Dona da CMTV prepara lançamento de novo canal para concorrer com SIC Notícias e CNN Portugal

Novo canal tenderá a posicionar-se para concorrer com a SIC Notícias e a CNN Portugal e insere-se na estratégia de expansão do grupo. Agências de meios aguardam, "com expectativa", mais informação.

A Medialivre, nova dona do Correio da Manhã e da CMTV, está a preparar o lançamento de um novo canal de televisão, sabe o +M. A informação não é confirmada pelo grupo, mas estará a ser trabalhada internamente. A ponta do véu foi parcialmente levantada em fevereiro, quando o CEO do grupo, Luís Santana, anunciou no evento Medialivre Top 30 anunciantes a intenção de fazer investimentos em projetos estratégicos, embora sem avançar detalhes.

Já esta semana, a Medialivre inaugurou um novo estúdio de televisão, um espaço com 200 metros quadrados e que permite a criação e utilização de vários sets em simultâneo, com câmaras robotizadas, como revela o Correio do Manhã (CM). O espaço, escreve o título liderado pelo também diretor da CMTV e diretor-geral editorial do grupo, Carlos Rodrigues, foi construído a pensar na noite eleitoral de 10 de março, mas irá também servir o futuro próximo da estação.

“A ideia foi melhorar a capacidade de resposta para as eleições, mas, na verdade, esta é uma infraestrutura fundamental para a Medialivre, porque esta é uma casa de notícias, onde temos uma forma muito simples de enfrentar o mundo: com trabalho. E por isso, com este espaço abrimos novos mundos ao mundo das notícias”, diz no CM.

Com a CMTV registada como canal generalista, o novo canal do grupo tenderá a posicionar-se para concorrer com a SIC Notícias e a CNN Portugal. “O segredo é o posicionamento”, comenta com o +M fonte próxima do processo. E, o posicionamento passará pelo lançamento de um canal premium com capacidade para atrair novos segmentos de público e reforçar a penetração em televisão do grupo que também dono do Jornal de Negócios, do Record e da Sábado.

Embora ainda não exista informação disponível relativamente à tipologia, ao posicionamento, ou o público-alvo, como ressalta Rodrigo Albuquerque, managing partner da Arena Media, o lançamento parece ser uma boa notícia para os anunciantes e agências de meios e o facto de ser lançado pela Medialivre aporta confiança.

Há sempre espaço para projetos de qualidade e inovadores. E tratando-se de um projeto da Medialivre parece-me que isso está assegurado, tendo em conta o histórico de sucesso de outros projetos

Rodrigo Albuquerque

Managing parter da Arena Media

“Penso que é sobretudo uma excelente notícia existirem investidores/empreendedores com coragem e que continuam disponíveis para investir e continuarem a inovar no meio TV em Portugal. Há sempre espaço para projetos de qualidade e inovadores. E tratando-se de um projeto da Medialivre parece-me que isso está assegurado, tendo em conta o histórico de sucesso de outros projetos, pelo que aguardo com muita expectativa”, adianta o responsável da agência de meios do grupo Havas.

Sobre o impacto que o novo canal terá nos restantes, Rodrigo Albuquerque diz que a resposta dependerá muito do posicionamento do novo projeto. Ou seja, será necessário perceber “se será apenas mais um canal de informação, ou se, por outro lado, procurará vir dar resposta a alguma tipologia de procura específica, ocupando um posicionamento novo que possa não estar ainda a ser tão bem explorado pelos canais existentes”.

“Acredito que haverá espaço para que isso possa acontecer. Assistimos neste momento a um consumidor cada vez mais polarizado e a audiências cada vez mais fragmentadas e nesse sentido abrem-se também novas oportunidades”, acrescenta o managing partner da Arena Media.

Ricardo Torres Assunção, secretário-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes, não faz prognósticos sobre existir ou não espaço para o novo projeto. “Essa é uma questão que será respondida pelo mercado e é assim que deve ser, o espaço que o projeto terá depende dele e dos portugueses”, diz, saudando no entanto “a liberdade e a competitividade do mercado em Portugal”.

O aparecimento de mais um operador tem sempre impacto no ecossistema. E vivemos hoje num mundo em que a multiplicidade de plataformas e canais disponíveis para as marcas é de tal ordem, que esse é um dado que não pode deixar de entrar na análise de quem aposta em trazer novidades ao mercado.

Ricardo Torres Assunção

secretário-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes

“O aparecimento de mais um operador tem sempre impacto no ecossistema. E vivemos hoje num mundo em que a multiplicidade de plataformas e canais disponíveis para as marcas é de tal ordem, que esse é um dado que não pode deixar de entrar na análise de quem aposta em trazer novidades ao mercado”, responde o representante dos anunciantes, quando questionado sobre o impacto que o lançamento de mais um canal de informação poderá ter, num segmento que já conta com a SIC Notícias e CNN Portugal (este ano com a estação da Media Capital a vencer nas audiências acumuladas jan/5 de março por duas décimas) e ainda com a RTP3.

Uma coisa é certa, diz Rodrigo Albuquerque, “em democracia, a pluralidade de informação e a existência de um jornalismo livre, independente, transparente e de qualidade são fundamentais, pelo que há sempre espaço para projetos de informação com qualidade, isentos e com capacidade para contribuir para informar e esclarecer os portugueses de forma clara, livre e transparente”.

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Administração da Ercros diz que OPA da portuguesa Bondalti é “não solicitada” e “não acordada”

Conselho de Administração da gigante espanhola adianta que vai nomear um consultor jurídico e financeiro para a assessorar na operação. Irá pronunciar-se sobre a oferta após a autorização pela CNMV.

O Conselho de Administração (CA) da Ercros manifestou-se esta quinta-feira pela primeira vez sobre a OPA lançada pela portuguesa Bondalti, adiantando que a oferta do grupo químico detido pelo Grupo José de Mello é “não solicitada” e não foi previamente acordada com a companhia espanhola. O conselho de administração da Ercros vai agora nomear um consultor jurídico e um financeiro para a assessorar na operação e na defesa dos interesses dos investidores.

“O conselho de administração da Ercros não teve conhecimento prévio da Oferta e, portanto, trata-se de uma Oferta não solicitada e previamente não acordada com a Companhia“, adianta a empresa em comunicado enviado à CNMV, o regulador do mercado espanhol, dois dias após o lançamento da oferta por parte da Bondalti.

O conselho de administração da Ercros não teve conhecimento prévio da Oferta e, portanto, trata-se de uma Oferta não solicitada e previamente não acordada com a Companhia.

Conselho de Administração da Ercros

A Bondalti anunciou esta terça-feira uma OPA sobre a Ercros, propondo-se pagar 3,60 euros por cada ação da química espanhola, o que representa um prémio de 40,6% face à cotação de fecho registada na véspera (2,56 euros), mas que está cerca de 20% abaixo do máximo de 4,80 euros fixado há menos de um ano, em abril de 2023. O negócio avalia a companhia em 329 milhões de euros.

O conselho de administração da Ercros adiantou ainda que “está em processo de nomeação de um consultor financeiro e de um consultor jurídico para auxiliar durante o processo da Oferta no cumprimento das suas funções e na salvaguarda dos interesses dos acionistas da Companhia”.

O Conselho de Administração está em processo de nomeação de um consultor financeiro e de um consultor jurídico para auxiliar durante o processo da Oferta no cumprimento das suas funções e na salvaguarda dos interesses dos acionistas da Companhia.

Conselho de Administração da Ercros

Em relação aos termos da operação, o conselho de administração da Ercros realça que se irá pronunciar “oportunamente sobre a Oferta, uma vez autorizada pela Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CNMV) e dentro do prazo determinado de acordo com a regulamentação aplicável“, com o apoio dos seus consultores financeiros e jurídicos.

Entretanto, “o conselho de administração e a equipa de gestão da Ercros continuarão a gerir diligentemente os negócios da Companhia no curso normal de suas atividades, salvaguardando o interesse social e respeitando integralmente as obrigações estabelecidas pela regulamentação aplicável”.

OPA na mão dos pequenos investidores

Cerca de 80% do capital da Ercros está nas mãos de minoritários, pelo que a química do Grupo José de Mello depende da aceitação destes acionistas para garantir os 75% fixados para o sucesso da oferta, que aguarda agora a “luz verde” de várias autoridades, entre as quais o Governo espanhol, para avançar.

Apenas 20% das ações correspondiam a participações superiores a 3% do capital, no final de 2023, segundo a informação disponibilizada no site da empresa. O casal Joan Casas Galofré e Montserrat García Pruns controla junto perto de 10% do capital, surgindo como os principais beneficiários da oferta, caso decidam aceitar os termos propostos pela empresa lusa. Se venderem na OPA encaixam 31 milhões de euros.

Casas Galofré é o maior investidor individual da empresa, com uma participação de 6,015%, pela qual receberia 19,8 milhões de euros caso alienasse os seus títulos a 3,6 euros cada. O espanhol comprou uma posição de 3% (3,4 milhões de ações) em abril de 2016, avaliadas à época em 1,6 milhões de euros, tendo vindo a reforçar desde então a sua participação na empresa.

O segundo maior acionista da Ercros é o advogado Víctor Manuel Rodríguez Martín (5,52%), seguido pelo fundo norte-americano Dimensional Fund (4,99%), participado pelo ex-ator e governador Arnold Schwarzenegger. Mesmo que todos estes acionistas qualificados aceitem a oferta, a Bondalti ainda precisa que, pequenos acionistas que representem um total de pelo menos 55% do capital vendam na OPA, para atingir os 75% do capital, uma vez que a companhia portuguesa não detém ações da Ercros, conforme avançou no comunicado enviado ao regulador espanhol, a CNMV.

OPA à espera de autorizações

Os próximos passos da oferta incluem um conjunto de autorizações por parte de várias autoridades, começando pelo Governo espanhol. O primeiro passo para a operação avançar é a autorização do Conselho de Ministros do país vizinho. Cabe à tutela espanhola decidir se recorre ao chamado “escudo anti-OPA”, um mecanismo aprovado após a pandemia, com vista a evitar que investidores estrangeiros tomassem posições relevantes em empresas estratégicas espanholas, aproveitando as baixas cotações motivadas pela correção dos mercados após a covid.

Além do aval do Executivo espanhol, a OPA terá ainda que receber luz verde dos reguladores, a Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia (CNMC) e a Autoridade da Concorrência. Por outro lado, a Bondalti está ainda à espera que a Comissão Europeia dê a sua autorização em matéria de subvenções estrangeiras.

Estas autorizações poderão prolongar o prazo da OPA durante várias semanas, esperando-se ainda que o Conselho de Administração da Ercros se manifeste sobre a oferta e as condições oferecidas pela empresa portuguesa. Apenas após ter reunidas todas estas autorizações e obtido a informação necessária, o regulador espanhol poderá aprovar a OPA e dar início ao período da oferta. Após o início da operação, os investidores têm 30 dias para decidir se aceitam a OPA.

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Von der Leyen na corrida à liderança da Comissão Europeia

  • Lusa
  • 7 Março 2024

A atual presidente da instituição comunitária foi nomeada, com 400 votos a favor e 89 contra, cabeça de lista do PPE às eleições europeias de junho.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi nomeada, esta quinta-feira, candidata principal do Partido Popular Europeu (PPE) para as eleições europeias de junho, para tentar uma reeleição à frente da instituição, com 400 votos a favor.

No congresso do PPE que termina esta quinta-feira na capital romena, Bucareste, Ursula von der Leyen teve ‘luz verde’ dos participantes do grupo de centro-direita, duas semanas após ter anunciado a sua candidatura a ‘Spitzenkandidat’ (cabeça de lista) do PPE para as eleições europeias de junho, visando uma recandidatura à frente do executivo comunitário por mais cinco anos.

Ao todo, registaram-se 489 votos válidos (e 10 nulos), dos quais 400 a favor e 89 contra, anunciou o PPE.

Ursula von der Leyen não foi ‘Spitzenkandidat’ do PPE em 2019, mas desta vez concorreu e foi apoiada pelo seu partido alemão, a União Democrata-Cristã (CDU), contando depois com suporte dos partidos homólogos polaco e grego.

Enquanto primeira mulher na presidência da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen foi aprovada pelo Parlamento Europeu, em julho de 2019 para começar o mandato em novembro desse ano, com 383 votos a favor, 327 contra e 22 abstenções, numa decisão que é tomada por maioria absoluta (metade dos eurodeputados em funções mais um).

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Tinder faz “match” com Bruxelas para dar informações claras sobre preços personalizados

Comissão Europeia argumenta que "personalizar descontos sem informar explicitamente os consumidores é injusto, pois impede-os de fazer uma escolha informada".

O Tinder comprometeu-se a informar os consumidores quando está a apresentar preços personalizados, ou seja, com descontos direcionados a perfis específicos, após um diálogo com a Comissão Europeia e as autoridades nacionais de consumo, segundo anunciaram esta quinta-feira.

Como explica a Comissão Europeia, o Tinder “utiliza meios automatizados para, por exemplo, identificar consumidores que demonstraram pouco ou nenhum interesse nos serviços premium a um preço padrão para posteriormente oferecer-lhes descontos personalizados”, sendo que “personalizar descontos sem informar explicitamente os consumidores é injusto, pois impede-os de fazer uma escolha informada”.

Além disso, a plataforma também oferecia preços mais baixos para os serviços premium com base na idade, sem informar os consumidores.

Tendo em conta esta violação do direito do consumidor da UE, a Rede de Cooperação para a Defesa do Consumidor, coordenada pela Comissão Europeia e liderada pela Agência Sueca do Consumidor e pela Autoridade Holandesa para Consumidores e Mercados, entrou em contacto com o Tinder.

A aplicação de encontros comprometeu-se então a não aplicar preços personalizados com base na idade sem informar os consumidores de forma clara e antecipada, a informar claramente os consumidores de que os descontos nos preços dos serviços premium são personalizados através de meios automatizados e ainda a informar os consumidores por que razão lhes são oferecidos descontos personalizados.

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Portugal é dos países europeus onde as mulheres têm menos empregos em part-time

Três em cada dez mulheres europeias trabalham a tempo parcial, fatia que é significativamente superior à registada entre os homens. Em Portugal o fosso é menor porque o part-time é menos frequente.

O emprego a tempo parcial é mais frequente entre as mulheres do que entre os homens, na maioria dos países europeus. Mas em certos Estados-membros esse fosso entre géneros é mais amplo do que noutros. Em Portugal, a diferença é inferior à média comunitária, o que é explicado pela menor incidência do trabalho em part-time, tanto entre elas como entre eles. Segundo os economistas, os baixos salários praticados por cá ajudam a perceber esse cenário.

Vamos por partes. De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Eurostat, no terceiro trimestre de 2023, 28% das mulheres empregadas (dos 15 aos 64 anos) na União Europeia trabalham a tempo parcial. Em comparação, entre os homens, só 8% tinham empregos em part-time.

Ou seja, havia um fosso de género de 20 pontos percentuais, sendo que em todos os setores eram mais as mulheres em empregos a tempo parcial do que os homens.

“As maiores diferenças entre a fatia de mulheres com trabalhos a part-time e a fatia de homens nessa situação foram registadas em ocupações primárias, como ajudantes, pessoal de limpeza e assistentes de preparação de refeições“, sublinha o Eurostat, que detalha que, nessas atividade, a diferença entre eles e elas era de 29 pontos percentuais (47% das empregadas estavam em part-time contra 19% dos empregados).

E também nos serviços o fosso de género no emprego parcial era considerável, no terceiro trimestre: 35% das mulheres trabalham a tempo parcial, contra 16% dos homens. Em contraste, a menor diferença entre eles e elas foi registada nas posições de gerência (10% contra 3%), como mostra o gráfico acima.

Já entre os países europeus, a Holanda e a Roménia estão em destaque, mas por razões opostas. É que na Holanda 63% das mulheres trabalham a tempo parcial, sendo essa a fatia mais expressiva do Velho Continente. E só 23% dos homens estão nessa situação. Portanto, há uma diferença entre géneros de 39 pontos percentuais, a maior da União Europeia.

Já na Roménia 3% das mulheres têm empregos a tempo parcial, e nesse país os homens superam a fatia feminina. É um caso único entre os Estados-membros.

E Portugal? Por cá, a fatia de mulheres em empregos a part-time é inferior à média comunitária (nem chega a 10%, o que compara com os quase 30% da União Europeia). E também há menos homens nessa situação. Resultado: o fosso é menor que o registado no conjunto do bloco comunitário.

Os economistas têm alertado, contudo, que tal resulta dos baixos salários praticados por cá. Enquanto noutros países, por exemplo, após serem mães, as mulheres optam por ficar em trabalhos a tempo parcial, por cá as famílias não conseguem abdicar de um dos salários de emprego a tempo inteiro do casal. Resultado: as mulheres têm de regressar ao emprego a tempo total, o que explica a baixa incidência do emprego a part-time.

No podcastdo ECO “Eles vêm aí”, o professor universitário Amílcar Silva chegou a defender que Portugal deveria incentivar o emprego a tempo parcial, antes de ponderar a semana de trabalho de quatro dias, modelo que foi testado no último ano por dezenas de empresas.

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Taxas Euribor descem a três e a 12 meses antes da reunião do BCE

  • Lusa
  • 7 Março 2024

Taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa caíram nos prazos a três e 12 meses e subiram a seis meses, movimentos que acontecem antes da reunião do BCE.

As taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, desceram a três e a 12 meses e subiram seis meses face a quarta-feira, antes da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que se realiza em Frankfurt.

Com as alterações, a Euribor a três meses, que recuou para 3,929%, permaneceu acima da taxa a seis meses (3,912%) e da taxa a 12 meses (3,746%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, subiu para 3,912%, mais 0,010 pontos do que na quarta-feira, depois de ter avançado em 18 de outubro para 4,143%, um novo máximo desde novembro de 2008.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor recuou para 3,746%, menos 0,002 pontos que na sessão anterior, contra o máximo desde novembro de 2008, de 4,228%, registado em 29 de setembro.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses baixou para 3,929%, menos 0,013 pontos, depois de ter subido em 19 de outubro para 4,002%, um novo máximo desde novembro de 2008.

A média da Euribor em fevereiro voltou a cair a três meses, mas subiu nos dois prazos mais longos.

A média da Euribor em fevereiro desceu 0,002 pontos para 3,923% a três meses (contra 3,925% em janeiro), mas subiu 0,009 pontos para 3,901% a seis meses (contra 3,892%) e 0,062 pontos para 3,671% a 12 meses (contra 3,609%).

Na última reunião de política monetária, em 25 de janeiro, o BCE manteve as taxas de juro de referência pela terceira reunião consecutiva, depois de dez aumentos desde 21 de julho de 2022, período em que as taxas subiram 450 pontos base.

As Euribor começaram a subir mais significativamente a partir de 4 de fevereiro de 2022, depois de o BCE ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras devido ao aumento da inflação na Zona Euro e a tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022.

As taxas Euribor a três, a seis e a 12 meses registaram mínimos de sempre, respetivamente, de -0,605% em 14 de dezembro de 2021, de -0,554% e de -0,518% em 20 de dezembro de 2021.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Sérvulo aposta em Direito Espacial e lança nova área

A Sérvulo decidiu lançar uma nova área dedicada ao Direito Espacial, que será liderada pela sócia Ana Rita Paínho. O objetivo é responder à "evolução deste mercado tecnológico".

A área de Direito Espacial está a ganhar destaque nos escritórios de advogados por todo o mundo e Portugal não é exceção. A Sérvulo decidiu lançar uma nova área dedicada a esta temática, que será liderada pela sócia Ana Rita Paínho. O objetivo é responder à “evolução deste mercado tecnológico” e às “necessidades dos clientes no aconselhamento em questões regulamentares, comerciais e de propriedade intelectual, associadas a este setor”.

“Este setor é pioneiro e altamente dinâmico, e apesar da evidente e complexa componente regulatória, trabalhamos sempre com o objetivo de alcançar soluções jurídicas inovadoras e direcionadas para o cliente”, referiu a sócia.

Em comunicado, o escritório afirma que têm vindo a atuar com “grande ênfase” na área do desenvolvimento tecnológico e espacial, através de um acompanhamento jurídico transversal e multidisciplinar.

“A Sérvulo tem já uma significativa carteira de clientes, tendo participado em vários projetos inovadores no setor espacial nacional e internacional, público e privado, apoiando os clientes no respetivo desenvolvimento, implementação e licenciamento, bem como no acompanhamento com o Regulador e demais responsáveis público”, sublinhou Ana Rita Paínho.

A nova área da Sérvulo será composta por uma equipa de advogados com experiência no apoio a diversos atores envolvidos nesta indústria, como empresas de desenvolvimento e lançamento de satélites de telecomunicações, produtos com aplicação espacial e fabricantes de módulos espaciais, passando também por um vasto leque de outros atores e indústrias que gravitam em torno do desenvolvimento da indústria espacial, nomeadamente no setor do desenvolvimento de software e aplicações associadas.

Integram ainda esta equipa as associadas principais Ana Mira Cordeiro e Inês Sá, o associado Paulo Meireles de Oliveira e a foreign lawyer Anna Uskova.

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Custo da construção de casas novas subiu 1,9% no arranque do ano

  • Ana Petronilho
  • 7 Março 2024

O preço dos materiais caiu 0,9% face ao mesmo mês do ano passado e o custo da mão-de-obra subiu 5,7%, menos 1,3 pontos percentuais que em dezembro de 2023, indica o INE.

Em janeiro deste ano, os custos da construção de habitação nova subiram 1,9% em termos homólogos, mais 0,2 pontos percentuais que o observado em dezembro de 2023.

O preço dos materiais caiu 0,9% face ao mesmo mês do ano passado e o custo da mão-de-obra subiu 5,7%, menos 1,3 pontos percentuais que em dezembro de 2023, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados esta quinta-feira.

O custo da mão-de-obra contribuiu com 2,4 pontos percentuais para a taxa de variação homóloga o Índice de Custos de Construção de Habitação Nova e os materiais com -0,5 pontos percentuais, refere ainda o INE.

Entre os materiais que mais pesaram negativamente na variação do preço estão os de revestimentos, isolamentos e impermeabilização com uma descida de cerca de 15%. Também o aço para betão e perfilados pesados e ligeiros, a chapa de aço macio e galvanizada e os vidros e espelhos com reduções de cerca de 10%.

Em sentido oposto, destacaram-se o betão pronto e artigos sanitários com crescimentos homólogos de cerca de 10%, assim como o cimento, as tintas, primários, subcapas e vernizes com cerca de 5%.

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“Como o mundo de António Costa se desmoronou”. Primeiro-ministro português na capa do Politico

  • ECO
  • 7 Março 2024

Visto como "administrador competente e negociador hábil", alguns líderes estão a recuar no apoio à candidatura ao Conselho Europeu pelas "ligações do socialista português a escândalos de corrupção".

“Pode o solucionador de problemas português limpar o seu nome para se tornar presidente do Conselho Europeu?”. É esta a pergunta que a mais recente edição do Politico traz para a capa, em que o rosto do ainda primeiro-ministro surge ilustrado num painel de azulejos com alguns remendos. O título? “Como o mundo de António Costa se desmoronou”.

No texto, o jornal online descreve o dia em que Costa pediu a demissão do cargo de primeiro-ministro, na sequência do comunicado da PGR sobre a Operação Influencer, que revelou que o chefe do Executivo está a ser investigado pelo Supremo. Nesse mesmo dia tinham sido realizadas buscas em S. Bento e detidos o então chefe de gabinete, Vítor Escária, e o amigo Diogo Lacerda Machado.

“A notícia aterrou como uma bomba não só em Lisboa, mas em capitais de toda a Europa, onde muitos dos pares de Costa o viam como o sucessor ideal do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, cujo mandato termina no próximo outono”, lê-se no artigo do Politico.

Lembrando que António Costa é “muito querido por líderes da UE tão diversos como o presidente francês Emmanuel Macron e o homem forte húngaro Viktor Orbán”, a publicação europeia refere que o ainda governante português é visto como “um administrador competente e um negociador hábil”, sendo estas “as qualidades perfeitas para ocupar esse cargo de topo”.

O sucesso de António Costa em Lisboa e a popularidade granjeada em Bruxelas “fizeram dele um favorito na corrida pelos principais cargos” da União Europeia, que deverão ser atribuídos pouco depois das eleições para o Parlamento Europeu, agendadas para o mês de junho.

Porém, alguns diplomatas da UE disseram ao Politico que, apesar de continuar a ser a escolha de Macron e do chanceler alemão Olaf Scholz, outros líderes estão a recuar no apoio à sua potencial candidatura e “a absolvição de Costa não será suficiente, as pessoas que o rodeiam também têm de ser ilibadas, para dissipar qualquer tipo de suspeita”.

“As ligações do socialista português a escândalos de corrupção são vistas como um risco no contexto de eleições” na UE, sendo expectável que a extrema-direita venha a fazer uma campanha “contra a podridão” dentro dos principais partidos da Europa.

Em declarações à revista, António Costa diz que “não [sabe] quantos capítulos terá esta história em particular”. “Mas estou certo de que o último envolverá o reconhecimento de que não fiz nada de ilegal, que não testemunhei nada de ilegal e que não houve nada de censurável no meu envolvimento em qualquer um destes processos”, acrescenta.

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Comissão do novo aeroporto entrega relatório final ao Governo no dia a seguir às eleições

A Comissão Técnica Independente responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica do novo aeroporto da região de Lisboa entrega o relatório final ao Governo na próxima segunda-feira.

A Comissão Técnica Independente encarregue de avaliar as opções estratégicas para o novo aeroporto da região de Lisboa vai entregar o relatório final ao Governo a 11 de março, revelou ao ECO fonte oficial.

O documento só será tornado público mais tarde, a 22 de março, depois de ter o parecer da Comissão de Acompanhamento, liderada por Carlos Mineiro Aires, informa a mesma fonte.

A versão preliminar do relatório foi apresentada publicamente a 5 de dezembro, recomendando uma solução dual para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, apontando a construção de um aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete e a manutenção do Humberto Delgado (AHD), pelo menos até poder ser substituído pela nova infraestrutura, como a solução com “mais vantagens”. A melhor alternativa a Alcochete seria uma combinação entre Vendas Novas e o Humberto Delgado, mas a distância é maior.

 

Já o Montijo e Santarém foram considerados inviáveis. O primeiro, pela incapacidade de expansão para lá de uma pista, por razões aeronáuticas e ambientais. O segundo devido ao conflito com o tráfego aéreo militar de Monte Real. Quer a Magellan 500, responsável pelo projeto de Santarém quer a ANA – Aeroportos de Portugal já vieram contestar as conclusões da Comissão Técnica Independente.

O opção pelo Montijo sofreu entretanto outro revés, com a Agência Portuguesa do Ambiente a chumbar o pedido da ANA para a revalidação da Declaração de Impacto Ambiental emitida em 2020. A concessionária dos aeroportos nacionais contestou e espera uma decisão final.

O relatório preliminar esteve em consulta pública até 26 de janeiro. Foram recebidos mais de 1.700 contributos, segundo o balanço divulgado esta segunda-feira pela Comissão Técnica Independente. A coordenadora-geral, Maria Rosário Partidário, afirma que o documento “será revisto e melhorado com os esclarecimentos e contributos recebidos sempre que os mesmos se justifiquem”.

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Ações da Jerónimo Martins afundam 6,4% pressionadas por concorrência e margens na Polónia

Maior concorrência e menores margens na Polónia sobrepõem-se ao disparo dos lucros e das vendas em 2023. Ações chegaram a cair 9,5%.

As ações da Jerónimo Martins JMT 0,65% tombam esta quinta-feira 6,4%, castigadas pela perspetiva de maior concorrência e pressão nas margens na Polónia, com os analistas a salientarem que está é uma realidade que a própria retalhista admitiu na divulgação dos resultados de 2023.

Às 10h10, os títulos do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos caíam 6,4% para 20,10 euros cada, tendo chegado a descer 9,48% no início da sessão.

“Com a Polónia a enfrentar comparáveis difíceis nos dois primeiros trimestres, uma continuação surpreendente da contração do volume/sortido em janeiro e um contexto competitivo que se tornou mais intenso, a Jerónimo Martins não pode excluir que a margem EBITDA possa sofrer mais pressão“, afirmaram os analistas da Jefferies, citados pela Reuters.

A Jerónimo Martins divulgou esta quarta-feira um disparo de 28,2% nos lucros líquidos para 2023, para 756 milhões de euros, com o EBITDA – resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações- a subir 17% para 2,2 mil milhões de euros.

A margem EBITDA, um dos principais critérios de avaliação de rentabilidade das retalhistas, deslizou de 7,2% em 2022, para 7,1% em 2023. Na Biedronka, lider do segmento discount no retalho alimentar na Polónia, essa margem foi de 8,5% (face a 8,8% em 2022), com a evolução “a refletir o investimento em preço, conjugado com a inflação de custos”.

A empresa explicou que para mitigar a extrema pressão que advém da rápida queda da inflação alimentar combinada com uma elevada inflação de custos, a Biedronka, trabalhará para converter em volumes e num mix de vendas de maior valor acrescentado um ambiente de consumo que se espera mais favorável.

“Ainda assim, e também perante a decisão da companhia de continuar a investir de forma relevante na atualização dos salários das suas equipas, não excluímos que a margem EBITDA da Biedronka possa vir a sofrer maior pressão do que a registada em 2023”, alertou.

Os analistas do Mbank na Polónia têm uma opinião negativa sobre os comentários da empresa a curto prazo, uma vez que a retalhista reiterou o foco no crescimento do volume em detrimento das margens, sugerindo que está bem preparado para um cenário mais competitivo.

“Este ponto de vista pode indicar que a guerra de preços no mercado polaco de produtos alimentares pode intensificar-se“, disseram, citados pela Bloomberg.
Apontaram ainda para as fracas perspetivas de margem da Biedronka, que se situam abaixo das expectativas, indicando que poderão cair mais de 20 pontos base

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Agricultura e golfe reduzem em 69% consumo de água no Algarve

  • Lusa
  • 7 Março 2024

Agência Portuguesa do Ambiente fala numa redução "muito significativa para as reservas de água e um sinal de que todos estão a fazer um esforço para enfrentar a pior seca de sempre na região".

Os setores agrícola e do golfe no Algarve gastaram, no total, menos 90.000 metros cúbicos de água em fevereiro comparativamente com o mesmo mês de 2023, disse à Lusa o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). “É uma redução de 69%, muito significativa para as reservas de água e um sinal de que todos estão a fazer um esforço para enfrentar a pior seca de sempre na região”, referiu José Pimenta Machado.

No mesmo sentido da agricultura e do golfe, também o setor urbano reduziu em 0,5% o consumo de água em fevereiro, mas ainda aquém dos 15% que constam das medidas de contingência propostas pela Comissão da Seca e aprovadas pelo Governo.

Para a rega agrícola, a comissão definiu uma redução em 25% do consumo e de 18% para a rega dos campos de golfe. Para o responsável da APA, a redução do consumo nestes setores demonstra que “as medidas estão a resultar, num esforço que está a ser feito por todos” os setores em conjunto. “É verdade que em janeiro e fevereiro não se rega, mas mesmo assim, verifica-se um grande esforço, sendo uma percentagem muito animadora e muito importante”, sublinhou.

Para Pimenta Machado, os consumos em fevereiro em todos os setores – urbano, turismo e agrícola -, refletem “a grande cooperação, trabalho de equipa e compromisso para enfrentar este grande desafio”, acrescentou. “É verdade que algumas medidas estão em fase de implementação, mas é preciso reorganizar, planear, porque há outras que têm alguma complexidade técnica e que obrigam aqui a um esforço maior para serem implementadas”, apontou.

Para fazer um balanço das medidas atualmente em vigor e definir outras a aplicar, está prevista para meados de março uma reunião de coordenação geral entre a APA, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL). A reunião visa também definir o modelo de governação dos cinco grupos de trabalho técnicos (GT) especializados: o GT1- agricultura e golfe; GT2-turismo; GT3-gestão da água em baixa; GT4-campanhas de sensibilização e o GT5-fiscalização.

Barragem do Arade, uma das barragem do barlavento AlgarvioLUÍS FORRA/LUSA

Face à situação de seca extrema que o Algarve enfrenta e para sensibilizar a população para a importância de poupar água, a Agência Portuguesa do Ambiente vai lançar em breve o portal da seca, uma aplicação informática. “É uma aplicação que visa informar todos os cidadãos para as reservas de água nas albufeiras e os consumos nos diversos setores e alertar comportamentos mais sustentáveis”, notou.

Através da aplicação, os cidadãos podem monitorizar e acompanhar a evolução no momento, quer dos consumos nos vários municípios, bem como das reservas das albufeiras e das águas subterrâneas. “No fundo, serve para monitorizarmos os consumos e percebermos se estamos ou não a conseguir atingir o objetivo de reduzirmos o consumo de água”, concluiu.

O Algarve está em situação de alerta devido à seca desde 5 de fevereiro, tendo o Governo aprovado um conjunto de medidas de restrição ao consumo, nomeadamente a redução de 15% no setor urbano, incluindo o turismo, e de 25% na agricultura. A estas medidas somam-se outras como o combate às perdas nas redes de abastecimento, a utilização de água tratada na rega de espaços verdes, ruas e campos de golfe ou a suspensão da atribuição de títulos de utilização de recursos hídricos.

O Governo já admitiu elevar o nível das restrições, declarando o estado de emergência ambiental ou de calamidade, caso as medidas agora implementadas sejam insuficientes para fazer face à escassez hídrica na região.

Redução de 0,5% no consumo urbano de água

O consumo urbano de água no Algarve desceu 0,5% em fevereiro, comparativamente com o mês homólogo de 2023, uma redução “animadora, mas longe” dos 15% pretendidos. Apesar da redução dos consumos nos setores urbanos, turismo e agrícola, o Algarve mantém-se em situação de seca hidrológica extrema, com níveis “baixíssimos da água subterrânea e reservas superficiais”, destacou José Pimenta Machado.

“Esta ligeira redução é um sinal positivo de que as pessoas estão a gastar menos água e mostra uma tendência relevante das medidas que estão a ser implementadas, quer no setor urbano, no turismo e na agricultura”, realçou. Ainda assim, adiantou, a redução “está longe dos 15% pretendidos” para garantir a sustentabilidade hídrica no Algarve, de acordo com as diretrizes da Comissão da Seca.

Apesar das últimas chuvas, que permitiram uma subida de 25% para 34%, a situação de seca extrema mantém-se e é preocupante, sendo essencial a redução dos consumos para a sustentabilidade.

José Pimenta Machado

Vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

Se no mês de janeiro houve um aumento de 4,6% no consumo, em relação ao mesmo período do ano passado (mais 200.000 metros cúbicos (m3), em fevereiro consumiram-se menos 20.000 m3 de água na região, notou.

Pimenta Machado considerou que a redução reflete as medidas implementadas, nomeadamente a suspensão da rega de jardins públicos, lavagens de ruas e o fecho de fontes ornamentais, “um caminho que os municípios estão a fazer” de acordo com as recomendações da Comissão da Seca.

De acordo com os dados disponibilizados pela APA, das 19 entidades responsáveis pelo abastecimento urbano de água no Algarve, apenas sete dos 16 municípios algarvios registaram a redução de consumos: Albufeira (-0,85%), Alcoutim (-26,91%), Castro Marim (-16,04%), Lagoa (-2,26%), Loulé (-0,49%), Silves (-9,14%) e Vila do Bispo (-5,23%). No mesmo sentido, estão três empresas municipais do concelho de Loulé: Infralobo (-20,07%), Inframoura (-11,97%) e Infraquinta (-17,18%).

Com consumos superiores estão os municípios de Aljezur (+4,19%), Lagos (+9,24%), Monchique (+18,36%) e São Brás de Alportel (+7,39%). O aumento verificou-se também nas empresas municipais: Águas de Vila Real de Santo António (+9,98%), AmbiOlhão (+0,23%) EMARP, em Portimão (+1,79%), Fagar, em Faro (+5,73%) e Tavira Verde (+1,61%).

As seis albufeiras – Bravura, Odelouca, Arade, Funcho, Odeleite e Beliche – que abastecem a região do Algarve totalizam um volume de cerca de 151 hectómetros cúbicos (hm3), o que corresponde a 34% da capacidade total de armazenamento. Na última semana de janeiro ocorreu um aumento de cerca de 0,01 hm3 no armazenamento das principais reservas superficiais, mas existe uma diminuição de 50 hm3 face ao período homólogo de 2023.

De acordo com o vice-presidente da APA, o Algarve atravessa “a pior seca, com os níveis mais baixos de sempre de reservas de água no conjunto das seis albufeiras”. “Apesar das últimas chuvas, que permitiram uma subida de 25% para 34%, a situação de seca extrema mantém-se e é preocupante, sendo essencial a redução dos consumos para a sustentabilidade”, alertou Pimenta Machado.

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