Paz e segurança na Europa? “É tempo de sermos todos, todos, todos europeus”, diz Marcelo
Na cerimónia que assinala os 40 anos da adesão de Portugal à então CEE, o Presidente da República defendeu ainda que "a Europa não é um parceiro lateral à construção da paz".
“Se verdadeiramente queremos paz e segurança na Europa, é tempo de sermos todos, todos, todos europeus, antes que seja tarde demais, antes que haja vítimas demais”. Marcelo Rebelo de Sousa utilizou a expressão celebrizada pelo Papa Francisco, aquando da sua visita a Portugal na Jornada Mundial da Juventude em 2023, para defender que “a Europa não é um parceiro lateral à construção da paz”.
Intervindo na cerimónia que assinala os 40 anos da adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), a decorrer esta quinta-feira no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o Presidente da República lembrou que a “principal conquista” do projeto europeu foi a paz. E que esta “continua a ser a [sua] principal razão de ser”.
“Já demonstrámos que o método comunitário permite resolver os problemas sem guerras, com armas que não matam, mas curam, promovem e pacificam“, defendeu o chefe de Estado, apelando a uma “reforçada capacidade e coesão na defesa comum” da Europa.
Marcelo realçou, por isso, ser tempo de os EUA “recordarem as vantagens políticas e económicas de estarem sempre ao lado [da Europa]” e “de a Federação Russa reconhecer o clamoroso erro estratégico dos últimos já longos anos, culminando na intolerável invasão da Ucrânia, e voltar ao concerto das nações, à sua cultura e à sua ancoragem europeias”.
Sobre a adesão de Portugal à então CEE, o Presidente da República recordou “os nove longos anos de negociações” com Bruxelas e os nove Estados-membros que faziam parte da comunidade naquela altura — alargados a dez com a adesão da Grécia em 1983 –, durante os quais existiu uma “unidade de objetivos nacionais” entre os vários partidos, políticos e governos.
“Desde 1977 e particularmente desde 1986, três gerações de políticos negociaram, aplicaram, traduziram a adesão em melhoria das condições de vida dos portugueses“, assinalou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado sublinhou ainda que “Portugal é o único atual Estado-membro não fundador que, com Durão Barroso e António Costa, viu os seus nacionais serem presidentes de duas instituições europeias”, respetivamente da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
“O desafio de hoje é manter esse caminho, adaptando-o às novas realidades, dando novas respostas aos novos problemas, sabendo que, na construção da União Europeia, o mais premente amiúde é o processo, é o diálogo democrático e plural, na salvaguarda do primado das pessoas e da sua dignidade”, frisou.
Embora considere que a adesão “valeu a pena” decorridas quatro décadas, Marcelo não deixou, porém, de apontar que nem tudo foi perfeito: “Erros foram cometidos; por vezes, passos foram dados sem o devido apoio e explicação; muitas vezes a tecnocracia impôs-se à política, criando distâncias entre Bruxelas e os europeus. Uma Europa dos cidadãos, ou, mais do que isso, das pessoas, tem de continuar a ser uma prioridade e não apenas um chavão ou um álibi.“
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