Exclusivo Start Campus avança para segundo edifício do data center em Sines até fim de junho
Segunda fase do projeto de mais de oito mil milhões de euros vai arrancar ainda no segundo trimestre. Empresa diz ao ECO que “continua a impulsionar o surgimento de um novo hub de IA”.
A Start Campus vai dar início à construção do segundo edifício do centro de dados em Sines até ao final do segundo trimestre, avançou fonte oficial da empresa ao ECO. A segunda fase do projeto de mais de oito mil milhões de euros e 1,2 gigawatts (GW) de capacidade, que estava em licenciamento desde o ano passado, arranca até junho.
O projeto Sines DC inclui quatro edifícios adicionais que ficarão prontos, de forma faseada, nos próximos cinco anos. “Os edifícios SIN02-06 representam a segunda fase deste projeto, o qual se destaca como um dos projetos mais ready-to-build atualmente em desenvolvimento, não só na Europa, mas também em todo o mundo”, refere a empresa liderada por Robert Dunn, em resposta enviada ao ECO.
O primeiro edifício do projeto (SIN01) está a funcionar desde outubro e, durante a fase de construção, criou aproximadamente 700 postos de trabalho através da sua cadeia de fornecedores. Atualmente, a Start Campus emprega cerca de 70 pessoas de forma direta. “A Start Campus continua a impulsionar o surgimento de um novo hub de IA [Inteligência Artificial] na Europa, apresentando Portugal como uma alternativa ideal a outros mercados com maiores limitações, oferecendo energia renovável abundante, acesso à rede e uma excecional conectividade a todos os continentes”, garante a empresa que está a desenvolver o centro de dados em Sines.
A sociedade conjunta detida pela Davidson Kempner e pela Pioneer Point Partners tem em mãos o maior investimento em data centers em Portugal, no valor total de 8,5 mil milhões de euros. O projeto Sines DC – caracterizado pelo antigo Governo como o “maior investimento estrangeiro desde Autoeuropa” – localiza-se junto à central termoelétrica da EDP que foi desativada em 2021, será movido 100% a energia renovável, mas só deverá estar concluído a partir de 2028.
Batizado de “Sines 4.0”, este megacentro de dados foi anunciado em abril de 2021 e, inicialmente, a capacidade de ligação à rede prevista era de apenas 495 megawatts (MW). Entretanto, a capacidade energética duplicou, porém arrastou também o calendário do processo de construção, tendo em conta que a primeira fase do projeto atrasou três anos em relação à data original. O nome foi outra das mudanças: agora designa-se “Sines DC”.
“Racionalidade económica” leva a criação de nova sociedade
No início deste ano, a Start Campus fez uma alteração societária para que a Sines Transatlantic Renewable & Technology Campus S.A. destacasse parte do património – incluindo os ativos deste negócio no Alentejo Litoral – para constituir outra sociedade, a Sines Campus DCO1 S.A., de acordo com uma entrada na Conservatória do Registo Comercial a que o ECO teve acesso. A operação de cisão foi justificada pela administração com “motivos de racionalidade económica”.
“Os riscos comerciais inerentes a um ativo podem ter um impacto negativo noutro ativo, mesmo que não estejam relacionados de uma perspetiva económica e operacional. Além disso, num setor cada vez mais competitivo, cada um dos ativos requer estratégias à medida para o desenvolvimento de cada uma das suas operações, marcas e modelo de negócio”, lê-se no documento.
Este foi mais um procedimento administrativo para a nova era da Start Campus, pós-polémica com a Operação Influencer. Na liderança da empresa está o gestor Robert Dunn, que foi nomeado CEO na sequência da saída dos ex-administradores Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, ambos constituídos arguidos na operação do Ministério Público que levou à demissão do antigo primeiro-ministro António Costa. A Start Campus viu-se envolvida na investigação por alegadas diligências com o Executivo socialista para agilizar o licenciamento do centro de dados na zona industrial e logística de Sines.
Em julho, a empresa responsável pelo data center de Sines conseguiu recuperar a caução de 600 mil euros que sido obrigada a pagar no âmbito das medidas de coação decretadas em novembro de 2023, como escreveu o semanário Expresso. O valor foi-lhe devolvido depois de pedir a revisão da medida, após um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa ter considerado que não havia indícios de crime na investigação, conforme noticiou na altura o ECO.
A ‘febre’ dos data centers nacionais
A indústria dos data centers tem estado a crescer significativamente em Portugal. A mais recente estimativa da Associação Portuguesa de Centro de Dados – PortugalDC aponta para que possam ser canalizados mais de 12 mil milhões de euros de investimento para o país ao longo dos próximos cinco anos.
“Portugal está numa posição privilegiada para capitalizar o crescimento da indústria de data centers. Ao enfrentar os desafios da sustentabilidade, do talento e da regulamentação, pode garantir o seu lugar como um hub de liderança em tecnologia digital e verde na Europa”, consideram Carlos Paulino e Rita Lourenço, vice-presidentes da PortugalDC.
Na opinião dos vice-presidentes da Portugal DC, todos os indicadores se alinham “perfeitamente”, dado que Portugal se situa na extremidade sudoeste da Europa, tornou-se um ponto estratégico de ligação entre a Europa, África e a Américas e possui uma infraestrutura de rede desenvolvida.
“Essa vantagem geográfica, combinada com a robusta capacidade de energia renovável do país, ajudou a estabelecer Portugal como um local privilegiado para data centers no sul da Europa”, defendem Carlos Paulino e Rita Lourenço, managing director da Equinix Portugal e gestora ibérica de vendas ibérica na Legrand Data Center Solutions, respetivamente.
Na próxima quarta-feira será comemorado o Dia Internacional dos Data Centers, criado para aumentar a consciencialização e inspirar futuros talentos a entrar na indústria. A data celebrou-se oficialmente a 20 de março, mas esta semana a ‘festa’ faz-se no Teatro Capitólio (Lisboa), com um evento organizado pela associação que representa um setor para partilha de conhecimento e debate entre as empresas.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Start Campus avança para segundo edifício do data center em Sines até fim de junho
{{ noCommentsLabel }}