Tarifas norte-americanas cortam em sete décimas crescimento das exportações portuguesas

Estimativa do Governo aponta para um impacto das tarifas norte-americanas na taxa de crescimento das exportações portuguesas maior no próximo ano do que em 2027.

As tarifas de 15% sobre a generalidade dos produtos europeus vendidos para os Estados Unidos terão um impacto a rondar as sete décimas no crescimento das exportações portuguesas de bens em 2026, de acordo com os resultados de uma simulação do Ministério das Finanças e que consta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026). No entanto, o efeito negativo na subida do Produto Interno Bruto (PIB) é residual.

De acordo com o relatório que acompanha a proposta de lei orçamental para o próximo ano, entregue na quinta-feira no Parlamento, aplicando o cenário de tarifas de 15% a partir do quarto trimestre de 2025 na sequência do acordo entre os EUA e a União Europeia, a equipa de Joaquim Miranda Sarmento prevê que o impacto das tarifas americanas na taxa de crescimento do PIB português, em 2026, rondará os -0,15 pontos percentuais (pp.), dos quais -0,06 pp. em impactos diretos.

Para 2027, o Ministério das Finanças estima que o impacto indireto do choque seja menos negativo, dado que os impactos no crescimento das restantes economias europeias moderam, subsistindo essencialmente impactos diretos, que se traduzem num impacto total de cerca de -0,05 pp..

Entre os principais componente do PIB, o crescimento das vendas de bens portugueses ao exterior é o mais afetado. A simulação aponta para quedas da taxa de crescimento das exportações a rondar os -0,69 pp., em 2026, e -0,37 pp., em 2027, como resultado do aumento do preço dos bens no mercado norte-americano, por força do aumento das tarifas, o que leva a uma redução da sua procura, explica o relatório.

Fonte: Relatório do OE2026

O Ministério das Finanças detalha, contudo, que se verifica igualmente que os impactos indiretos explicam uma parte considerável do impacto total em 2026, “sugerindo que a redução das exportações portuguesas é maioritariamente explicada pelo abrandamento das restantes economias europeias”.

Ao nível da procura interna, o impacto negativo é superior no caso do investimento privado (-0,23 pp.), comparativamente à
redução no crescimento do consumo privado (-0,09 pp.), conclui.

Ministério das Finanças justifica que a redução das exportações portuguesas é maioritariamente explicada pelo abrandamento das restantes economias europeias.

No OE2026, o Governo prevê uma taxa de crescimento da economia de 2% este ano e de 2,3% no próximo, com as exportações de bens e serviços a subirem 1,5% em 2025 e 1,8% em 2026. Na previsão, o contributo da procura externa líquida para a variação do PIB é negativo em 1,2 pp. em 2025 e negativo em 0,9 pp. em 2026, enquanto o da procura interna é, respetivamente, de 3,2 pp. e 3,1 pp..

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