Altri compra suíça AeoniQ e monta fábrica de fibras têxteis em Constância

Acordo reforça aposta do grupo nas fibras têxteis sustentáveis e prevê que a primeira unidade industrial da AeoniQ seja construída na fábrica de fibras da Caima em Constância já no próximo ano.

A Altri assinou um acordo para adquirir uma participação maioritária na AeoniQ, uma spin-off cleantech suíça da HeiQ Materials AG, que diz marcar “um passo decisivo no setor dos têxteis sustentáveis”. A primeira unidade industrial da empresa suíça será montada na fábrica de fibras da Caima, em Constância.

“O investimento da Altri, incluindo um aumento de capital, permitirá desenvolver a capacidade de produção em escala comercial da AeoniQ, reforçando a sua visão estratégica de diversificação para aplicações celulósicas de alto valor e baixo impacto ambiental”, frisa um comunicado da empresa liderada por José Soares de Pina.

Já a AeoniQ detalha que “desenvolveu o primeiro filamento celulósico biodegradável e com impacto climático positivo do mundo, projetado para substituir o poliéster e o nylon“. E destaca que a sua plataforma está “preparada para transformar a indústria têxtil global ao oferecer uma alternativa totalmente circular e livre de plásticos que reproduz o desempenho das fibras sintéticas — sem os seus impactos ambientais”.

Como parte do acordo, a primeira unidade industrial AeoniQ do mundo será construída na fábrica de fibras da Caima, em Constância. A construção está prevista para ter início durante o próximo ano, com uma capacidade inicial de 1.750 toneladas por ano. “Além das linhas piloto já existentes na Áustria, será lançada uma unidade pré-industrial em Portugal no início de 2026 para acelerar os protótipos, parcerias com marcas e coleções cápsula”, refere a empresa portuguesa.

“A joint venture, com a marca “AeoniQ”, combina a experiência industrial da Altri com a competência tecnológica da HeiQ”, diz a Altri. O projeto beneficiará da integração vertical da fibra de eucalipto até ao fio acabado, prevendo-se posteriormente a incorporação de matérias-primas recicladas como resíduos têxteis de algodão, resíduos agrícolas e celulose bacteriana derivada de desperdício alimentar.

A Altri destaca ainda que “os filamentos celulósicos AeoniQ são totalmente biodegradáveis em ambientes marinhos, no solo, em água doce e compostagem industrial” e que pode ser utilizados “desde lingerie e vestuário de trabalho a calçado, têxteis-lar, vestuário médico e interiores automóveis”. Este fio já foi utilizado em quatro coleções cápsula da Hugo Boss e na linha de roupa de cama vegan silk da Lameirinho, apresentada na Heimtextil 2025.

A Altri sublinha ainda que a joint venture AeoniQ é apoiada por grandes players da cadeia de valor têxtil, como a marca de moda alemã Hugo Boss e a MAS Holdings, a maior fabricante de vestuário técnico do Sul da Ásia, que são coinvestidores acionistas, enquanto a Lycra Company adquiriu os direitos exclusivos de distribuição”. Outros parceiros de desenvolvimento incluem, Riopele, Impetus, Lameirinho, Beste, Feinjersey, Taiana, Dolinschek, Aunde Group, Amman e Strahle + Hess.

Este acordo concretiza a estratégia da Altri de subir na cadeia de valor e investir em materiais de nova geração.

José Soares de Pina

CEO da Altri

“Este acordo concretiza a estratégia da Altri de subir na cadeia de valor e investir em materiais de nova geração”, afirma José Soares de Pina, CEO da Altri. “Estamos a escalar uma inovação transformadora que se alinha perfeitamente com o nosso compromisso de construir um mundo mais renovável”, acrescenta.

A conclusão da aquisição está sujeita ao cumprimento de determinadas condições precedentes, mas as empresas esperam que o processo esteja concluído durante a segunda metade deste ano.

Fundada em 2005 como spin-off do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, a HeiQ foi tem sede na Suíça, conta com uma equipa de 200 pessoas e opera em cinco continentes. Já desenvolveu mais de 200 tecnologias patenteadas para setores como o têxtil, cosmético, higiene, baterias, materiais de construção, entre outros.

Com três fábricas e com uma capacidade de produção anual superior a 1,1 milhão de toneladas, a Altri está agora a expandir-se para o setor dos têxteis sustentáveis. Em maio, a portuguesa anunciou que vai converter a fábrica de Vila Velha de Ródão para produzir fibras para a indústria têxtil, um investimento de 75 milhões de euros.

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