#24 O Adeus da Alemanha, Portugal, Turquia e Suíça

O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.

A UEFA deve estar contente. É certo que já não há Alemanha, Portugal e Itália (somente pelo nome), mas a verdade é que as meias-finais do Euro 2024 apenas tem “grandes” seleções: Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos. Não significa de todo melhor futebol, mas muito provavelmente significa mais audiência e mais dinheiro. Deste lote, a Espanha é a equipa mais forte e porventura a única que dá mesmo prazer assistir(desconto nos Países Baixos). Uma final entre França e Inglaterra traz sempre pessoas, porém não seria muito agradável do ponto de vista do espetáculo. O outro emparelhamento possível é mais interessante. Visto que falta algum tempo para a primeira meia-final – França x Espanha no dia 9 de junho – podemos dar um olho sobre as equipas que foram eliminadas nos quartos-de-final.

Os 4 eliminados

E a Alemanha foi para… “casa”

Depois de terem sido eliminados na fase de grupos do Mundial 2022 e nos oitavos-de-final do Euro 2020, a Alemanha volta a jogar bom futebol e deu sempre a ideia de um verdadeiro candidato ao título. A par da Espanha, foram possivelmente as melhores equipas do Euro 2024 (até ao momento) e por isso um confronto entre as duas iria sempre cheirar a final antecipada. E pode ter sido… A Alemanha acaba por cair, mas ainda deu luta com Florian Wirtz a agigantar-se perto dos 90´. Não esquecer o Europeu de Jamal Musiala. Bela prestação. Houve azar no emparelhamento.

Os Apaixonados partiram o coração

Ainda dói a todos, não? Portugal foi eliminado nos quartos-de-final do Euro 2024, logo com a velha “amiga” França e nas grandes penalidades. Nada fácil. Ainda assim, este foi um jogo atípico dos restantes – provavelmente a melhor exibição de Portugal neste Campeonato da Europa. As laterais João Cancelo e Nuno Mendes transcenderam-se, a linha defensiva esteve impecável (Pepe imperial), Rafael Leão tentou quebrar o ciclo da previsibilidade da construção de Portugal. Dos únicos a trazer algo diferente com as suas arrancadas. E houve oportunidades de perigo. Não foi obviamente tudo perfeito (o exemplo mais claro sendo a gestão de Roberto Martínez), mas foi bem melhor que certos jogos passados. No geral, o embate com a Turquia também é um caso à parte.

Dos melhores Kebabs

A Turquia fez um dos melhores Europeu da sua história: chegou aos quartos-de-final pela terceira vez (2000, 2008 onde foi até às meias-finais e 2024), atingiu um novo recorde de vitórias numa só edição (três) e igualou os golos marcados (8). Neste torneio, apenas não marcou golo contra Portugal. E, frente aos Países Baixos, estiveram perto da vitória, porém sofreram reviravolta nos últimos 20 minutos. Há um claro crescimento da Turquia desde o último Euro, no qual Vincenzo Montella tem um papel fundamental. Arda Guler, Kadioglu, Yilmaz e Çalhanoglu são alguns dos nomes que ficam.

Chocolate suíço é muito bom, mas não foi suficiente

Tal como a Turquia, a Suíça foi uma bela surpresa e podia sonhar. O talento individual e coletivo sobressaiu ao longo do Euro 2024, porém acabam por cair nos quartos-de-final frente à Inglaterra e em grandes penalidades. Deve custar, especialmente porque os ingleses não estão na melhor forma. Na fase de grupos, estiveram muito perto de agarrar a liderança (Alemanha empatou aos 92 minutos com golo de Niclas Fullkrug). De seguida, eliminaram a desilusão Itália e agora foi por um triz. Manuel Akanji, GranitXhaka, Dan Ndoye e Breel Embolo, entre as principais figuras. Xherdan Shaqiri teve também novo momento especial com a camisola da Suíça (golaço frente à Escócia).

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Sara Sanford: “Recrutar equipas diversas só importa se realmente as ouvirem”

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  • 8 Julho 2024

A fundadora do Gender Equity Now (GEN) esteve na Conferência BCSD Portugal 2024, em Lisboa, para mostrar que as empresas beneficiam de ambientes de trabalho com diversidade.

Foram os barulhos e as luzes dos helicópteros a sobrevoar Seattle, nos Estados Unidos, durante os protestos em defesa de George Floyd que serviram de arranque para a intervenção de Sara Sanford na Conferência BCSD Portugal 2024. A fundadora do Gender Equity Now (GEN) esteve na Cordoaria Nacional, em Lisboa, para falar sobre a importância de criar equipas diversas e da sua relação direta com negócios mais prósperos. “As empresas no quartil superior de diversidade têm 39% mais probabilidade de superar os seus concorrentes menos diversos em desempenho financeiro”, apontou.

Sara Sanford,‍ Fundadora do Gender Equity Now (GEN) © Fotografia: Filipa Lima Gomes

As vantagens são claras em todas as dimensões, nomeadamente na capacidade das empresas na recuperação de crises quando têm uma força de trabalho mais equilibrada entre géneros. “A McKinsey descobriu que as empresas com pelo menos 30% de mulheres em cargos de administração recuperam mais rapidamente após uma crise e superam a concorrência”, continua a empreendedora.
Porém, avisa que não basta às organizações dizerem que se preocupam com a diversidade se não passarem das palavras aos atos. “Recrutar equipas diversas só importa se realmente as ouvirem”, sublinha, dando como exemplo o que viu acontecer durante os protestos sobre o caso de George Floyd. Nesta altura, lembra Sanford, muitas multinacionais apressaram-se a publicar mensagens de apoio à comunidade afroamericana nas redes sociais, mesmo quando as suas declarações não correspondiam à forma como geriam as suas equipas. “Chegou-se à conclusão de que as empresas que fizeram essas declarações públicas tinham menos progressos feitos [em matéria de diversidade] e tinham 20% menos funcionários negros do que as empresas que não tinham feito esse tipo de declarações públicas”, destaca. E apesar da evolução em muitas áreas no que respeita à igualdade de género, Sara Sanford diz que, no último ano, apenas 1,7% do financiamento de capital de risco foi dirigido a empreendedoras e que apenas 10% dos investigadores em inteligência artificial na Google são mulheres. “Estas empresas estão a dificultar o nosso caminho para a sustentabilidade”, lamenta.

Mas se as empresas diversas são mais competitivas e se as suas equipas apresentam melhor produtividade e bem-estar, o que falta fazer para que mais organizações sigam os bons exemplos? A fundadora do GEN defende que a solução passa por criar um futuro do trabalho regenerativo, em que não só se criam equipas mais diversas, mas se aplicam medidas de transformação cultural para que as suas vozes sejam realmente ouvidas.
“Os indivíduos historicamente menos representados demoram mais tempo a participar [numa reunião]. A próxima vez que tiverem uma reunião de grupo e quiserem mesmo a participação de todos, digam que não querem que as pessoas respondam logo, mas que demorem dois ou três minutos a fazê-lo. Vão ter maior participação de mulheres, pessoas racializadas, introvertidos e pessoas neurodivergentes”, explica.

Foi por tudo isto que Sara Sanford quis fundar a GEN, uma certificação que pretende apoiar as empresas a fazer o caminho da inclusão e mostrar ao mercado que, mais do que palavras, são aplicadas medidas sérias de diversidade. “A certificação GEN fornece 200 alavancas culturais para projetar um futuro regenerativo do trabalho. Agora temos as ferramentas. Sabemos o que fazer”, conclui.

Assista aqui à intervenção completa de Sara Sanford na Conferência BCSD Portugal 2024:

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Margem de refinação da Galp afunda 36% no segundo trimestre

A margem passou de 12 dólares por barril, nos primeiros três meses do ano, para 7,7 no segundo trimestre. Se a comparação for homóloga não houve mudanças.

A Galp voltou a reduzir a produção de petróleo no segundo trimestre e a margem de refinação afundou 36% no mesmo período. De acordo com os dados divulgados pela empresa esta segunda-feira, a margem passou de 12 dólares por barril, nos primeiros três meses do ano, para 7,7 no segundo trimestre. Se a comparação for feita em termos homólogos não houve qualquer variação. Com este desempenho, a Galp arrancou a sessão a desvalorizar 1,04% em bolsa.

De acordo com o trading update do segundo trimestre, uma súmula de dados operacionais divulgada trimestralmente pela companhia e enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a produção working interest da Galp no trimestre desceu 9% em termos homólogos, para 106,8 mil barris de petróleo ou equivalente por dia. Face aos três meses anteriores houve uma subida de 1%, um desempenho que pode ser justificado pelo facto de a empresa ter vendido os seus ativos upstream em Moçambique. Uma operação que ascendeu a 650 milhões de dólares. A produção no Brasil registou uma queda de 1% face ao primeiro trimestre e de 5% em termos homólogos.

A Galp mostra estes dados aos investidores para os preparar para a apresentação de resultados marcada para 22 de julho, antes da abertura das bolsas.

O trading update da empresa liderada por Filipe Silva revela ainda que as vendas de combustíveis subiram 11% face ao primeiro trimestre e 1% em termos homólogos.

Também a comercialização de eletricidade registou uma subida homóloga de 95%, no segundo trimestre do ano, e uma progressão mais modesta face ao trimestre anterior – 3%, atingindo os 1,8 terawatts-hora.

Já as vendas de gás natural registaram uma quebra de 7% face ao trimestre anterior, mas tiveram uma subida homóloga de 18%. Recorde-se que no terceiro trimestre este indicador já tinha caído 19% em termos homólogos.

No segmento das renováveis, a empresa registou um crescimento homólogo de 11% na instalação de nova capacidade, subindo 7% face ao trimestre anterior, subindo a fasquia para os 1,5 gigawatts, com a geração renovável a disparar 93%, em cadeia, para os 779 gigawatts-hora.

Contudo, o preço obtido por cada megawatt-hora vendido foi substancialmente inferior, baixando dos 56 euros para 17 euros, numa altura em que o preço das energias renováveis mostra um alívio alargado no mercado ibérico. No caso da energia solar, a grande aposta da Galp em energia renovável na Península Ibérica, o preço de mercado caiu de 30,8 euros por megawatt-hora para os 18,1 euros por megawatt-hora entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, uma descida de 41%. Mas em termos homólogos a quebra foi de 70%.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Sotheby’s a recrutar no Algarve. Tem 20 vagas

Os consultores selecionados irão integrar o escritório do Carvoeiro, em Lagoa, um dos dois que a Sotheby's tem no Algarve.

A Portugal Sotheby’s International Realty realiza na próxima quinta-feira, 11 de julho, um Talent Day no Algarve para recrutar 20 novos consultores imobiliários para apoiar o crescimento do escritório do Carvoeiro, em Lagoa.

“Continuamos a expandir as nossas operações em Portugal, com especial destaque para a região do Algarve. É por isso que estamos à procura de novos Consultores Imobiliários que queiram vir crescer connosco no mercado imobiliário de luxo”, diz Dário Neto, diretor do escritório da Portugal Sotheby’s International Realty do Carvoeiro, citado em comunicado.

Ação de recrutamento da consultora imobiliária, especializada na promoção e venda de propriedades de luxo, realiza-se esta quinta-feira no Hotel Epic Sana Algarve. Os interessados devem efetuar o registo através deste link.

A consultora “procura pessoas com vocação comercial, independentemente de terem ou não experiência no setor imobiliário de luxo, sendo que são valorizadas competências de comunicação, organização e planeamento. É essencial que os candidatos sejam fluentes em inglês.”

Os consultores selecionados irão integrar o escritório do Carvoeiro, em Lagoa, um dos dois que a Sotheby’s tem no Algarve, sendo a rede composta por nove escritórios em Portugal Continental e um na Região Autónoma da Madeira. Ao todo, a empresa em mais de 200 consultores imobiliários.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 8 de julho

  • ECO
  • 8 Julho 2024

Ao longo desta segunda-feira, 8 de julho, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 8 Julho 2024

Galp vai divulgar o "trading update" do segundo semestre e termina prazo para renovar matrículas.

No mesmo dia em que a Galp divulga dados preliminares das suas operações referentes ao 2.º trimestre, começa o Fórum Político de Alto Nível da ONU. Os pais e encarregados de educação têm até esta segunda-feira para renovar as matrículas dos alunos do 6.º ao 9.º ano e do 11.º ano e o primeiro-ministro indiano realiza a sua primeira visita oficial à Rússia desde o início da guerra com a Ucrânia. O INE e a Eurostat lançam dados sobre economia.

Galp revela como vai a operação

A Galp divulga dados preliminares da sua operação referentes ao 2.º trimestre do ano, entre os quais a margem de refinação. A petrolífera obteve um lucro recorde de 1.002 milhões de euros em 2023 — um crescimento de 14% face ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2024, registou um aumento do lucro de 35% face ao trimestre homólogo, para 337 milhões de euros.

INE e Eurostat lançam dados da economia

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar dados sobre as estatísticas do Turismo referentes a 2023. Já o órgão estatístico europeu prepara-se para lançar a produção de serviços e o índice da produção total do mercado ambos relativos a abril deste ano, e sobre as taxas do comércio internacional de bens em 2023.

Países divulgam progressos nos ODS

O Fórum Político de Alto Nível da ONU começa esta segunda-feira e termina a 18 de julho. O tema deste ano é “Reforçar a Agenda 2030 e erradicar a pobreza em tempos de crises múltiplas: a aplicação efetiva de soluções sustentáveis, resilientes e inovadoras”. Este evento anual é a plataforma central das Nações Unidas para o acompanhamento e revisão da Agenda 2030 para o Desenvolvimento sustentável e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a nível mundial. Nesse âmbito, 37 países vão apresentar voluntariamente na sede da ONU, em Nova Iorque, dados sobre os progressos na realizações dos ODS.

Termina prazo para renovar matrículas

O prazo para renovar as matrículas dos alunos do 6.º ao 9.º ano e do 11.º ano termina esta segunda-feira. O Ministério da Educação decidiu estender novamente o prazo devido a problemas relatados pelos pais e encarregados de educação no acesso ao Portal das Matrículas.

Primeira visita do primeiro-ministro indiano à Rússia desde a invasão

A primeira visita oficial do primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, desde da sua reeleição é à Rússia – sendo também a primeira deslocação que faz a este país desde que Moscovo invadiu a Ucrânia. A visita de dois dias começa esta segunda-feira e os líderes dos países vão discutir o desenvolvimento das relações entre os dois Estados e a atualidade internacional e regional.

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Empresa têxtil corta semana de trabalho para captar profissionais

Desde o início do ano que na nortenha PPTex só se trabalham 36 horas por semana. Produtividade não sofreu, garante diretor de operações, que explica que foram reduzidas as ineficiências no trabalho.

Às sextas-feiras à tarde não se trabalha na nortenha PPTex. Esta empresa do setor têxtil começou a praticar a semana de trabalho de 36 horas em janeiro e garante que a produtividade não tem sofrido. Em declarações ao ECO, o diretor de operações, Lourenço Aroso, explica que este é um dos benefícios oferecidos para captar e fidelizar talento, numa altura em que têm sentido, admite, dificuldades em encontrar profissionais.

“Começamos a praticar as 36 horas semanais em janeiro deste ano e a mensagem que passamos foi a de que tínhamos de eliminar as ineficiências e cumprir o trabalho“, adianta o responsável. “Às vezes, basta cortar um bocadinho no tempo para o café, e chegar a horas ao trabalho”, acrescenta o mesmo.

A PPTex é uma pequena empresa (tem 16 trabalhadores) que se dedica ao têxtil e aos dispositivos médicos (como máscaras), com um negócio muito assente em concursos públicos. “Lidamos muito com entidades públicas, que têm horários mais reduzidos” do que as tradicionais 40 horas, adianta Lourenço Aroso.

Por isso, “a partir de certas horas”, estava a ser difícil para os trabalhadores da PPTex “apanhar os clientes”, o que foi outro dos motivos para o emagrecimento da semana de trabalho. “O acolhimento por parte dos trabalhadores foi ótimo. As pessoas conseguem ter mais qualidade de vida”, afirma o diretor de operações.

Para acompanhar esta redução da semana de trabalho, não houve qualquer redução do salário, o que significa que o valor pago por hora até aumentou. Ainda assim, como a produtividade não foi impactada de forma negativa — “não sinto que fica nada por fazer”, diz Lourenço Aroso — e não foi preciso contratar mais ninguém, a PPTex assegura que não aumentou os seus preços.

Tal conclusão é especialmente relevante porque uma das principais preocupações dos empresários face aos resultados finais do teste nacional à semana de trabalho de quatro dias foi a potencial perda de competitividade, decorrente da necessidade de aumentar os preços para compensar o aumento dos custos do trabalho por hora.

Atrair candidatos para fora das metrópoles

Além da semana de trabalho mais pequena do que a tradicional, a PPTex tem apostado noutros benefícios para “captar talento”, como seguro de saúde, ginásio e a atribuição de carro a alguns funcionários, numa altura em que tem sido difícil encontrar as mãos adequadas.

“Sentimos que algumas pessoas de que precisamos não estão dispostas a sair de Lisboa ou do Porto. Estamos em Santo Tirso. Os candidatos estão mais exigentes, principalmente os mais novos. Os benefícios têm claramente ajudado“, sublinha o diretor de operações.

A propósito, um estudo recente da empresa de formação CEGOC mostrava que os empregadores portugueses são dos que estão a ter mais dificuldades em recrutar e fidelizar os seus trabalhadores. Portugal é mesmo o país com o pior desempenho neste aspeto entre nove países mundiais, incluindo França, Alemanha e Reino Unido.

Por outro lado, a PPTex não é a única empresa portuguesa que está a diminuir a tradicional semana de trabalho. Duas dezenas fizeram-no no âmbito do projeto-piloto nacional, e a maioria decidiu não voltar atrás. Ainda assim, os empresários portugueses perdem cautela e defendem que, primeiro, é preciso reforçar os níveis de produtividade para que seja viável e sustentável reduzir a semana de trabalho.

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Grupo Gallo amplia a sua gama de caldos naturais com uma nova variedade de marisco, a única no mercado com 20% de camarão

  • Servimedia
  • 8 Julho 2024

O Grupo Gallo lançou o novo caldo natural de marisco, com o qual pretende "dar resposta ao crescimento da procura deste produto no mercado espanhol".

Os caldos de peixe, paella/fideuá e fumet são a segunda variedade mais importante no mercado de caldos e representam 19% do mercado total, com um aumento de 4% no consumo em 2023 em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da empresa de consultoria Nielsen.

Da mesma forma, 81% das ocasiões de consumo de caldo de peixe, paella-fideua e fumet são para usos culinários, com 75% dos usos culinários focados na preparação de paella ou fideua, de acordo com dados do relatório Kantar Usage. Para responder a esta necessidade, Gallo concebeu um caldo de marisco versátil, porque dá um toque único a pratos como a fideuá e o arroz, mas também para sopas e guisados.

O Grupo Gallo, que entrou no mercado no início de 2023 com o lançamento de cinco variedades de caldos naturais (Frango, Ensopado, Legumes, Escudella e Frango com Presunto Ibérico), apresenta agora a sua sexta referência neste segmento, um caldo de marisco para paella e fideuá, o único atualmente elaborado com 20% de camarão. Este novo produto destaca-se não só pela sua elevada concentração de marisco, mas também por ser uma solução prática e saborosa que promete elevar o nível de qualquer receita graças às suas propriedades organoléticas.

“O camarão é um dos produtos do mar mais consumidos e apreciados pelos espanhóis, um ingrediente que proporciona um perfil de sabor intenso e robusto. Por esta razão, o Caldo de Marisco Gallo é o produto da sua categoria com a maior percentagem de camarão do mercado: 20%, o que o torna a escolha ideal para quem procura enriquecer paellas e fideuás com o seu característico sabor a mar”, salientou a empresa.

O Grupo Gallo preparou uma promoção especial por tempo limitado por ocasião do lançamento: na compra de um brik do novo Caldo de Marisco, os consumidores receberão gratuitamente uma unidade de caldo de galinha, a referência mais popular de Caldos Gallo graças ao seu conteúdo de 33% de galinha e ao seu sabor característico.

Por ocasião do lançamento do seu novo caldo, concebido para realçar o sabor das paellas e fideuás, o Grupo Gallo participará ativamente na 63ª edição do Concurso Internacional de Paella Valenciana, em Sueca, no dia 15 de setembro. Durante o evento, considerado o epicentro mundial das paellas, os participantes poderão provar o novo produto em várias demonstrações, com provas do próprio caldo e também de paellas confecionadas com o novo lançamento da empresa.

Com um ano e meio de experiência na categoria de caldos, o Grupo Gallo alcançou uma quota de 2,4% neste segmento. Ao longo de 2023, o consumo de caldos industriais cresceu 7% em Espanha, “sendo o Grupo Gallo um novo player que revolucionou o jogo. Com a entrada da empresa neste novo mercado, Gallo conseguiu gerar um incremento de 1 milhão de euros na categoria nos seus primeiros quatro meses, tornando-se o segundo fabricante com maior penetração (3,7%)”, disse ele.

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Comissão Europeia admite que Portugal aplicou “restrições” a fornecedores de risco no 5G

Bruxelas confirma que investimentos de "somas significativas" em curso pelas operadoras na substituição de equipamentos deriva de "restrições" aplicadas por Portugal a fornecedores de risco.

Se dúvidas houvesse, a Comissão Europeia esclareceu, numa declaração enviada ao ECO, que as “somas significativas” que as operadoras estão a investir em Portugal na “substituição de equipamentos” inseguros resultam das “restrições aplicadas pelas autoridades portuguesas” em maio de 2023. A tecnológica chinesa Huawei é um dos fornecedores visados.

No dia 3 de julho, o ECO noticiou que o relatório do programa Década Digital 2030 sobre Portugal, publicado na semana passada, assume que “as empresas de telecomunicações estão a investir somas significativas na substituição de equipamentos para ir ao encontro das exigências de segurança definidas na 5G Cybersecurity Toolbox da UE”.

O ECO solicitou esclarecimentos adicionais à Comissão Europeia, que respondeu esta sexta-feira: “O relatório da Década Digital sobre Portugal refere-se a medidas tomadas pelos operadores de redes móveis, na sequência de restrições aplicadas pelas autoridades portuguesas para irem ao encontro das exigências da 5G Cybersecurity Toolbox da UE. Nós não temos conhecimento da soma exata que os operadores estão a investir.”

Estas declarações são particularmente relevantes, na medida em que as autoridades portuguesas nunca assumiram explicitamente que tinham aplicado restrições ao uso de equipamentos de fornecedores que preenchessem os critérios de risco. O processo tem sido conduzido confidencialmente, por envolver matérias de segurança nacional.

Aliás, a Huawei também nunca foi diretamente referenciada, embora a empresa tenha publicamente impugnado a decisão no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, processo que ainda decorre, por considerar que é afetada pela deliberação do Estado português.

Ao assumir que estas empresas privadas estão a investir “somas significativas”, fica também aberto o caminho para que as operadoras possam exigir compensações pela decisão das autoridades portuguesas. Em resposta ao ECO, contudo, a Comissão Europeia diz que “não está a trabalhar com Portugal no sentido de explorar uma potencial compensação a este respeito”.

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“Alívio” e “esperar para ver”. Como os analistas reagiram às eleições francesas

Sem maioria absoluta de nenhum dos blocos eleitorais, economistas estão preocupados com impasse legislativo na Assembleia Nacional.

O fraco desempenho da extrema-direita eurocética na segunda volta das eleições legislativas francesas, com a União Nacional (RN) atirada para o terceiro lugar, representa um “grande alívio”, mas o cenário de um parlamento fragmentado e um “vazio” legislativo deverá preocupar os investidores em ativos gauleses e no euro, segundo os analistas.

Nas reações imediatas compiladas pela agência Reuters às projeções que davam a vitória à coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) de Jean-Luc Mélenchon, com entre 172 e 192 lugares, ainda longe dos 289 assentos necessários para uma maioria absoluta, o sentimento é positivo, mas com muita cautela.

“Este (resultado projetado) é um grande alívio para a Europa, uma vez que a extrema-direita eurocética parece ter tido um desempenho muito inferior ao esperado“, referiu Holger Schmeiding, economista-chefe da Berenberg, em Londres.

No mesmo sentido, Jan Von Gerich, analista-chefe de mercados da Nordea, acredita que é provável que os mercados financeiros recebam a votação com algum alívio. “Os resultados parecem mostrar que as forças mais moderadas continuam a aliar-se na segunda volta contra os candidatos mais extremistas, o que também tem repercussões nas próximas eleições presidenciais”.

A análise não é, contudo, de sentido único. Para Aneeka Gupta, diretora de research macroeconómico na Wisdomtree, os mercados vão ficar “satisfeitos por estarmos a evitar esta situação extrema com a extrema-direita”, mas adianta que “esse novo fôlego deverá ser curto, pois o resultado deverá levar a um impasse político, pelo menos até ao outono de 2025.”

“Vai ser muito difícil avançar e aprovar qualquer política e fazer reformas progressivas, porque os votos de cada partido estão divididos e ninguém tem maioria absoluta”, explica. “Diria que é uma situação um pouco complicada“.

Lee Hardman, analista sénior cambial na MUFG, recorda que ao longo da última semana, os mercados cambiais já estavam a desvalorizar uma grande parte do prémio de risco. “Por isso, penso que, por agora vamos esperar para ver o que acontece em termos da tentativa de formar um governo e do tipo de negociações que vão tentar ter lugar nas próximas semanas.”

“Isto acabará por ditar o que vai acontecer ao euro”, salienta. “Apenas com base nas sondagens da boca de urna, não estamos à espera de uma descida acentuada do euro.”

Simon Harvey, que lidera a análise cambial na Monex Europa, diz que “vai haver realmente um vazio no que diz respeito à capacidade legislativa da França”.

“É o mercado obrigacionista vai ser o verdadeiro local a analisar e poderá haver uma ligeira descida dos preços das obrigações francesas“, antevê. “Estamos a atravessar um período em que o poder político não é capaz de fazer nada de significativo. Na realidade, a reação deverá ser mínima. Se houver alguma, será no sentido de rendimentos mais altos, euro mais baixo e ações francesas mais baixas.”

Esquerda mais problemática?

Para alguns analistas, o facto de a vitória ser de uma coligação de esquerda poderá pressionar os mercados.

Von Gerich, da Nordea, diz que o programa económico da esquerda “é, em muitos aspectos, muito mais problemático do que o da direita e, embora a esquerda não consiga governar sozinha, as perspetivas para as finanças públicas francesas deterioram-se ainda mais com estes resultados”.

“Assim, é razoável esperar que os prémios de risco um pouco mais elevados nos ativos franceses prevaleçam também para além da reação inicial do mercado”, completa.

Ben Laidler, head of equity strategy da Bradesco, reconhece o alívio pelo facto de a extrema-direita ter ficado muito aquém do esperado, mas frisa que “ainda nos resta a incómoda surpresa de a esquerda se ter saído muito melhor do que o previsto”.

“Isto vai provavelmente pôr fim a esta tentativa de recuperação do euro e das ações francesas a que temos assistido nos últimos dias e representa mais incerteza de um ângulo que os mercados talvez tenham desviado o olhar“, conclui.

 

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Ambição da Digi esbarra nas negociações com as televisões

Operadora apresentou queixas na Concorrência, Anacom e ERC por entender que a Media Capital está a adotar um "comportamento abusivo" nas negociações para acesso a canais.

Além de comunicações fixas e móveis, a Digi pretende fornecer em Portugal um serviço de distribuição de televisão. Mas a nova operadora, que tem de se lançar no mercado até ao final do ano, está a enfrentar dificuldades no acesso aos canais mais vistos pelos portugueses. A empresa apresentou queixas aos reguladores e uma deliberação já é pública, só que é desfavorável à empresa de origem romena.

A Digi já garantiu o acesso a alguns canais, sabe o ECO, mas teve mais dificuldades nas negociações com os grupos que detêm a SIC e a TVI, segundo uma fonte familiarizada com o processo. Pelo menos em relação a esta última, o diferendo acabou por chegar à mesa de várias entidades reguladoras: primeiro, a Digi recorreu à Autoridade da Concorrência no dia 19 de fevereiro, e depois bateu às portas da Anacom e da ERC, no dia 26.

A Digi entende que a Media Capital “vem adotando um comportamento abusivo”, impondo “condições comerciais discriminatórias em relação às impostas aos seus concorrentes que já operam no mercado da distribuição de programas de televisão” e um “preço de venda não equitativo”, segundo um documento publicado pela ERC. Limitar o acesso aos canais TVI e CNN Portugal, argumenta a Digi, prejudica os consumidores.

O documento da ERC sugere mesmo uma rutura das negociações entre a Digi e a Media Capital: “Iniciadas as conversações entre as partes em 7 de novembro de 2022, não lograram estas alcançar um entendimento reciprocamente satisfatório, tendo os contactos formais entre Digi e Media Capital cessado em 29 de janeiro de 2024, data que ficou marcada por uma viva e infrutífera troca de argumentos, por via eletrónica”, escreve o regulador da comunicação social.

Por sua vez, a Media Capital entende que “as condições que propôs são absolutamente razoáveis, seguindo os mesmos princípios relativos às condições que pratica em moldes não discriminatórios e transparentes para todos os distribuidores de TV paga”. Ademais, segundo a ERC, desde 2022 que a Media Capital “tem vindo a discutir com todos os distribuidores a aplicação de uma tabela de preços única para os seus direitos de sinal, tendo todo o interesse em nisso envolver” também a Digi.

Rematando, o grupo de media diz que não tem nenhuma “obrigação de entrega do sinal do canal TVI” e “muito menos de qualquer outro canal do grupo”.

A ERC concorda. O regulador declarou “improcedente a queixa apresentada”, dizendo que a lei não especifica nem impõe “quaisquer serviços de programas televisivos sujeitos a obrigações de transporte ou de entrega em redes de comunicações eletrónicas”. Mas diz “reconhecer, não obstante, que tem a queixosa direito de obter resposta e tutela às suas aspirações de se afirmar como um novo ator de relevo no mercado nacional da prestação de serviços de televisão, e de constituir a sua oferta comercial em condições não discriminatórias relativamente aos demais prestadores presentes no mercado”.

A ERC determinou, por isso, “o desencadear dos mecanismos aptos a conferir operacionalidade” ao ponto da Lei da Televisão que estipula que “os operadores de distribuição devem ter acesso, sem prejuízo dos usos de mercado conforme as regras da concorrência, aos serviços de programas televisivos em condições transparentes, razoáveis e não discriminatórias, tendo em vista a respetiva distribuição”, em “articulação” com a Autoridade da Concorrência.

Media Capital recusa entregar canais a “um distribuidor que os desvaloriza”

Contactada pelo ECO, fonte oficial da Media Capital (controlada pelo empresário Mário Ferreira, que também é acionista do ECO) rejeita “liminarmente a possibilidade de entregar os seus canais televisivos a um distribuidor que os desvaloriza, e que pretende instrumentalizar a intervenção do regulador com o único objetivo de obter condições comerciais favorecidas relativamente aos seus concorrentes em Portugal e face às condições que os seus próprios canais praticam no seu mercado de origem”. Segundo a empresa, “a Digi pede aos distribuidores na Roménia mais três vezes o que a TVI está a pedir à Digi pelos seus canais em Portugal”.

O grupo salienta que a Digi “tem dez vezes a dimensão do grupo Media Capital” e que “na Roménia, o seu mercado de origem, o acionista de referência da Digi, a partir de um negócio de construção civil, criou um império que controla dois terços dos assinantes de televisão paga e mais de 20 canais televisivos, entre os quais se inclui um dos principais canais abertos e os principais canais desportivos”. “No mercado português, seria equivalente a juntar a Altice, a Vodafone, a Media Capital, a Impresa e a Sport TV num grande grupo empresarial de construção civil”, nota fonte oficial da dona da TVI.

A Media Capital queixa-se ainda que, em 2023, a TVI, juntamente com a RTP e a SIC, promoveram uma reflexão com o anterior Governo, com a Anacom e com a ERC “relativamente ao impacto do fim da Televisão Digital Terrestre no licenciamento dos canais abertos”. “Após reuniões com dois presidentes da Anacom, dois presidentes da ERC, dois ministros das Infraestruturas e um ministro da Cultura, as três televisões abertas pediram a intervenção do primeiro-ministro, que não pôde intervir devido à sua renúncia do cargo, e do Presidente da República, que não se quis envolver no assunto”, critica.

Mesmo assim, a Anacom prolongou a licença da TDT até 2030, “ignorando” as televisões abertas, levando a TVI a iniciar um “processo de renegociação com todos os distribuidores de televisão paga sobre o licenciamento dos seus canais, na esperança de conseguir à mesa negocial o progresso inviabilizado no plano regulatório”, diz a Media Capital, que avança que a proposta original para acesso aos seus canais foi enviada à Digi no último trimestre de 2022, mas “a Digi não reagiu a essa proposta durante dez meses, período ao fim do qual exigiu à TVI uma revisão em baixa da proposta apresentada”.

Contactada, fonte oficial da Impresa não quis comentar. O ECO também questionou a Digi e a Autoridade da Concorrência sobre as negociações para a distribuição dos canais, encontrando-se a aguardar respostas.

A Média Capital e a TVI rejeitam liminarmente a possibilidade de entregar os seus canais televisivos a um distribuidor que os desvaloriza, e que pretende instrumentalizar a intervenção do regulador com o único objetivo de obter condições comerciais favorecidas relativamente aos seus concorrentes em Portugal e face às condições que os seus próprios canais praticam no seu mercado de origem.

Fonte oficial da Media Capital

A Digi comprou licenças 5G no leilão da Anacom promovido em 2021, estando a construir de raiz uma rede própria de telecomunicações móveis e uma rede de fibra ótica. A empresa pretende lançar serviços até ao final do ano, estando obrigada a isso pela Anacom. Todavia, ainda não deu nenhuma data concreta para o lançamento, tendo reafirmando recentemente que pretende colocar as ofertas no mercado neste segundo semestre.

No dia 12 de junho, a presidente da Anacom, Sandra Maximiano, disse no Parlamento que a Digi deverá entrar no mercado até novembro, mas admitiu que existem “obstáculos”, pois a empresa tem de negociar a obtenção de serviços com outras empresas, desde conteúdos televisivos até à interligação de chamadas e mensagens entre os seus clientes e os de outros operadores.

(Notícia atualizada às 10h17)

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“A melhor solução para a estabilidade na EDP era eu sair”, diz ex-chairman Talone

Três meses depois de sair da EDP, João Talone falou ao ECO sobre a opção de não aceitar novo mandato. As relações entre acionistas eram "equilíbrios instáveis" e tinham de "ser geridas com pinças".

“A ideia era tentar agradar a gregos e troianos, a culpa foi minha, não consegui”. Três meses depois de deixar de ser chairman da EDP EDP 1,59% , João Talone falou pela primeira vez, e em exclusivo ao ECO, sobre as razões que o levaram a optar por não aceitar um novo mandato na energética.

Confirmou que tentou encontrar uma solução para acomodar o interesse dos acionistas institucionais em ter mais independentes no Conselho Geral e de Supervisão (CGS), com a diminuição da representação dos acionistas estratégicos, interesse com o qual concordava, mas não conseguiu e para assegurar a estabilidade optou por sair.

“Eu não falo sobre as empresas de onde saí”, começou por dizer, mas sublinhou que “vocês [imprensa] puseram de uma forma correta, e não foi por mim porque eu não falei com ninguém, aquilo que aconteceu antes da minha saída da EDP”.

A 4 de janeiro o ECO noticiou que o gestor defendia alterações ao modelo de governação da EDP e, particularmente, a redução do número de representantes da China Three Gorges e do grupo Masaveu neste órgão de fiscalização, mas não obteve resposta e por isso comunicou formalmente, através da CMVM a 2 de janeiro, que não estava disponível para fazer um segundo mandato.

O racional por trás da indisponibilidade de Talone para continuar no cargo ficou expressa no relatório do CGS para 2023, citado pelo Jornal Económico a 17 de abril, já depois de ser sucedido por António Lobo Xavier na presidência desse board.

Esse relatório sublinhava a importância de o Conselho manter uma trajetória crescente da percentagem de membros independentes e de a sua dimensão total ser adequada para garantir que as decisões são tomadas de forma justa e equilibrada.

Questionado pelo ECO, à margem de um almoço-debate organizado pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), sobre o desafio de lidar com a relação entre os diversos acionistas da energética, Talone frisou que “é preciso ser gerida com pinças”.

“Manter os equilíbrios, que são equilíbrios instáveis, em equilíbrio, sempre na defesa dos interesses da empresa,” acrescentou. “Os interesses da empresa e de todos os seus stakeholders têm de estar à frente de tudo“.

João Talone salientou que a ideia de maior equilíbrio no board “vinha de uma manifestação dos próprios acionistas institucionais“.

Principalmente os acionistas norte-americanos como a BlackRock ou a Canada Pension Plan Investment Board? “Não, de todo o mundo, inclusivamente da Ásia também, fundos soberanos, portanto a ideia [de mais equilíbrio no board] não nasce da minha cabeça, vem de um conjunto”.

“Tentei tudo para fazer a ponte”

Na palestra aos associados da ACEGE, João Talone recordou que a saída da EDP este ano não foi a primeira vez que deixou a empresa. Em 2003 foi nomeado CEO, “num período que foi difícil, em que acabara de ser consagrada a liberalização do mercado, e era importante transformar uma empresa que fazia parte do Estado, que era monopolista, numa empresa dinâmica, flexível, ambiciosa e combativa, para ganhar lugar entre os gigantes”.

Talone frisou que teve a oportunidade, nesse período de três anos, de pôr em prática muitas das coisas que aprendeu nos 15 anos na equipa de gestão no BCP, sob a batuta de Jorge Jardim Gonçalves.

“Fizemos coisas loucas, não vou entrar em detalhes, mas coisas que as pessoas nem acreditavam que estávamos a fazer e de facto conseguiu-se iniciar que se fizesse a mudança na empresa e depois foi consagrado pelo meu sucessor [António Mexia], transformando a empresa numa multinacional, é a única multinacional portuguesa, trabalha em quatro continentes, tem cerca de 13 mil pessoas, mais de metade da sua faturação fora da Península Ibérica”, referiu.

Quando saí da EDP a primeira vez estava outra vez incomodado, a ser sujeito a pressões políticas a dizerem vai por aqui, vai por acolá e não aguento isso muito tempo, até que chegou uma altura em que pus, a 2 de janeiro de 2004, cá fora uma carta através da CMVM a dizer que não faria novo mandato.

João Talone

Ex-CEO e chairman da EDP

O gestor recordou, no entanto, que assumiu bastante cedo que iria cumprir apenas um mandato. “Quando saí da EDP a primeira vez estava outra vez incomodado, a ser sujeito a pressões políticas a dizerem vai por aqui, vai por acolá e não aguento isso muito tempo, até que chegou uma altura em que pus, a 2 de janeiro de 2004, cá fora uma carta através da CMVM a dizer que não faria novo mandato”.

O convite para voltar à empresa em 2021, agora na posição de chairman, foi “inesperado” e resultou “numa experiência fantástica porque é uma posição totalmente diferente da posição executiva”.

Fez logo um acordo com Miguel Stilwell de Andrade para que fosse apenas “a cara e o nome do CEO a aparecer nos jornais e em público, mesmo com os acionistas” deixando para o chairman “a relação com os acionistas na área do governance“.

A área do governance, por definição, tem de ser o chairman a fazer e a falar com os acionistas“, referiu, antes de explicar como essa área resultou na segunda saída da energética.

Quando vi que estava a ser usado e que estavam a protelar a situação para chegar a uma altura em que eu já estava amarrado ao segundo mandato, porque já não havia tempo para encontrar um novo ‘chairman’, nessa altura falei com eles e disse ou tenho uma solução, não tem que ser a minha, mas tem que se aproximar do que os institucionais pediram até ao final do ano, ou no dia 2 de janeiro ponho cá fora uma carta na CMVM a dizer que não faço um segundo mandato.

João Talone

Ex-CEO e chairman da EDP

“No fim voltou a acontecer a mesma coisa. Ou seja, seis meses antes de terminar o mandato tive pressão, e eu concordava com ela, dos acionistas institucionais para mudar a composição e o desenho do governance“, afirmou.

“E os acionistas institucionais tinham tanto ou mais posição acionista do que os acionistas estratégicos, cerca de 30% versus 26%, e estavam sub-representados no board“, sublinhou.

Talone revelou que “tentou tudo” para fazer a ponte entre os acionistas estratégicos e os institucionais. “Quando vi que estava a ser usado e que estavam a protelar a situação para chegar a uma altura em que eu já estava amarrado ao segundo mandato, porque já não havia tempo para encontrar um novo chairman, nessa altura eu falei com eles e disse ou tenho uma solução, não tem que ser a minha, mas tem que se aproximar do que os institucionais pediram até ao final do ano, ou no dia 2 de janeiro ponho cá fora uma carta na CMVM a dizer que não faço um segundo mandato”.

E assim aconteceu. “No dia 2 de janeiro pus cá fora uma carta a dizer que não fazia segundo mandato”, recordou.

A estabilidade da empresa era fundamental e por isso a melhor solução para a estabilidade era eu sair“, vincou Talone ao ECO no final do evento.

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