Sporting ‘limpa’ dívida de 68,8 milhões e volta a mandar nas receitas da Nos

O Sporting fecha ciclo de reestruturação da dívida ao liquidar 68,8 milhões de euros com a nova emissão a 28 anos e volta a ter nas mãos as receitas televisivas cedidas à Nos.

O Sporting anunciou esta quinta-feira o reembolso integral da operação de titularização de créditos denominada “Lion Finance no. 2”, no montante de 68,8 milhões de euros, um movimento que fecha um ciclo de reestruturação financeira e alivia a estrutura patrimonial do clube leonino.

A operação foi concluída após o empréstimo obrigacionista da Sporting Entertainment no valor de 225 milhões de euros, realizada na quarta-feira, com um prazo excecional de 28 anos e uma taxa de juro fixa de 5,75% ao ano. O anúncio desta liquidação marca o fim de uma operação financeira complexa que havia sido montada em dezembro de 2023, quando o clube antecipou receitas futuras para reestruturar a sua dívida bancária.

Na altura, o Sporting transferiu créditos futuros emergentes do contrato de cessão de direitos televisivos com a Nos Lusomundo Audiovisuais para a Sagasta Finance, uma sociedade de titularização de créditos, que posteriormente emitiu obrigações garantidas por esses mesmos créditos. Esse mecanismo permitiu ao clube libertar 50 milhões de euros adicionais face à operação anterior – a “Lion Finance no. 1” –, alcançando um valor global emitido pela Sagasta de 113,9 milhões de euros.

A titularização de créditos é um instrumento financeiro que permite às empresas antecipar receitas futuras, transformando fluxos de caixa esperados em liquidez imediata. No caso do Sporting, a operação “Lion Finance no. 2” assentava na cessão dos direitos televisivos do contrato com a Nos, firmado em 2015 por um valor global de 446 milhões de euros ao longo de dez épocas.

Estes direitos, que incluem a transmissão dos jogos em Alvalade, a exploração da publicidade no estádio e a distribuição do canal Sporting TV, foram cedidos à Sagasta Finance, que emitiu obrigações adquiridas por investidores. Em termos práticos, o clube recebeu o dinheiro adiantado, mas comprometeu-se a direcionar as receitas futuras da NOS para o pagamento dos juros e do capital aos obrigacionistas.

Agora, com a conclusão da nova emissão de obrigações da Sporting Entertainment – subsidiária detida integralmente pela Sporting SAD –, o clube conseguiu reembolsar integralmente os 68,8 milhões de euros ainda em dívida aos obrigacionistas da “Lion Finance no. 2”, sem encargos financeiros adicionais.

Em consequência, a Sporting SAD e a Sporting Comunicação e Plataformas readquiriram a totalidade dos créditos emergentes do contrato com a Nos que ainda estavam por vencer, recuperando assim o controlo direto sobre estas receitas futuras até ao termo do contrato.

O impacto patrimonial desta operação é significativo. Ao liquidar antecipadamente a titularização, o Sporting elimina uma obrigação de 68,8 milhões de euros do seu passivo, ao mesmo tempo que recupera ativos que estavam cedidos – os direitos sobre as receitas da Nos. Com isso, confere ao clube maior flexibilidade para gerir as suas receitas futuras e reforça a autonomia estratégica num momento de investimento significativo nas infraestruturas do clube.

Esta movimentação melhora a estrutura do balanço, reduzindo a exposição a dívida de curto e médio prazo e aumentando a autonomia financeira do clube sobre os seus principais contratos comerciais.

Além disso, a nova emissão de 225 milhões de euros, com prazo de maturidade de 28 anos, permite ao Sporting estender significativamente o prazo médio da sua dívida e reduzir o custo médio de financiamento, dado que a taxa de juro de 5,75% corresponde a um spread de 2,85% sobre os mid-swaps, um nível competitivo para uma emissão desta natureza.

A Merck, uma das maiores farmacêuticas do mundo, fez recentemente uma emissão obrigacionista a 30 anos de 1.250 milhões pela qual irá pagar 5,7%.

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