Portugal e Finlândia anunciam aliança para hidrogénio verde

  • Lusa
  • 29 Setembro 2025

A agência finlandesa recorda ainda que o Porto de Sines assume um papel importante no setor, posicionando Portugal como hub europeu de exportação de hidrogénio verde, com forte relevância geopolítica.

Portugal e Finlândia anunciaram uma aliança para desenvolver o hidrogénio verde, combinando o potencial de produção renovável ibérico com a tecnologia finlandesa, num setor com um universo de mais de 80 empresas ativas. “A aliança refere-se à cooperação entre a Finlândia e Portugal no setor do hidrogénio verde, facilitada pela Business Finland e alinhada com a Estratégia Nacional do Hidrogénio de Portugal”, explicou à Lusa Guillermo Solano, senior advisor em Madrid da Business Finland.

O foco está na promoção do comércio, investimento e transferência de tecnologia para apoiar os objetivos de descarbonização de Portugal”, detalhou o responsável da agência pública finlandesa responsável por promover a internacionalização das empresas finlandesas e apoiar a inovação e o investimento estrangeiro.

Os compromissos da Finlândia incluem “a promoção da expertise finlandesa em tecnologias de hidrogénio – como por exemplo eletrólitos, células de combustível e soluções de engenharia das empresas listadas no relatório do ecossistema finlandês de hidrogénio –, a facilitação de missões empresariais e a exploração de oportunidades de financiamento conjunto em programas da União Europeia, como o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (RRF)”, acrescentou.

Do lado português, a aposta é criar condições de mercado atrativas, com metas de até “2,5 gigawatts (GW) de capacidade instalada de eletrólitos até 2030 e 15% de injeção de hidrogénio renovável na rede de gás natural até 2030”, lembrou. Estes planos são apoiados pela alocação de 370 milhões de euros do RRF de Portugal para projetos de hidrogénio. A agência finlandesa recorda ainda que o Porto de Sines assume um papel importante no setor, posicionando Portugal como hub europeu de exportação de hidrogénio verde, com forte relevância geopolítica e industrial.

Questionado sobre as estimativas do impacto específico desta cooperação no emprego ou no investimento em Portugal, respondeu que “a Business Finland não fornece estimativas”, comentando apenas que “a estratégia portuguesa mais ampla para hidrogénio verde projeta a criação potencial de até 5.000 empregos com investimentos na ordem de dois mil milhões de euros a longo prazo”.

Apesar de ainda não haver parcerias formalmente assinadas, a Business Finland detalhou que o relatório do ecossistema de hidrogénio finlandês lista mais de 80 empresas e ‘clusters’ finlandeses ativos no setor. Entre as áreas tecnológicas mais avançadas das empresas finlandesas estão “células de eletrólise de óxido sólido da Elcogen, reatores de metanação microbiana da Q Power Oy, sistemas de automação da Valmet Oyj e motores a hidrogénio”, afirmou.

Sobre a escolha de Portugal, Guillermo Solano sublinha que “a Finlândia identificou Espanha e Portugal como parceiros estratégicos devido ao seu potencial para gerar excedente de energia renovável, que complementa as forças finlandesas em eletricidade limpa e acessível (94% livre de CO₂) e em tecnologias avançadas de hidrogénio”.

Os principais desafios desta colaboração incluem “elevados custos de capital e operacionais dos eletrólisadores, incerteza no financiamento, falta de clareza regulatória e procura insuficiente. No contexto ibérico-finlandês, somam-se atrasos em infraestruturas, escassez de matérias-primas e aumentos recentes nos custos das renováveis. Além disso, a verificação dos benefícios ambientais e a adaptação às regulações internacionais atrasam o desenvolvimento”.

Apesar disso, a Finlândia já conta com projetos que podem ser replicáveis em Portugal, como “a planta de hidrogénio verde de 20 MW da P2X Solutions, o projeto de amoníaco verde da Green North Energy, a produção de Solein pela Solar Foods e a planta de e-metano da Freija”, contou.

Num contexto mais amplo, o responsável refere que a Finlândia “posiciona-se como produtor-chave no norte da Europa dentro da estratégia de hidrogénio da UE, contribuindo com 10% da capacidade da UE para 2030, segundo o REPowerEU”, integrando a rota nórdica do Hidrogénio–Baía de Bótnia.

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