Lusiaves reforça investimento em empresa americana que faz ‘carne’ em laboratório
Grupo de Leiria volta a apostar na Mission Barns, que faz ‘almôndegas e salsichas’ a partir de células animais, e é dos cinco principais acionistas ao lado de investidores dos EUA e Hong Kong.
Depois dos frangos e perus, os bifes em laboratório. O grupo Lusiaves, um dos maiores produtores avícolas portugueses, está a apostar nas tendências internacionais de alimentação e reforçou o investimento na empresa norte-americana Mission Barns, que fabrica ‘almôndegas e salsichas’ sem carne. O movimento estratégico mantém a Lusiaves, do empresário Avelino Mota Gaspar, como um dos cinco maiores acionistas da Mission Barns.
A empresa de Leiria considera que a tecnologia desenvolvida pela Mission Barns – que utiliza células de animais cultivadas por agricultura celular com proteínas vegetais – é disruptiva e decidiu reinvestir quatro anos depois de ter participado numa ronda de financiamento de 24 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de euros à cotação atual).
A Mission Barns é de São Francisco e ganhou mediatismo na última semana por ter recebido uma autorização do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos para a comercialização de carne cultivada na maior economia do mundo. O ‘ok’ desta agência federal surgiu apenas três meses a seguir ao aval da Food and Drug Administration (FDA), que emitiu um documento de “sem perguntas” a propósito dos ingredientes que utiliza.
Ou seja, a startup concluiu as etapas regulatórias necessárias para a sua gordura de porco cultivada. Para a Lusiaves, estas aprovações confirmam “a visão do grupo” e abre “um novo capítulo para a indústria alimentar global”.
“A nossa aposta na Mission Barns em 2021 foi um ato de visão e pioneirismo. Hoje, essa visão materializa-se num marco que irá transformar a alimentação mundial. Orgulhamo-nos de estar na linha da frente desta inovação, apoiando soluções que garantem sabor, sustentabilidade e segurança alimentar para as futuras gerações, ao mesmo tempo que damos um contributo para um planeta com futuro”, afirmou o presidente do Grupo Lusiaves, Avelino Gaspar.
Da estrutura acionista da Mission Barns, além da Lusiaves, fazem parte investidores dos Estados Unidos, como a Humboldt Fund de Nova Iorque ou a Green Monday de Hong Kong.
Carne à base de plantas a murchar
O negócio da ‘carne que não é carne, mas sabe a carne’ começou a desenvolver-se significativamente antes da pandemia da Covid-19 com o crescimento de empresas como a Impossible Foods ou a Beyond Meat.
A ideia destes CEO é vender refeições feitas com plantas ou matérias-primas de base vegetal, para substituir a carne, sem lhe retirar por inteiro o sabor a bife – até porque, para os recém-vegetarianos, a diferença no paladar pode ser o calcanhar de Alquiles. Na altura, chegaram a caracterizar esta indústria, em plena Web Summit, como um “game changer” para o setor da carne.
De facto, os confinamentos até acabaram por dar um boom na atividade destas empresas, porém longe vão esses tempos. As vendas a retalho de carne à base de plantas caíram 7% em 2024, continuando uma espiral de quedas que começou em 2021, de acordo com os dados divulgados pelo Good Food Institute na semana passada.
Por exemplo, a Beyond Meat perdeu mais de 90% de capitalização de mercado desde o pico em 2019 e a Impossible Foods está a reformular a marca do outro lado do Atlântico.
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