Acesso a tecnologia não garante notas melhores no secundário, indica estudo da Nova IMS
Importa mais a forma como a tecnologia é utilizada, do que ter somente acesso a essas ferramentas. Novo estudo sugere ajustes na política educativa para melhorar desempenho no secundário.
Ter um computador ou acesso à internet não tem um impacto significativo no desempenho dos alunos do ensino secundário, “contrariando a ideia amplamente difundida”. A conclusão consta de um novo estudo conduzidos por investigadores da Nova Information Management School (Nova IMS), que teve por base os dados de “praticamente todos os alunos que realizaram os exames nacionais de matemática e português” no ano letivo de 2021/2022.
“Com uma abordagem inédita, a investigação revela que alguns dos fatores tradicionalmente considerados determinantes para o sucesso escolar podem não ter o impacto esperado“, sublinha a referida escola numa nota enviada às redações.
No que diz respeito especificamente ao acesso à tecnologia, os investigadores realçam que “o verdadeiro fator diferenciador” não é ter um computador ou aceder à internet, mas, sim, a forma como as ferramentas tecnológicas são utilizadas no processo de aprendizagem.
Perante estes resultados, os especialistas defendem que é necessário ajustar as políticas educativas. “A ideia de que basta garantir acesso à tecnologia para melhorar o sucesso escolar não se confirma. O nosso estudo demonstra que a questão não está na presença da tecnologia, mas sim na forma como é utilizada. O desafio agora passa por investir na literacia digital e na integração pedagógica eficaz dos meios tecnológicos”, assinala Frederico Cruz Jesus, professor da NOVA IMS e coautor do estudo.
Por outro lado, novo estudo frisa que a escolaridade dos encarregados de educação é um dos fatores mais determinantes do sucesso no ensino secundário. “O nível de escolaridade dos pais ou tutores legais tem um impacto direto no desempenho dos alunos, independentemente do seu contexto geográfico. Jovens cujos encarregados de educação possuem formação superior apresentam, em média, melhores resultados nos exames nacionais“, explicam os investigadores.
O estudo sinaliza, assim, que estes dados reforçam “a necessidade de políticas que promovam o envolvimento parental no percurso educativo dos estudantes“.
Já o estatuto socioeconómico tem um impacto diferenciado em função do contexto. Nos centros urbanos, alunos de famílias de menores rendimentos registam, em média, um desempenho inferior. Já nas zonas rurais, a relação entre estatuto socioeconómico e sucesso académico “é menos evidente”, o que sugere que outros fatores, como o capital cultural e o envolvimento comunitário, podem “desempenhar um papel mais relevante”.
Com base em dados de 38 mil alunos do ensino secundário, este estudo é “um dos mais abrangentes” já realizados no país sobre os fatores determinantes do sucesso académico “e um dos primeiros a comparar, com um elevado grau de detalhe, as diferenças entre alunos em contextos urbanos e rurais”, observa a Nova IMS.
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