Juíza no caso Salgado também é lesada do BES

Defesa de Salgado e de suíços fizeram referência às ações que a juíza perdeu no BES. “Quanto é que valem 500 ações, passe na Av. da Liberdade a ver se consegue comprar uma mala", disse a magistrada.

A magistrada que lidera o coletivo de juízes do julgamento do Universo Espírito Santo também é uma lesada do BES. Um facto que já tinha sido assumido pela juíza, depois do pedido de escusa para ser afastada do caso, feito pela própria Helena Susano, no final do ano passado. Esse facto não tem passado despercebido nas duas sessões de julgamento do caso BES que decorre desde terça-feira, no Campus de Justiça, em Lisboa.

Na terça-feira, a defesa de Ricardo Salgado, nas alegações iniciais, a cargo de Adriano Squillace acusou a juíza de ser “uma lesada do BES”, uma vez que chegou a pedir escusa do caso BES, invocando ser titular de 560 ações do banco. “Mas o Tribunal da Relação decidiu que isso não afetava a sua imparcialidade”. Esta quarta-feira, foi a vez do advogado Tiago Rodrigues Bastos — que representa dois arguidos suíços no processo — fazer referência às ações que a juíza Helena Susano perdeu no BES, sugerindo que é também lesada pela queda do banco.

Em resposta, a presidente do coletivo de juízes relembrou que foi feito um pedido de escusa, tendo este sido recusado pela Relação de Lisboa. E deixou a sugestão a Tiago Rodrigues Bastos, para “ver quanto é que valem 500 e tal ações”. “Passe na Avenida da Liberdade e veja se consegue comprar uma mala com isso”, ironizou. Tiago Rodrigues Bastos alegou ainda que não é conhecida a decisão da Relação de Lisboa, tendo a juíza respondido que a decisão é pública.

Com o devido respeito, não vemos que os dados de facto alegados (de a senhora juíza e filhas terem ações do BES bem como outro familiar em segundo grau ações da Portugal Telecom que com a queda daquele ocasionaram praticamente a sua total desvalorização) desacompanhada de qualquer outro facto – e estando neste processo vinculada, enquanto profissional, a realizar a justiça reclamada no caso concreto – sejam ‘motivo sério e grave’ que permita considerar verificada qualquer aparência suscetível de justificar o risco de a sua intervenção no processo ser considerada suspeita ou de gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade.

Decisão da Relação de Lisboa face ao pedido de escusa

A 22 de novembro, a juíza que iria presidir ao coletivo do julgamento do caso BES, Helena Susano, pediu escusa ao Tribunal da Relação de Lisboa. Segundo o despacho, a magistrada pediu-o por considerar haver motivo “sério e grave” para gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade. Em causa estava o facto de a juíza ser titular de “quinhentas e sessenta ações do BES” e das suas duas filhas serem igualmente titulares, “cada uma, de ações do BES, em quantidade que neste momento não consegue precisar, porquanto as mesmas se encontram no estrangeiro e sem documentos de que se possam socorrer para a respetiva concretização, mas certamente em número não superior a quinhentas e sessenta ações”.

Mais: a juíza diz ainda que possui “um familiar em segundo grau que é titular de sete mil e quinhentas ações da Portugal Telecom, S.A., a qual, como é consabido e público, se encontra alegadamente relacionada com a queda do universo BES, tendo esta queda ocasionado praticamente a total desvalorização daquelas ações”.

Mas o Tribunal da Relação de Lisboa não aceitou este pedido de escusa da juíza. “O pedido de escusa do juiz para intervir em determinado processo pressupõe, e só poderá ser aceite, quando a intervenção correr o risco de ser considerada suspeita, por existir motivo sério e grave adequado a gerar dúvidas sobre a sua imparcialidade – referenciada em concreto ao processo em que o incidente de recusa ou escusa é suscitado –, a qual pressupõe a ausência de qualquer preconceito, juízo ou convicção prévios em relação à matéria a decidir ou às pessoas afetadas pela decisão”, sublinha a decisão da Relação de Lisboa, datada de janeiro deste ano, a que o ECO teve acesso. “Não bastando, como é pacífica a jurisprudência nomeadamente do STJ, a convicção particular do ponto de vista do requerente (o seu sentimento pessoal de que a sua intervenção no processo possa gerar desconfiança ou ser considerada suspeita)”, sublinha.

Mas “com o devido respeito, não vemos que os dados de facto alegados (de a Srª juíza e filhas terem ações do BES bem como outro familiar em 2º grau ações da Portugal Telecom que com a queda daquele ocasionaram praticamente a sua total desvalorização) desacompanhada de qualquer outro facto – e estando neste processo vinculada, enquanto profissional, a realizar a justiça reclamada no caso concreto – sejam “motivo sério e grave” que permita considerar verificada qualquer aparência suscetível de justificar o risco de a sua intervenção no processo ser considerada suspeita ou de gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade”, concluem as três juízas desembargadoras.

Professora durante mais de uma década, a magistrada que julga Salgado tem 61 anos de idade mas só é juíza há pouco mais de 20, como explicou o Público. Nascida em Alcobaça, foi professora de Português e Francês. Tem 21 anos de experiência, a maior parte dos quais na área criminal. Primeiro como juíza de instrução e, desde 2007, no julgamento da criminalidade mais grave, uma carreira que apenas interrompeu para dar aulas aos futuros magistrados, no CEJ.

O segundo dia do julgamento do caso BES é marcado pela conclusão das exposições introdutórias dos advogados dos arguidos e com a reprodução das gravações do interrogatório a Ricardo Salgado na fase de inquérito. No total serão oito horas de gravação das declarações do ex-banqueiro.

Dez anos depois da queda do BES, com o arguido Ricardo Salgado acusado de 62 crimes (três entretanto prescreveram), o julgamento do processo BES conta com 17 arguidos singulares, sete empresas arguidas, 733 testemunhas, 135 assistentes e mais de 300 crimes. Este megaprocesso, que já vai nos 215 volumes após uma acusação com mais de quatro mil páginas.

O ex-banqueiro está acusado de associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento de capitais. E estava inicialmente acusado de um total de 65 crimes, vai agora ser julgado por 62 ilícitos criminais, após terem prescrito dois crimes de falsificação de documento e um de infidelidade. O levantamento dos crimes em risco de prescrição recentemente realizado pelo Ministério Público indica ainda que Ricardo Salgado pode ver cair, em finais de novembro próximo, mais um crime de falsificação e outros dois crimes no final de dezembro.

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Plano para as migrações já está mais de 80% executado, garante Governo

Governo previa que plano fosse concretizado no espaço de quatro anos, mas Leitão Amaro revela que 83% das medidas já estão executadas.

O plano de 41 medidas apresentadas pelo Governo para regularizar a situação migratória em Portugal tem já mais de 80% das medidas executadas. De acordo com António Leitão Amaro, o Governo previa que o plano ficasse concretizado no espaço de quatro anos, mas “ao final de alguns meses, está muito adiantado”.

“Das 41 medidas, metade estão plenamente executadas e três delas dependentes de um deliberação parlamentar”, anunciou o governante, esta quarta-feira, na Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Mais detalhadamente, Leitão Amaro assinala que 18 medidas estão executadas, 15 encontram-se em execução avançada. “Ter 83% [do plano adiantado] em quatro meses é uma obra relevante“, sublinhou.

Embora não tivesse detalhado que medidas em concreto estão em fase avançada, Leitão Amaro deu nota de que o plano permitiu que houvesse um redução de 80% dos pedidos de autorização de residência desde de que as manifestações de interesse foram revogadas, em junho. “A medida produziu efeitos significativos”, defendeu, acrescentando que dos 400 mil pedidos que se encontravam pendentes, a maioria encontra-se já regularizada, em parte graças ao centro para a regularização de processos, em Lisboa, e a outros dois que serão inaugurados em Braga e no Porto, futuramente.

Leitão Amaro garante que esta operação não tem como objetivo legalizar estes cidadãos. “Só sai com autorização de residência quem cumpre a lei”, assegurou.

A execução do plano acontece numa altura em que Bruxelas pede aos Estados-membros que reforcem as suas políticas para a regularização da imigração. Numa carta enviada aos 27 Estados-membros, no início da semana, a presidente da Comissão Europeia defendeu a criação de “centros de regresso”, fora da União Europeia, para requerentes de asilo rejeitados, à semelhança da parceria entre Itália e a Albânia.

Devemos também continuar a explorar possíveis formas de avançar no que respeita à ideia de desenvolver centros de regresso fora da UE, especialmente tendo em conta uma nova proposta legislativa sobre o regresso“, escreveu von der Leyen. “Com a entrada em funcionamento do protocolo entre a Itália e a Albânia, poderemos também tirar lições desta experiência na prática”, defende a presidente do executivo comunitário.

Além disso, a Comissão Europeia está disponível para ajudar financeiramente com 25 milhões de euros os Estados-membros nos processos de regressos voluntários de pessoas sem direito de permanência legal na União Europeia. O Estados-membros que participam no Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração (FAMI) são elegíveis e podem candidatar-se até 15 de novembro de 2024 a esta verba que se destina a ajudar os Estados-membros cujos sistemas de regresso estão sob pressão, reforçando as suas capacidades e apoiando os regressos voluntários.

Novo sistema de controlo de fronteiras europeu vai causar atrasos

Leitão Amaro aproveitou a sua intervenção inicial para dar conta que a implementação em Portugal do novo sistema de controlo de fronteiras, o Sistema de Entradas e Saídas (EES, na sigla em inglês), está a decorrer conforme os planos, embora com atrasos.

A Comissão Europeia tinha definido que este novo mecanismo entrasse em vigor a 6 de outubro, no entanto, o prazo vai voltar a ser adiado. Neste momento, esclarece Leitão Amaro, o mecanismo está previsto ficar operacional a 10 de novembro, “mas há incertezas europeias que nada têm a ver com Portugal”, garantiu, dando nota que “há três grandes países” — França, Alemanha e Países Baixos — que estão “a pedir um adiamento” do processo.

“Não sabemos o que vai acontecer, mas temos de ter tudo preparado“, apelou, fazendo referência a um “conjunto de alterações legislativas” que ainda carecem de aprovação no Parlamento e que são “indispensáveis para que Portugal ponha o sistema a funcionar”, explicou.

Resumidamente, o EES é um novo sistema eletrónico que substituirá o carimbo físico dos passaportes quando se passa pelo controlo de passaportes à chegada dos aeroportos. Todos os Estados-membros da UE — com exceção da Bulgária, Chipre, Irlanda e Roménia, onde os passaportes continuarão a ser carimbados manualmente — e os quatro países não pertencentes ao espaço Schengen da UE (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) farão parte deste novo sistema.

Assim que entrar em funcionamento, agora em novembro, os viajantes que aterrarem noutro país deste bloco passarão a ter de tirar uma fotografia do rosto e digitalizar eletronicamente as suas impressões digitais. Cidadãos da UE ou dos países do espaço Schengen não serão afetados e poderão continuar a viajar livremente em todo o espaço.

Recordando que, em maio, Portugal estava atrasado na implementação não só do EES, como também do Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagens (ETIAS, na sigla em inglês), Leitão Amaro assegurou aos deputados que “felizmente, Portugal cumpriu e entregou os testes com prontidão”, deixando assim de ser “um problema europeu”.

“Há dois meses, tive de passar pelo embaraço no Conselho Europeu por Portugal ser um dos três Estados que estava atrasado na implementação do sistema. Felizmente, Portugal cumpriu e entregou os testes”, tendo o Governo avançado com um investimento de “25 milhões de euros” para a instalação de software, que tinha ficado por concretizar na legislatura anterior.

O ministro da Presidência deixou, no entanto, um alerta para quando este sistema entrar em vigor, sublinhando que “vai causar atrasos” nos aeroportos.

Todos os cidadãos que venham pela primeira vez para a UE e sejam fora do espaço Schengen, vão ter de se registar. Se vale a pena?“, questionou, “sim, porque passamos a ter os dados biométricos das pessoas que entram em Portugal”, permitindo reforçar o combate à imigração irregular.

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PS quer debate de urgência com ministro das Finanças sobre previsões económicas

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Socialistas querem esclarecer diferenças entre as previsões macroeconómicas do OE2025 e do Plano de Médio Prazo e as inscritas no programa eleitoral da Aliança Democrática.

O PS pediu esta quarta-feira um debate de urgência para que o ministro das Finanças explique no parlamento “as diferenças” entre o cenário macroeconómico da campanha, que consideram “empolado de propaganda”, e o plano de médio prazo enviado para Bruxelas.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o deputado do PS Carlos Pereira referiu que os socialistas já tinham “desconfiado que havia problemas nas previsões e nas contas públicas deste Governo” quando foi conhecida a proposta do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), “comparando com aquilo que foi o programa eleitoral da AD” nas eleições, sobretudo no que diz respeito ao cenário macroeconómico.

“Primeiro vimos o orçamento e ficámos com dúvidas sobre essa matéria, mas depois, com a apresentação do plano de médio prazo para Bruxelas, ficamos com certeza que o programa eleitoral da AD estava encharcado de propaganda. Eu diria mesmo empolado de propaganda“, acusou.

Segundo Carlos Pereira, é preciso “uma clarificação” e que o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento – que “fez parte também da equipa de economistas que construiu o cenário macroeconómico do Governo na altura da campanha” — vá ao parlamento “justificar estas diferenças, estas opções e estas previsões”.

Do nosso ponto de vista, merecem explicações porque são de certa forma inconsistentes e, por isso, vamos propor um debate de urgência na Assembleia da República, na altura em que é possível fazê-lo, que é só na próxima semana, dia 25“, anunciou.

Este debate, segundo o PS, deverá assim acontecer antes da votação do OE2025 na generalidade, considerando que esta é “uma matéria absolutamente urgente”. O deputado socialista apontou dois aspetos em que identifica estas diferenças, o primeiro dos quais o crescimento económico.

“Vimos que no cenário macroeconómico previa um aumento do PIB médio de quase 3 pontos percentuais, estamos a falar de 2,9%, e que agora, quando se olha para o plano de médio prazo apresentado a Bruxelas, esse crescimento económico não chega aos 2%, é 1,9%”, apontou. Esta diferença, segundo Carlos Pereira, é significativa e demonstra aquilo que os socialistas tinham dito em campanha eleitoral, ou seja, que “o cenário macroeconómico da campanha eleitoral não era credível“.

“O PSD faz aquilo que fez sempre: diz em Bruxelas o que não diz em Portugal”, acusou, referindo-se ao que aconteceu no período da ‘troika’ em relação às pensões.

O outro aspeto é sobre os salários, em que, segundo o PS, há “um problema semelhante”, acusando o Governo de prever “uma trajetória de crescimento bastante inferior do que aquela que acordou com a concertação social”. “Isto é grave, porque isto de alguma maneira descredibiliza o Governo, descredibiliza o país no quadro europeu e obviamente, deve deixar-nos todos assustados de alguma maneira“, defendeu.

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Uma dose de economia: #14 Relatório Draghi

  • ECO
  • 16 Outubro 2024

Neste episódio do podcast 'Uma dose de economia', Filipe Ratão fala sobre o Relatório Draghi.

“Uma dose de economia” é um podcast onde alunos do ISEG discutem temas de atualidade ligados às finanças e à economia.

Este podcast é fruto de uma parceria entre o ECO e a associação ISEG Young Economics Society e todos os meses haverá um novo episódio.

No décimo terceiro episódio do podcast “Uma dose de economia” Filipe Ratão discute o Relatório Draghi.

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CCP pede aos partidos para viabilizarem OE2025

CCP cita as sondagens para defender que a "eventual realização de novas eleições, em resultado de uma crise política aberta pela não aprovação do OE2025, resultaria numa situação de impasse".

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) pede aos partidos que aprovem a proposta de Orçamento do Estado para 2025. Com o PS a decidir na segunda-feira o seu sentido de voto e o Chega e o PAN já decididos a votar contra, a confederação liderada por João Vieira Lopes pede aos partidos que “coloquem o interesse nacional acima das táticas políticas”, tendo em conta a atual “conjuntura económica do país” e os “desafios que vivem as empresas”.

“Acreditando que a previsibilidade e a estabilidade desejadas pelo tecido empresarial passam necessariamente por essa aprovação, a CCP apela a todas as forças políticas — e especialmente àquelas que têm garantido a governabilidade do país — para que coloquem o interesse nacional acima de circunstanciais ganhos políticos próprios, e tudo façam para assegurar os compromissos necessários na Assembleia da República para a aprovação de um Orçamento de Estado para 2025, mesmo que isso signifique não se reverem totalmente no documento”, defende a CCP num comunicado.

A CCP cita as mais recentes sondagens para defender que a “eventual realização de novas eleições, em resultado de uma crise política aberta pela não aprovação do OE2025, resultaria numa situação de impasse que não garantiria qualquer maioria estável“.

Invocando a necessidade de estabilidade para cumprir os objetivos definidos no novo Acordo Tripartido assinado na Concertação Social, nomeadamente o aumento salarial de 4,7%, a CCP diz que é “condição necessária que os partidos com representação parlamentar entendam a necessidade de contribuir para a governabilidade do país”.

Contudo, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) já está a condicionar os aumentos salariais de 4,7% previstos no acordo a “novas medidas”. Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, Armindo Monteiro sublinhou que o “referencial de crescimento da economia, para atingir os 75% da média europeia, tem de ser 3,2% já em 2025”.

“Pelas projeções, já não está a acontecer esse aumento de produtividade. Temos de materializar novas medidas para que o crescimento seja maior”, disse o presidente da CIP, considerando “anémico” o crescimento de 2,1% previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2025.

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Caixa chega a acordo com sindicatos para aumentos de 3,2% este ano e 2,5% no próximo

Banco público e sindicatos chegaram finalmente a um acordo para a atualização dos salários. Trabalhadores vão ter um aumento de 3,2% este ano e de 2,5% no próximo.

Os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vão ter aumentos salariais de 3,2% (com mínimo de 65 euros) este ano e de 2,5% no próximo. O banco público chegou finalmente a um acordo com os sindicatos relativamente à atualização deste ano, sendo que é o primeiro banco a fechar aumentos para 2025.

A Caixa já tinha feito uma atualização unilateral de 3% em fevereiro, mas o acordo com os STEC, Mais Sindicato, Sindicato Bancários Centro e Sindicato dos Bancários do Norte traz uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais e do aumento mínimo. “O acerto face ao processado em fevereiro (3% e um mínimo de 52,63 euros) com retroativos a 1 de janeiro, irá ser efetuado com referência a esta data juntamente com o salário do mês de outubro”, explica o banco liderado por Paulo Macedo em comunicado.

Além da atualização da tabela salarial (que fica acima dos 3% dos outros bancos), as duas partes chegaram a um acordo para um aumento de 4% do subsídio de refeição para 13 euros e do subsídio de apoio ao nascimento para um valor de 1.000 euros (aumento de 11%), que o banco diz ser o mais elevado do setor. Em relação às restantes cláusulas de expressão pecuniária haverá um aumento de 3,79%, com exceção das diuturnidades, ajudas de custo e abono para falhas. E é revisto para 40% o valor máximo do crédito à habitação, passando para os 350 mil euros.

Para 2025, os trabalhadores vão ter uma atualização da tabela salarial e da generalidade das cláusulas de expressão pecuniária de 2,5%, acima da inflação esperada de 2,3%. A Caixa diz que é a primeira instituição de crédito a fechar aumentos para o próximo ano.

“Fim de luta difícil”, assinalam sindicatos

Do lado dos sindicatos, assinala-se o fim de um processo negocial intenso com a Caixa. “Este resultado só foi possível pela firmeza e determinação que o STEC manteve ao longo deste processo negocial e que se traduziu em diversas ações de contestação, reivindicação e denúncia pública, com destaque para a Greve de 1 de março de 2024, provando-se mais uma vez que vale a pena lutar”, refere o sindicato mais representativo da CGD em comunicado — o sindicato contabilizou 11 reuniões negociais, nove com a CGD e duas no âmbito do processo de conciliação no Ministério do Trabalho.

“Este é o final de uma difícil luta sindical”, referiram por sua vez os sindicatos afetos à UGT, lembrando que ficou estabelecido o compromisso de o acordo ser revisto caso “a taxa de inflação seja materialmente superior à apurada pelo INE para o ano de 2024, ou se ocorrerem alterações substanciais das circunstâncias económicas e sociais subjacentes à outorga da atual revisão”.

(Notícia atualizada às 12h20 com reação dos sindicatos)

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Guardas prisionais da cadeia anexa à Polícia Judiciária de Lisboa vão fazer greve

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Os guardas prisionais em funções no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária de Lisboa vão fazer uma greve entre 23 de outubro e 31 de dezembro.

Os guardas prisionais em funções no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária (PJ) de Lisboa vão fazer uma greve entre 23 de outubro e 31 de dezembro, anunciou esta quarta-feira o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP).

Em comunicado, o SNCGP refere que se trata de uma greve total e indica como objetivos e razões da paralisação questões ligadas à “segurança e às condições de trabalho para o corpo da guarda prisional”.

A greve inicia-se às 00h00 de dia 23 de outubro e termina às 23h59 de 31 de dezembro.

De acordo com o sindicato, o pré-aviso de greve foi comunicado ao primeiro-ministro, ministro das Finanças e ministra da Justiça, entre outros governantes, bem como à nova diretora-geral de Reinserção e Serviços Prisionais e à diretora do estabelecimento prisional em causa.

Contactado pela agência Lusa, o presidente do SNCGP, Frederico Morais, precisou que esta greve total prende-se com “falhas de segurança e desorganização” naquele estabelecimento prisional anexo à PJ de Lisboa, situação que, disse, “se arrasta há três anos”.

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Jornalistas contra corte de publicidade na RTP

  • + M
  • 16 Outubro 2024

65% dos jornalista inquiridos na 3ª Sonda +M / Central de Informação consideram que a decisão "pode colocar em causa a sobrevivência" da RTP. Globalmente, o plano para os media é considerado positivo.

A grande maioria dos jornalistas inquiridos na terceira edição da “Sonda +M / Central de Informação” está contra o corte de publicidade na RTP. Dos 78% dos inquiridos que se dizem contra a medida, 65% consideram que a decisão “pode colocar em causa a sobrevivência” da estação. 13% apontam outra razão para ser contra a medida, sendo esta também percentagem de inquiridos que se diz favorável à decisão.

“O setor é pequeno e não suporta a concorrência do Estado” foi o motivo evocado por 9% dos jornalistas para serem a favor do fim da publicidade na RTP1.

Mas apesar da discordância relativamente a esta medida, o Plano de Ação para a Comunicação Social, apresentado na semana passada pelo Governo, é aprovado pelo painel. 61% dos inquiridos consideram o documento “positivo”, com 4% a classificá-lo mesmo como “muito positivo”, precisamente a mesma percentagem que o classifica como “muito negativo”. Já 9% consideram que o Plano não terá impacto e 22% dizem ser “negativo”.

Já no que se refere às medidas mais positivas do documento, 31% apontam o “desconto de 50% nas assinaturas digitais” como a mais relevante. Segue-se o “prémio de contratação de jornalistas” e a “oferta de uma assinatura a estudantes do secundário”, referidas, cada uma, por 22% dos jornalistas do painel. O “reforço do capital público na Lusa” é apontado por 9%. Segue-se, com 4% cada, a “distribuição de jornais no interior do país”, o “aumento do porte pago” e a “integração das plataformas digitais nas soluções para o setor”.

Os dados surgem como resultado da terceira edição da “Sonda + M / Central de Informação”, barómetro de media composto por 49 jornalistas portugueses em cargos de edição, de mais de 30 órgãos de comunicação social portugueses de âmbito nacional. O período de auscultação desta edição decorreu entre 9 e 15 de outubro de 2024 e obteve uma taxa de resposta de 47%. A Sonda é uma iniciativa do +M, do universo ECO, e da Central de Informação.

 

O painel fixo, que tenderá a aumentar, é composto por Afonso de Melo (Jornal Sol); Ana Maria Pimentel (Sapo24); Ana Maria Ramos (TSF); André Veríssimo (Eco); António José Gouveia (Jornal de Notícias); António José Teixeira (RTP); Carla Jorge de Carvalho (Rádio Observador); Catarina Folhadela (SIC); Catarina Santos (Rádio Renascença); Cristina Fernandes Ferreira (Agência Lusa); Dírcia Lopes (Forbes Portugal); Dulce Neto (Observador); Elsa Pereira (Notícias ao Minuto); Filomena Lança (Jornal de Negócios); Hugo Silva (Jornal de Notícias); Isabel Cunha (Antena1); Ivo Neto (Público); Joana Petiz (Novo), João Fernando Ramos (TVI/CNN Portugal); João Luís Sousa (Vida Económica); João Pedro Barros (Expresso); Joaquim Ferreira (SIC); Jorge Oliveira da Silva (RTP); José Pedro Frazão (Rádio Renascença); Luís Avelãs (Jornal Record); Luís Castro (RTP); Luísa Meireles ( Agência Lusa); Manuel Carvalho (Público); Manuel Fernandes Silva (RTP); Manuel Molinos (Jornal de Notícias/Global Media Group); Maria João Babo (Jornal de Negócios); Maria João Cunha (Rádio Renascença); Maria Teixeira Alves (Jornal Económico); Mónica Silvares (ECO); Nuno Simas (Agência Lusa); Paula Oliveira (TVI/CNN Portugal); Paula Rebelo (RTP); Pedro Araújo (Jornal de Notícias); Pedro Santos Guerreiro (TVI/CNN Portugal); Rafael Barbosa (Jornal de Notícias); Ricardo Santos Ferreira (Novo); Rui Frias (Diário de Notícias); Rui Loura (TVI/CNN Portugal/Mais Futebol); Rui Tavares Guedes (Visão); Sandra Sá Couto (RTP); Sara Belo Luís (Visão); Vanessa Cruz (Observador); Vasco Rosendo (TVI/CNN Portugal); Vítor Santos (Jornal O Jogo).

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CEO da Mota investe 25 mil euros para comprar dez mil ações

O líder da construtora aproveitou a descida das ações para reforçar a sua posição no capital. Desde o início do ano, os títulos acumulam uma desvalorização de 37%, apesar do bom momento operacional.

O CEO da Mota-Engil, Carlos Mota Santos, aproveitou a queda das ações da construtora para reforçar a sua posição no capital, através da aquisição de dez mil ações, num investimento de 24,8 mil euros. Este movimento mostra que o gestor continua confiante no negócio, apesar da quebra das ações em 2024.

O bloco de ações foi comprado na sessão desta terça-feira, com um preço de 2,484 euros, segundo adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Após esta transação, Carlos Mota Santos passou a ser titular de 155.000 ações representativas do capital social da Mota-Engil, correspondentes a 0,05% do seu capital social.

A aquisição foi feita numa sessão em que os títulos recuaram mais de 2%, elevando a queda acumulada pela construtora da família Mota para 36,7% no ano.

As ações têm estado sob pressão nos últimos meses, apesar de a companhia ter reportado um crescimento de 65% dos resultados líquidos para 49 milhões de euros, nos primeiros seis meses do ano, e ter atingido novos contratos de 3,3 mil milhões no primeiro semestre.

No início de setembro, as ações desceram cerca de 14% em duas sessões, arrastadas pela entrada de um especulador no capital da empresa com uma posição a descoberto. Apesar do momento de fraqueza das ações, o líder da companhia tem-se mostrado confiante na evolução do negócio da empresa.

A comentar a queda provocada pela entrada Muddy Waters Capital Domino Master Fund, com um short de 0,65% no capital, Carlos Mota Santos adiantou que “a queda dos títulos da Mota-Engil é um movimento especulativo que não reflete a atividade operacional, nem os resultados da empresa e que está em contraciclo com a performance da empresa nos últimos anos”.

O CEO reforçou, na altura, que 2024 seria um ano “com crescimento dos lucros, de melhoria de indicadores financeiros e carteira de encomendas, que está em linha com os objetivos do plano estratégico de 2026.” Já depois de 2026, a empresa terá “um novo plano estratégico para os próximos anos com uma ambição renovada”, revelou.

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Afinal, tribunal ainda não decidiu se portaria do Governo das defesas oficiosas é ou não ilegal

Em comunicado enviado na terça-feira às redações, a OA garantia que a providência cautelar resultou na suspensão da mesma por ser ilegal.

O Ministério da Justiça confirma que foi citado pelo tribunal para contestar a providência cautelar entregue pela Ordem dos Advogados (OA). Em causa o pedido de suspensão feito pela bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro, sobre a portaria que prevê expressamente a nomeação de advogado oficioso por Tribunal, Ministério Público ou Órgão de Polícia criminal, quando o sistema de escalas das defesas oficiosas da Ordem não estiver operacional. “A contestação será (naturalmente) apresentada”, diz o gabinete de Rita Júdice.

Em comunicado enviado na terça-feira às redações, a OA garantia que a providência cautelar resultou na suspensão da mesma por ser ilegal. “Ao abrigo do artigo 130º do CPTA, o tribunal entendeu suspender as normas da portaria, com efeitos a partir da citação do Ministério da Justiça. Esta decisão reforça o que a OA já havia comunicado, de que as nomeações efetuadas ao abrigo desta nova portaria são ilegais, e de que a Advocacia não deve aceitar quaisquer nomeações efetuadas nos termos da mesma”, diz o comunicado. Mas, na verdade, trata-se de uma suspensão automática após citação da entidade pública em qualquer providência cautelar, a qual pode emitir despacho que permite suspender essa suspensão com base no interesse público relevante.

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

O ECO consultou o despacho do tribunal que refere “o articulado pela requerente não permite concluir, na presente data, pela verificação dos exigentes requisitos do artigo 131.º, n.º 1, do CPTA. Assim, rejeita-se o pedido de decretamento provisório”, diz o despacho de 10 de Outubro de 2024, assinado pela magistrada Maria Carolina da Silva Duarte. Ou seja: a juíza aceita a avaliação da providência cautelar mas não decidiu sobre a legalidade ou ilegalidade dessa mesma providência, nem tão pouco da ação principal.

No comunicado, a OA apenas refere que “ao abrigo do artigo 130º do CPTA, o tribunal entendeu suspender as normas da portaria, com efeitos a partir da citação do Ministério da Justiça”, justificando que “a decisão reforça o que a OA já havia comunicado, de que as nomeações efetuadas ao abrigo desta nova portaria são ilegais, e de que a advocacia não deve aceitar quaisquer nomeações efetuadas nos termos da mesma”, segundo explicou a OA ao ECO. Segundo a Ordem dos Advogados, independentemente do resultado da ação principal, “importa desde já garantir o respeito pela lei e pelas liberdades e garantias dos cidadãos, que foram colocados em causa com esta portaria. Esta decisão do tribunal vem, por isso, repor no imediato os direitos fundamentais dos cidadãos no acesso ao Direito e aos Tribunais.

O que diz a portaria?

Os tribunais, o Ministério Público (MP), os órgãos de polícia criminal (como a PJ ou Autoridade Tributária) e os serviços da Segurança Social vão poder nomear um advogado oficioso que, sendo contactado, se manifeste disponível para aceitar em caso de falhas nas escalas definidas. Essa função era, até aqui, da exclusiva competência da Ordem dos Advogados (OA).

Esta alteração surge no decorrer do protesto que teve início a 1 de setembro, impulsionado pela bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro. Protesto esse – entretanto suspenso – que apelou à não inscrição de advogados nas escalas do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT). O SADT é o sistema que permite que os cidadãos com menor poder económico tenham acesso aos tribunais para defender os seus direitos, uma vez que a justiça não pode ser negada a ninguém. Desta forma, foi criado um sistema sustentado pelo Estado que paga a advogados, os chamados advogados oficiosos, para defender estes tipos de casos.

Antes da alteração desta portaria, à OA competia receber as inscrições dos advogados interessados em prestar esse serviço, elaborar as escalas (presenciais ou de prevenção) e fornecer as escalas dos advogados inscritos aos tribunais. E, em caso de necessidade de recurso a um defensor oficioso, o tribunal recorre aos advogados previstos nas escalas presenciais (nas comarcas onde existam) ou recorre à escala de prevenção (não presencial), dando uma hora para que o advogado contactado se apresente em Tribunal.

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Euribor descem em todos prazos na véspera de reunião do BCE

  • Lusa
  • 16 Outubro 2024

Taxas que servem de base para o cálculo da prestação da casa desceram em todos os prazos na véspera de nova reunião do BCE que poderá cortar novamente os juros.

As taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação mensal da casa, desceram em todos os prazos, isto na véspera de nova reunião do Banco Central Europeu (BCE), que poderá anunciar um novo corte nas taxas de juro oficiais.

  • A taxa Euribor a seis meses, que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 01 de dezembro de 2023, baixou para 3,047%, menos 0,010 pontos.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022, também recuou para 2,743%, menos 0,023 pontos do que na terça-feira.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses baixou para 3,208%, menos 0,007 pontos.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em setembro desceu 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se na quinta-feira na Eslovénia. Os analistas esperam que a instituição desça de novo as taxas de juro em 25 pontos base.

Em 12 de setembro, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Menos de 20% das assembleias municipais são presididas por mulheres

Primeiro anuário das assembleias municipais, revelado esta quarta-feira em Braga, mostra que as mulheres ocupam apenas 30% dos lugares e menos de 20% das presidências destes órgãos do poder local.

Menos de 20% das assembleias municipais são presididas por mulheres. Esta é uma das principais conclusões do primeiro Anuário das Assembleias Municipais, divulgado esta quarta-feira pela Associação de Estudos de Direito Regional e Local (AEDREL).

A radiografia aos 308 municípios mostra uma relevante desigualdade de género e escassez nas verbas próprias. O desequilíbrio é particularmente vincado no primeiro caso, com apenas 2.981 mulheres presentes nas assembleias municipais (AM), em oposição a 6.563 homens. No cargo de presidente das AM, as mulheres estão ainda em menor percentagem, ocupando essa posição em apenas 19,5% dos casos.

Analisando os 3.091 membros das AM eleitos por via indireta, enquanto presidentes de junta de freguesia, a disparidade por género é ainda mais relevante: 84,2% são do sexo masculino, apenas 15,8% são do sexo feminino.

O trabalho apresentado na Universidade do Minho, em Braga, no qual se faz uma análise a estas estruturas de governo local, preenchidas por 9.544 membros ao longo de todo o país, tem um capítulo financeiro onde fica patente outra fragilidade. Apenas 40% das assembleias municipais detêm verba própria para despesas como ajudas de custo e pagamento de senhas aos seus membros. E, das 122 com dotação financeira própria, só 42 dispõem anualmente de mais de dez mil euros na sua dotação financeira.

António de Oliveira, investigador do Centro de Investigação em Justiça e Governação da Universidade do Minho, e Sílvia Silva, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, coordenaram o estudo em que 308 assembleias municipais são analisadas do ponto de vista da organização e funcionamento. A composição por género, a existência de maioria absoluta, descentralização de reuniões, comunicação interna e externa, as instalações e a presença na internet são alguns dos elementos dissecados ao longo desta primeira edição do anuário.

As assembleias municipais têm sido, na prática, um órgão menor do município”, destaca o investigador e coautor, António de Oliveira. “Há muito trabalho a fazer”, para que estes órgãos dos 308 municípios tenham acesso ao “lugar a que têm direito”, diz.

O estudo em números:

68,8%

Os homens ocupam mais de dois terços dos lugares nas AM do país.

80,5%

O desequilíbrio por género é ainda mais vincado no lugar de presidente das AM, cadeira ocupada por mulheres em apenas 19,5% dos casos.

123

O maior número de elementos está na AM de Barcelos. O menor número de lugares encontra-se no Corvo, nos Açores, com 15 elementos.

132

Mais de 40% das AM reúnem-se sempre à sexta-feira.

168

Número de AM cujas sessões se realizam durante a noite; e também a quantidade daquelas que detêm instalações próprias.

234

A maioria absoluta está presente em mais de dois terços das 308 AM do país.

248

Homens são claramente maioritários na presidência das AM, deixando este lugar para apenas 60 mulheres em todo o país.

267

Aceitando-se que a diversidade de opiniões será tendencialmente menor sem oposição, isso verifica-se em 87% das AM.

 

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