Exclusivo Novobanco aprova PER das imobiliárias de Vieira que devem 140 milhões
Processos de recuperação das sociedades do antigo presidente do Benfica foram aprovados. Novobanco vai financiar empresas para 'desbloquear' venda dos terrenos e assim recuperar parte das dívidas.
O Novobanco aprovou os planos de recuperação (PER) das sociedades imobiliárias que pertenciam a Luís Filipe Vieira e cujas dívidas ascendem a mais de 140 milhões de euros. A medida visa dar algum fôlego financeiro às empresas que eram do ex-presidente do Benfica para ‘desbloquear’ a venda de ativos imobiliários e pagar as dívidas ao banco.
Em causa estão a Royal Iberia, a Overbrick e a MuscateInvest Portugal, que se encontram em situação financeira muito difícil. Sem dinheiro para funcionarem, estas sociedades imobiliárias não conseguem avançar para a venda dos terrenos de que são donos e que se encontram avaliados em dezenas de milhões de euros.
É por isso que, no âmbito dos processos de revitalização que foram aprovados pelos credores nas últimas semanas, o Novobanco – que é o maior credor das sociedades – se comprometeu a injetar dinheiro nas empresas para suportar a atividade, de acordo com os planos consultados pelo ECO. O dinheiro servirá, entre outros, para pagar as dívidas à Autoridade Tributária relativas aos terrenos e ainda despesas de funcionamento.
No caso da MuscateInvest Portugal, com dívidas de 25,1 milhões de euros, dos quais 14,7 milhões ao Novobanco e 8,6 milhões ao Fundo de Investimento Alternativo Especializado (FIAE) — detido pelo banco, mas gerido por outra entidade –, a instituição financeira liderada por Mark Bourke vai emprestar 1,85 milhões. Isto permitirá abrir caminho à venda dos terrenos detidos por esta sociedade e que se encontram avaliados em 7,2 milhões, incluindo o chamado Páteos da Luz, em Tavira.
Na Overbrick, que deve perto de 40 milhões, está previsto um financiamento do Novobanco na ordem dos 400 mil euros. Esta sociedade tem ativos imobiliários avaliados em cerca de 17 milhões, destacando-se a Quinta dos Salgados, localizado em Santa Iria da Azóia.
Não foi possível reunir informação sobre os processos da Royal Iberia e ainda da sociedade Imocochão, outra empresa que era de Vieira e também está em recuperação. O Novobanco não comentou.
Novobanco recebe pelo menos 85% da venda
A expectativa é que se possa agora desencadear novamente os processos de venda destes ativos com o objetivo de pagar as dívidas ao Novobanco e restantes credores.
Os planos de recuperação foram elaborados na perspetiva “meramente indicativa” de venda dos terrenos em dois anos e por 90% do valor das avaliações realizadas em 2020. Nessa situação, o Novobanco não irá recuperar todo o dinheiro que está por saldar.
Até porque o que ficou acordado é que o banco recebe “um montante não inferior” a 85% do produto da venda de cada um dos ativos imobiliários para abater à dívida.
O montante remanescente deverá ser usado para pagar dívidas ao Fisco em primeiro lugar, seguindo-se custos com o processo de recuperação (incluindo administrador judicial, advogados e consultores), credores comuns e, no final, custos de financiamento (gestão, contabilidade, avaliações).
Estes ativos (e outros que Vieira tinha em Espanha, Brasil e Moçambique) encontram-se a ser ‘parqueados’ no FIAE que é gerido pela C2 Capital, detida pelos chineses da Gaw Capital.
Em 2017, o grupo económico do ex-presidente das águias tinha uma dívida que ascendia a cerca de 400 milhões de euros, incluindo os chamados VMOC no valor de 160 milhões da Promovalor e da Inland, que o tribunal considerou terem sido saldados por parte de Vieira com a conversão dos títulos.
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