Exclusivo Padaria Gleba reestrutura dívida para aliviar pressão financeira

Padaria multiplicou lojas na região de Lisboa nos últimos anos, mas forte crescimento levou a desequilíbrio financeiro que procura resolver com um PER para renegociar dívida que ascende a 8 milhões.

A Gleba prepara uma reestruturação da dívida que ascende a oito milhões de euros, isto depois de o forte investimento realizado na expansão do negócio nos últimos anos ter deixado a padaria artesanal sob pressão para honrar os seus compromissos financeiros. Situação que, de resto, estará na origem de ações de execução de que foi alvo no mês passado e que levou a empresa fundada em 2016 por Diogo Amorim a avançar para um Processo Especial de Recuperação (PER) para se proteger dos credores.

“A Gleba investiu muito nos últimos dois anos. As nossas vendas estão a crescer e o EBITDA também. Mas, face a atrasos nas aberturas e algumas lojas abaixo do desempenho estimado, vemo-nos na necessidade de restruturar a dívida da empresa”, adiantou Diogo Amorim em declarações ao ECO.

Conhecida pelo método artesanal no fabrico do pão, a Gleba conta atualmente com 24 lojas na região da Grande Lisboa (14 das quais espalhadas pela capital), correspondendo ao triplo dos espaços que tinha em 2022.

Para acompanhar este crescimento, o número de trabalhadores praticamente duplicou neste período, com a conhecida padaria a empregar mais de 240 trabalhadores, segundo os dados fornecidos pela empresa ao ECO. Mas o investimento na expansão das operações deixou uma situação desequilibrada na parte financeira, que a Gleba espera resolver com o PER pedido pela empresa e que tribunal de Lisboa aprovou na semana passada.

Diogo Amorim descarta que a reestruturação venha a abranger um plano de saídas. Ainda assim, além da renegociação da dívida, há uma racionalização dos custos em cima da mesa.

“Está previsto restruturar a dívida da empresa, reduzir custos não produtivos e continuar a aumentar vendas para diluir os custos fixos associados às lojas e à organização em geral”, assegurou o fundador e maior acionista da empresa com 65% do capital – os restantes 35% estão nas mãos do empresário António Carrapatoso (14%) e da filha, Marta (21%), desde 2019.

"A Gleba investiu muito nos últimos dois anos. As nossas vendas estão a crescer e o EBITDA também. Mas, face a atrasos nas aberturas e algumas lojas abaixo do desempenho estimado, vemo-nos na necessidade de restruturar a dívida da empresa.”

Diogo Amorim

Fundador e CEO da Gleba

Passivo mais do que duplica desde 2022

Ao abrigo do PER, a Gleba consegue proteger-se de eventuais avanços de credores enquanto procura uma solução para o seu futuro. No início de setembro, a padaria foi mesmo alvo de duas ações de execução do Bankinter no valor de 1,1 milhões de euros, de acordo com os dados consultados no portal Citius. Agora, sob proteção judicial, empresa prepara-se para renegociar os termos da dívida, incluindo quanto aos prazos de reembolso, no sentido de adequar os compromissos financeiros ao maior período de retorno do investimento com que se defronta agora.

O objetivo do PER — e para o qual foi nomeado como administrador judicial provisório Bruno Costa Pereira, que também foi responsável por outros processos conhecidos, como a antiga TAP SGPS, a Groundforce e a Inapa — passa por assegurar a operação sem que a componente financeira asfixie a viabilidade da empresa. Caberá agora a Bruno Costa Pereira apresentar a lista de credores dentro de semanas e ajudar na elaboração de um plano de recuperação da empresa para aprovação dos credores.

Os dados mais recentes – relativos a 2023 – mostram uma evolução muito positiva das vendas da Gleba, mas também do passivo. A faturação cresceu 35% para 7,3 milhões de euros. Porém, e por conta do serviço da dívida, o crescimento do negócio não se refletiu nos resultados líquidos, que se cifraram em apenas 11,6 mil euros, o que compara com 600 mil euros em 2022.

O passivo mais do que duplicou entre 2021 e 2023, passando de 3,68 milhões de euros para mais de oito milhões. Sendo que o passivo corrente — que correspondem a responsabilidades de curto prazo — triplicou para perto de cinco milhões neste período, ou seja, correspondendo a dois terços do passivo.

Embora tratando-se de uma cadeia de padarias, a Gleba não opera em sistema de franchising, sendo todos os estabelecimentos geridos pela mesma empresa. Para lá das lojas físicas, também explora uma loja online, disponibilizando um serviço de subscrição de encomendas (de diária até mensal).

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