Ricardo Arroja foi despedido da presidência da AICEP por telefone
Na primeira reunião com o recém-empossado ministro da Economia, na tarde de sexta-feira dia 20 de junho, Castro Almeida comunicou a Ricardo Arroja que queria à frente da Aicep um perfil diferente.
O ex-presidente da AICEP, Ricardo Arroja foi despedido por telefone depois de ter recebido, duas horas antes, um email do gabinete do ministro da Economia a dispensá-lo de uma reunião de trabalho.
O ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, na primeira reunião que teve com Ricardo Arroja, comunicou-lhe que pretendia ter à frente da AICEP alguém com um perfil diferente. Mas o então presidente da agência considerou que não se devia demitir porque não existiam “razões que o justificassem”, conta o próprio nas respostas por escrito que enviou aos deputados socialistas da Comissão de Economia.
“Na minha primeira reunião com o recém-empossado ministro da Economia e da Coesão Territorial, Dr. Manuel Castro Almeida, realizada na tarde de sexta-feira dia 20/06/2025, foi-me comunicado pelo próprio a sua vontade de ter à frente da AICEP um perfil diferente do meu. Na ausência de razões que justificassem a minha demissão por vontade própria, seguiu-se a exoneração na segunda-feira seguinte (dia 23), nos termos do Estatuto do Gestor Público, pouco mais de um ano após o meu início de funções”, pode ler-se nas respostas a que o ECO teve acesso.
O PS questionou Ricardo Arroja sobre o momento em que lhe foi transmitida a decisão de exoneração e quais os meios utilizados, isto porque o mandato foi “interrompido, sem que tenha sido apresentada qualquer fundamentação pública substantiva para a sua cessação”. “A decisão foi justificada apenas com a intenção de «imprimir uma nova dinâmica aos serviços, mobilizando as equipas existentes», o que levanta questões quanto aos critérios efetivamente seguidos pelo Governo, à estabilidade da liderança da agência e à continuidade da sua ação”, explicava o PS.
“Da exoneração, fui informado pelo gabinete do ministro da Economia e Coesão Territorial, através de chamada telefónica daquele gabinete para o meu escritório em Lisboa, ocorrida cerca das 15h00, horas depois de ter sido dispensado por email, cerca das 13h00, de uma reunião de trabalho que estava agendada para o início dessa mesma tarde”, detalha Ricardo Arroja.
Castro Almeida durante a audição desta terça-feira, na Comissão de Economia, manteve a justificação da sua decisão. “O que estava em causa era a concreta adaptação ao lugar de presidente da AICEP”, por parte de Ricardo Arroja. Porque este “é um lugar que exige uma grande disponibilidade, uma grande presença física, proximidade às empresas, em Portugal e no estrangeiro, e capacidade para incentivar e mobilizar as equipas que tinha sob o seu comando”, disse o ministro.
“Fui tão claro quanto devia nas razões que levaram à mudança do presidente da AICEP”, frisou Castro Almeida, recusando usar a expressão de que despediu o ex-presidente da AICEP por este faltar ao trabalho, apesar da insistência do PS, ou revelar se Ricardo Arroja lhe pediu para executar as suas funções em teletrabalho, como instou o Chega.
Ricardo Arroja nas suas respostas frisou que cumpriu os objetivos que lhe foram propostos e que não foi alvo de “nenhum processo formal de avaliação de desempenho” durante o tempo decorrido do seu mandato. “A única avaliação a que fui sujeito, para efeito de início de funções, foi a avaliação prévia produzida pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP)”, disse.
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