Firme no comando, Lagarde celebra “boa posição” do BCE mas evita dar sinais sobre mais cortes

Com ironia (q.b). dados os rumores sobre o futuro no cargo, Christine Lagarde usou um colar com a frase "in charge" (aos comandos) e gabou-se dos resultados. O futuro, esse depende dos dados, avisou.

“As voltas da vitória são sempre agradáveis, mas há sempre outra batalha pela frente”. Questionada se já podia cantar vitória sobre a inflação, a resposta de Christine Lagarde resumiu a posição atual do Banco Central Europeu (BCE): satisfação por atingir objetivos, mas cautela perante um futuro pleno de incerteza.

Estamos numa boa posição com base na trajetória atual das taxas e com os cortes de 25 pontos base que decidimos, para que possamos enfrentar as incertezas que se avizinham”, afirmou esta quinta-feira em conferência de imprensa após o BCE ter anunciado mais um corte nas taxas de juro, a sétima seguida e a oitava desde que iniciou o ciclo de descidas há um ano.

Em comunicado o BCE explicou que a decisão de reduzir a taxa de facilidade de depósito baseou-se na sua avaliação atualizada das perspetivas de inflação, recordando que a inflação situa-se atualmente em torno da meta de médio prazo de 2% do Conselho do BCE, recordou.

O staff do banco central atualizou as projeções macroeconómicas face às que tinha divulgado em março, ou seja, ainda antes do anúncio das tarifas do Dia da Libertação de Trump. O BCE projeta agora inflação de 2% para este ano face à projeção anterior de 2,3%.

“Com o corte de hoje e o nível atual das taxas de juro… penso que estamos a chegar ao fim de um ciclo de política monetária que respondia a choques agravados, incluindo a Covid, incluindo a guerra na Ucrânia, a guerra ilegítima na Ucrânia, e a crise energética”, explicou Lagarde, revelando ainda que a decisão desta quinta-feira foi quase unânime entre os membros do Conselho, com apenas um contra o corte.

Lagarde sublinhou que a maioria dos indicadores da inflação subjacente (ou seja, excluindo energia e bens alimentares) sugere que a inflação se estabilizará de forma sustentável numa meta de médio prazo de 2%.

Dados comandam decisões

Ainda assim, alertou que “as perspetivas para a inflação na zona euro são mais incertas do que o habitual”, apontando para a guerra comercial. “De momento enfrentamos uma incerteza significativa — poderá ler na declaração sobre a política monetária, penso que mencionamos a incerteza nove ou dez vezes”.

Dado este contexto, Lagarde recusou-se a dar sinais sobre o timing dos próximos cortes das taxas de juro. A maioria dos analistas aponta para uma pausa nas descidas em julho, mas a presidente do BCE explicou que mesmo com a boa posição atual “não estou a confirmar aqui agora… uma pausa“.

O grau de incerteza na economia global, com as tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump à Europa em pausa até 9 de julho (e entretanto a serem negociadas), obrigou Christine Lagarde a carregar no botão ‘play‘ do seu habitual discurso sobre a importância dos dados.

Decidiremos reunião a reunião com base nos dados e avaliaremos, à medida que os dados forem chegando, se essa [boa] posição está segura para atingirmos a nossa meta de 2% a médio prazo”, vincou.

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