Marco Rubio avisa que EUA podem abandonar esforços para acordo de paz entre Rússia e Ucrânia
Se não houver progresso nos próximos dias, os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, avisa Rubio. Já JD Vance diz-se otimista.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, avisou hoje que os Estados Unidos podem abandonar os esforços para um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia se não houver progresso nos próximos dias. Já o vice-Presidente dos Estados Unidos, JD Vance, durante uma visita a Roma, disse estar otimista em relação a um cessar-fogo na Ucrânia.
“Temos de determinar nos próximos dias se [a paz] é viável ou não” e, “se não for possível, temos de passar a outra coisa” porque “os Estados Unidos têm outras prioridades”, afirmou Marco Rubio aos jornalistas junto do seu avião no aeroporto de Le Bourget, em Paris.
As declarações do Marco Rubio aconteceram um dia depois do encontro em Paris entre diplomatas norte-americanos e enviados britânicos, alemães e ucranianos, marcado por conversações sobre o conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
“Penso que o Reino Unido, a França e a Alemanha podem ajudar-nos, fazer avançar as coisas e aproximar-nos de uma resolução. Considero que as suas ideias são muito úteis e construtivas”, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana, durante as conversações do dia anterior com os aliados de Kiev, em Paris.
“À margem, estaremos prontos para ajudar quando estiverem prontos para a paz, mas não vamos continuar este esforço durante semanas e meses“, avisou, lembrando que esta guerra, desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão da Ucrânia pela Rússia, “está a ter lugar no continente europeu”.
Entretanto, em Roma, JD Vance manifestou este sábado o seu otimismo sobre a evolução das negociações indiretas com Moscovo e Kiev, à margem de um encontro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
“Quero informar a primeira-ministra sobre as negociações entre a Rússia e a Ucrânia, e também sobre certas coisas que aconteceram nas últimas 24 horas”, declarou Vance, acrescentando: “Não quero prejudicar nada, mas estamos realmente otimistas de que podemos acabar com esta guerra tão brutal“.
EUA admitem alívio das sanções à Rússia em troca de paz
A Bloomberg (acesso pago) avança esta tarde que os Estados Unidos admitem aliviar as sanções que estão impostas, neste momento, à Rússia num acordo de paz na Ucrânia.
Citando fontes da União Europeia, a Bloomberg indica que a proposta dos Estados Unidos prevê que o conflito seria “congelado”, mas as regiões ucranianas hoje ocupadas pela Rússia continuariam sob a alçada de Vladimir Putin. Prevê também que a Ucrânia não entraria na NATO.
Este plano não seria, porém, considerado um acordo final entre a Rússia e a Ucrânia, ressalvam as fontes citadas pela Bloomberg. A proposta terá ainda de ser trabalhada com ambas as partes.
Desde que tomou posse, em janeiro, o Presidente norte-americano fez uma aproximação a Vladimir Putin e diz estar a tentar obter um cessar-fogo rápido na Ucrânia, mas as negociações estão, até agora, num impasse.
Novos ataques russos atingiram várias cidades ucranianas importantes na noite de quinta-feira, matando pelo menos duas pessoas e ferindo 40, de acordo com as autoridades ucranianas.
Kremlin diz que há avanços concretos para acordo de paz com a Ucrânia
O Kremlin já reagiu às declarações feitas hoje pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, considerando que se registaram “progressos concretos” nas negociações com Washington para uma solução pacífica na Ucrânia.
“Acreditamos que se podem registar alguns progressos. Esse progresso está relacionado com a moratória provisória que foi respeitada pela Rússia para não lançar ataques às infraestruturas energéticas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa telefónica diária.
Peskov sublinhou que foram alcançados alguns acordos nas últimas semanas, embora, “como é óbvio, ainda subsistem muitas discussões complicadas pela frente”.
Ao mesmo tempo, admitiu que a trégua energética de 30 dias “expirou” depois de a Rússia e a Ucrânia se terem acusado constantemente mutuamente de violações.
O porta-voz do Kremlin acrescentou hoje que, quanto a um possível recomeço dos ataques russos às infraestruturas energéticas ucranianas, “de momento não há qualquer outra ordem do comandante supremo, o Presidente (Vladimir) Putin”.
Quanto à declaração do Presidente dos EUA, Donald Trump, de que espera que Moscovo lhes dê “esta semana” uma resposta à proposta de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, Peskov foi cauteloso. “A questão do acordo com a Ucrânia é complexa. O lado russo é a favor da resolução deste conflito, da defesa dos seus próprios interesses e está aberto ao diálogo”, afirmou.
Peskov também avaliou a reunião trilateral realizada no dia anterior em Paris com a participação de representantes dos EUA, da Europa e da Ucrânia.
“Ultimamente, não temos ouvido quaisquer apelos da Europa à paz. Pelo contrário, têm sido feitos apelos a uma maior militarização da própria Europa e da Ucrânia. O que ouvimos ultimamente dos europeus dificilmente pode contribuir para a procura de formas de resolução”, comentou.
Durante a conversa telefónica de Rubio com o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, no dia anterior, este último garantiu que Moscovo está disposto a continuar a trabalhar com Washington para eliminar as causas profundas do conflito ucraniano.
(Notícia atualizada às 17h25)
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