Governo propõe subida do salário mínimo no Estado aquém do previsto no acordo

Governo quer aumentar a base remuneratória em 48,67 euros ou 5,9% face ao valor atual. E mostrou abertura para atualizar os restante níveis salariais acima de 2%. Sindicatos defendem, pelo menos, 6%.

O Governo quer aumentar o salário mínimo no Estado em 48,67 euros ou 5,9% para 870,50 euros em 2025. Significa que a base remuneratória da Administração Pública (BRAP) vai ficar 50 cêntimos acima da retribuição mínima definida para o setor privado, de 870 euros, revelou esta quarta-feira a presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, Maria Helena Rodrigues, à saída da primeira ronda negocial sobre a atualização do acordo plurianual com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido.

Mas esta atualização fica aquém da subida de cerca de 52 euros ou de 6,3% que está plasmado no acordo assinado pelas estruturas sindicais da UGT (STE e Fesap) e que o Executivo assegurou que iria cumprir. O ECO questionou o Ministério das Finanças se iria manter ou corrigir a proposta e aguarda uma resposta.

Este encontro ocorre no mesmo dia em que o Conselho de Ministros aprovou o Orçamento do Estado para 2025 e na véspera da entrega da proposta no Parlamento.

“Em relação à BRAP, a proposta é de 870,50 euros. Para já, é o que temos e é o que vamos estudar”, afirmou a líder da Frente Sindical que desvalorizou a diferença curta de 50 cêntimos em relação ao salário mínimo, que consta do acordo assinado entre Governo, patrões e sindicatos. Apenas a CGTP ficou fora deste pacto.

Já o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, foi bem mais crítico e classificou esta proposta de “provocação” por representar apenas uma diferença de 50 cêntimos face ao salário mínimo. O dirigente sindical indicou que “o Governo disse que vai cumprir com o acordo assinado com as outras estruturas sindicais de aumentos de 52 euros ou de 2%” e confirmou que a atualização da BRAP proposta “fica aquém do acordado”.

Do mesmo modo, o secretário-geral da Fesap, José Abraão, considera que “não faz sentido” uma proposta de aumento da BRAP para 870,5 euros, “porque nem sequer cumpre os 52 euros de que está no acordo”. No entanto, o sindicalista reconheceu que, no passado, Marisa Garrido tinha garantido que o Governo iria cumprir com o pacto, pelo que espera um avanço nas próximas reuniões. “O Governo disse que no que diz respeito ao acordo e aos aumentos salariais iria procurar cumprir”, frisou.

Neste momento, a base remuneratória da Administração Pública (BRAP) está nos 821,83 euros mensais brutos, isto é, 1,83 euros acima do salário mínimo no privado. Assim, o Governo pretende encurtar a distância entre o ordenado mínimo do público e do privado para 50 cêntimos.

Esta evolução, de 821,83 euros para 870,50 euros, em 2025, representa uma atualização de 48,67 euros ou de 5,9%, ou seja, é ligeiramente abaixo do salto definido para o privado, de 50 euros ou de 6,1%. Em outubro de 2023, em outubro de 2023, um quinto dos funcionários públicos, isto é, 164 mil trabalhadores em 749,7 mil, ganhavam o salário mínimo possível no Estado.

De lembrar que a BRAP subiu 52,63 euros para 821,83 euros, este ano, face ao valor de 769,2 euros praticado em 2023, o que corresponde a uma variação positiva de 6,8%. O que o Governo propõe agora de uma subida de 48,67 euros ou de 5,9% é menor que o firmado no pacto plurianual para a valorização dos trabalhadores da Administração Pública. Nesse acordo, ficou definido que os trabalhadores seriam aumentados em cerca de 52 euros até 1.754 euros e em 2% no caso de vencimentos superiores.

Para além disso, Santana referiu que, “não havendo alteração às tabelas de retenção na fonte de IRS e das próprias tabelas de IRS, “estes trabalhadores vão passar a pagar IRS por 50 cêntimos”. “Isto é nitidamente uma provocação”, insistiu. No entanto, é preciso lembrar que salários até cerca de 934 euros não fazem descontos e, com a apresentação de despesas à coleta, estes rendimentos também ficam praticamente isentos do imposto.

Frente Comum ameaça com greve geral a 25 de outubro

Quanto aos restantes níveis remuneratórios, segundo Maria Helena Rodrigues, a secretária de Estado mostrou-se disponível para aumentos acima de 52 euros até 1.754 euros mensais brutos e de 2% para montantes superiores, tal como estão definidos no acordo plurianual para a valorização dos rendimentos da Função Pública. O STE, afeto à UGT, defende um impulso remuneratório de 6% para todos. “Sobre essa proposta de 6%, o Governo ficou de estudar. Não há ainda uma decisão. Esta é a primeira reunião”, indicou Maria Helena Rodrigues.

Maria Helena realçou que o Governo referiu que a diferença entre os 2% de aumento, previstos no acordo, e a proposta de 6% é de apenas quatro pontos: “Então, quatro mais dois dá seis, diz o Governo, é uma conta fácil de fazer, o que até nos surpreendeu. Vamos ver até onde podemos ir”, indicou.

A Fesap defende antes uma atualização salarial de 6,5% num mínimo de 85 euros. Mas, no encontro com o Executivo, José Abraão apenas teve a indicação de que a “intenção do Governo é cumprir o que está no acordo”. “Já anteriormente a secretário de Estado tinha dito que o acordo, no que respeita a política salarial seria garantido. Estamos a falar de política de mínimos e o mínimo já foi ultrapassado em 2024 quando em vez de 2% tivemos 3%, não podemos caminhar no sentido dos atuais níveis remuneratórios”, afirmou o líder da Fesap, sublinhando que a estrutural sindical está disponível “25 horas por dia para ser parte da solução”.

“Temos um acordo de mínimos que tem de ser cumprido, para melhorá-lo tem de acontecer como aconteceu em sede de concertação social com os parceiros sociais. Como é que é possível que o maior empregador do país nem sequer dá o exemplo face ao que exige no setor privado”, atirou, classificando o atual acordo de “insuficiente”. Ainda assim, o líder da Fesap diz que “ainda há espaço para a negociação” e acredita que o acordo será aperfeiçoado.

Sebastião Santana, da Frente Comum, mostrou-se mais cauteloso com a “contraproposta” que o Governo deverá apresentar para a semana com atualizações salariais mais ambiciosas: “A proposta em cima da mesa é a da manutenção de um acordo que apelidamos de acordo de empobrecimento, com um aumento de 52 euro ou 2%. Isto não serve de maneira nenhuma para fazer face a um aumento de 23% dos bens alimentares essenciais, e de mais de 50% nos créditos à habitação”. No entanto, o coordenador da Frente Comum também referiu que “o Governo sinalizou que estaria preparado para evoluir na negociação”.

Se a aproximação face às reivindicações da estrutura sindical, afeta à CGTP, de aumentos salariais de 15% com um mínimo de 150 euros, for residual, a Frente Comum ameaça já com uma greve geral. “Esta proposta vai trazer muitos milhares de trabalhadores para Lisboa no dia 25 de outubro. Temos uma manifestação agendada e o Governo vai ser confrontado com a força da administração pública”, sublinhou Santana.

Quanto ao subsídio de refeição, que está, atualmente, nos seis euros por dia, o STE exige uma atualização para dez euros e a Frente Comum defende 10,50 euros. “Não temos ainda a proposta do Governo. Esta foi a primeira reunião. Vamos ter de ver a resposta do Governo na segunda reunião. Em termos remuneratórios, não temos mais do que isto”, apontou Maria Helena Rodrigues. O coordenador da Frente Comum indicou apenas que está à espera da “contraproposta do Governo”.

Nesta primeira reunião para a negociação anual geral, o Governo apenas apresentou uma proposta para a atualização da BRAP sem mostrar o caminho que pretende trilhar em relação aos restantes patamares remuneratórios. Uma vez que o Conselho de Ministros desta quarta-feira já vai fechar a proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2025, Maria Helena foi questionada se não estranha o facto de o Executivo ainda não ter mostrado aos sindicados o desenho da revisão do acordo plurianual, que terá de ter uma dotação no OE.

Mas a líder do STE desvalorizou o timing. “Todos sabemos que o Orçamento do Estado que entra é uma proposta que tem um calendário e o processo da negociação entre os vários partidos e, em princípio, esse processo altera para melhor a proposta e é o que esperamos”, sublinhou.

Para além disso, a sindicalista lembrou que “o OE têm, normalmente, todos os anos uma dotação provisional, que serve para exceções, mas que tem servido, no passado, para acompanhar as atualizações remuneratórias da Administração Pública”, acrescentou.

“Já cá andamos há algum tempo e já fizemos processos negociais depois do Orçamento aprovado. Queríamos ter neste momento não só a proposta de um aumento bom e razoável, mas nunca assim aconteceu, estamos no processo negocial e continuamos a dizer que se houver boa-fé negocial conseguiremos chegar a um ponto”, frisou.

A Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas determina, no artigo 351.º que “a negociação coletiva geral tem periodicidade anual, devendo iniciar-se a partir do dia 1 de setembro”. No entanto, não indica que o processo tem de se iniciar antes da aprovação do OE. “A negociação inicia-se com a apresentação, por uma das partes, de proposta fundamentada sobre qualquer das matérias previstas no artigo anterior, procedendo-se seguidamente à calendarização das negociações, de forma que estas terminem tendencialmente antes da votação final global da proposta de lei do Orçamento do Estado“, de acordo com o mesmo diploma.

Para Sebastião Santana, a decisão de o Governo começar a negociar em plena véspera da entrega do OE é um mau sinal. “Isto revela muito da boa-fé negocial deste Governo. No dia em que aprova o OE, em Conselho de Ministros, é que se senta à mesa com os trabalhadores da administração pública para discutir os aumentos. Isto é um enviesamento”, criticou.

De igual modo, o líder da Fesap frisou que “houve tempo para que este processo tivesse começado a 1 ou 15 de setembro”. “Podíamos ter construído um processo que não tinha que se iniciar agora. O nosso desconforto é evidente”, lamentou José Abraão.

Revisão das carreiras de inspeção e técnico superior de saúde só a partir de 2025

Ainda sem adiantar muitos detalhes sobre a proposta do Governo, a secretária de Estado da Administração Pública voltou a comprometer-se com a atualização das carreiras ainda não revistas, tal como está previsto no acordo plurianual para a valorização da Função Pública que as federações sindicais da UGT assinaram com o anterior Governo socialista, de António Costa.

“Tivemos da parte do Governo uma proposta de reuniões tendo em conta a revisão das carreiras ainda não revistas como as de técnico superior de saúde, das inspeções, da administração hospitalar, das carreias de reinserção social. Já estava no acordo plurianual do anterior Governo e este Governo disse que iria manter”, afirmou Maria Helena Rodrigues. A dirigente sindical considera que “esta questão é relevante” e, por isso, faz “um balanço positivo” do encontro.

De acordo com o calendário apresentado ao STE, o Governo pretende, ainda este ano, rever as carreiras de oficiais de justiça e bombeiros sapadores. Para 2025, serão as de técnico superior de saúde, medicina legal e de reinserção social/reeducação a serem revistas. E, em 2026, avança a atualização das carreiras inspeção.

De recordar que, em julho, a secretária de Estado já tinha assumido que iria rever as carreiras não revistas como as de técnicos profissionais de reinserção social, polícias municipais, técnicos superiores de saúde, administradores hospitalares e de inspetores externos. Mas, entretanto, as negociações ficaram paradas.

O acordo plurianual assinado entre o anterior Governo de António Costa e as federações sindicais afetas à UGT (Fesap e STE) – a Frente Comum, da CGTP, ficou de fora – previa que a revisão dessas carreiras deveria ocorrer durante este ano para produzir efeitos em 2025. No entanto, só as carreiras de oficiais de justiça e de bombeiros sapadores devem avançar já. As restantes serão a partir do próximo ano, tal como indicou a secretária de Estado à Frente Sindical.

Face a este atraso na revisão de algumas carreiras, cujo processo já deveria ter avançado, o líder da Fesap, José Abraão, exige maior celeridade por parte do Governo: “Não aceitamos que um conjunto de carreiras que, até agora, eram prioridade, cujas revisões já deviam ter sido feitas, como a dos técnicos superiores de saúde e como os técnicos da reinserção social, não aceitamos que se empurre para a frente, para 2025 e 2026, sem um calendário definido”.

No final do encontro, o Ministério das Finanças emitiu um comunicado, dando conta que “as propostas iniciais”, apresentadas pelo Governo, “centram-se nas carreiras não revistas que o Governo considera prioritárias para revisão ao longo da legislatura, bem como na Base Remuneratória da Administração Pública para 2025”, mas sem indicar valores concretos para os aumentos apresentados na reunião.

A tutela referiu ainda que “o Governo tem uma visão estratégica para uma Administração Pública competitiva, tendo já sido adotadas medidas com alcance estrutural e estratégico”. “Pretende-se ter uma Administração Pública motivada, competente e eficaz, com serviços públicos de excelência. Para tal, estão a ser criadas condições de atratividade com o objetivo de atrair e reter talento, defendeu.

As próximas reuniões entre as federações sindicais representativas dos trabalhadores da Administração Pública e a secretária de Estado, Marisa Garrido, estão marcadas para dias 16, 21 e 29 de outubro.

(Notícia atualizada pela última vez às 19h46)

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Ordem dos Arquitetos admite “medidas mais duras” face a baixos salários e alta emigração

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

"Dentro das profissões mais qualificadas, que obrigam a um ensino com características diferenciadoras e responsabilidade, somos a profissão pior remunerada", lamenta presidente da Ordem.

Baixos salários e falta de condições de trabalho continuam a levar os jovens arquitetos a emigrar e revelam uma “desvalorização da profissão,” cuja responsabilidade a Ordem atribui sobretudo à inação do Estado, ponderando “medidas mais duras”.

Passado um ano de atividade da nova direção da Ordem dos Arquitetos (OA), o presidente, Avelino Oliveira, faz um balanço de “satisfação” pela dinâmica imprimida à associação profissional neste período, mas de “insatisfação” por não ter conseguido os principais objetivos junto dos decisores do Governo.

“A profissão é paga em Portugal a um quinto ou um sexto do que é paga noutros países europeus”, lamentou o responsável em entrevista à agência Lusa a propósito do primeiro ano do projeto com o lema “Agora, Futuro”, que venceu as eleições da OA para um mandato até 2026.

Cerca de 28 mil arquitetos estão atualmente inscritos na ordem – 22 mil no ativo — com entrada anual de cerca de 800 novos membros, segundo os números recentes. “Cerca de metade dos arquitetos inscritos tem menos de 40 anos”, sublinhou Avelino Ferreira sobre o perfil destes profissionais que, “no início de carreira recebem cerca de mil euros”.

“Dentro das profissões mais qualificadas, que obrigam a um ensino com características diferenciadoras e responsabilidade, ou seja, que obrigam a mestrado e mais um ano de estágio, somos a profissão pior remunerada”, lastimou o presidente da OA, apontando que, a juntar aos baixos salários, muitos arquitetos acumulam variadas funções, uma realidade “muito desmotivadora”.

Avelino Oliveira salientou que esta “desvalorização da profissão continua a empurrar os jovens arquitetos para a emigração, porque não se sentem reconhecidos, nem têm condições para ser autónomos e melhorar a sua vida”, encontrando-se “entre os profissionais que mais emigram”.

O responsável citou dados do Projeto REMIGR – que procura compreender a dimensão e características dos novos movimentos de emigração portuguesa – do Observatório da Emigração e da Fundação Manuel Francisco dos Santos sobre emigração em Portugal entre 2001 e 2020.

Os estudos referem que, neste período de vinte anos, 5,64% dos emigrantes nascidos entre 1970 e 1980 eram arquitetos e designers.

“Estima-se que tenham emigrado neste período 75 mil portugueses, portanto, pelas nossas contas, são pelo menos 2.500 arquitetos, cerca de 10% dos membros ativos da OA”, indicou Avelino Oliveira à Lusa.

Este cenário atual, que coloca os jovens arquitetos “entre as cinco profissões que mais emigram em Portugal, a par dos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas”, é visto como “muito preocupante”, enfatizou o presidente.

Daí a sensação de frustração e insatisfação ao fim de um ano de mandato da nova direção, após vários contactos e reuniões ministeriais: “Não conseguimos os nossos principais objetivos juntos dos decisores do Governo, relacionados com a valorização da profissão e de melhores condições de trabalho dos arquitetos“.

“Nós vamos endurecer as posições se as coisas continuarem assim nos honorários e na desvalorização da arquitetura. Vamos tomar medidas mais fortes”, disse, sem querer, para já, avançar quais.

Para Avelino Oliveira, o quadro atual advém de um percurso de vinte anos de inação de decisores de vários governos, entidades públicas, reguladores, legisladores, autoridades do trabalho e da concorrência.

“Esta emigração é preocupante. Significa que há pouca retenção de talentos no país, e os jovens arquitetos que emigram não estão a regressar porque a situação não mudou”, reforçou o arquiteto formado na Escola do Porto, atualmente a lecionar no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.

Entretanto, a OA criou um projeto chamado Remuneração Justa: “Falámos com os partidos, os grupos parlamentares, os ministérios que nos tutelam, tivemos várias reuniões, instituições que regulam o mercado, a Autoridade da Concorrência, e apresentámos dados. Todos mostraram compreensão e boas palavras, mas de concreto não conseguimos nada”.

Outro dado que veio a público este ano e que a Ordem dos Arquitetos considera preocupante relaciona-se com os honorários da encomenda pública pagos em Portugal: “Em média, o que o Estado encomenda aos arquitetos e engenheiros vale só 1,99% do valor total da empreitada“.

“É um valor abaixo de 2%. Isto é quase tratarem-nos como se fossemos a ‘Loja dos 2 Euros’ e isso preocupa-nos particularmente. É um valor que talvez não diga nada à generalidade da população, mas indica que o próprio Estado é o promotor da concorrência desleal e da desvalorização dos arquitetos. Nós analisámos mais de 100 concursos públicos que representam quase 400 milhões de euros de empreitada”, disse o arquiteto que possui ateliê em Matosinhos.

Ao longo do primeiro ano de mandato, a nova direção também diz ter percorrido o país para conhecer a realidade das carreiras de arquitetos da administração pública e no setor privado, realizando encontros e debates.

“Deparámo-nos com inúmeras questões, algumas delas muito complexas, que necessitam de alteração, porque há colegas que estão a trabalhar em condições e a fazer serviços acumulados. Fazem projetos, são responsáveis por obras, fiscalização, entre outras matérias”, descreveu à Lusa.

Para o presidente da OA, “o nível das carreiras é muito baixo e os arquitetos têm uma responsabilidade acrescida, sendo que as funções que desempenham, extravasam muito as meras carreiras gerais”.

O cenário é insatisfatório, mas — diz Avelino Oliveira — “os arquitetos têm pouca tendência para reclamar: queixam-se muito entre os colegas a baixa voz, mas não se manifestam”.

Neste quadro, a OA criou uma plataforma para propor uma alteração legislativa que quer formalizar até ao próximo congresso dos arquitetos, marcado para maio de 2025, em Évora, no Alentejo.

“Vamos apresentar uma proposta abrangente ao Governo, sobre, não só a remuneração das carreiras públicas, mas também do seu funcionamento. Estamos a começar a ver problemas nalguns territórios, em Portugal, que não têm arquitetos nem para os projetos, nem para a gestão urbanística”, alertou.

Avelino Oliveira diz que “a profissão na administração pública não é atrativa face às condições atuais, e está a começar a acontecer na arquitetura o que já é um problema grave com os engenheiros”.

“Já há falta de engenheiros nas entidades públicas e na administração pública. Na arquitetura está a começar a acontecer o mesmo em certos territórios”, apontou o responsável, relembrando que o setor da construção representa 16% do PIB.

Questionado sobre o ponto da situação das alterações ao estatuto das ordens profissionais, aprovado no parlamento há um ano, em clima de contestação — no caso da OA porque “os atos próprios e exclusivos dos arquitectos são colocados em causa” –, Avelino Oliveira disse não haver novidades, desde então.

“Este Governo prometeu que iria reabrir o processo, mas não o fez”, indicou, acrescentando que os arquitetos estão a aguardar a reabertura “não conformados, mas de certa maneira disciplinados”.

O novo estatuto “cria dificuldades orgânicas, para já, algumas complicadas para vários profissionais e precisa mesmo de ser revisto”, defendeu, indicando que a OA espera a reabertura por parte do Governo até ao final do ano.

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Euribor descem e a três meses tocam mínimo de abril de 2023

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

A Euribor desceu esta quarta-feira a três, a seis e a 12 meses face a terça-feira e no prazo mais curto para um novo mínimo desde abril de 2023.

A Euribor desceu esta quarta-feira a três, a seis e a 12 meses face a terça-feira e no prazo mais curto para um novo mínimo desde abril de 2023. Com as alterações desta quarta-feira, a taxa a três meses, que recuou para 3,223%, continuou acima da taxa a seis meses (3,047%) e da taxa a 12 meses (2,792%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro de 2023, baixou esta quarta-feira para 3,047%, menos 0,011 pontos. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a agosto mostram que a Euribor a seis meses representava 37,6% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,2% e 25,8%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022, também baixou esta quarta-feira, para 2,792%, menos 0,006 pontos do que na terça-feira.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses desceu esta quarta-feira, ao ser fixada em 3,223%, menos 0,042 pontos e um novo mínimo desde 20 de abril de 2023.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em setembro desceu 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

Na mais recente reunião de política monetária, em 12 de setembro, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Ministério Público pede inconstitucionalidade do imposto adicional sobre a banca

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

O Ministério Público pediu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade do imposto adicional sobre o setor bancário, disse à Lusa a PGR.

O Ministério Público pediu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade do imposto adicional sobre o setor bancário, disse à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Fonte da PGR adiantou à Lusa que o Ministério Público no Tribunal Constitucional fez, na passada quinta-feira, dois “requerimentos de generalização” referentes a normas distintas para “obtenção de declarações de inconstitucionalidade com força obrigatória geral” referentes ao imposto adicional de solidariedade sobre o setor bancário.

Este ano, este imposto deverá render aos cofres públicos 38,4 milhões de euros (segundo o Orçamento do Estado de 2024).

Na semana passada, o Público tinha noticiado que o Ministério Público tinha desencadeado este processo para abolir o imposto cobrado sobre os bancos que financia a Segurança Social.

O pedido do Ministério Público vem na sequência de três decisões do Tribunal Constitucional nesse sentido.

Três acórdãos do Tribunal Constitucional deste ano consideraram ilegais normas do adicional de solidariedade sobre a banca, um imposto cobrado desde a crise da covid-19 muito contestado pelo setor, abrindo a porta ao regime poder ser declarado inconstitucional.

O acórdão de 27 de fevereiro considera inconstitucionais normas “no segmento em que se estabelecem as regras de liquidação e pagamento do adicional de solidariedade sobre o setor bancário” com retroativos a 2020.

Outra decisão de 19 de junho julga também inconstitucional normas de retroatividade e ainda inconstitucionais outras normas do regime legal por “violação do princípio da igualdade, na dimensão de proibição do arbítrio, e por violação do princípio da capacidade contributiva, enquanto decorrência do princípio da igualdade tributária”.

Em 2 de julho, um acórdão considera inconstitucionais normas de retroatividade e também outras normas do regime “por violação do princípio da igualdade, na dimensão de proibição do arbítrio, e por violação do princípio da capacidade contributiva, enquanto decorrência do princípio da igualdade tributária”.

Em agosto, a Lusa contactou o Tribunal Constitucional para saber, após estes vários acórdãos, quando pode o regime ser considerado inconstitucional e como se desenrola esse processo.

O Tribunal Constitucional esclareceu que “um juízo de inconstitucionalidade ditado pelo Tribunal Constitucional em sede de fiscalização concreta não tem força obrigatória geral, ou seja, só vale no processo judicial em que é proferido”.

Mas acrescentou que, caso o Tribunal Constitucional venha a julgar inconstitucional a mesma norma em três casos concretos, então “fica aberta a possibilidade de vir a reapreciá-la em processo de fiscalização abstrata sucessiva, normalmente a pedido do Ministério Público”.

A Lusa contactou o Ministério das Finanças para saber se o adicional sobre a banca se vai manter na proposta do Orçamento do Estado para 2025, mas não obteve resposta. A proposta orçamental será conhecida esta quinta-feira, pelo que haverá novidades sobre este imposto.

Da parte da Associação Portuguesa de Bancos (APB), em abril, o presidente, Vítor Bento, disse em entrevista ao Jornal de Negócios que falaria sobre esse tema com o Governo e lembraria ao ministro das Finanças que o adicional de solidariedade já foi considerado inconstitucional.

O adicional de solidariedade sobre a banca foi criado em 2020 como uma contribuição adicional para ajudar a suportar os custos da resposta ao impacto da pandemia da covid-19, sendo a receita obtida dirigida ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social. Até este ano a taxa manteve-se.

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De hospitais a aeroportos, só 40 entidades pediram a instalação de estações de 5G

  • ECO
  • 9 Outubro 2024

Entre as 40 entidades que pediram a instalação de 5G estão hospitais e centros de saúde, universidades, portos e aeroportos, instituições militares, parques empresariais ou industriais.

Apenas 40 entidades pediram a instalação de equipamentos 5G nas suas instalações, avança o Público. Com o regulamento do leilão do 5G, a Anacom estabeleceu que algumas entidades com um papel de relevo na sociedade e economia nacional teriam direito a pedir aos operadores de telecomunicações que colocassem equipamentos 5G nas suas instalações. O objetivo é assegurar uma rede otimizada para as suas necessidades, para garantirem melhores coberturas ou colmatar a falta de rede móvel.

Entre as entidades que pediram a instalação de 5G estão hospitais e centros de saúde, universidades e outros estabelecimentos de ensino superior, portos e aeroportos, instituições militares, parques empresariais ou industriais. Ainda assim, a Anacom não detalhou quais são as 40 entidades.

No total, está prevista a instalação de estações em cerca de 1.000 locais específicos e, segundo a Anacom, grande parte poderão já estar contabilizadas no último ponto de situação sobre o desenvolvimento das redes 5G no país. As instituições interessadas na instalação do 5G tinham o período de dois anos a contar da emissão das licenças de utilização de frequências da Vodafone, Meo e Nos para fazer o pedido. O prazo terminou no quarto trimestre de 2023.

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Novo documentário da HBO alega ter descoberto quem inventou a bitcoin

Documentário do produtor Cullen Hoback identifica Peter Todd, um programador canadiano, como o verdadeiro Satoshi Nakamoto, inventor da primeira criptomoeda.

Um novo documentário da HBO disponível na plataforma Max identifica o programador canadiano Peter Todd como sendo o misterioso Satoshi Nakamoto, o inventor da bitcoin. O próprio rejeita essa alegação.

Há mais de uma década que se especula sobre a verdadeira identidade do criador da famosa criptomoeda. No documentário “Moeda Digital: O Mistério do Bitcoin”, o produtor norte-americano Cullen Hoback recorre a pistas antigas e a novos indícios para chegar à conclusão de que Peter Todd é mesmo o criador da bitcoin, noticia o Politico.

“Parece que tinha todos estes insights profundos sobre a bitcoin na altura?”, pergunta Hoback a Todd no documentário. “Bom, sim, eu sou o Satoshi Nakamoto”, responde o programador, numa reprodução citada pelo jornal.

Mas o Politico também recorda que Peter Todd, um velho conhecido dos entusiastas da moeda virtual, recorreu noutras ocasiões à expressão “Eu sou o Satoshi” de uma forma irónica, em solidariedade pela privacidade do criador da bitcoin.

Contraditoriamente, o próprio Peter Todd terá enviado uma declaração ao site especializado CoinDesk, antes da publicação do documentário, a rejeitar ter sido o inventor da bitcoin: “Claro que eu não sou o Satoshi”, afirmou.

Hoje com 39 anos, Peter Todd teria 23 anos na altura em que foi publicado o white paper que lançou a visão que serviu de base ao desenvolvimento da bitcoin pouco depois.

O Politico explica que o programador esteve bastante envolvido com a comunidade cripto desde muito cedo, quando a bitcoin estava a dar os primeiros passos em 2007/2008, e que comunicava publicamente com Satoshi Nakamoto em fóruns online antes de o misterioso inventor da bitcoin ter desaparecido em 2010.

Mas dificilmente a teoria reunirá um consenso alargado. Ao longo dos últimos anos, várias pessoas alegaram ter descoberto a verdadeira identidade de Satoshi Nakamoto, cuja identidade real já foi atribuída a Craig Wright, Hal Finney, Dorian Nakamoto ou Len Sassaman, entre muitos outros.

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ANA só vai subir taxas aeroportuárias em Lisboa

  • ECO
  • 9 Outubro 2024

A evolução das taxas reguladas no aeroporto de Lisboa em 2025 será de 2,85%, ou seja, mais 0,45 euros por passageiro. Aeroportos da Madeira e Açores sem aumentos.

A ANA – Aeroportos de Portugal pretende aumentar as taxas apenas no aeroporto de Lisboa. A proposta para 2025 é de um aumento de 2,85%, o equivalente a 0,45 euros por passageiros, segundo avança o Negócios. Aeroportos dos Açores e Madeira ficam de fora. A proposta com a atualização das taxas reguladas para 2025 foi apresentada às companhias aéreas e tem agora de ser aprovada pela Autoridade Nacional da Aviação Civil.

A concessionária explica que em 2025 a Receita Regulada Média Máxima (RRMM) que está autorizada a cobrar para os aeroportos do grupo de Lisboa, que inclui o Humberto Delgado e as ilhas, é de 14,63 euros por passageiro, mas a sua proposta é de “não aumentar as taxas reguladas nos aeroportos da Madeira e Açores e apenas atualizar taxas no aeroporto de Lisboa para que a RRMM seja atingida, o que resulta num aumento de 0,18 euros (mais 1,18%) por passageiro”. Mas considerando o impacto da recuperação do erro de estimativa de 2023, a evolução das taxas reguladas no aeroporto de Lisboa será de 2,85%, ou seja, mais 0,45 euros por passageiro.

Para Porto e Faro, a proposta é de uma redução das taxas, de 0,9% e 0,4%, respetivamente. O equivalente a menos 8 cêntimos e 4 cêntimos por passageiro.

A ANA estima atingir os 69,5 milhões de passageiros nos aeroportos nacionais em 2025, uma subida de 17,8% face ao registado em 2019, mas de apenas 2,1% comparativamente com os 68 milhões que tem previsto para 2024. Os sinais de abrandamento no crescimento são mais visíveis em Lisboa.

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Entrevista a José Luís da Cruz Vilaça e Fernando Antas da Cunha. Edição de outubro da Advocatus

  • ADVOCATUS
  • 9 Outubro 2024

Na Advocatus de outubro pode ler a entrevista ao managing partner da Antas da Cunha Ecija e ao sócio fundador da CVA e ainda especiais sobre recrutamento, imigração e o OE2025.

Fernando Antas da Cunha, managing partner da Antas da Cunha Ecija, e José Luís da Cruz Vilaça, sócio administrador e fundador da CVA, falam à Advocatus, pela primeira vez e em exclusivo, sobre a fusão dos dois escritórios.

A área do Direito Europeu e da Concorrência era algo que estava, “há muito, sinalizado, e como sendo crítico para prosseguir a nossa estratégia de sermos uma verdadeira one stop shop”, explica Antas da Cunha. Por outro lado, Cruz Vilaça garante que o seu escritório beneficia “automaticamente das sinergias que se geram pela integração numa grande sociedade full service, que cobre um amplo espetro de valências”.

Fernando Antas da Cunha e José Luís da Cruz Vilaça em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

No mês de outubro será apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2025, que seguirá depois para discussão no Parlamento. Quatro advogados anteciparam o que deve o Governo apostar para o setor da Justiça. Da descentralização e simplificação ao aumento de recursos, vários são os aspetos realçados. Descubra quais num especial dedicado a esta temática.

Nesta edição pode ainda ler um especial sobre a imigração. As novas regras para os imigrantes em Portugal entraram em vigor a 4 de junho e fazem parte do Plano de Ação para as Migrações. Apesar das alterações à lei dos estrangeiros, os escritórios de advogados contactados pela Advocatus revelam que a procura dos serviços nestas matérias não aumentou substancialmente.

AIMALusa

Em setembro começou um novo capítulo nos escritórios de advogados, principalmente para os profissionais que chegaram pela primeira vez ao mercado de trabalho. Cinco das maiores sociedades de advogados do país recebem em média 23 estagiários por ano, segundo números apurados pela Advocatus. E como se processa o onboarding dos recém-chegados ao mercado de trabalho?

David Carvalho Martins é o advogado do mês desta edição. O managing partner da DCM | Littler foi nomeado para integrar a lista de árbitros presidentes do Conselho Económico Social. À Advocatus, explicou que é um desafio “muito estimulante” e “totalmente diferente” das suas atividades profissionais como advogado e docente universitário. Considera que a arbitragem laboral pode contribuir para reduzir a pendência de casos nos tribunais comuns e “alcançar soluções mais céleres e eventualmente menos onerosas”.

David Carvalho Martins, Managing Partner da DCM Littler, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

Vicente Falcão e Cunha, fundador da LisbonLaw, fez um balanço dos primeiros anos do escritório e assume que querem alargar a equipa para poderem dar resposta em algumas áreas específicas. Sem pretensão de se expandirem para outras cidades portuguesas, o fundador garante que é no recrutamento que se centra o principal desafio da firma, uma vez que os profissionais com as “qualidades necessárias” mostram-se “pouco atraídos” por uma carreira numa sociedade de advogados. Descubra todos os pormenores na rubrica sociedade do mês.

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Blip ofereceu licença parental extra e 100% dos novos pais aderiram

Blip oferece três opções: licença parental extra, complemento financeiro ou uma junção das duas políticas. No primeiro ano e meio, novos pais têm preferido tempo extra para cuidar dos filhos.

A tecnológica Blip decidiu oferecer aos mais de 800 trabalhadores que tem sob a sua alçada três meses de licença parental extra ou um complemento financeiro para os novos pais, e todos os trabalhadores que tiveram filhos no último ano e meio aderiram a estes benefícios. Em declarações ao ECO, a empresa explica que o tempo extra tem sido preferido pelos trabalhadores, tanto por eles como por elas.

Foi em janeiro do último ano que a Blip anunciou que iria oferecer aos seus trabalhadores os referidos benefícios. Os trabalhadores passaram a poder escolher entre três meses extra de licença parental financiados pela empresa, um complemento financeiro equivalente a até três salários mensais brutos ou uma junção dos dois.

“Já contamos 73 nascimentos, 40 no ano corrente. O balanço aponta que a tendência natural dos colaboradores é privilegiar tempo extra com as suas famílias: 68% optaram, pelo menos, por um mês extra, sendo que destes, 38% utilizou o máximo permitido pelo benefício, isto é, três meses extra, além do período legal”, revela ao ECO Beatriz Gomes, head of people partnering da tecnológica.

“Em todos os casos de licenças parentais da empresa, o tempo é o denominador comum, algo que pode ser explicado não só pela vontade individual de dedicação total aos filhos, mas também por casos práticos de ausência de algum apoio familiar para o cuidado ou até a dificuldade no encontro de instituições ou creches, o que muitas vezes só pode ser colmatado pela solução de licença alargada”, detalha a mesma responsável.

Um dos nossos maiores indicadores de sucesso desta política é precisamente a total adesão ao programa, não havendo uma diferenciação entre homens e mulheres.

Beatriz Gomes

Head of people partnering, reward & benefits

Estes benefícios estão disponíveis tanto para novos pais, como para novas mães, sendo que “um dos maiores indicadores de sucesso desta política” tem sido a “total adesão ao programa” sem diferenciação entre género, destaca a responsável.

A propósito, Beatriz Gomes salienta que “o facto de a política de parentalidade se direcionar a todos de igual forma, incluindo a elegibilidade até para casos mais excecionais como situações de adoção, é intencional e tem como objetivo mitigar qualquer pressuposto associado a papéis de género“.

De acordo com a investigação de Claudia Goldin, que venceu o Prémio Nobel da Economia em 2023, a diferença entre os ganhos dos homens e das mulheres acontece, sobretudo, aquando do nascimento dos filhos.

Para o homem, ser pai resulta num reforço dos rendimentos — é a chamada “vantagem da paternidade” –, mas para a mulher, ser mãe equivale a mais responsabilidades familiares, mais interrupções na carreira e, à boleia, maior desvantagem salarial — a tal “penalização pela maternidade”, segundo a investigação da laureada, que teve por base o mercado de trabalho norte-americano.

Ora, em declarações ao ECO, a head of people partnering da Blip realça que “as licenças de maternidade têm incentivado o agravamento não só da desigualdade salarial, mas também da forma como partilham a atenção entre progressão na carreira e o cuidado familiar, muitas vezes, tendo de abdicar da primeira para se dedicarem ao segundo“. Daí que, para contrariar essa tendência, a tecnológica tenha oferecido os referidos benefícios a pais e mães, e não apenas a elas.

Queremos provar que é possível conciliar as duas dimensões da vida do colaborador, bem como os benefícios claros que uma estratégia de parentalidade organizada pode ter para o desempenho positivo da própria empresa e o bem-estar a longo prazo dos nossos colaboradores”, adianta Beatriz Gomes.

Benefícios ajudam a fidelizar talento

Além das duas políticas já referidas, no âmbito da parentalidade, a Blip oferece, neste momento, um seguro de saúde extensível ao agregado familiar (de modo gratuito), a possibilidade de utilizar dez dias por ano para apoio à família, um baby kit, um horário flexível e a possibilidade de trabalho remoto (sendo que a lei do trabalho prevê que os trabalhadores com filhos até três anos têm direito a teletrabalho, mesmo sem o “sim” do empregador).

“Políticas de cariz social nas empresas podem desempenhar um papel fundamental na retenção de talento ao oferecer suporte aos colaboradores em momentos chave das suas vidas pessoais, neste caso, durante o período de formação familiar”, argumenta Beatriz Gomes.

Este balanço é feito pela Blip numa altura em que no Parlamento está a ser discutido um alargamento da licença parental. O projeto já foi aprovado na generalidade, mas enfrenta agora alguns obstáculos, com o Governo a avisar que, a avançar, custará 400 milhões de euros.

O programa Parental Choices veio para ficar. Temos fortes evidências de que é valorizado pela comunidade Blip.

Beatriz Gomes

Head of people partnering, reward & benefits

Mas enquanto o enquadramento não muda, a Blip garante ao ECO que vai continuar a oferecer aos seus trabalhadores mais tempo para acompanhar os filhos do que a lei. “O programa Parental Choices veio para ficar. Temos fortes evidências de que é valorizado pela comunidade Blip“, assegura a headof people partnering.

E remata: “para as empresas que ponderam replicar este modelo, o melhor conselho que podemos dar é ouvir e procurar conhecer as necessidades das suas equipas“.

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Hoje nas notícias: Pedro Nuno Santos, SNS e estações 5G

  • ECO
  • 9 Outubro 2024

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Pedro Nuno Santos tem um partido muito dividido sobre o voto contra e a favor na proposta do Orçamento do Estado. O défice do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apurado até agosto é de 332 milhões de euros, o mais alto de sempre para este momento do ano no período de uma década. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta quarta-feira.

Pedro Nuno com bancada dividida, mas círculo mais próximo quer voto contra o OE

Apesar de só avançar com uma decisão final depois de ver a proposta de Orçamento do Estado, Pedro Nuno Santos tem um partido muito dividido sobre o voto contra e a favor. Quanto mais próximos são do líder socialista, maior é a inclinação para o voto contra. Alexandra Leitão admite que a reunião com os deputados do partido foi um “debate construtivo, muito franco e muito útil” e que a reunião “confluiu numa grande confiança na decisão do secretário-geral”. Pedro Nuno Santos explicou aos deputados porque não cede no IRC e insiste em acordo para travar descidas para lá de 2025.

Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

Défice do SNS até agosto é o mais alto da última década

O défice apurado até agosto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é de 332 milhões de euros, o valor mais alto de sempre para este momento do ano no período de uma década, segundo dados da Direção-geral do Orçamento. Este valor evidencia a suborçamentação na Saúde e torna provável que volte a ser necessário recorrer a injeções de capital extraordinárias antes do fim do ano. Apesar do crescimento da receita situar-se nos 7,5%, esta não consegue acompanhar o ritmo elevado da despesa, que cresceu 8,3% até agosto. Quase dois terços da subida de gastos em 2024 deve-se à despesa com pessoal e um décimo da subida com o aumento dos custos com produtos farmacêuticos.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

ANA só vai subir taxas aeroportuárias em Lisboa

A ANA – Aeroportos de Portugal pretende aumentar as taxas aeroportuárias somente no aeroporto de Lisboa no próximo ano. Segundo a proposta de atualização das taxas reguladas, a concessionária explica que em 2025 a Receita Regulada Média Máxima (RRMM) que está autorizada a cobrar para os aeroportos do grupo de Lisboa, que inclui o Humberto Delgado e as ilhas, é de 14,63 euros por passageiro, mas a sua proposta é de “não aumentar as taxas reguladas nos aeroportos da Madeira e Açores e apenas atualizar taxas no aeroporto de Lisboa para que a RRMM seja atingida, o que resulta num aumento de 0,18 euros (mais 1,18%) por passageiro”. A ANA estima atingir os 69,5 milhões de passageiros nos aeroportos nacionais em 2025, o que representa uma subida de 17,8% face ao registado em 2019, mas de apenas 2,1% comparativamente com os 68 milhões que tem previsto para 2024.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

Só 40 entidades pediram a instalação de estações de 5G

Com o regulamento do leilão do 5G, a Anacom estabeleceu que algumas entidades com um papel de relevo na sociedade e economia nacional teriam direito a pedir aos operadores de telecomunicações que colocassem equipamentos 5G nas suas instalações. Mas apenas 40 pediram a instalação, de entre hospitais, universidades, portos e aeroportos ou parques empresariais e industriais. O objetivo era assegurar uma rede otimizada para as suas necessidades, para garantirem melhores coberturas ou colmatar a falta de rede móvel.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Quase metade dos apoios do Governo aos media são para a reestruturação da RTP

O Governo apresentou na terça-feira um plano de medidas de apoio aos órgãos de comunicação social com um custo estimado de pelo menos 79 milhões de euros. Mais de metade desse orçamento é destinada à reestruturação da RTP e ao plano para a eliminação de publicidade da televisão pública, cerca de 37,9 milhões de euros. Só o plano de reorganização e modernização da RTP, que implicará saídas voluntárias de até 250 trabalhadores, terá um custo máximo de 19,9 milhões de euros, que representa mais de 25% de todo o “Plano de Ação para a Comunicação Social”

Leia a notícia completa na Renascença (acesso pago).

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PS sem decisão fechada sobre Orçamento. Vai esperar para ver proposta do Governo

  • Lusa
  • 9 Outubro 2024

A líder da bancada socialista, Alexandra Leitão, garantiu de madrugada que o partido está unido em torno do seu secretário-geral, Pedro Nuno Santos, mas ainda não fechou uma decisão sobre o Orçamento.

A líder parlamentar socialista afirmou esta madrugada que o sentido de voto no Orçamento não está fechado e depende da proposta, garantindo que a bancada está unida quanto à decisão que o secretário-geral vier a tomar.

No final de uma longa reunião do grupo parlamentar do PS, que demorou mais de cinco horas e terminou já de madrugada, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, permaneceu em silêncio e passou a Alexandra Leitão a responsabilidade de falar aos jornalistas.

“O Partido Socialista ainda não tomou, o secretário-geral ainda não tomou uma decisão quanto ao sentido de voto. Quando tomar ela será, em primeiro lugar, anunciada na Comissão Política Nacional”, respondeu a líder parlamentar, enfatizando que “não está fechada a decisão quanto ao sentido de voto” do PS no Orçamento do Estado para 2025.

Não está fechada a decisão [do PS] quanto ao sentido de voto [em relação à proposta de Orçamento do Estado].

Alexandra Leitão

Líder da bancada parlamentar do PS

Alexandra Leitão clarificou que o partido vai esperar pela proposta orçamental que o Governo tem que entregar no Parlamento até quinta-feira. “Foi uma decisão que o senhor primeiro-ministro tomou. Vamos ver o que é que vem no Orçamento. Esse agora é o ponto essencial, é podermos ver o Orçamento”, referiu.

Questionada sobre posições muito diferentes entres os deputados que falaram durante a reunião, a líder parlamentar assumiu que o PS “é um partido muito plural”. “Sobretudo confluiu numa grande confiança na decisão que o secretário-geral venha a tomar, independentemente de uns acharem mais uma coisa ou outra, uma grande confiança na decisão do secretário-geral, uma grande união em torno daquela que vier a ser a decisão do secretário-geral”, assegurou.

A dirigente socialista sublinhou que, apesar das duas linhas vermelhas que o PS traçou, o Orçamento é composto por “centenas de medidas” que os socialistas têm que analisar e “muitas delas não vão ao encontro daquilo que são as políticas públicas e o programa eleitoral do Partido Socialista”.

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Dia de recordes em Wall Street. S&P e Dow Jones tocam novos máximos

  • ECO
  • 9 Outubro 2024

Ao longo desta quarta-feira, 9 de outubro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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