Centrista Micheál Martin confirmado primeiro-ministro irlandês com um dia de atraso

  • Lusa
  • 17:12

Martin, 64 anos, foi eleito com 95 votos a favor e 76 contra na câmara baixa (Dáil) do Parlamento irlandês num total de 174 assentos.

O líder do partido centrista Fianna Fáil, Micheál Martin, foi esta quinta-feira confirmado primeiro-ministro irlandês, depois de um impasse no parlamento na véspera, que adiou o processo e levou à suspensão dos trabalhos. Martin, 64 anos, foi eleito com 95 votos a favor e 76 contra na câmara baixa (Dáil) do Parlamento irlandês num total de 174 assentos.

Apesar de não ter apoio suficiente, a líder do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, também foi proposta para o cargo, mas só teve 44 votos a favor perante os 110 contra. O Fianna Fáil foi o partido vencedor das eleições legislativas de 29 de novembro, ao eleger 48 deputados, superando o Sinn Féin (39 deputados) e o outro partido de centro-direita Fine Gael (38 deputados).

Para formar governo, Martin renovou o acordo de coligação com o líder do Fine Gael e primeiro-ministro cessante, Simon Harris, 38 anos, o qual deverá assumir a chefia do Executivo novembro de 2027. Graças a negociações de emergência entre o governo e partidos, a sessão desta quinta decorreu sem as interrupções da véspera, quando os trabalhos tiveram de ser suspensos quatro vezes devido à rebelião no hemiciclo.

O Sinn Féin, principal partido da oposição, Sociais Democratas, Partido Trabalhista e outros partidos opuseram-se a que quatro deputados independentes pró-governo tenham tempo de palavra enquanto membros da oposição. A oposição também criticou a intenção do governo de interromper os trabalhos parlamentares durante duas semanas, até 5 de fevereiro.

“A meu ver, é uma triste tendência em muitos parlamentos do mundo, o facto de se terem tornado mais zangados e discordantes. Tornaram-se fóruns dominados pela retórica inflacionada das manifestações, em vez de serem um local onde diferentes grupos podem discutir de boa fé e discordar respeitosamente”, lamentou Martin hoje, no discurso após a votação parlamentar.

“Espero que nos próximos anos possamos ter um parlamento cooperativo, em que tentemos dar ênfase a uma discussão positiva. Pela minha parte, tenciono manter-me aberto a ideias construtivas dos deputados de todas as partes”, acrescentou.

Na mesma intervenção, comprometeu-se a trabalhar para “ultrapassar os desafios económicos, ambientais e políticos urgentes que ameaçam os interesses e valores comuns” da União Europeia e a não hesitar no “apoio à proteção da liberdade e da democracia da Europa”.

Sobre as relações com os Estados Unidos, reconheceu o potencial impacto da presidência de Donald Trump, sucessor de Joe Biden, um descendente de irlandeses que sempre valorizou as suas raízes. “Não somos ingénuos quanto às realidades da mudança, mas também a relação Irlanda-América é uma relação que nos beneficia a ambos e que sairá fortalecida, aconteça o que acontecer”, vincou.

Ainda a nível internacional, salientou a cooperação com o Reino Unido e prometeu que a Irlanda será uma “voz ativa dos valores da paz, da cooperação e do desenvolvimento” na sequência do cessar-fogo em Gaza, “com um programa sustentado de ajuda humanitária e de reconstrução”.

Martin seguiu depois para a residência presidencial Áras an Uachtaráin, onde foi indigitado pelo Michael D. Higgins, sendo esperada a formação da equipa durante o resto do dia.

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