Magalhães e o associado sénior, João Prista Guerra. Cristina Vieira, Presidente da Câmara do Marco, afirmou que “quase 20 anos depois da assinatura de um acordo prejudicial aos interesses dos marcuenses e 15 anos depois de um litígio em tribunal que agravou a situação, atrasando o desenvolvimento do concelho, a Câmara Municipal consegue um acordo positivo e uma solução que permitirá encarar o futuro com mais otimismo”.

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Clima económico piora em abril. Construção e serviços desaceleram

As empresas estão mais pessimistas e o investimento diminuiu entre fevereiro e março. Os setores da construção e dos serviços registaram um abrandamento.

O clima económico diminuiu em abril, depois de ter aumentado no mês anterior, mostra uma análise do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada esta segunda-feira. Já a atividade económica, cujos indicadores estão disponíveis para março, registou um abrandamento.

“Os indicadores de curto prazo, disponíveis para março, revelam uma desaceleração em volume na construção e nominal nos serviços e para uma aceleração em volume na indústria”, sublinha o INE na mais recente Síntese Económica de Conjuntura. Já o clima económico, indicador que sintetiza os saldos de respostas extremas das questões relativas aos inquéritos qualitativos às empresas, diminuiu em abril.

Fonte: INE

Já na perspetiva da despesa, o indicador de atividade económica “aumentou em termos homólogos entre setembro e março, menos intensamente no último mês, após ter diminuído em agosto”. O investimento diminuiu, em termos homólogos, em fevereiro e março, enquanto o indicador de consumo privado desacelerou.

Importa recordar que o PIB cresceu 1,4% em termos homólogos no primeiro trimestre do ano e 0,7% em cadeia, ou seja, face ao trimestre anterior. A desaceleração da procura interna foi um dos fatores a afetar o desempenho da economia portuguesa no arranque do ano.

Esta evolução dá-se também num contexto de desaceleração dos preços no consumidor, com a inflação a rondar valores próximos de 2%, a meta do Banco Central Europeu. Por outro lado, os preços no produtor continuam a diminuir: “o índice de preços na produção industrial atingiu uma variação homóloga de -0,8% em abril (-1,5% em março), apresentando uma taxa negativa pelo décimo segundo mês consecutivo”, indica o INE.

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Administradores do Banco de Fomento assumem funções na administração da Sofid

  • Lusa
  • 20 Maio 2024

Pedro Miguel Nunes Ventaneira, Sofia Maria Simões dos Santos Machado e Bruno Filipe Aires Rodrigues já assumiram funções enquanto administradores executivos não remunerados da Sofid.

Os administradores do Banco Português de Fomento (BPF) Pedro Miguel Nunes Ventaneira, Sofia Maria Simões dos Santos Machado e Bruno Filipe Aires Rodrigues já assumiram funções enquanto administradores executivos não remunerados da Sofid, foi hoje anunciado.

Em comunicado, o BPF detalha que Pedro Miguel Nunes Ventaneira foi nomeado presidente executivo da Sofid – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento, Instituição Financeira de Crédito, enquanto Sofia Maria Simões dos Santos Machado e Bruno Filipe Aires Rodrigues foram designados administradores executivos.

A nomeação destes novos órgãos sociais integra-se no processo de transferência da Sofid para o universo do Banco Português de Fomento, o banco promocional nacional, devendo agora ser realizadas as auditorias necessárias a esse processo“, refere.

Segundo explica o BPF, esta transferência “visa fomentar sinergias nas vertentes financeira, operacional, de sistemas de governo societário e controlo interno“.

Faz ainda parte da “estratégia de alargamento da missão do BPF enquanto instituição financeira de desenvolvimento (DFI), com o objetivo de apoiar projetos de empresas nacionais em países em desenvolvimento, permitindo, designadamente, um incremento nos montantes e modalidades de instrumentos financeiros disponíveis para as empresas e acesso a fundos europeus com esses fins”.

O decreto-lei n.º 119/2023, publicado a 22 de dezembro do ano passado, previa “a realização de atos preparatórios necessários” à transferência da participação do Estado na Sofid para o BPF.

Assim, até junho de 2025, os administradores do Banco Português de Fomento vão poder acumular os seus cargos com os de administradores executivos não remunerados na administração da Sofid.

O decreto-lei prevê ainda que o BPF faça auditorias à Sofid, para avaliação dos ativos e passivos, e que elabore um plano estratégico para a Sofid a ser apresentado ao Governo. Já ao Conselho de Administração da Sofid caberá fazer uma proposta de plano de atividades e orçamento.

Será após estes trâmites que a participação do Estado na Sofid passará para o Banco de Fomento, através de um aumento de capital em espécie cujo valor ainda será apurado.

A Sofid é uma entidade financeira especializada no apoio a empresas e ao investimento direto em países emergentes e em desenvolvimento. O Estado tem 80% do capital detendo participações minoritárias os bancos Caixa Geral de Depósitos, BPI, Novo Banco e Caf – Corporación Andina de Fomento.

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Prémio Nelson Mandela atribuído a António Garcia Pereira

A ProPública homenageia "o Homem e o profissional que ao longo de quase meio século esteve sempre na primeira linha da defesa da honra e dignidade da Advocacia", segundo comunicado da associação.

A direção da associação ProPública – Direito e Cidadania (“ProPública”) deliberou, por unanimidade, atribuir o Prémio Nelson Mandela relativo ao ano 2024 a António Garcia Pereira, advogado, professor universitário, autor e ativista cívico. “No Dia do Advogado, a ProPública homenageia assim o Homem e o profissional que ao longo de quase meio século esteve sempre na primeira linha da defesa da honra e dignidade da Advocacia”, segundo comunicado da associação.

Como a ProPública “tem insistentemente afirmado, os advogados estão hoje confrontados com um ataque sem precedente aos seus direitos, garantias e imunidades. A igualdade de armas com o Ministério Público é cada vez mais ilusória, depois das recentes alterações ao Estatuto da Ordem dos Advogados. Por outro lado, na área do acesso aos serviços públicos e da administração da justiça é patente a deterioração dos direitos dos cidadãos, especialmente dos mais frágeis e vulneráveis, como recentemente reconheceu a Provedoria de Justiça numa intervenção solicitada pela ProPública”.

António Garcia Pereira tem sido, nas suas intervenções públicas, como nos tribunais e na ação individual, “uma voz corajosa e firme em defesa da Advocacia, do bem comum e dos direitos dos cidadãos, mesmo quando estes têm posições políticas, sociais ou desportivas contrárias às suas. Advogado desde 1977, Garcia Pereira é a prova de que o caráter, a solidariedade e a abnegação são as armas com que se defende o interesse público e se combatem as ameaças à justiça e à democracia”.

O prémio, no montante de 10 mil euros, vai ser entregue no dia 18 de julho, Dia Internacional Nelson Mandela e que celebra a data do seu nascimento.

Em edições anteriores foram distinguidos os advogados Francisco Teixeira da Mota (2021), Leonor Caldeira (2022) e Maria Clotilde Almeida e Paula Penha Gonçalves em ex-aequo (2023).

A ProPública – Direito e Cidadania é uma associação privada, independente e apolítica. Constituída em junho de 2020, tem por propósito a defesa jurídica do interesse público. Os seus valores são: Justiça, Comunidade, Responsabilidade. Mais informações em: www.propublica.eu

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