BRANDS' ECO “A NERLEI CCI entende que a sustentabilidade é um dos principais pilares do futuro empresarial”
A NERLEI CCI tem sido crucial no crescimento económico de Leiria, apoiando empresas na internacionalização e sustentabilidade. Saiba quais são os desafios e prioridades desta Associação Empresarial.
A NERLEI CCI – Associação Empresarial da Região de Leiria/Câmara de Comércio e Indústria – tem sido um pilar fundamental no desenvolvimento económico e empresarial da região, promovendo a competitividade das empresas e a sua integração em mercados globais. Enquanto Câmara de Comércio e Indústria, a NERLEI desempenha um papel determinante no apoio à internacionalização, sustentabilidade e inovação dos negócios locais, atuando como parceira estratégica para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução.
Numa conversa com Henrique Carvalho, Diretor Executivo da NERLEI CCI, foi explorada a visão da associação sobre o impacto do estatuto de Câmara de Comércio e Indústria, o apoio às empresas na transição para modelos mais sustentáveis e as prioridades definidas para fortalecer os setores estratégicos da região de Leiria no panorama global.
Em junho de 2023, a NERLEI CCI recebeu o estatuto de Câmara de Comércio e Indústria. O que significa esta distinção para a organização e como tem contribuído para reforçar o apoio à internacionalização das empresas portuguesas?
Em termos práticos dá-nos a possibilidade de emissão de documentos de exportação, necessários para muitas transações comercias para mercados extracomunitários, como por ex. Certificados de Origem e Certificados de Venda Livre. Além disso, o facto de estarmos integrados em redes de Câmaras de Comércio e Indústria internacionais potencia o conhecimento e posterior divulgação de oportunidades de negócio internacionais para as nossas empresas e também um maior conhecimento dos mercados.
A nível interno, potencia o nosso papel enquanto entidade que representa o tecido empresarial da região, reforçando a nossa articulação com associações que representam setores importantes na região e fortemente exportadores, como sejam plásticos, moldes, rochas ornamentais, construção e a cerâmica, e afirmando a nossa relevância como um dos agentes regionais, que atua na melhoria dos fatores diferenciadores da região, como sejam a inovação, digitalização e sustentabilidade.
Quais os principais benefícios que as empresas associadas à NERLEI CCI têm obtido com este novo estatuto?
A região que a NERLEI CCI representa em termos de tecido empresarial, caracteriza-se por grande diversidade de atividades económicas, nomeadamente ao nível industrial onde sobressaem setores fortemente exportadores como plásticos, moldes, rochas ornamentais e a cerâmica, entre outros. Com a atribuição deste estatuto estas empresas têm na NERLEI CCI um parceiro forte, formalmente reconhecido e de proximidade que, além de poder emitir os documentos de apoio à exportação, apoia ainda no esclarecimento e encaminhamento de muitas questões relacionadas com internacionalização. A integração da NERLEI CCI em redes internacionais de colaboração, potencia ainda o conhecimento de oportunidades de negócio internacionais e maior conhecimento dos mercados.
A NERLEI CCI tem desenvolvido trabalho de apoio à internacionalização há várias décadas. Quais foram as principais mudanças que observou neste processo ao longo dos anos?
A NERLEI CCI tem no apoio à internacionalização das empresas uma das suas principais áreas de atuação, detendo um know-how nesta área, construído ao longo de mais de 25 anos de trabalho. Entre as principais atividades/serviços que disponibilizamos às empresas destacamos:
- Realização de missões empresariais e participações nas mais importantes feiras internacionais, dedicadas a alguns dos setores de atividade, com forte presença na região. Estas participações estão geralmente integradas em projetos cofinanciados, pelo que as empresas além de beneficiarem com a experiência e conhecimento da NERLEI CCI na organização deste tipo de ações, podem ainda ter apoio financeiro.
- Apoio individualizado em diversas etapas do processo de internacionalização das empresas, desde a seleção dos mercados prioritários de atuação à abordagem comercial a um mercado específico.
- Realização de diversas ações de capacitação sobre a temática da internacionalização (workshops, seminários, conferências).
- Promoção das empresas, dos seus produtos e do potencial da região, em diversas ações que a NERLEI CCI faz no exterior e nas presenças em diversos eventos.
- Emissão de documentos de exportação, necessários para muitas transações comercias para mercados extracomunitários, como por ex. Certificados de Origem e Certificados de Venda Livre.
Ao longo dos anos, temos sentido um crescimento no número de empresas que já têm alguma preparação para determinadas especificidades na abordagem a cada mercado, maior abertura para a participação em ações de abordagem internacional (feiras e missões empresariais) e também uma melhor compreensão da necessidade de diversificar mercados.
Continua ainda a ser muito importante desenvolver um trabalho de preparação antes das ações e também de acompanhamento depois da realização das mesmas. O reforço da aposta na marca e no design continua também a ser um fator ter em conta.
Quais os mercados que a NERLEI CCI identifica atualmente como prioritários para as empresas portuguesas que desejam internacionalizar-se?
Depende muito dos setores de atividade da região, que são muito diversificados (desde os moldes, plásticos, cerâmicas, cutelarias, rochas ornamentais, materiais de construção, metalomecânica), e também da maturidade/experiência da empresa na atuação internacional. Mas, diríamos que a Europa, pela proximidade e pelas relações comerciais já existentes, será sempre o mercado de eleição.
Contudo, as empresas não devem descurar um olhar desperto e atento a vários países de outras geografias mundiais, nomeadamente da Ásia e da América Latina e do Norte.
A Fileira Casa tem um peso importante no tecido empresarial português. Que papel a NERLEI CCI desempenha na promoção internacional deste setor?
O papel determinante da NERLEI CCI na promoção internacional da Fileira Casa, surge naturalmente, devido ao facto de na região de Leiria se localizarem várias indústrias relevantes que se inserem nesta Fileira, nomeadamente: cerâmica decorativa e utilitária; plásticos domésticos; cutelarias; vidro decorativo e utilitário, entre outros.
Foi nesta lógica que, pela primeira vez, em 2001 organizamos a participação conjunta de três empresas da região desta Fileira, na maior feira internacional do setor – a Ambiente, em Frankfurt, Alemanha. Desde então, temos afirmado de forma consistente e crescente este nosso papel, ao ponto de, em 2025, termos garantida presença nesta feira, a apoiar individualmente 73 empresas portuguesas da Fileira Casa e ainda ao organizarmos a Mostra de Produtos Portugueses: um espaço conjunto onde iremos procurar reunir produtos de todas as empresas portuguesas presentes nesta Feira.
Além disso, e sendo a NERLEI CCI uma associação empresarial de caráter transversal, ou seja, reúne associados de todos os setores de atividade, as empresas da Fileira Casa beneficiam de toda a ação transversal da NERLEI CCI, ao nível da nossa aposta em potenciar a capacitação das empresas em temáticas abrangentes como a sustentabilidade, transformação digital, marca internacional, entre outras.
A sustentabilidade está a tornar-se um fator diferenciador para as empresas. Como é que a NERLEI CCI ajuda as empresas portuguesas a incorporarem práticas sustentáveis nos seus processos e produtos?
A NERLEI CCI entende que a sustentabilidade é um dos principais pilares do futuro empresarial e por isso é uma temática que tem merecido, e vai continuar a merecer, a nossa atenção. Para tal procuramos realizar diversas ações, sejam elas mais de sensibilização/informação, sejam candidaturas a projetos cofinanciados que apoiem as empresas na transição para uma produção mais sustentável, no cumprimento das recentes exigências normativas a este nível, de forma a aumentarem a sua performance ambiental, produtividade e competitividade.
Ao nível da sensibilização/informação destacamos a ação mais recente: uma Conferência Internacional, com o tema “Sustainability in Product Development – Home Products”, que teve como objetivo promover o intercâmbio de ideias sobre a forma como a inovação, o design, o aprovisionamento responsável e a produção sustentável podem moldar o futuro da indústria.
Ao nível dos projetos cofinanciados temos vários a decorrer, alguns recentemente aprovados e outros em aprovação, todos em articulação com outras entidades (consórcios) potenciando assim as mais-valias dos mesmos:
- Projeto “Embalagem do Futuro®” – projeto no âmbito da Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que junta 79 entidades e visa investigar, desenvolver, produzir e comercializar à escala global soluções de embalagens mais ecológicas, digitais e inclusivas.
Ações concretas: estudo de seleção de mercados prioritários para os diversos produtos e soluções desenvolvidos no âmbito do projeto; estudos de mercado, desenvolvimento da marca para embalagens sustentáveis e realização de diversas ações de promoção dessa marca.
- Projeto “GREENOVET” – projeto transfronteiriço, que terminou em novembro de 2024 e foi desenvolvido em parceria com entidades de Portugal, Áustria, Finlândia e República da Macedónia do Norte. Um dos principais outputs foi a criação na Região de Leiria do Trainer – um CoVE (Centro de Excelência Vocacional) que se constituiu como um ponto de referência nacional para a inovação no ensino vocacional e capacitação dos alunos com as competências necessárias para liderarem a transição verde.
- Projeto “SustainablePackPT – Sustainable and Inovative Packaging Solutions from Portugal”
Recentemente aprovado, trata-se de uma ação coletiva de apoio à internacionalização do setor português das embalagens. Visa promover as exportações nacionais de embalagens e reforçar o posicionamento do setor em exigentes cadeias de valor, de oito mercados selecionados pelo seu elevado potencial, com clientes com poder de compra e grande exigência nos requisitos de qualidade, inteligência e sustentabilidade das embalagens. Este projeto pretende promover a indústria portuguesa da embalagem nos mercados alvo: Países Baixos, Bélgica, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega, Canadá e EUA, produzir e disseminar conhecimento e capacitar as empresas para serem mais competitivas nos mercados internacionais, visando o aumento das exportações e a internacionalização dos negócios e o aumento da notoriedade do setor da embalagem nos mercados globais.
- Projeto “Sustainability Leaders – Programa de transformação das empresas portuguesas em líderes da sustentabilidade”. Projeto recentemente aprovado no âmbito das ações coletivas de apoio à qualificação empresarial e que tem como objetivo principal desenvolver e implementar, nas regiões Centro e Norte do país, um programa de sensibilização e capacitação empresarial com foco nos pilares ESG, promovendo práticas sustentáveis e responsáveis que contribuam para a competitividade e sustentabilidade a longo prazo.
Além destes projetos, a NERLEI CCI apresentou pré-qualificações no âmbito das ações coletivas de descarbonização e digitalização, as quais centram as suas atividades na área da sustentabilidade, apoiando as PME na necessária transição verde e na sua capacitação para a implementação do Passaporte Digital de Produto.
Ainda no âmbito das parcerias, a NERLEI CCI é uma das associações parceiras do ecossistema SIBS ESG, lançado pela SIBS em parceria com várias instituições bancárias nacionais, com o objetivo de fortalecer a competitividade das empresas no âmbito ESG (critérios ambientais, sociais e de governação), facilitando a recolha de dados e a elaboração de relatórios de sustentabilidade.
Que desafios enfrentam as empresas na adoção de modelos de negócio mais sustentáveis e como podem transformar esses desafios em vantagens competitivas no mercado global?
Os desafios da sustentabilidade são amplos e complexos. Entre os principais destacamos:
Custos de implementação: A adoção de materiais e tecnologias sustentáveis exige investimentos iniciais significativos.
Inovação em materiais: Encontrar alternativas sustentáveis que mantenham qualidade e desempenho.
Gestão de resíduos: Desenvolver estratégias para reduzir, reciclar ou reaproveitar resíduos de produção, a um custo aceitável.
Regulamentação: Exige estar a par de todas as exigências ambientais, que variam no tempo e conforme os mercados de exportação.
Cultura organizacional: A transição para práticas sustentáveis requer mudanças profundas nas mentalidades e processos internos.
As empresas portuguesas têm uma oportunidade de alavancar a sua reputação em design, qualidade e inovação para se posicionarem como líderes em sustentabilidade. Entre as oportunidades mais promissoras estão:
Valorização da marca: Produtos sustentáveis podem atrair consumidores dispostos a pagar mais por práticas éticas e ecológicas.
Diferenciação face à concorrência: Sustentabilidade pode ser uma vantagem competitiva, especialmente em mercados mais maduros, como no Norte da Europa e América do Norte.
Acesso a novos mercados: Certificações ambientais e práticas sustentáveis são muitas vezes um requisito para grandes redes e distribuidores globais.
Parcerias estratégicas: A integração de sustentabilidade permite colaborar com entidades internacionais focadas em inovação ambiental.
Quais são as principais iniciativas previstas para os próximos anos para continuar a apoiar as empresas portuguesas na sua internacionalização?
Nos próximos anos pretendemos prestar serviços de apoio à internacionalização ao nível da: seleção de mercados prioritários de atuação; estudos de mercado; elaboração de planos de marketing internacional; desenvolvimento comercial de mercado.
Queremos também reforçar a integração da NERLEI CCI em redes internacionais de Câmaras de Comércio e Indústria. Isto a par da continuação do apoio à participação em feiras internacionais, visitas de prospeção a mercados, ações de capacitação, sempre com foco na sustentabilidade e na transformação digital.
Na sua visão, quais as tendências futuras que as empresas portuguesas devem considerar para se manterem competitivas nos mercados internacionais?
Consideramos que as empresas portuguesas devem investir fortemente no desenvolvimento contínuo das competências dos seus colaboradores, com foco nas áreas da digitalização, sustentabilidade e soft skills. A formação em tecnologia, gestão de dados e economia circular é essencial, aliada à adaptação cultural e linguística para mercados externos. Só dessa forma será possível desenvolver equipas ágeis e inovadoras, prontas para enfrentar desafios globais.
Outro aspeto determinante prende-se com o desenvolvimento da marca, reconhecendo-a como um ativo extremamente importante para a expansão internacional dos negócios já que, entre outros aspetos, permite a criação de valor e a diferenciação face à concorrência, e apostar na diversificação dos mercados de atuação.
Depois, é expectável um reforço da digitalização, automação, e adoção de tecnologias emergentes (IA, IoT e blockchain), bem como a utilização do e-commerce, nos setores em que isso é possível.
Por outro lado, vamos ver mais empresas a apostar em preparar-se para a adoção de um paradigma económico rumo à sustentabilidade, uma vez que o cumprimento dos critérios ESG vai condicionar também a internacionalização das empresas e existirá uma clara segmentação entre quem cumpre ou não estes critérios.
Por fim, consideramos avisado o fortalecimento da estrutura empresarial, sobretudo no que diz respeito ao aumento da dimensão, seja por via de fusões, seja por simples parcerias, e no que concerne à capitalização. São fatores que tornam as empresas exportadoras mais resilientes em mercados concorrenciais e globais.
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