Duas pistas e design interior de artistas locais. Como será o novo aeroporto de Lisboa?
O projeto técnico da ANA admite mais duas pistas caso o tráfego aumente substancialmente e um alto nível de automatização nas instalações para acomodar o volume de passageiros. Veja aqui o plano.
O novo aeroporto de Lisboa terá, inicialmente, duas pistas e vai contar com o apoio de artistas e designers locais para a decoração do interior, de acordo com o projeto técnico da ANA – Aeroportos de Portugal que consta do relatório divulgado esta sexta-feira. O projeto admite mais duas pistas caso o tráfego aumente substancialmente.
As duas primeiras pistas deverão ter aproximadamente 4.000 metros de comprimento e uma distância entre elas de, pelo menos, 1.980 metros para poderem funcionar de forma independente. A terceira e quartas pistas – ainda “potenciais” – localizar-se-ão a mais de 760 metros das principais. O objetivo é que haja dois conjuntos de pistas paralelas para haver operações autónomas em dupla.
Até 2082, estima-se que sejam necessárias 144 posições de estacionamento de aviões, equivalentes a aeronaves de pequeno porte (NBE – Narrow Body Equivalent), e haverá caminhos de circulação internos duplos (taxilanes) nas plataformas de estacionamento adjacentes ao terminal de passageiros “para facilitar a manobra eficiente das aeronaves para dentro e para fora das posições de estacionamento”.
A ANA explica que o Aeroporto Luís de Camões será concebido com sistemas tecnológicos que permitem não só melhorar a experiência do passageiro como garantir eficiência operacional e rentabilidade.
“O edifício do terminal de passageiros foi planeado como um terminal que será a porta de entrada do país, procurando oferecer uma viagem agradável e sem interrupções aos passageiros e utilizadores, tendo em conta os requisitos operacionais atuais e futuros. Tal inclui a expectativa de um elevado nível de automatização, proporcionando instalações e espaço para acomodar o volume previsto de passageiros e bagagem no nível de serviço pretendido, com margem para lidar com picos inesperados e flexibilidade para acomodar mudanças”, garante a empresa presidida por José Luís Arnaut.
Em termos concretos, esse conforto materializa-se em espaço de um metro quadrado por cada passageiro em fila ou a circular, por exemplo. No documento, essas preocupações com o interior do espaço são designadas de “Área de Experiência Centralizada”.
O que terá o aeroporto Luís de Camões?
- Salas de embarque com capacidade até 220 passageiros
- Retalho e restauração: superfície comercial de mil metros quadrados por milhão de passageiros
- Zona de convívio, onde se prevê que estejam metade (50%) dos passageiros no aeroporto
- Placas fotovoltaicas no telhado com capacidade de 35,1 GWh/ano (2045)
- Tempo de deslocação dos passageiros: máximo de 27 minutos a pé, assumindo a deslocação de 66 metros/minuto e uma tolerância de dois minutos para cada mudança de piso
- Tapetes de recolha de bagagem têm 93 metros de comprimento, o que significa entrega de malas de três voos pequenos (normalmente da Europa) e dois de longo curso
- Centros de manutenção de jardins, escritórios e ‘ninho’ de falcões
- Design SoP (Sense of Place)
“A experiência do viajante em Lisboa será diferente da de qualquer outro aeroporto do mundo. É uma questão de valorizar materiais locais, cores típicas, sons, uma oferta vibrante e rica, e atmosferas autênticas”
Os cálculos da ANA demonstram que, até 2082, serão necessários 180 balcões — uma combinação de check-in tradicional e entrega de bagagem (bag drop) — mais 34 faixas de controlo de segurança e 22 tapetes de recolha de bagagem. Ademais, serão precisas sete faixas de controlo de segurança para o tráfego de transferências — uma zona onde, tipicamente, concentra um elevado número de passageiros e, se não for funcional, é capaz de bloquear a fluidez das operações.
A zona adjacente compreende espaço para receber as seguintes instalações: ATCT (Torre de Controlo de Tráfego Aéreo), pontos de controlo de segurança, unidades de inspeção animal, centro de manutenção dos espaços verdes, falcoaria, manutenção do aeródromo, recolha e triagem de resíduos, estação de tratamento de águas e resíduos, e escritórios do aeroporto, entre outras.
O novo aeroporto de Lisboa deverá abrir em 2037 e ter capacidade para 45 milhões de passageiros, mais dez milhões do que o Humberto Delgado, de acordo com o relatório da ANA – Aeroportos de Portugal sobre o futuro Aeroporto Luís de Camões, divulgado esta sexta-feira. Na melhor das hipóteses, a abertura poderá ser antecipada para o ano anterior (2036).
A ANA prevê que a infraestrutura vá evoluindo ao longo das próximas décadas e consiga receber cerca de 52 milhões de passageiros em 2060, “uma previsão que criará a necessidade de uma nova infraestrutura moderna e significativamente expandida”.
Segundo a concessionária, a área será cinco vezes maior do que a do Aeroporto Humberto Delgado, funcionando com um “hub de grande escala” com quase 2.500 hectares no Campo de Tiro de Alcochete, na margem sul do Tejo. Nessa ótica, o projeto vem lado a lado com três géneros de infraestruturas paralelas: mais uma ponte (a Terceira Travessia do Tejo), estradas e ferrovias (redes de acessos rodoviários e ferroviários de e para a capital) e infraestruturas de abastecimento necessárias ao funcionamento do novo aeroporto.
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