Megaprojeto de gás da TotalEnergies em Moçambique inicia produção em 2029

  • Lusa
  • 30 Setembro 2025

Em 2021, TotalEnergies, líder do consórcio na Área 1 da Bacia do Rovuma, acionou a cláusula de "força maior" e suspendeu as atividades devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado.

O presidente da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, avançou esta terça-feira a previsão de arranque em 2029 da produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) do megaprojeto em Moçambique, suspenso desde 2021, tendo a petrolífera apresentado ao Governo um novo programa de desenvolvimento.

“Tudo está pronto. De facto, estamos a remobilizar no terreno, mas a última parte, diria eu, da decisão de levantar oficialmente a ‘força maior’, é que há discussões, o Governo tem de aprovar o plano de desenvolvimento atualizado, porque precisamos de o atualizar com um novo objetivo em termos de início das operações”, anunciou Patrick Pouyanné, num encontro em Nova Iorque, com investidores, para apresentar dados do desempenho global da petrolífera francesa.

Trata-se de um projeto de 20 mil milhões de dólares (17 mil milhões de euros), liderado pela TotalEnergies em Cabo Delgado, norte de Moçambique, com uma previsão estimada de produção de 13 milhões de toneladas por ano (mtpa), que segundo a petrolífera está atualmente desenvolvida em 40%.

Em 2021, TotalEnergies, líder do consórcio na Área 1 da Bacia do Rovuma, com participação de 26,5% no projeto, acionou a cláusula de “força maior” e suspendeu as atividades devido aos ataques terroristas em Cabo Delgado, quando estava em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de gás natural.

“Será em 2029 que planeamos iniciar as operações e, naturalmente, atualizar o orçamento com o impacto da ‘força maior’ (…). Portanto, essa questão está a ser avaliada e, penso eu, vamos avançar muito rapidamente”, disse ainda Pouyanné.

Acrescentou que no local do projeto estão criadas “muito boas condições de segurança” e que o recente acordo entre os governos de Moçambique e do Ruanda, que regulariza a presença dos militares ruandeses em Cabo Delgado, apoiando as forças armadas moçambicanas no combate aos grupos terroristas, acabou por “tranquilizar”.

“Do nosso lado, passámos para aquilo a que chamamos o modo de contenção, que é, de facto, a península de Afungi, onde vamos executar o projeto, que é uma península muito grande, está completamente sob controlo e todos os empreiteiros que trabalham e todos os empregados que trabalham para o nosso projeto, estarão nesta península a trabalhar, a viver, a transportar e poderão ter uma fase de construção segura”, garantiu Patrick Pouyanné.

O processo, adiantou, está ainda a ser articulado com a petrolífera norte-americana ExxonMobil, que opera um segundo projeto igualmente de GNL naquela área, dependente do avanço do investimento da TotalEnergies.

“Avaliamos isso, claro, com os nossos colegas da ExxonMobil e estamos alinhados em estreita cooperação para que possamos reiniciar a operação rapidamente”, concluiu o presidente da TotalEnergies, que em 11 de julho se reuniu em Maputo com o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, que dias antes tinha defendido que a petrolífera devia levantar a cláusula de “força maior”, para o megaprojeto poder avançar.

“O mais importante, neste momento, com a TotalEnergies, é o levantamento da ‘força maior’. Por mais que se assine um plano de desenvolvimento [do projeto de gás] sem o levantamento da ‘força maior’ não estaremos a fazer nada”, disse Chapo, em 22 de junho.

Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado, além do operado pela italiana Eni, a única em produção, também a Mozambique LNG (Área 1), operado pela TotalEnergies, e a Rovuma LNG (Área 4), complementar, operada pela ExxonMobil, com 18 mtpa, ambas em fase de desenvolvimento.

Desde outubro de 2017, a província, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico, que chegaram a provocar mais de um milhão de deslocados, incluindo 349 mortos só em 2024, segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África, instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

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