Agricultores da Letónia em protesto e ameaçam invadir a capital

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2024

Os agricultores exigem uma proibição imediata das importações de alimentos da Rússia e da Bielorrússia, sem um período de transição.

Cerca de 2.000 agricultores bloquearam esta segunda-feira com os seus tratores o trânsito em várias cidades da Letónia, para exigir medidas como o fim das importações da Rússia, e ameaçam invadir na próxima semana a capital do país.

O coletivo Zamnieku Saeima (Conselho de Agricultores, em letão), uma das principais organizações que convocaram o protesto, notou que o seu primeiro objetivo foi alcançado, ou seja chamar atenção. Agora é necessária a adoção de medidas concretas, acrescentou. Apesar de o ministro da Agricultura, Armands Krauze, já ter falado os agricultores e de estar prevista uma reunião com o presidente do Parlamento e elementos do Ministério das Finanças, os agricultores letões querem negociar com a primeira-ministra, Evika Silina.

Os agricultores exigem uma proibição imediata das importações de alimentos da Rússia e da Bielorrússia, sem um período de transição, segundo o portal de notícias Diena. Também solicitam uma redução do imposto sobre frutas e vegetais nacionais para cinco por cento, uma redução dos procedimentos burocráticos no setor e um maior acesso a programas de modernização e apoios de tesouraria.

Os agricultores europeus, incluindo em Portugal, saíram à rua nas últimas semanas, cortando estradas com tratores e fardos de palha, exigindo a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor, em ações que já levaram os Governos a adotar novas medidas. Em Portugal, cerca de meia centena de tratores e máquinas agrícolas congestionaram hoje de manhã o Itinerário Complementar (IC) 2 na zona da Benedita, no concelho de Alcobaça, onde agricultores da região Oeste protestam contra o atual estado do setor.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Galp ultrapassa um milhão de carregamentos de veículos elétricos na sua rede

Num ano em que a rede pública registou novos máximos, os carregamentos de carros elétricos nos pontos da Galp atingiram o valor mais elevado de sempre.

Num ano em que a rede pública de carregamentos bateu recordes, também a Galp registou um novo máximo de utilização dos seus carregadores de veículos elétricos. De acordo com a nota divulgada esta segunda-feira, foram realizados mais de um milhão de carregamentos na rede da petrolífera em 2023, traduzindo-se num crescimento de 67% face ao período homólogo.

A Galp considera este o “melhor resultado de sempre nesta operação na Península Ibérica” e sublinha que os números “refletem o crescimento do mercado de veículos elétricos em Portugal”. A Galp conta hoje com cerca de quatro mil pontos de carregamento instalados em Portugal, dos quais 12% rápidos e 8% ultrarrápidos.

Em Portugal e Espanha, a Galp tem instalados cerca de cinco mil pontos de carregamento. A expectativa da empresa é atingir os 10 mil pontos até ao final de 2025.

A nível da rede pública, a Mobi.E revelou no início do ano que os carregamentos de carros elétricos atingiram 3,7 milhões, um aumento de 68% em relação a 2022, fazendo deste um novo recorde.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sindicato lamenta falta de respostas aos trabalhadores da fábrica da Indorama em Sines

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2024

Em lay-off desde outubro, o sindicato diz que apesar das “tentativas de diálogo entre o sindicato e o IEFP" e "do IEFP com a Indorama”, a empresa “tem ignorado completamente essas tentativas".

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul) lamentou esta segunda-feira a falta de respostas aos trabalhadores da fábrica de Sines (Setúbal) da Indorama Ventures, em lay-off desde outubro de 2023.

O sindicato “tem tentado pressionar o Instituto do Emprego e Formação Profissional [IEFP] no sentido de criar uma bolsa [de formação] que envolva aqueles trabalhadores e que dê direito a um complemento remuneratório, mas a Indorama tem ignorado completamente estas tentativas”, disse à agência Lusa Hélder Guerreiro, do SITE-Sul.

De acordo com o dirigente sindical, “além de dar formação, que é sempre positiva”, esta bolsa “iria trazer um incremento salarial a estes trabalhadores que veem o seu salário cortado em mais de 40%” desde o início de outubro do ano passado, aquando do início do lay-off, situação que “se mantém”. Quatro meses volvidos e, apesar das “tentativas de diálogo entre o sindicato e o IEFP” e “do IEFP com a Indorama”, a empresa “tem ignorado completamente”, lamentou.

No entender da comissão sindical, com a criação de uma bolsa de formação, “os cerca de 130 trabalhadores abrangidos pelo lay-off estariam ativos e, por via disso, teriam acesso a um complemento salarial”. “O IEFP está recetivo a essa ideia e diz que aguarda uma resposta da Indorama, mas a Indorama não está a dar resposta nenhuma. A interpretação que fazemos desta postura é que a empresa se sente completamente impune e à vontade para fazer o que bem entende”, argumentou.

O lay-off na fábrica de Sines da multinacional tailandesa Indorama Ventures arrancou no início do mês de outubro de 2023 por um período de seis meses renováveis por igual período e o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores. Entretanto, o SITE-Sul disse ter tido indicação de trabalhadores que “já saíram para outras empresas” devido à situação salarial.

“O lay-off foi comunicado aos trabalhadores para um ano, o que demonstra que a Indorama está efetivamente a contar com um ano de lay-off”, alegou Hélder Guerreiro. A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no complexo industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros.

A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa no final do mês de julho de 2017, dois anos depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER).

A unidade fabril, agora nas mãos da Indorama Ventures, é produtora de ácido tereftálico purificado, a matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

AXA vai abandonar carteira de motociclos em março deste ano

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2024

A decisão surgiu após a seguradora analisar o relatório financeiro da carteira de motociclos. A empresa acredita que a mudança vai ajudar a melhorar a sua proposta de valor junto dos corretores.

A francesa AXA anunciou a sua retirada do mercado de motociclos do Reino Unido em março deste ano. Segundo avançou o jornal Insurance Times, a decisão da seguradora surgiu após analisar o seu negócio de retalho do ramo automóvel.

Além disso, considera que abandonar a sua carteira de motociclos irá ajudar a melhorar a sua proposta de valor junto dos corretores, que são o único canal de venda da seguradora. Segundo a AXA a sua oferta de outros produtos intermediados por mediadores será reforçada.

Informámos os nossos parceiros corretores destas alterações futuras e apoiá-los-emos em quaisquer requisitos que possam ter.”, afirmou um representante da Axa.

Segundo o corretor britânico especializado Devitt os seguros para motos mais competitivos naquele mercado são oferecidos pela Aviva, Ageas, Highway LV, KGM, Markerstudy, Novitas, Zenith, Europa e ERS, para além da AXA.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

IRS automático alargado a quem tem certificados de reforma do Estado

Quem tem aplicações no plano de poupança da Segurança Social vai poder cumprir com a obrigação declarativa automaticamente, tal como já acontece para os subscritores dos clássicos PPR.

O IRS automático foi alargado a subscritores de certificados de reforma da Segurança Social, vulgarmente chamado de PPR do Estado, opção que já existe desde 2019 para os contribuintes com aplicações em planos de poupança reforma (PPR) privados, esclareceu esta segunda-feira o Ministério das Finanças em resposta às questões colocadas pelo ECO.

“Seguindo-se uma trajetória de apoio ao cumprimento voluntário e alargamento do universo da declaração automática do IRS, procede-se à inclusão dos sujeitos passivos que realizem aplicações em contas individuais geridas em regime público de capitalização”, segundo fonte oficial do gabinete de Fernando Medina.

Recorde-se que o Conselho de Ministros aprovou a 1 de fevereiro “um decreto regulamentar que procede à fixação do universo dos contribuintes abrangidos pela declaração automática de rendimentos, verificando-se um alargamento do âmbito do decreto regulamentar vigente”, lê-se no comunicado do Governo publicado na altura.

Na campanha de IRS referente aos rendimentos de 2022, e cuja entrega decorreu no ano passado, “cerca de 1,7 milhões de declarações de IRS foram entregues por via do regime da declaração automática, facilitando o cumprimento desta obrigação para 30% do universo de contribuintes que entregam a declaração de IRS referente ao ano de 2022″, de acordo com os dados enviados pelo Ministério ao ECO.

A declaração automática de rendimentos, prevista na lei, concretiza uma medida do SIMPLEX+ e desde 2017 que é definido o universo de contribuintes abrangidos por este automatismo.

Desde que foi criado o IRS automático que tem vindo a ser alargado o universo de contribuintes. No ano de estreia, visou os contribuintes sem dependentes a cargo que tiveram apenas rendimentos das categorias A, relativo a trabalho por conta de outrem, e H, de pensões, com exceção de pensões de alimentos, obtidos em Portugal.

Um ano depois, as famílias com filhos e com benefícios fiscais resultantes de donativos comunicados à Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) também passaram a poder entregar a declaração de forma automática.

Posteriormente, este automatismo ficou disponível a quem tem aplicações em PPR e mais tarde chegou aos sujeitos passivos com rendimentos da categoria B, relativo trabalho independente, que estejam abrangidos pelo regime simplificado e emitam “exclusivamente, no Portal das Finanças, as correspondentes faturas, faturas-recibo e recibos”, com exceção da prestação de serviços do código 1519 (“outros prestadores de serviços”).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Sanlam lança proposta de compra da seguradora Assumpol por mais de 300 mil euros

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2024

São necessárias autorizações dos órgãos supervisores para o negócio avançar. A compra prevê que Assumpol continuará com a mesma marca, identidade e equipa de gestão própria.

O conglomerado de serviços financeiros sul-africano, Sanlam, anunciou que propôs comprar todas as ações da seguradora do ramo Vida Assupol por 6,5 milhões de rands (mais de 300 mil euros). Segundo o comunicado do grupo, se realizada a transação, a Assupol passará a fazer parte do cluster de retalho grupo e vai contribuir para colocar o grupo numa posição forte e mais competitiva no mercado sul-africano.

A Sanlam assegura que se a aquisição for avante, a Assupol irá continuar a operar com a sua marca, identidade e uma equipa de gestão própria. O que não impede o CEO retalho do grupo, Bongani Maikiza, de supervisionar a coordenação da seguradora assegurando que todas as empresas de retalho sob a alçada do grupo partilham a mesma propriedade intelectual e aplicam as melhores práticas de negócio. Assim, Bongani Maikiza poderá vir a assegurar que a Assupol vai receber o apoio necessário para prosperar no grupo e que está dedicada em maximizar a posição da Sanlam no mercado.

A compra será efetuada mediante a aprovação da proposta pelos órgãos regulamentares.

“A aquisição proposta permitir-nos-á reforçar a nossa estratégia de fortaleza na África do Sul e significa o compromisso da Sanlam de continuar a investir a longo prazo no país. Coloca a Sanlam numa posição competitiva no segmento de retalho, consolidando assim o nosso compromisso com a África do Sul. Tendo em conta as sinergias previstas, estamos confiantes de que irá gerar um valor acrescentado para todos os nossos acionistas.”, afirmou Paul Hanratty, CEO do grupo.

Já Reuel Khoza, presidente da Assupol , afirma que a seguradora “sempre foi uma empresa estável, gerando grande valor para os seus acionistas e para todos os seus intervenientes. Acreditamos que esta aquisição pela Sanlam trará ainda mais oportunidades de crescimento e sucesso. Não só reforçará a nossa posição no mercado, como também aumentará a nossa capacidade de proporcionar um valor excecional aos nossos clientes. Estamos entusiasmados com este novo capítulo e aguardamos com expectativa os benefícios que trará tanto para os nossos colaboradores como para os nossos clientes.”

Importa salientar que de acordo com os últimos resultados financeiros divulgados, relativos ao ano financeiro de 2023 que terminou a 30 de junho, a Assupol registou receitas brutas de prémios de seguro de mais 5 mil milhões de rands, isto é, cerca de 250 milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Açores mostram risco de instabilidade política no Continente

Politólogos afastam extrapolações mas apontam sinais: se a AD ganhar as legislativas sem maioria absoluta terá de governar "à Guterres". PS forçado a viabilizar para travar "ameaça" do Chega.

Os resultados eleitorais dos Açores, que deram uma vitória relativa à Aliança Democrática (AD), coligação que junta PSD, CDS e PPM, não devem ser diretamente extrapolados para as legislativas de 10 de março, mas dão pistas sobre os riscos crescentes de instabilidade governativa no Continente. Se o PSD ganhar sem maioria absoluta ou aceita a mão do Chega ou acordos pontuais com o PS ou outros partidos. Por outro lado, a diabolização do partido de extrema-direita, feita pelos socialistas, dão pouca margem a Pedro Nuno Santos para não viabilizar um Governo minoritário da AD, segundo vários politólogos consultados pelo ECO.

A AD ganhou as eleições antecipadas deste domingo, provocadas pelo chumbo do Orçamento para 2024, mas ficou a três deputados da maioria absoluta. A coligação conseguiu 26 deputados, já o PS perdeu pela primeira vez, desde 1996, as eleições legislativas regionais, ao eleger 23 deputados, o Chega garantiu cinco deputados, enquanto o BE, a IL e o PAN ganharam um deputado cada.

“A um mês da campanha eleitoral e tendo em conta as especificidades dos Açores, é difícil fazer um paralelismo entre o que aconteceu na região autónoma e o que pode vir a acontecer no Continente”, defende Paula Espírito Santo. Contudo, “é possível fazer algumas leituras, nomeadamente sobre a indefinição do futuro Governo, sobre a instabilidade política, uma vez que é quase certo que o novo Executivo não terá maioria absoluta”, indica a professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

Ou seja, ainda que o líder do PSD, Luís Montenegro, tenha afirmado, no rescaldo dos resultados eleitorais açorianos, que a vitória da AD é “uma inspiração” para 10 de março, não se deve concluir que no Continente a coligação de direita tem agora mais hipóteses de vencer.

A AD nos Açores vai precisar de acordos com outros partidos, para conseguir alguma estabilidade governativa, uma vez que não conseguiu maioria absoluta. Resta saber se a AD irá, tal como em 2020, estabelecer um acordo de incidência parlamentar com o Chega, que subiu de dois para cinco deputados, tornando-se na terceira maior força política na assembleia legislativa, ainda assim aquém das projeções de crescimento de várias sondagens.

O líder do PSD, Luís Montenegro, já afastou entendimentos com o Chega, mas o partido, nos Açores, goza de autonomia. No último dia de campanha eleitoral, o líder do PSD Açores, José Manuel Bolieiro admitiu que “não tem problemas” com a extrema-direita. E este domingo à noite, logo após conhecer os resultados das eleições, abriu a porta a entendimentos com todos os partidos: “Dialogo com todos, não faço cercas sanitárias, sou um conciliador e não aceito chantagens, mas um diálogo que reconheça esta maioria de governação”. Questionado se admite entendimentos com o PS, Bolieiro respondeu: “Não excluo, claro está”.

Ou seja, e em última análise, a AD pode governar “à Guterres”, negociando diploma a diploma com o Chega, o PS ou outro partido. José Adelino Maltez lembra que “a democracia está cheia de apoios cruzados” entre PS e PSD. “A nível nacional, o PSD apoiou o PS em alguns orçamentos, na adesão Euro, por exemplo”, reforça. Por isso, e no pós-legislativas de 10 de março, o politólogo não afasta acordos pontuais ao centro entre a AD e PS, nomeadamente se a coligação de direita vencer sem maioria absoluta.

Contra a vontade do líder do PS, Pedro Nuno Santos, já há vozes socialistas próximas do secretário-geral, como Francisco Assis ou Pedro Delgado Alves que defendem que o partido, nos Açores, deve ajudar a viabilizar o Governo de Bolieiro para travar Ventura.

“Com esta subida do Chega, o PS deve preparar-se para governar em minoria com acordos com PSD e CDS”, afirmou em entrevista ao podcast “O Mistério das Finanças”, do ECO, o também cabeça de lista pelo círculo do Porto. “O PS tudo fará para contribuir para a estabilidade”, defendeu, na SIC Notícias, Pedro Delgado Alves, secretário nacional do partido e do núcleo mais restrito de Pedro Nuno Santos.

Este posicionamento deixou o PS em polvorosa e o secretário-geral socialista veio logo demarcar-se: “É muito difícil, praticamente impossível viabilizar um governo da direita”.

Para André Azevedo Alves, “o PS, perante o discurso que tem, de considerar o Chega uma grande ameaça, de ser um papão omnipresente, não pode fechar a porta à viabilização de um Governo minoritário da AD”. O professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica reconhece que “essa decisão depois terá impactos no Continente”. Assim, e “num cenário idêntico, a nível nacional, o PS está obrigado a viabilizar um Governo da AD”.

“O PS começa a estar refém das suas posições e da campanha que tem feito contra o Chega. Como é que o eleitorado vai reagir se agora o PS se juntar ao Chega para inviabilizar um Executivo da AD?”, atira André Azevedo Alves.

A agitação em torno do Chega mostra que “o partido de André Ventura teve uma dupla vitória no arquipélago: subiu em número de deputados e tornou-se determinante para uma maioria de direita estável”, sublinha André Freire.

O professor catedrático de Ciência Política no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa considera que “os resultados não são traduzíveis para a realidade nacional, até porque no Continente os partidos mais pequenos têm mais peso”, mas “há sinais, indicadores” do que pode acontecer a nível nacional.

“O PS está a falar a duas vozes sobre viabilizar ou não o programa do governo dos Açores. Se viabilizar, depois isso vai fazer ricochete no Continente”, alerta André Freire. “O PS precisa de ser coerente. Se não quer ser um partido de suporte a nível nacional, também não o pode ser nas ilhas”, defende.

Nas legislativas de 10 de março, os eleitores não deverão dar a maioria absoluta a PS ou AD, forçando a acordos e entendimentos à direita, à esquerda ou mesmo ao nível do bloco central.

Num cenário em que o PS ganhe o sufrágio com maioria relativa, o mais provável é uma reedição da geringonça com Bloco de Esquerda (BE), PCP, Livre e PAN. Aliás, a coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, já defendeu um acordo para a legislatura com Pedro Nuno Santos. Mas tudo vai depender do xadrez que sair das eleições de 10 de março.

(Artigo atualizado pela última vez às 19h22)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BEI vai financiar construção do Hospital de Lisboa Oriental

O BEI e a sociedade liderada pela Mota-Engil assinaram um acordo para financiar a construção do Hospital de Lisboa Oriental em 107 milhões de euros, mas empréstimo pode atingir os 190 milhões.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) assinou um contrato com o consórcio liderado pela Mota-Engil, tendo em vista a concessão de um empréstimo no valor de 107 milhões de euros para a construção do Hospital de Lisboa Oriental. Não obstante, a instituição admite que o montante pode ascender a 190 milhões de euros “num empréstimo a longo prazo”.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) e a sociedade liderada pela Mota-Engil assinaram um acordo para um empréstimo ao financiamento do Hospital de Lisboa Oriental no valor de 107 milhões de euros”, adianta o BEI, em comunicado divulgado esta segunda-feira, acrescentando que a contribuição “poderá ascender a um máximo de 190 milhões de EUR, num empréstimo a longo prazo”.

Na sexta-feira, o consórcio liderado pela Mota-Engil assinou o contrato para a construção do Hospital de Lisboa Oriental, num investimento de cerca de 380 milhões de euros. O contrato prevê ainda a manutenção da infraestrutura, durante um período de 27 anos e cujo impacto está estimado em cerca de 143 milhões de euros “a preços constantes”. O contrato de gestão foi assinado em regime de parceria público-privada.

Segundo o BEI, este investimento “reflete o objetivo geral das reformas dos cuidados de saúde e dos planos estratégicos levados a cabo no país nas últimas duas décadas” e tem como intuito “reduzir os custos” e “aumentar a eficiência do sistema de saúde”. Este é o primeiro empréstimo direto do BEI a um hospital em Portugal.

O banco nota ainda que o projeto “vai proporcionar o acesso a modernos serviços de saúde e uma melhor distribuição de camas” pela capital, pelo que o apoio à construção do novo hospital possibilita “o reforço da qualidade na prestação de cuidados de saúde, bem como das condições de ensino e investigação científica de alta qualidade, ao mesmo tempo que contribui a utilização eficiente de recursos“.

O Hospital de Lisboa Oriental, que terá um total de 875 camas, vai ser construído numa área total de 180 mil metros quadrados na zona de Marvila e permitir substituir seis unidades de saúde dispersas fisicamente no centro da cidade de Lisboa, como é o caso dos hospitais de São José, Santa Marta, Santo António dos Capuchos, D. Estefânia, Curry Cabral e a maternidade Alfredo da Costa.

O novo hospital, que é considerado prioritário desde 2008, vai integrar todas as especialidades atualmente existentes no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, a que acrescem “as especialidades de reumatologia, medicina nuclear e de radioncologia”, segundo o Governo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Guterres nomeia grupo de revisão independente para avaliar UNRWA

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2024

O grupo de revisão independente para avaliar a "neutralidade" da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestiniano será liderado pela ex-ministra francesa Catherine Colonna.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou esta segunda-feira a nomeação de um grupo de revisão independente para avaliar a “neutralidade” da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), que será liderado pela ex-ministra francesa Catherine Colonna.

Segundo um comunicado divulgado pelo gabinete de Guterres, este grupo foi criado em consulta com o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Apoio aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, e terá como missão avaliar se a estrutura “está a fazer tudo ao seu alcance para garantir a neutralidade e responder às alegações de violações graves quando estas são cometidas”.

O grupo foi criado na sequência das acusações de envolvimento de alguns funcionários da UNRWA no ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas contra Israel, no passado dia 7 de outubro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Época de resultados anuais no PSI arranca com a Galp

A petrolífera apresentará as contas de 2023 a 12 de fevereiro, dando assim o pontapé de saída do calendário de contas anuais das empresas do principal índice da Euronext Lisboa.

A Galp Energia volta a fazer as honras na bolsa nacional, ao dar o pontapé de saída na época anual de resultados das cotadas. A apresentação está marcada para 12 de fevereiro, com os analistas que acompanham a petrolífera a anteciparem uma subida de 6% dos lucros para 937 milhões de euros e receitas acima dos 21 mil milhões de euros.

À apresentação da Galp Energia segue-se a Navigator, que tem agendado para 20 de fevereiro a comunicação ao mercado dos seus resultados alcançados em 2023 e, dois dias depois, será a vez da Corticeira Amorim. No entanto, pelo meio, marca ainda presença a Novabase, que deixou o PSI há cerca de um ano, e que irá revelar os resultados de 2023 a 15 de fevereiro.

As expectativas dos investidores para esta época de resultados são bastante otimistas. Os números alcançados nos primeiros nove meses do ano dão força a esse sentimento, com as cotadas do PSI a apresentarem lucros consolidados de 4.224,9 milhões de euros, mais 30,1% face ao período homólogo.

Entre as 16 cotadas que compõem o PSI, sete empresas apresentarão as contas de 2023 aos investidores no mês de fevereiro e oito em março. De fora desta equação está a Ibersol que ainda não deu indicação de quando divulgará as suas contas anuais. Assim, para já, as contas do PSI ficarão fechadas a 26 de março com a apresentação dos resultados da Greenvolt.

Destaque ainda para os meses de abril e maio, período em que decorrerão as assembleias-gerais de acionistas da maioria das empresas cotadas na Euronext Lisboa e onde serão aprovadas as contas de 2023 e tomadas outras decisões relevantes para a gestão.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

GroupM aposta em Diogo Marnoto para managing director de media solutions

  • + M
  • 5 Fevereiro 2024

Diogo Marnoto, no GroupM desde 2014, quer "uma maior proximidade às necessidades das marcas para as quais o GroupM trabalha, bem como um crescente alinhamento no desenvolvimento de soluções”.

O GroupM conta agora com Diogo Marnoto enquanto managing director de media solutions. Nas suas novas funções, Diogo Marnoto é responsável pela oferta de serviços e produtos de compra programática de meios de todas as agências do grupo de media da WPP.

Na gestão da área de media solutions do grupo vai ser “desenvolvido um trabalho em estreita parceria com as agências do grupo, disponibilizando produtos e serviços para vários meios, desde digital, passando por connected TV ou digital out-of-home, sempre com inventário de qualidade e focado em objetivos claros e mensuráveis“, diz Diogo Marnoto, citado em comunicado. Para isso, conta com uma equipa de dez profissionais.

Desta forma será possível “uma maior proximidade às necessidades das marcas para as quais o GroupM trabalha, bem como um crescente alinhamento no desenvolvimento de soluções”, acrescenta o novo managing director de media solutions do grupo.

Diogo Marnoto chegou ao GroupM em 2014 enquanto head of digital da Wavemaker e, desde 2017, desempenhava a função de head of client leadership. No seu percurso profissional passou por agências de meios e empresas tecnológicas como a Azerion e Microsoft.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tabagismo: quais as soluções?

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2024

Robert Beaglehole, presidente Lancet NCD Action Group, realizou um estudo, intitulado "The Lancet - Harnessing tobacco harm reduction", que defende o uso de produtos com nicotina com menor risco.

Apesar de ser prejudicial à saúde, o consumo de tabaco é uma realidade em todo o mundo e, por essa mesma razão, a Organização Mundial da Saúde teve a preocupação de criar a WHO Framework Convention on Tobacco Control (FCTC), que visa proteger as gerações atuais e futuras das consequências para a saúde, sociais, ambientais e económicas do consumo de tabaco e da exposição ao fumo do tabaco.

Ainda assim, de acordo com o estudo “The Lancet – Harnessing tobacco harm reduction”, realizado por Robert Beaglehole, profissional independente da saúde pública mundial, professor emérito da Universidade de Auckland e presidente ao Lancet NCD Action Group, esta medida da OMS “não é suficiente”.

“A FCTC da OMS tem sido influente a encorajar uma resposta global ao controlo do tabaco, mas tem sido um desafio mostrar uma associação forte e consistente entre a implementação das medidas da FCTC e os resultados relativos à prevalência do tabagismo do consumo de cigarros. A FCTC não proíbe abordagens de redução de danos, mas deixa aos países a decisão de como regulamentar os cigarros eletrónicos e outros novos produtos de nicotina”, menciona no estudo.

O professor e médico refere mesmo que há uma “falta de apoio da OMS à redução dos danos causados pelo tabaco que limita escolhas mais saudáveis às 1,3 mil milhões de pessoas que fumam, em todo o mundo, e que correm um risco aumentado de morte prematura”.

Cigarros eletrónicos VS tabaco

Não há justificação científica para a posição defendida pela OMS, que diz que os cigarros eletrónicos e outros novos produtos de nicotina devem ser tratados da mesma forma que os produtos do tabaco. Esta posição ignora uma abordagem proporcional ao risco. Acreditamos que a OMS precisa de fornecer liderança positiva e apoio técnico aos países à medida que consideram a utilização de cigarros eletrónicos e de outros dispositivos de entrega de nicotina, incluindo snus, bolsas de nicotina e tabaco aquecido e sem fumo”, refere.

A abordagem atual da OMS relativamente a estes produtos de menor risco é recompensar países, como a Índia, pela proibição dos cigarros eletrónicos. Atualmente, existem 34 países, principalmente países de baixo e médio rendimento, que proíbem os cigarros eletrónicos. No entanto, o estudo refere que “em alguns países, reduções substanciais na prevalência do consumo de cigarros coincidiram com a introdução de novos produtos de nicotina”.

Na Nova Zelândia, por exemplo, a prevalência de fumadores adultos diários caiu de 13,3% em 2017–18 para 6,8% em 2022–23, depois de os cigarros eletrónicos se tornarem amplamente disponíveis, um declínio de 49% em 5 anos. No mesmo período, e com o apoio do governo e a regulamentação do vaping, a prevalência do vaping diário entre em adultos aumentou de 2,6% para 9,7%. O recente declínio do tabagismo na Nova Zelândia ocorreu na ausência de qualquer outra grande política de controlo do tabaco, para além dos aumentos anuais dos preços do custo de vida. A diminuição do tabagismo durante este período, na Nova Zelândia, mostra o que pode ser alcançado e excede as metas de redução da prevalência do tabagismo da OMS em 30% ao longo de 15 anos, de 2010 a 2025“, afirma Robert Beaglehole, no estudo.

A legislação Anti-cigarros da Nova Zelândia de 2022 inclui uma “geração livre de tabaco”, uma redução de 90% dos pontos de venda a retalho de produtos de tabaco combustíveis e o retirar obrigatório da nicotina do tabaco a retalho. O governo da Nova Zelândia, eleito em Novembro de 2023, está empenhado em alcançar a meta “Anti-cigarros 2025” de 5% (ou menos) de prevalência do tabagismo na população adulta, mas pretende revogar a legislação antitabagismo de 2022.

Trocar cigarros por “produtos de nicotina sem fumo” é a solução?

De acordo com o professor, “com base nos progressos recentes, parece provável que o objetivo Sem Fumo 2025 da Nova Zelândia seja alcançado por consentimento, em vez de coerção, e dando mais apoio à mudança para produtos de nicotina sem fumo“. O médico destaca, ainda, outros países de rendimento elevado que também conseguiram reduzir a prevalência do consumo de cigarros em associação com a utilização de uma série de dispositivos de administração de nicotina de menor risco para complementar as medidas de redução da procura e da oferta da FCTC.

A Suécia, com uma longa tradição de consumo de snus, tem a prevalência mais baixa de fumadores adultos diário em todo o mundo, de 6% em 2022, acompanhada por uma baixa mortalidade por doenças relacionadas com o consumo de tabaco. A Noruega teve um sucesso semelhante na redução da prevalência do tabagismo no contexto do aumento do recurso a snus e cigarros eletrónicos e, em Inglaterra, o vaping está a ajudar os adultos a deixar de fumar. O declínio substancial no consumo de cigarros no Japão está associado à rápida absorção de produtos que aquecem o tabaco, em vez de o queimar. Foram feitos menos progressos em países de baixo e médio rendimento, onde a capacidade de controlo do tabaco e a vontade política para promover medidas de controlo do tabaco são mais fracas e o potencial de redução dos danos do tabaco não está a ser concretizado”, explica.

Mas, então, por que é que a redução dos danos do tabaco não é adotada de forma mais ativa, apesar da sua associação à redução da prevalência do tabagismo? Segundo Robert Beaglehole, há duas razões para isso acontecer: “A primeira é que, em comparação com os cigarros, onde os danos são conhecidos há mais de meio século, os efeitos a longo prazo dos cigarros eletrónicos são desconhecidos. A segunda preocupação é a de que a ampla disponibilidade de cigarros eletrónicos, na ausência de controlos e regulamentações adequados, incentive a dependência da nicotina entre os jovens e permita que a indústria de vaporização aja de forma antiética“.

No entanto, quer para uma preocupação, quer para outra, o médico explica o seu ponto de vista. “Embora a vaporização possa não ser isenta de riscos, especialmente para pessoas que não fumam, os riscos de danos substanciais a longo prazo causados pelos constituintes dos cigarros eletrónicos são provavelmente baixos, especialmente quando comparados com os danos causados pelos cigarros”, refere, ao mesmo tempo que também justifica as poucas evidências que sugiram que a vaporização leva ao tabagismo entre os jovens: “Embora a proporção de jovens que usam vapers esteja a aumentar, permanece num nível bastante baixo. São necessárias regulamentações mais rigorosas, incluindo a aplicação de restrições de vendas, e campanhas adequadas de promoção da saúde para evitar a vaporização por parte dos jovens, mas estas medidas devem ser equilibradas com as necessidades de saúde dos adultos mais velhos que fumam e necessitam de apoio para deixar de fumar“.

Abordagem da COP10 aos produtos de nicotina

A COP10, que está a decorrer no Panamá, de 5 a 9 de fevereiro de 2024, recomenda tratar os produtos de nicotina como equivalentes aos cigarros e regulá-los de maneira semelhante. No entanto, para Robert Beaglehole, “esta abordagem constitui um retrocesso porque não são produtos comparáveis em termos dos danos que causam; afinal, é a queima do tabaco que causa danos, e não a nicotina”.

“Pior ainda, tal estratégia acabaria por favorecer o mercado global de cigarros e poderia desencorajar a vaporização. O foco deve permanecer no problema de saúde pública central – os efeitos nocivos do consumo de tabaco para a saúde. A redução do consumo de cigarros é a forma mais eficaz de prevenir as mortes relacionadas com o tabaco e a redução dos danos causados pelo tabaco é a forma mais rápida e justa de reduzir a prevalência do tabagismo“, defende, no estudo.

"A OMS precisa de abraçar estas inovações na disponibilização de nicotina. Os países que estão a colher os benefícios da redução dos danos em tabaco, como a Nova Zelândia, a Suécia, a Noruega, a Inglaterra e o Japão, devem encorajar os países participantes na COP10 a apoiar propostas que reduzirão rapidamente as taxas de tabagismo. Os 1,3 mil milhões de pessoas que fumam no mundo, metade das quais morrerão precocemente, merecem esta liderança.”

Robert Beaglehole, presidente da Lancet NCD Action Group

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.