Exportações chinesas para os EUA afundam 34,5% em maio numa queda sem precedentes desde a Covid-19
Em plena guerra comercial, as exportações da China para os EUA mergulham 35% em maio, batendo recorde negativo. A Europa, discretamente, transforma a crise sino-americana em oportunidade.
As exportações da China para os EUA registaram em maio a maior queda anual desde fevereiro de 2020 quando “rebentou” a pandemia de Covid-19, com uma correção homóloga de 35%, segundo dados oficiais divulgados esta segunda-feira pelas autoridades aduaneiras chinesas.
Este tombo representa um agravamento significativo, mesmo face à queda de 21% registada em abril, evidenciando o impacto da guerra comercial desencadeada pela Administração de Donald Trump.
Os números são particularmente significativos quando se considera que a última vez que as exportações chinesas para território americano sofreram uma contração desta magnitude foi durante os primeiros meses da pandemia, quando as cadeias de abastecimento globais ficaram literalmente paralisadas.
A guerra comercial entre os EUA e a China está a beneficiar outros parceiros comerciais da China, particularmente a União Europeia, que fica espelhada por uma subida de 2,9% das trocas comerciais entre a China e a União Europeia neste período.
Em termos absolutos, a China exportou apenas 28,8 mil de dólares para os EUA em maio, comparativamente aos 44 mil milhões de dólares no mesmo período do ano anterior.
Esta derrocada ocorre paradoxalmente num contexto em que Pequim e Washington anunciaram em maio uma trégua temporária de 90 dias no conflito tarifário, com ambos os países a acordarem reduzir substancialmente as taxas alfandegárias que se tinham escalado para níveis estratosféricos. No entanto, mesmo com este aliviar de tensão, as tarifas americanas sobre produtos chineses mantêm-se nos 30%, um patamar ainda assim historicamente elevado.
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Europa beneficia da guerra comercial sino-americana
Uma análise mais abrangente dos primeiros cinco meses do ano revela como a guerra comercial entre os EUA e a China está a beneficiar outros parceiros comerciais da China, particularmente a União Europeia.
Segundo os dados oficiais chineses, a União Europeia consolidou-se como o segundo maior parceiro comercial da China entre janeiro e maio, com trocas bilaterais no valor de 2,3 biliões de yuan (cerca de 315 mil milhões de euros), representando um crescimento de 2,9%.
Mais significativo ainda é o contraste com os EUA: enquanto as exportações chinesas para a União Europeia cresceram 7,7% nos primeiros cinco meses do ano, atingindo 1,57 biliões de yuan, as exportações para os EUA contraíram 8,7%, ficando-se pelos 1,27 biliões de yuan. Esta divergência coloca os EUA apenas na terceira posição entre os parceiros comerciais da China, com um peso de 9,6% no comércio externo chinês, contra os 12,8% da União europeia, revelam os dados do Governo chinês.
Os dados sugerem que, apesar da trégua temporária anunciada e das conversações em curso em Londres durante esta semana entre representantes comerciais de ambos os países, as cicatrizes da guerra comercial podem ser mais duradouras do que inicialmente antecipado.
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