Novo corte do IRS faz subir salário líquido entre dois e 15 euros por mês. Veja as simulações

O salário líquido dos portugueses vai voltar a subir. O Governo entregou no Parlamento uma proposta de redução do IRS e os efeitos deverão começar a ser sentidos já a partir de setembro. De acordo com as simulações do Ministério das Finanças, o alívio anual resultante desta mexida no imposto vai variar entre 34 e 207 euros, o correspondente a uma poupança mensal de dois a 15 euros.

Comecemos pelo caso de um trabalhador por conta de outrem (um titular) sem dependentes. Com um salário bruto mensal de mil euros, tem a pagar um IRS anual de 409 euros. O Ministério das Finanças estima que, com a proposta agora apresentada, esse contribuinte terá uma poupança anual de 34 euros face ao Orçamento do Estado para 2025, isto é, cerca de dois euros por mês.

Importa explicar que esse valor mensal é o resultado da divisão simples da poupança anual pelos 14 pagamentos que são feitos aos trabalhadores dependentes (12 meses de salário, o subsídio de férias e o subsídio de Natal).

Não sendo ainda conhecidas as novas tabelas de retenção na fonte, não é, portanto, possível por agora calcular qual será o salário líquido dos portugueses a partir de setembro, mas estas simulações do Ministério das Finanças já deixam algumas pistas.

Vamos a um outro caso. Um trabalhador dependente (único titular) sem dependentes e com um salário bruto de dois mil euros. Tem a pagar 3.729 euros de IRS anual. Com a nova proposta, estima-se um alívio de 124 euros por ano, isto é, cerca de nove euros por mês.

Como mostra este caso, à medida que o vencimento vai aumentando, também será mais expressiva a poupança. Vejamos, assim, o que acontecerá a um trabalhador dependente (único titular) sem dependentes e com um salário de três mil euros: tem a pagar 8.390 euros de IRS. Terá uma baixa de 207 euros do imposto a pagar com a medida do Governo, ou seja, haverá uma poupança de cerca de 15 euros por mês.

O que vão poupar os casais? E os pensionistas?

O Ministério das Finanças preparou também simulações para os casos em que a declaração de IRS é feita em conjunto por dois titulares, com e sem dependentes, variando a poupança anual entre zero euros e 414 euros (207 euros por titular).

Vamos a casos concretos. Um casal (dois titulares) sem filhos e em que cada membro recebe um salário bruto de 1.500 euros tem a pagar 4.010 eros de IRS. Com a proposta do Governo, haverá uma poupança de 165 euros, ou seja, 12 euros por mês no total (seis euros por titular).

Já no caso de um casal (dois titulares) com dois filhos e em que cada membro recebe um salário bruto de 2.500 euros, o IRS é de 10.903 euros. A poupança anual esperada é de 332 euros, o que corresponde a um alívio mensal total de 24 euros (12 euros por titular).

Vejamos agora o caso de um pensionista (único titular) sem dependentes e com uma reforma bruta de mil euros. Nesta situação, o Ministério das Finanças estima uma poupança anual de 34 euros, isto é, dois euros por mês. Se a reforma for o dobro, a poupança anual será, então, de 124 euros, ou seja, nove euros por mês.

Importa explicar que, na proposta entregue esta quarta-feira no Parlamento, o Governo avança com decréscimos das taxas de IRS de 0,5% entre o primeiro e terceiro escalões, 0,6% entre o quarto e sexto e 0,4% no sétimo e oitavo. Deixa, assim, intocada a taxa aplicado ao último escalão de IRS. Ainda assim, esses contribuintes beneficiarão destas mexidas, uma vez que o imposto é progressivo.

Estas alterações carecem, contudo, de “luz verde” do Parlamento, pelo que não é certo que sejam aplicadas exatamente nos termos referidos, tendo em conta que o PSD e o CDS-PP não têm maioria e a oposição (Chega e PS) têm preferido focar a redução do IRS nos rendimentos mais baixos.