5 coisas que vão marcar o dia

O Parlamento vai debater o Estado da Nação durante cerca de quatro horas. Já o Eurostat vai confirmar a inflação na Zona Euro de junho e o INE divulgar a síntese económica de conjuntura de junho.

  • (Devido a uma alteração de agenda, os resultados da Nos serão apresentados na quinta-feira, dia 18 de julho, e não esta quarta-feira. Pedimos desculpa aos nossos leitores pelo lapso.)

Esta quarta-feira, o Parlamento vai debater o Estado da Nação durante cerca de quatro horas. Já o Eurostat vai confirmar a inflação na Zona Euro de junho e o INE vai divulgar a síntese económica de conjuntura referente ao mês de junho. A marcar o dia está ainda um leilão de bilhetes do Tesouro da IGCP.

Parlamento discute o Estado da Nação

Pelas 9h00, os membros do Executivos e os deputados vão reunir-se na Assembleia da República, durante cerca de quatro horas, para debater o Estado da Nação. Este será o primeiro debate protagonizado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro e deverá ficar marcado por um balanço da governação PSD/CDS-PP iniciada em abril e pelos desafios que se colocam para o próximo Orçamento do Estado, ainda com aprovação incerta.

Eurostat confirma inflação de junho

O Eurostat confirma esta quarta-feira a inflação na Zona Euro de junho. No final do mês passado, a estimativa rápida do Eurostat indicou que a inflação homóloga da Zona Euro desacelerou para os 2,5% em junho, menos uma décima face ao mês anterior. Os serviços terão sido, novamente, a componente com a taxa de inflação mais elevada.

INE divulga síntese económica de conjuntura

O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulga a síntese económica de conjuntura referente ao mês de junho. No relatório mais recente, o indicador de clima económico aumentou em maio, após ter diminuído em abril, enquanto a atividade económica acelerou em abril. A fotografia à conjuntura económica do país apontou para uma aceleração, em volume, dos indicadores de curto prazo em abril na construção e nominal nos serviços e uma aceleração real e nominal na indústria. O INE divulga ainda os índices de preços na produção industrial.

IGCP volta ao mercado com leilão de bilhetes do Tesouro

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) vai realizar esta quarta-feira, pelas 10h30, um leilão de bilhetes do Tesouro (BT) a quatro meses, com um montante indicativo entre 1.000 e 1.250 milhões de euros.

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Indie Campers levanta 35 milhões para ser a “plataforma número um de road trips do mundo”

A startup sedeada em Lisboa tem mais de 500 colaboradores, contando com uma frota de mais de 7.000 autocaravanas em três continentes e 20 países. Ronda foi liderada pela Indico.

Hugo Oliveira, fundador e CEO da Indie Campers.D.R.

A Indie Campers, startup que através da sua plataforma digital oferece opções de viagem em autocaravanas, fechou uma ronda de financiamento de 35 milhões de euros. Presente em mais de 70 localizações, a startup tem como objetivo expandir a sua presença e “tornar-se a plataforma número um de road trips do mundo”. Equipa será reforçada. “Para o escritório de Portugal, vamos certamente ultrapassar as 100 contratações nos próximos dois anos”, diz o CEO.

“Estamos entusiasmados por reforçar a nossa posição como plataforma de referência de road trips a nível mundial. Este investimento permitirá acelerar significativamente o recrutamento de top talent em diversas áreas como produto, tecnologia, data, marketing, entre outras, que são críticas para o sucesso da empresa no futuro”, afirma Hugo Oliveira, o CEO e fundador, citado em comunicado.

A ronda foi liderada pela Indico Capital Partners, com a participação da Cedrus Capital e GED Ventures. “O capital será usado para investir no desenvolvimento tecnológico da plataforma digital, automatização e eficiência das operações e melhoria da experiência do cliente, reforçando a capacidade da empresa de expandir a sua presença global, oferecendo novos produtos e serviços e criando experiências únicas para os seus clientes”, informa comunicado.

“Nos próximos anos, prevemos a contratação de algumas centenas de pessoas em todo o mundo. Em específico para o escritório de Portugal, vamos certamente ultrapassar as 100 contratações nos próximos dois anos, pois queremos aumentar o investimento especialmente no desenvolvimento da plataforma tecnológica em que assenta toda a experiência do cliente e os processos da empresa”, diz Hugo Oliveira ao ECO, quando questionado sobre ambições de crescimento da equipa.

Com uma rede de mais de 70 localizações em todo o mundo, a startup sedeada em Lisboa tem mais de 500 colaboradores, contando com uma frota de mais de 7.000 autocaravanas em três continentes e 20 países.

“Em 2024, começámos a introduzir Inteligência Artificial (IA) em diferentes dimensões da plataforma da Indie Campers. Nomeadamente na agilização de processos internos, melhoria da assistência ao cliente, e otimização dos algoritmos proprietários da Indie Campers. No roadmap, vamos continuar a apostar no uso de IA para fornecer um experiência digital e em viagem cada vez mais personalizada e inovadora”, diz Rui Costa, Chief Technology Officer (CTO), ao ECO.

“A inovação não se prende exclusivamente na adoção de IA. Estamos também a acelerar a disponibilização de novas funcionalidades com vista a definir a plataforma digital de referência para experiências de roadtrips e dinamizar as diferentes vertentes de negócio como o aluguer direto, marketplace, venda direta de caravanas, e novos produtos focados no ecossistema de viagens em movimento”, acrescenta o responsável tecnológico da Indie Campers.

“Estamos entusiasmados em apoiar a Indie Campers. Acompanhamos a empresa desde o início e estamos contentes por termos sido convidados a tornarmo-nos acionistas, lado a lado com o fundador, para esta próxima fase de crescimento. Trata-se de uma história notável de coragem e empreendedorismo, originária de Lisboa e que opera em todo o mundo com muito sucesso”, diz Stephan de Moraes, presidente da Indico Capital Partners, citado em comunicado.

O investimento agora feito é através do Indico R&D & Co-investment VC Fund II – Fundo de Capital de Risco Fechado, apoiado pelo PRR e gerido pelo Banco Português de Fomento, com o apoio financeiro da União Europeia no âmbito do Next Generation EU.

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Como a Martifer deu a volta após estar à beira da falência

Irmãos Martins, com 48% do capital, e a Mota-Engil, com 37,5%, controlam a empresa, que tem a subconcessão dos estaleiros de Viana, onde garante as maiores receitas e tem Mário Ferreira como cliente.

Chegou à bolsa em meados de 2007, embalada pela euforia que antecedeu ao “crash” de 2008. A crise financeira, a pior desde a Grande Depressão, a crise da dívida soberana na Europa e a pandemia, associada a algumas opções estratégicas mal sucedidas atiraram a empresa de construções metálicas e indústria naval controlada pelos irmãos Carlos e Jorge Martins e pela Mota-Engil para uma situação de falência técnica. Após uma verdadeira travessia pelo deserto, a empresa conseguiu voltar ao crescimento. Hoje, a Martifer apresenta resultados sólidos, alicerçados numa carteira de encomendas recorde de 753 milhões de euros, Carlos Martins reforçou a posição acionista, e a Mota mantém-se acionista de referência.

A empresa com sede em Oliveira de Frades, criada em fevereiro de 1990 pelos irmãos Martins, estreou-se no mercado de capital no dia 27 de junho de 2007. Os títulos da empresa, vendidos no intervalo mais elevado nos oito euros por ação, permitiram um encaixe de cerca de 200 milhões de euros com a dispersão de 25% do capital. Capital usado para acelerar o crescimento e a internacionalização. Contudo, uma estratégia de internacionalização demasiado rápida e mal avaliada, impactada pelas várias crises financeiras, aceleraram a dívida da empresa, que chegou aos 600 milhões de euros, e determinaram uma série de sete anos de resultados líquidos negativos, um período no qual acumulou 370 milhões de euros de prejuízos e atingiu capitais próprios negativos.

A recuperação dos resultados demorou vários anos e envolveu um acordo com os bancos para a reestruturação da dívida, focado no desinvestimento de negócios não core e a venda de ativos imobiliários, permitindo à empresa focar-se na sua atividade principal, a construção de estruturas metálicas. Este processo contou sempre com o apoio do parceiro e acionista Mota-Engil, que ajudou a “limpar” prejuízos na empresa, através da injeção de vários milhões para cobrir prejuízos acumulados.

O desinvestimento em ativos não core envolveu a venda de vários ativos da área de renováveis, incluindo a alienação de parques eólicos em Vila Franca de Xira e Baião à Finerge, em 2019, por 23 milhões de euros, e, no mesmo ano, a venda de seis centrais solares fotovoltaicas espanholas também à Finerge, num negócio com um valor semelhante (23,5 milhões).

Estaleiros no centro do turn around

Com o grupo focado em reduzir a dívida, a construção naval foi ganhando maior relevância na geração de receitas do grupo, através da West Sea, que gere os estaleiros de Viana do Castelo, tendo em Mário Ferreira como um dos principais clientes. A Mystic Invest, a “holding” do dono da Douro Azul, constrói os seus navios em Viana, tendo-se tornado, nas palavras de Carlos Martins, citado pelo Negócios, “a ‘trave-mestra’ na transformação destes estaleiros numa referência mundial ao nível da construção de navios de turismo de média dimensão”.

Este processo de recuperação da empresa permitiu um regresso aos lucros em 2017. Um ano mais tarde, a companhia mudou a gestão. Pedro Duarte substitui Carlos Martins como CEO da empresa, com este a passar a chairman, uma escolha feita pelos irmãos Martins e pelo grupo Mota-Engil, detentores do capital do grupo.

Ao longo dos últimos anos, a empresa focou-se nas suas três áreas de atividade – construções metálicas, indústria naval e renováveis – , tendo conseguido fechar importantes contratos, sobretudo na construção de navios a partir dos estaleiros de Viana do Castelo, um segmento onde tem vindo a investir.

Cinco anos depois de ser anunciada, a Martifer avançou finalmente este ano com a construção de uma nova doca seca nos estaleiros navais de Viana do Castelo, destinada à reparação naval e que permitirá captar navios de maior dimensão. Avaliado em mais de 24 milhões de euros, este é o maior investimento do grupo nos últimos 15 anos e deve estar concluído no final de 2025.

Este investimento, indica a empresa no seu relatório & contas de 2023, vai posicionar os estaleiros minhotos como “um dos mais importantes da Europa nesta área e tornar as atividades de reparação e construção naval cada vez mais equilibradas no peso relativo do volume de negócios”.

Nos últimos anos, a Martifer tem dado sinais de recuperação após um período difícil, assegurando contratos de grande relevância.

Henrique Tomé

Analista da XTB

Nos últimos meses, a empresa comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a assinatura de vários contratos relevantes. No final de dezembro, a Martifer assinou um contrato com o Estado para construir seis Navios Patrulha Oceânicos, pelo valor de cerca de 300 milhões de euros. Rubricou ainda o maior contrato individual para a construção de um navio cruzeiro de luxo para o armador japonês Ryobi Holdings (103 milhões) e outro para um navio-hotel a operar pela Australian Pacific Touring (APT) com navegação no rio Douro, com capacidade para 122 passageiros e 38 tripulantes.

“A Martifer demonstrou uma recuperação que podemos considerar sólida nos últimos anos, com esta cotada a conseguir contratos relevantes e a melhorar os seus resultados”, realça João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, ao ECO. Henrique Tomé, analista da XTB, concorda que “nos últimos anos, a Martifer tem dado sinais de recuperação após um período difícil, assegurando contratos de grande relevância“.

Depois de ter regressado aos lucros em 2017, a companhia tem vindo a melhorar resultados. A Martifer registou, no ano passado, lucros de 19,7 milhões de euros, correspondendo a uma subida de 48% em comparação com o ano anterior. 2023 ficou marcado pelo crescimento significativo do negócio, com a carteira de encomendas a disparar 64% para 753 milhões de euros. Deste valor, 507 milhões de euros (67%) são gerados na indústria naval.

Na área das renováveis, a empresa também tem conseguido fechar alguns acordos. “A empresa tem expandido a sua atuação no setor de energia renovável“, diz o analista da XTB, acrescentando que “estes contratos reforçam a posição da Martifer no mercado internacional e destacam a sua capacidade de entregar projetos complexos e de alto valor.”

“As expectativas para o futuro da empresa são positivas, tendo em conta a carteira de pedidos que tem aumentado e a estratégia de diversificação que inclui setores estratégicos como construção naval e energia renovável. A melhoria da saúde financeira da empresa, evidenciada pela redução da dívida líquida e aumento dos lucros, também contribui para o cenário otimista​”, conclui Henrique Tomé.

A Martifer parece deter planos que podem sugerir um futuro mais sustentável, como a expansão da capacidade de reparação naval, o gradual incremento no setor de Renováveis e Energia, e a implementação de projetos estratégicos como o Green.H2.Atlantic para a produção de hidrogénio verde.

João Queiroz

Head of trading do Banco Carregosa

Já João Queiroz refere que, “atendendo ao desempenho financeiro robusto e a implementação de estratégias para crescimento financeiramente sustentável, a expectativa para a Martifer é positiva.” O especialista considera que o grupo industrial “aparenta estar adequadamente posicionado para continuar a sua recuperação e crescimento nos próximos anos, aproveitando para capitalizar, sobretudo, as oportunidades dos mercados de exportação e do setor de energia renovável.”

“A Martifer parece deter planos que podem sugerir um futuro mais sustentável, como a expansão da capacidade de reparação naval, o gradual incremento no setor de Renováveis e Energia, e a implementação de projetos estratégicos como o Green.H2.Atlantic para a produção de hidrogénio verde”, acrescenta o head of trading do Banco Carregosa.

Carlos Martins reforça posição

Os irmãos Martins, que lideram com a Mota-Engil o núcleo duro acionista da companhia, têm vindo a reforçar a sua participação na empresa, mostrando que se mantêm confiantes no rumo do negócio. Na sequência da efetivação da aquisição de 4,2% do capital por 6,28 milhões de euros por parte da sociedade Black and Blue Investimentos, detida pelo chairman Carlos Martins, o empresário passou a controlar 5,4519% do capital da empresa através desta sociedade.

Uma vez que à I’M SGPS, dos irmãos Carlos e Jorge Martins, são imputadas as participações e direitos de voto dos irmãos Martins e da Black and Blue Investimentos, a “holding” controla agora 48 milhões de ações da Martifer, correspondentes a 48,09% do capital e 49,18% dos direitos de voto. Uma participação que se afasta a Mota-Engil, que mantém os mesmos 37,5% do capital. Ainda assim, uma posição incontornável para o futuro da companhia.

A gestão familiar tende a ser mais alinhada com a visão de longo prazo da empresa, potencialmente resultando em decisões estratégicas mais coesas e focadas no fortalecimento da posição da Martifer nos mercados de construção naval e energia renovável. É mais um ponto positivo para a empresa.

Henrique Tomé

Analista da XTB

“Este reforço solidifica o controlo familiar sobre a empresa, afastando-se do segundo maior acionista, a Mota-Engil, que mantém uma participação de 37,5%”, refere Henrique Tomé. Para o analista da XTB, “este aumento da participação dos irmãos Martins deve ser interpretado como um aumento da confiança dos irmãos na capacidade da empresa de crescer e prosperar“.

A gestão familiar tende a ser mais alinhada com a visão de longo prazo da empresa, potencialmente resultando em decisões estratégicas mais coesas e focadas no fortalecimento da posição da Martifer nos mercados de construção naval e energia renovável. É mais um ponto positivo para a empresa”, aponta o mesmo especialista.

Carlos Martins, presidente da Martifer, reforçou a posição na empresa.ARMÉNIO BELO / LUSA 27 maio, 2015

Quanto à parceria entre a Martifer e a Mota-Engil, Henrique Tomé considera que esta “tem sido benéfica para ambas as partes, pois fortalece as posições de ambas as empresas no mercado. Não vemos o reforço de capital por parte dos irmãos como uma ameaça para a Mota-Engil reduzir a sua participação na empresa, dado que também a beneficia“, conclui.

“O reforço dos acionistas maioritários, os irmãos Martins, é um movimento estratégico relevante que pode sugerir o commitement ou compromisso com o projeto. Este aumento do controle pode trazer várias implicações positivas para a empresa, como estabilidade para implementar objetivos de longo prazo e assegurar uma gestão estável e consistente, auxiliando a manter um foco estratégico alinhando as operações com os objetivos de crescimento sustentável”, concorda João Queiroz.

O head of trading do Banco Carregosa adianta ainda que “também contribui para uma maior agilidade na tomada de decisões, sem necessidade de negociações prolongadas com outros acionistas relevantes, sendo vantajoso em mercados e segmentos dinâmicos onde é exigida uma capacidade de resposta rápida.”

Apesar desta melhoria de resultados e da confiança manifestada pelos fundadores da empresa, as ações continuam longe dos níveis a que foram vendidas – oito euros – ou dos máximos em que tocaram (12 euros). As ações da companhia negoceiam atualmente em torno de 1,6 euros, uma cotação que avalia a empresa em torno de 157 milhões de euros.

Para o analista João Queiroz, a melhoria dos seus resultados financeiros, o facto de a empresa estar a reduzir dívida e aumentar o lucro “constituem argumentos positivos que podem indicar uma tendência de recuperação”.

A carteira de encomendas robusta de 753 milhões de euros e um crescimento nas áreas de Construções Metálicas e Indústria Naval pode constituir uma base para bons desempenhos económico-financeiros. Além disso, a expansão no setor de renováveis, especialmente com projetos como o Green.H2.Atlantic, posiciona-a para beneficiar das tendências de “energia limpa e descarbonização”“, antecipa.

“Porém, necessita de incrementar o ritmo de eficiência operacional e de expansão da carteira de encomendas, o que não está isento de riscos, atendendo que poderá envolver assumir mais riscos e aumentar o investimento para conseguir cristalizar um maior crescimento da sua avaliação na bolsa nacional”, atira o especialista.

Henrique Tomé reconhece que “o preço das ações da empresa nunca conseguiu ultrapassar as fortes quedas que resultaram da última grande crise financeira.” “As ações da empresa têm sido pouco atrativas para os investidores, contudo a aparente mudança na estratégia da empresa e os esforços que têm sido feitos até então, podem refletir-se também no preço das ações”, remata.

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Contra-ataque na Ercros “força” Bondalti a melhorar preço da OPA

Investidores da Ercros defendem que o preço oferecido nas OPA da Bondalti e da italiana Esseco não considera o valor justo da empresa. Analistas concordam e antecipam novas ofertas concorrentes.

Está tudo em aberto na disputa pela aquisição da Ercros. Segundo analistas, o preço “muito abaixo do valor intrínseco da Ercros” proposto nas ofertas públicas de aquisição (OPA) da portuguesa Bondalti e da italiana Esseco deixa tudo em aberto na luta pelo controlo da gigante espanhola. Os analistas antecipam o surgimento de outras ofertas e dizem que a Bondalti, se não quiser ficar para trás, terá que melhorar a contrapartida oferecida na operação. Para já, a empresa portuguesa não quer comentar qual será o seu próximo passo, afirmou uma fonte da empresa ao ECO.

O lançamento de uma OPA por parte da química portuguesa sobre a totalidade do capital da Ercros por 3,6 euros por ação [preço entretanto ajustado para 3,505 euros após o pagamento do dividendo de 0,096 euros brutos], colocou a empresa espanhola no radar de outros players do setor europeu, que negoceia em valores deprimidos, tornando as empresas mais fragilizadas vulneráveis a movimentos de concentração.

A italiana Esseco foi a primeira a apresentar uma proposta concorrente à oferta realizada pelo grupo português, propondo-se a pagar 3,84 euros [ajustados para 3,745 euros para deduzir o dividendo pago pela empresa] por cada ação da Ercros, um preço que investidores e analistas continuam a considerar insuficiente para compensar os acionistas pelo potencial de sinergias, que os analistas calculam que ronda os 50 milhões de euros.

“Face aos múltiplos pouco exigentes e ao potencial de sinergias [de 50 milhões de euros], esperamos que ambos os concorrentes melhorem os preços das suas respetivas ofertas” para aumentar a probabilidade de sucesso das OPA, argumenta o analista da Mirabaud, que considera o preço oferecido pelos italianos — 7% superior à contrapartida da Bondalti — “baixo” e que “não partilha o potencial de sinergias com os acionistas da Ercros”.

Bondalti atraiu a atenção de outras partes interessadas na Ercros dada a sua posição dominante no mercado espanhol.

Jose Ramon Ocina

Analista da Mirabaud

A OPA da “Bondalti atraiu a atenção de outras partes interessadas na Ercros dada a sua posição dominante no mercado espanhol“, comenta Jose Ramon Ocina, analista da Mirabaud, numa primeira reação à OPA lançada pela Esseco no passado dia 28 de junho.

O banco de investimento, que avalia a empresa com um preço-alvo de 4,55 euros — um “target” que diz não incluir as potenciais sinergias que poderão resultar da concentração de ativos num grande grupo — , refere que este é “um excelente timing para ambas as ofertas“, com o setor sob pressão.

Depois de ter fechado o último ano com uma faturação de cerca de 750 milhões de euros e lucros de 27,5 milhões de euros, a empresa espanhola comunicou ao mercado que deverá passar de lucros de 16,5 milhões de euros a prejuízos de 2 milhões na primeira metade do ano, arrastada pela crise que afeta o setor.

O mau momento dos resultados tem-se refletido no preço das ações, que negociavam 40,6% abaixo do preço oferecido pela Bondalti aquando do lançamento da OPA. Os títulos, entretanto, reagiram à oferta concorrente lançada pela empresa italiana, tendo mesmo chegado a negociar acima dos 3,84 euros oferecidos na OPA da Esseco, mas permanecem abaixo das avaliações dos analistas para a empresa e do máximo de 4,80 euros fixado em abril de 2023.

A oferta da Esseco também não reflete o valor intrínseco da Ercros e deixa a porta aberta a novas ofertas.

Analistas da Lighthouse

“A oferta da Esseco também não reflete o valor intrínseco da Ercros e deixa a porta aberta a novas ofertas“, defende a LightHouse, que avalia a Ercros com um target de 4,70 euros, num comentário feito pelos analistas após a divulgação da nova oferta sobre o capital da empresa espanhola.

Os especialistas dizem que o preço “está muito abaixo do valor intrínseco da Ercros considerando o potencial de geração de free cash flow“, que “‘força’ a Bondalti a melhorar a sua oferta”.

Os mesmos especialistas referem que, uma vez que consideram que a Ercros poderá ser um excelente parceiro estratégico para ambas as empresas, em termos de produtos e geograficamente, “o nosso cenário base mostra-nos o preço [das ofertas] a subir e uma ‘guerra de preços’ é altamente provável”.

Investidores “rejeitam” ofertas

A opinião dos analistas está em linha com a posição da administração e dos investidores da empresa. Os acionistas que participaram na assembleia-geral de acionistas, que decorreu no passado dia 28 de junho, já após ter sido conhecida a segunda oferta sobre a Ercros, manifestaram que o preço oferecido em ambas as operações subavalia o negócio da química espanhola.

“Valorizamos os nossos ativos e o nosso património líquido. Oferecer 4,40 euros por ação era o mínimo para se pegar no telefone”, afirmou um dos proprietários, citado pelo El Economista. “Estas OPA não têm nenhuma possibilidade de sucesso. Subestimam completamente a empresa”, acrescentou Joan Casas, um dos maiores acionistas da empresa que, com a sua mulher, controla cerca de 10% do capital.

Estas OPA não têm nenhuma possibilidade de sucesso. Subestimam completamente a empresa.

Joan Casas

Investidor da Ercros

Em resposta aos investidores, o chairman e CEO da Ercros, Antonio Zabalz, disse: “O futuro da OPA depende dos acionistas. Se não gostarem, votem contra”. Ao contrário da oferta portuguesa, que foi “não solicitada” e “não acordada.” Zabalz adiantou ainda que “houve conversações entre assessores da Ercros e assessores da Esseco”.

O desfecho das ofertas será decidido pelos pequenos investidores, uma vez que menos de 21% das ações correspondem a participações superiores a 3% do capital. O advogado Víctor Manuel Rodríguez Martín, que liderou importantes revoltas de pequenos investidores à frente da Ercros, tornou-se o maior acionista da química espanhola, no passado dia 11 de março. O investidor, que considera o valor da oferta “baixo”, passou a controlar mais de 6% da companhia que a empresa portuguesa quer comprar.

Apesar de o advogado ser o maior investidor individual, o casal Joan Casas Galofré e Montserrat García Pruns (6,015% mais 3,61%) controla, em conjunto, perto de 10% do capital da empresa. Já o fundo norte-americano Dimensional Fund, participado pelo ex-ator e governador Arnold Schwarzenegger, detém 4,99%.

“A estrutura acionista atomizada da Ercros e a baixa liquidez da ação aumenta as hipóteses de sucesso da oferta mais atraente”, antecipa a Mirabaud.

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TCE aconselha UE a repensar hidrogénio verde. Acusa metas “demasiado ambiciosas”

Tribunal de Contas Europeu analisou ambições europeias de produção e uso do hidrogénio verde. Entende que é preciso repensar a estratégia e o financiamento, sem descurar a competitividade.

“É pouco provável” que a União Europeia consiga cumprir com os objetivos que fixou para a produção e importação de hidrogénio renovável até 2030, prevê o Tribunal de Contas Europeu, que considera as metas “demasiado ambiciosas” e insta a que se faça uma revisão da estratégia europeia para este gás renovável. Portugal surge como o único Estado membro entre os de maior potencial que, no passado outubro, tinha projetos em fase avançada ou com estudo de viabilidade.

Recomendamos uma atualização da estratégia para o hidrogénio baseada numa avaliação cuidadosa”, afirmou Stef Blok, o membro do TCE responsável pelo relatório “Futuro do hidrogénio na UE: da propaganda à realidade”, numa conferência de imprensa na qual apresentou o documento. “A União tem de traçar o caminho a seguir para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas sem prejudicar a competitividade das suas principais indústrias nem criar novas dependências estratégicas“, acrescentou.

Na visão do Tribunal de Contas, a Comissão foi até agora “parcialmente bem-sucedida”, na medida em que conseguiu criar um enquadramento legal que já foi em grande parte adotado. No entanto, deteta várias falhas na presente estratégia.

As metas de produzir 10 milhões de toneladas de hidrogénio renovável e importar outros 10 milhões de toneladas até 2030 “não resultam de uma análise rigorosa, mas sim da vontade política”, acusa o TCE. O Tribunal acredita que a procura não vai chegar aos 10 milhões, e “muito menos os 20 milhões de toneladas inicialmente previstos pela Comissão”.

“Pedimos à Comissão que assuma o seu papel de coordenação”, apelou Blok, considerando que cabe a esta entidade o desenho de um roadmap para o Velho Continente, com base na informação prestada por cada um dos Estados membros nos respetivos planos nacionais para a Energia e Clima. A execução torna-se mais difícil porque “a Comissão não conseguiu que os países e o setor industrial remassem na mesma direção”, lê-se no comunicado de imprensa que acompanha o relatório.

Em particular, a Comissão Europeia ainda não desenvolveu um regime de “contratos para diferenciais de carbono”, apesar de previsto na estratégia. A finalidade destes contratos é conceder subvenções às empresas que mudam para um processo de produção respeitador do clima, a fim de lhes permitir serem competitivas quando concorrem com empresas que utilizam tecnologias convencionais.

O responsável do TCE entende que, no momento de repensar a estratégia, é necessário decidir “que indústrias a UE quer manter e a que preço”, balançando as implicações da produção de hidrogénio na União Europeia face à respetiva importação. Em segundo lugar, há que escolher em que partes da cadeia de valor do hidrogénio faz sentido concentrar os esforços e, por fim, devem ser calibrados os incentivos para a produção e uso deste gás renovável.

"A Comissão não tem uma visão completa das necessidades nem dos fundos públicos disponíveis.”

Stef Blok

Membro do Tribunal de Contas Europeu

Em paralelo, o TCE afirma que é importante discutir como se avança no hidrogénio verde “sem criar novas dependências em relação a países fora da UE”. O Tribunal vê potenciais dependências em produtos que exigem muita energia para serem produzidos, como aço, fertilizantes e químicos, assim como os respetivos subprodutos.

O financiamento também levanta dúvidas, num quadro em que “as necessidades de investimento são enormes”, sublinha Blok. “A Comissão não tem uma visão completa das necessidades nem dos fundos públicos disponíveis” afere o mesmo Tribunal. Em paralelo, os apoios de 18,8 mil milhões de euros que o TCE estima terem sido distribuídos pela Comissão entre 2021 e 2027 estão espalhados por vários programas, o que torna difícil às empresas perceberem qual o apoio que melhor serve as suas necessidades.

Portugal mais avançado

“Entre os [Estados membros] que têm bom ou elevado potencial de produção de energias renováveis, apenas Portugal tinha projetos em fase avançada ou que já tinham um estudo de viabilidade”, em outubro de 2023, lê-se no relatório.

Por cá, são conhecidos vários projetos, que estão essencialmente concentrados na zona de Sines, Nazaré e no norte do país, perto das grandes indústrias. Só em Sines, os projetos de hidrogénio verde, sob gestão da AICEP Global Parques, representam de momento cerca de 9 mil milhões de euros de investimento. Neste “bolo” incluem-se projetos da EDP, Galp, Fusion Fuel, Smartenergy, Neogreen Portugal, Keme Energy, Winpower, REN, H2Greensteel, Madoqua, Iberdrola e Repsol.

Apesar do largo número de projetos, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, avançou no final de maio que o Governo irá rever em baixa as metas que estavam definidas para o hidrogénio verde, no âmbito do Plano Nacional de Energia e Clima, que deverá ser entregue em breve a Bruxelas. Até ao momento, a estratégia prevê a instalação de uma capacidade entre 2 a 2,5 gigawatts, assim como a injeção de 10 a 15% de hidrogénio verde nas redes de gás natural.

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Michel lembra a Orbán que não tem poder para representar UE no estrangeiro

  • Lusa
  • 16 Julho 2024

"A presidência rotativa do Conselho não tem qualquer papel na representação da União na cena internacional e não recebeu qualquer mandato do Conselho Europeu", escreveu Michel.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lembrou esta terça-feira o primeiro-ministro húngaro que a presidência rotativa da União Europeia (UE) “não tem qualquer papel na representação na cena internacional”, após a polémica viagem de Viktor Orbán à Rússia.

“A presidência rotativa do Conselho não tem qualquer papel na representação da União na cena internacional e não recebeu qualquer mandato do Conselho Europeu para atuar em nome da União. Deixei isto claro mesmo antes da sua visita a Moscovo, o que foi de seguida reiterado pelo alto representante [para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep] Borrell na sua declaração de 5 de julho”, afirmou Michel numa missiva enviada a Orbán e à qual a agência Lusa teve acesso.

Uma semana depois de o primeiro-ministro húngaro ter garantido ao presidente do Conselho Europeu que não foi à Rússia em nome da UE, mas para conhecer “em primeira mão” a visão russa sobre paz na Ucrânia, após a guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, Michel escreveu a Orbán para fazer “observações e esclarecer as coisas”.

“Em primeiro lugar, a posição da UE sobre a Ucrânia é acordada por consenso pelo Conselho Europeu e foi confirmada mais recentemente em junho. Nós, a UE, reiterámos o nosso compromisso inabalável de apoiar a Ucrânia e o seu povo durante o tempo que for necessário e com a intensidade que for necessária e prestámos apoio à Ucrânia para se defender da guerra de agressão da Rússia e para proteger a segurança europeia”, vincou.

Acresce que “não posso aceitar a sua afirmação de que conduzimos uma ‘política pró-guerra'”, acrescentou o responsável, vincando que “se passa é exatamente o contrário”, isto é, “a Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima que exerce o seu legítimo direito à autodefesa”. Além disso, “nenhuma discussão sobre a Ucrânia pode ter lugar sem a Ucrânia” e “o caminho mais direto para a paz é a Rússia retirar todas as suas forças da Ucrânia e respeitar a integridade territorial da Ucrânia e a Carta das Nações Unidas”, adiantou Charles Michel na carta acedida pela Lusa.

A anterior missiva surgiu após as críticas de Michel pela visita de surpresa de Orbán a Moscovo, por esta não ser uma representação da UE quando a Hungria detém este semestre a presidência rotativa do Conselho, mas sim uma iniciativa bilateral. Indiferente às críticas, Viktor Orbán assegurou nessa primeira carta, a que a Lusa também teve acesso, que irá prosseguir as suas “conversações com o objetivo de clarificar as possibilidades de paz”.

A posição de Michel surge dias depois de os embaixadores dos países junto da UE terem discutido o papel da presidência húngara rotativa do Conselho, perante uma preocupação crescente nas capitais sobre as polémicas deslocações de Orbán. A 1 de julho, a Hungria assumiu a presidência rotativa do Conselho da UE, que vai liderar até final do ano, e desde então o primeiro-ministro húngaro já realizou deslocações oficiais à Ucrânia, à Rússia, ao Azerbaijão e países vizinhos e à China, tendo ainda mantido contactos com a Turquia.

As visitas, e sobretudo o encontro em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, geraram várias críticas em Bruxelas e as garantias de que as iniciativas têm ocorrido no quadro das relações bilaterais e não em representação europeia.

Perante as recentes polémicas, algumas bancadas parlamentares (como os liberais) sugeriram encurtar estes seis meses de presidência e passar já a rotatividade da presidência do Conselho da UE à Polónia, que seria a seguir, enquanto alguns Estados-membros (nomeadamente os bálticos) estão a decidir ser representados por funcionários e não por governantes nas reuniões informais em Budapeste, como forma de protesto.

Portugal tem optado por enviar secretários de Estado para as reuniões informais em Budapeste (já se realizaram de Mercado Interno e Indústria, de Ambiente e de Energia).

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INEM “está hoje em pré-colapso”, alerta sindicato

  • Lusa
  • 16 Julho 2024

Situação no INEM é "muito mais grave" do que o que tem vindo a público, alerta sindicato, antes de acrescentar que ainda não avançou com uma greve "numa tentativa de não piorar" a situação.

O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) afirmou esta terça-feira que a situação no INEM “é muito mais grave do que o que tem vindo a público” e admitiu a convocação de uma greve.

A situação no INEM é muito mais grave, infelizmente, do que o que tem vindo a público. Nós recebemos denúncias diárias de atrasos superiores a uma hora e a duas horas só no envio de ambulâncias. Diariamente estão várias dezenas de chamadas nas centrais do INEM para serem atendidas à espera de uma resposta, o que tem consequências diretas na vida e, infelizmente, na morte dos portugueses”, afirmou Rui Lázaro, após uma reunião com a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, na sede do partido, em Lisboa.

Em declarações aos jornalistas, Rui Lázaro alertou que “ou se inicia já esta retoma, este inverter da degradação que se tem verificado, ou as consequências vão piorar nos próximos dias”. “Estamos numa altura de verão, numa altura em que os serviços de emergência médica são muito solicitados. As medidas são para ontem, porque amanhã pode já ser tarde”, alertou.

O responsável avisou que a emergência médica no país “está hoje em pré-colapso” e que o sindicato ainda não avançou com uma greve “numa tentativa de não piorar” a situação. Para este sindicato é importante que “a tutela, nomeadamente através do reforço e da valorização da carreira de técnico de emergência pré-hospitalar, possa dar um sinal que seja suficientemente atrativo para atrair os técnicos” para os concursos.

“Os últimos concursos ficaram praticamente vazios. Não há melhora no tempo de resposta das ambulâncias, nem diminuição das chamadas de espera nas centrais, se a carreira destes técnicos não for valorizada. Portanto, será uma questão de tempo até agendarmos greve se nada for feito nos próximos dias, nas próximas semanas”, frisou.

Momentos depois, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, anunciou que o seu partido vai votar contra o Orçamento do Estado para 2025, criticando várias das medidas adotadas pelo executivo PSD/CDS-PP, nomeadamente na saúde.

A prestação da ministra da Saúde é um desastre. A prestação deste Governo no campo da saúde é um desastre. Foram comprados conflitos com quase todos os setores profissionais, com administrações hospitalares, com presidentes de institutos e instituições importantes do SNS, sem trazer nenhuma resposta e o que está em curso é um plano de privatização da saúde”, criticou.

A coordenadora do BE, que esteve esta tarde reunida com diversos sindicatos do setor da saúde, representativos de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de emergência pré-hospitalar, entre outros, criticou a “atitude predatória do privado face ao público”.

O facto de o SNS recorrer de forma excessiva ao privado é um fator de desorganização do próprio SNS e é um fator de desperdício de recursos públicos do próprio SNS”, considerou. Outra das conclusões que Mariana Mortágua disse ter retirado da reunião foi a de que “o plano de emergência apresentado pela ministra da Saúde não é plano nenhum e não resolve qualquer emergência”.

A bloquista defendeu também que “não é possível resolver o problema do SNS sem carreiras e salários”. “Sem carreiras o que se está a dizer é que o SNS cada vez mais depende de tarefeiros. Ora, os tarefeiros são uma fonte de desorganização do próprio SNS, como estamos cansados e cansadas de saber. E por isso, a terceira conclusão que sai desta reunião é a conclusão mais óbvia: para resolver o problema do SNS é preciso responder a carreiras e a salários das pessoas que trabalham no SNS”, sustentou.

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ASF explica o que são planos de pensões

  • ECO Seguros
  • 16 Julho 2024

Este conteúdo programático está na segunda série, dedicada exclusivamente a fundos de pensões, do projeto de literacia financeira "Descodificador"

A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) continua a apostar em literacia para os seguros com a divulgação de um vídeo onde explica o que são planos de pensões no âmbito do programa de literacia financeira “Descodificador”, incorporado no site ‘Portal do Consumidor’. Este é o segundo vídeo da segunda série do “Descodificador” que é dedicado ao tema dos fundos de pensões.

No último conteúdo pedagógico divulgado “Plano de Pensões” a ASF explica que “é o conjunto de regras que define os benefícios da reforma atribuídos e as condições para os receber”. Estes estão divididos entre planos com benefício definido – quando os “benefícios são previamente definidos e as contribuições calculadas de forma a garantir o seu pagamento” – e de plano de contribuição definida – “condições estão previamente definidas e os benefícios dependem dos valores dessas contribuições e dos rendimentos acumulados”.

O “Descodificador” conta com mais cinco vídeos: “Fundo de Pensões”, “Seguro de Saúde vs Plano de Saúde”, “Franquia”, “Período de Carência” e “Período de carência”

No Portal do Consumidor encontram-se projetos de literacia financeira, desde “Perguntas Frequentes”, onde se esclarece as principais dúvidas que revolvem sobre o setor, passando pela “Academia do Consumidor”, onde se destaca o “Descodificador” e “Brochuras informativas”, até a agregação da legislação relevante sobre a indústria.

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MP acusa 44 arguidos “de esquema” para reduzir pagamento de IVA na revenda de carros

  • Lusa
  • 16 Julho 2024

“Através desta atuação” os 44 arguidos transacionaram 1.782 viaturas beneficiando indevidamente do regime especial de IVA, causando prejuízos ao Estado no valor de 4,4 milhões de euros.

O Ministério Público (MP) acusou 24 pessoas e 20 sociedades de entre 2019 e 2023 “desenvolverem um esquema” para reduzir o pagamento do IVA devido pela revenda de carros que compraram, em segunda mão, na União Europeia.

Na sua página oficial de internet, a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGR-P) adiantou esta terça-feira que “através desta atuação” os 44 arguidos transacionaram 1.782 viaturas beneficiando indevidamente do regime especial de IVA, causando prejuízos ao Estado no valor de 4,4 milhões de euros, valor que o MP requereu que fosse declarado perdido a favor do Estado. “Para garantia de tal valor foram requeridos e decretados arrestos ao património dos arguidos”, sublinhou a procuradoria.

Segundo a PGR-P, os proveitos do crime eram usados na compra de bens para si ou para terceiros. Os 44 arguidos estão acusados pela prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal simples e qualificada e branqueamento. Além disso, cinco dos arguidos respondem ainda por corrupção ativa, um outro arguido está também indiciado por corrupção passiva e abuso de poder e um outro por um crime de detenção de arma proibida.

De acordo com a acusação, entre o início de 2019 e 2023, 12 das 24 pessoas agora acusadas dedicaram-se à comercialização de automóveis em segunda mão que adquiriram, na sua maioria, em países da União Europeia e desenvolveram um esquema para diminuir o pagamento dos montantes de IVA devidos pela revenda desses.

Segundo a procuradoria, “tal esquema assentou em diversas formas de atuação”, nomeadamente falseando os requisitos formais exigidos pelo Regime Especial de Tributação dos Bens em Segunda Mão, Objetos de Arte, de Coleção e Antiguidades, adulterando a forma de cálculo do IVA devido, fazendo constar das faturas que emitiam em nome das sociedades, e subsequentemente declarado, um valor inferior ao preço efetivamente cobrado e ocultando na totalidade os valores recebidos pelo preço de venda dos veículos.

“Com a colaboração dos restantes 12 arguidos constituíram também várias das sociedades arguidas, as quais não apresentavam qualquer atividade empresarial real, pois que serviram tão só como intermediárias do circuito de faturação das aquisições, a funcionar entre os primitivos vendedores e as sociedades geridas por aqueles primeiros arguidos ou em nome individual, os quais, enquanto reais revendedores e beneficiários, as comercializavam e faturavam ao cliente final”, explicou.

De entre esses colaboradores constam dois contabilistas certificados, a quem competia a organização dos documentos necessários e a constituição das sociedades intermediárias, e um funcionário da Autoridade Tributária e Aduaneira, a exercer numa delegação aduaneira da zona Norte que devido aos seus conhecimentos, informação, acessos e credenciais profissionais viabilizava o acesso e a resolução das questões relativas à legalização das viaturas em território nacional, especificou a procuradoria.

De acordo com a PGR-P, este funcionário atuou “em violação dos seus deveres funcionais e mediante contrapartidas patrimoniais, nomeadamente bilhetes para um jogo de futebol”. Um dos arguidos, que será o principal impulsionador do negócio, encontra-se sujeito à medida de coação de obrigação de permanência na habitação, concluiu a procuradoria.

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UTAO avisa que impacto das medidas do Governo é “crucial” para o excedente

Unidade Técnica de Apoio Orçamental assinala que impacto orçamental das medidas de política do Executivo irá ser crucial para conseguir ou não o objetivo anual de excedente de 0,3%.

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) alertou esta terça-feira que o impacto das novas medidas de política do Governo é “crucial” para atingir o excedente orçamental de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para este ano.

No relatório sobre a execução orçamental, em contabilidade nacional, a unidade coordenada por Rui Nuno Baleiras assinala que o ligeiro défice de 0,2% do PIB no primeiro trimestre deve ser lido com cautela, uma vez que ainda não permite tirar ilações sobre o desempenho na globalidade de 2024.

“Deve ter-se em conta que a execução dos primeiros três meses do ano não inclui o impacto orçamental da adoção de novas medidas de política que irão penalizar o saldo orçamental até final de 2024, como a recuperação do tempo de serviço de docentes, o aumento no subsídio de risco dos agentes das forças de segurança, a isenção de IMT e Imposto de Selo nas aquisições residenciais para os jovens até 35 anos e outras entretanto anunciadas, que não se encontravam previstas no cenário orçamental do Programa de Estabilidade 2024–28″, aponta.

Neste sentido, considera que “uma antevisão razoavelmente fiável do resultado orçamental a observar no final de 2024 terá de aguardar pelo apuramento da execução nos dois próximos trimestres”, mas adverte “num cenário orçamental globalmente menos favorável, o impacto das novas medidas de política não previstas no Programa de Estabilidade 2024–28 é crucial para atingir o objetivo anual”.

“Na história recente das finanças públicas, os resultados orçamentais beneficiaram da forte recuperação económica e do “imposto inflação”, que impulsionaram a receita fiscal e contributiva, bem como do aumento dos fundos comunitários, no contexto do PRR e dos fundos da política de coesão”, recorda.

Receita fiscal supera previsão para conjunto do ano

Os técnicos de apoio aos deputados recordam ainda que a receita fiscal cresceu 6,2% nos primeiros três meses do ano, destacando que supera “globalmente a previsão para o conjunto do ano e representando um pouco menos de metade (48,1%) do crescimento da receita total”, cujo ritmo de crescimento (7,3%) foi superior ao objetivo do Programa de Estabilidade de 6,3%.

A evolução favorável do mercado de trabalho impulsionou os impostos diretos e as contribuições sociais, compensando a subexecução das restantes componente”, pode ler-se no relatório.

Já a despesa primária, isto é líquida de medidas temporárias e não recorrentes, cresceu 11,1% no primeiro trimestre, em termos homólogos, “ficando acima dos objetivos anuais” implícitos à proposta do Orçamento do Estado para 2024 (10,4%) e ao Programa de Estabilidade 2024–28 (9,6%).

Também as prestações sociais, os subsídios e as despesas com pessoal subiram a um ritmo superior ao previsto nos objetivos do Orçamento e do Programa de Estabilidade.

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot é de 38 milhões de euros

  • ECO
  • 16 Julho 2024

O jackpot desta terça-feira ronda os 38 milhões de euros, depois de não terem sido registados vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Com um primeiro prémio no valor de 38 milhões de euros, decorreu esta terça-feira mais um sorteio do Euromilhões. O valor do jackpot voltou a subir depois de não ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta terça-feira, 16 de julho:

Números: 2, 32, 35, 36 e 39

Estrelas: 7 e 8

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Ex-adjunto de Galamba alvo de buscas e constituído arguido

  • ADVOCATUS e Lusa
  • 16 Julho 2024

Os inspetores procuraram um rasto digital ou de suporte físico dos documentos classificados, que contém segredos de interesses do Estado. Frederico Pinheiro foi constituído arguido.

O ex-adjunto de Galamba, Frederico Pinheiro, foi alvo de buscas domiciliárias esta terça-feira por parte da Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ) e do DIAP de Lisboa, avança a CNN Portugal. Em causa estarão vários crimes, entre eles o acesso ilegítimo a documentos classificados. Frederico Pinheiro foi também constituído arguido, disse à Lusa fonte conhecedora do processo.

Segundo avança a CNN Portugal, as perícias da PJ concluíram que Frederico Pinheiro fez uma cópia aos planos de recuperação da TAP e de localização do novo aeroporto antes de devolver o computador ao Estado através de agentes do Serviço de Informações de Segurança (SIS). Nas buscas, os inspetores procuraram um rasto digital ou de suporte físico dos documentos classificados, que contém segredos de interesses do Estado em áreas essenciais.

Na comissão parlamentar de inquérito à TAP, o ex-adjunto de Galamba já tinha admitido ter copiado informação que estava no seu computador portátil de trabalho, mas nunca revelou ter feito uma cópia completa do dispositivo, que continha diversos documentos em segredo de Estado.

Fonte ligada ao processo disse à Lusa que Frederico Pinheiro foi constituído arguido. Contactado pela Lusa, o ex-adjunto do gabinete do ministro João Galamba afirmou apenas: “Sou um cidadão que cumpre a lei, nomeadamente o segredo de justiça”.

Em abril de 2023, Frederico Pinheiro foi exonerado de funções por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades” inerentes ao exercício das funções. Frederico Pinheiro é visado na troca de informações divulgada na comunicação social sobre a polémica na TAP.

(Notícia atualizada às 21h15)

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