Exclusivo Menzies avança com despedimento coletivo na ex-Groundforce

Grupo britânico formaliza processo de despedimento coletivo na antiga Groundforce, para chegar a um corte de 300 trabalhadores. Inova condições de mercado e desequilíbrio financeiro da companhia.

O grupo Menzies, que controla a SPDH (Serviços Portugueses De Handling), antiga Groundforce, comunicou aos sindicatos no passado dia 14 o início de processo de despedimento coletivo de 300 trabalhadores na companhia. Depois de formalizar a aquisição de 50,1% do capital da operação em junho de 2024 e de assumir o compromisso de “reforçar a capacidade de handling para a aviação em Portugal”, investir “em tecnologia avançada” e “apoiar o desenvolvimento do pessoal”, avança para um despedimento coletivo com “motivos de mercado” e “redução da atividade”, lê-se no ponto 22 da carta a que o ECO teve acesso, assinada pelos administradores Rui Pedro Gomes e Juan Lorenzo Ramis.

Depois da sentença de declaração de insolvência da SPDH em agosto de 2021, e posterior aprovação da continuidade da empresa em setembro desse ano, a entrada da Menzies Aviation com 50,1% do capital — os outros 49,9% estão sob o controlo da TAP –, permitiu a entrada de 2,5 milhões de euros de fundos do novo acionista e da TAP na proporção do do seu capital social, por conversão de dívida. Agora, a Menzies recorre ao plano de insolvência aprovado pelos credores para avançar com o corte de 300 trabalhadores “durante os próximos meses”. No total, a ex-Groundforce tem cerca de 2700 trabalhadores diretos, com mais 1400 com contratos indiretos. Já saíram cerca de 140 por acordo, mas longe do objetivo de 300 trabalhadores.

O grupo Menzies justifica que cerca de 64% dos custos da empresa representam encargos com salários. “A redução de custos administrativos e com o pessoal torna-se inevitável quando se pretende reduzir, de forma significativa, os custos fixos mensais e anuais“. O processo, acrescenta a Menzies, “encontra-se em linha com o atual contexto macroeconómico mundial e nacional, o qual, não obstante o otimismo dos media, continua a impor cautelas”. Em 2025, os principais argumentos da Menzies são ainda a pandemia da Covid-19 e a invasão da Ucrânia, sem fim à vista, a escalada do conflito no Médio Oriente, e a crise política e a incerteza decorrente das eleições antecipadas em Portugal.

Na longa exposição para justificar o despedimento coletivo na SPDH, a Menzies revela que a companhia registou prejuízos de sete milhões e um milhão em 2021 e 2022, respetivamente. E embora as contas de 2023 ainda não estejam fechadas, “devido ao processo de insolvência, mas estima-se que o resultado líquido se manterá negativo“. Em 2022, os últimos números conhecidos, os custos com pessoal ultrapassaram os 90 milhões de euros (cerca de 76 milhões em 2021).

O grupo Menzies recorda, nesta carta para justificar o despedimento coletivo, que se previa o investimento de 12,5 milhões de euros, dos quais dez milhões na reestruturação dos recursos humanos, nomeadamente neste processo de despedimento coletivo. E admitia-se, à data da celebração do contrato de entrada no capital, de mais 25,6 milhões de investimento adicional. E na carta, os administradores citam ainda a obrigação de reembolso plurianual de credores reconhecidos da antiga Groundforce, no valor de 46 milhões de euros.

De acordo com os números revelados pela própria Menzies à data da aquisição, “a Groundforce Portugal assiste mais de 100.000 movimentos de aeronaves todos os anos nos cinco aeroportos mais movimentados de Portugal, nos quais presta serviços de terra e de carga aérea a várias companhias aéreas líderes mundiais”. A empresa britânica, detida pela Agility, uma holding do Kuwait, ficará com uma quota de 65% em Portugal.

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