NATO, “Golfo da América” e centro de dados. As 5 promessas de Trump a duas semanas de tomar posse

A duas semanas de tomar posse, o presidente norte-americano deixou um conjunto de promessas a executar quando tomar posse. Geopolítica deverá marcar segundo mandato de Trump.

A duas semanas de entrar em funções, e um dia depois de a Câmara de Representantes ter certificado a sua vitória eleitoral, Donald Trump partilhou a estratégia e visão que pretende levar para a Casa Branca quando tomar posse a 20 de janeiro.

Numa conferência de imprensa na sua casa, em Palm Beach, na Florida, o presidente eleito debruçou-se sobre a NATO, as tarifas comerciais e ameaças geopolíticas, mas também anunciou a revogação das políticas de Joe Biden e ainda um investimento de 20 mil milhões de dólares para a inauguração de centro de dados.

NATO: Despesa com defesa “deve ser de 5%” do PIB

Numa altura em que a União Europeia se prepara para pedir aos Estados-membros que aumentem a sua despesa com a defesa, para pelo menos 3% do PIB nacional, Donald Trump pressiona o tema e exige que os aliados vão mais longe. A nova meta, diz, deve ser de 5% do PIB.

Eles conseguem pagar. [A despesa] devia ser de 5% e não de 2%“, afirmou o presidente eleito em declarações aos jornalistas, esta terça-feira.

Atualmente, nenhum membro da NATO tem uma percentagem tão elevada destinada ao setor da defesa, nem mesmo os Estados Unidos que, segundo os dados oficiais da NATO, gastou 3,38% do PIB em 2024. A Polónia é neste momento o país que mais gasta com este setor, cerca de 4%.

O apelo de Trump supera assim o apelo do presidente do comité militar da NATO, Rob Bauer, que, em novembro, já pedia que os aliados fizessem esforços para que os orçamentos nacionais para a defesa chegassem aos 3% do PIB, este ano.

A intenção da nova administração já tinha sido tornado pública. Em dezembro, o Financial Times dava nota de que o novo presidente dos EUA vai exigir que os países membros da NATO aumentem as despesas com a defesa para 5% do PIB, subindo o tom da futura relação com a Europa e pondo em causa o apoio à Ucrânia.

Trump ameaça com tarifas contra Canadá, México e Dinamarca

Um dia depois de o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, ter anunciado a sua demissão, Trump vem sacudir (ainda mais) a instabilidade política no país vizinho, ameaçando com “tarifas substanciais”.

O Governo canadiano já estava ciente de que a ameaça podia concretizar-se, tendo sido o motivo pelo qual a vice-primeira-ministra e ministra das Finanças do Canadá, Chrystia Freeland, apresentou a sua demissão, em dezembro. No entanto, o primeiro-ministro demissionário não terá assumido a ameaça com seriedade.

Dias depois, Trump dá como certa a imposição de tarifas alfandegárias. Mas não só contra o Canadá. O México também deverá ser visado. E, mais especificamente, a Dinamarca se esta não ceder a Gronelândia aos Estados Unidos.

“As pessoas não sabem se a Dinamarca tem qualquer direito legal sobre [a Gronelândia], mas se tiverem, devem abandoná-lo, porque necessitamos dela para a segurança nacional”, disse Trump.

Políticas de Biden vão ser bloqueadas

Um dia depois de o presidente Joe Biden ter proibido a perfuração de novas explorações de petróleo e gás em alto-mar ao longo da maior parte da costa norte-americana, uma decisão que afetará quase 700 milhões de hectares de águas costeiras dos EUA, Donald Trump anuncia que vai reverter a medida.

Durante a conferência de imprensa, Trump acusou a administração Biden de tentar “bloquear as reformas” votadas pelo eleitorado norte-americano e que por vai revertê-la assim que chegar à Casa Branca.

Vou anulá-las imediatamente”, prometeu, sem dar pormenores. Certo é que Trump promete reverter outras políticas ambientais adotadas por Joe Biden, tal como os apoios à mobilidade elétrica.

Aos olhos de Trump, Joe Biden está a “obstruir a transição de poderes” ao adotar políticas que serão revertidas assim que tomar posse como presidente, a 20 de janeiro.

Golfo do México e Canal do Panamá

Além de estar de olhos na Gronelândia, Donald Trump também afirmou estar a considerar mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”. “Que nome bonito. E é apropriado“, disse o presidente eleito durante a conferência de imprensa desta tarde.

Depois, queixou-se sobre o tratamento “injusto” e das elevadas taxas cobradas pelo Canal do Panamá, que, nas últimas semanas, aumentou as suas taxas devido à seca extrema, reduzindo o número de navios que o podem atravessar. “Estão a sobrecarregar os nossos navios e a nossa Marinha”, disse Trump.

Recorde-se que durante a presidência do presidente falecido Jimmy Carter, foram negociados tratados que permitiram a entrega ao Panamá da passagem crucial entre Pacífico e Atlântico, e que foi construída debaixo da alçada dos Estados Unidos. Para corrigir aquilo que vê como um erro, Donald Trump não afasta uma intervenção militar naquele território, tal como na Gronelândia.

Questionado sobre a possibilidade de vir a utilizar “coerção militar ou económica” para garantir os seus objetivos, Donald Trump respondeu apenas que “não”, depois de questionado se excluía essa possibilidade. “Não, não posso assegurar nenhuma das duas, mas posso dizer isto: precisamos deles para a segurança económica”, reiterou.

20 mil milhões em centros de dados

No meio das promessas, Donald Trump anunciou um novo investimento de 20 mil milhões de dólares para construir centros de dados nos Estados Unidos.

O projeto será levado a cabo pelo investidor bilionário dos Emirados Árabes Unidos, Hussain Sajwani, presidente da DAMAC Properties, um dos investidores “mais respeitados do Médio Oriente e do mundo”, de acordo com Donald Trump.

Sem apresentar grandes detalhes, Trump revela que os centros de dados serão inaugurados nos Estados do Texas, Arizona, Oklahoma, Louisiana, Ohio, Illinois, Michigan e Indiana.

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