Sarmento precisa que economia cresça cerca de 2% neste trimestre para cumprir meta anual
Primeiros nove meses do ano dão força à expetativa do Governo em cumprir a meta de crescimento anual de 2%. Desempenho entre julho e setembro permite a Sarmento respirar de alívio.
Os estímulos orçamentais do Governo continuam a fazer o seu papel e a puxar pelo consumo, o que aliado à resistência que a economia parece demonstrar face à incerteza internacional permitem aos ministros Joaquim Miranda Sarmento e Manuel Castro Almeida respirar de alívio e confiar que a meta de fechar 2025 com o país a crescer 2% será cumprida.
Depois de um primeiro trimestre difícil, a economia recuperou nos três meses subsequentes e surpreendeu no terceiro trimestre, com taxas superiores às esperadas pelos economistas. Esta quinta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 2,4% em termos homólogos e 0,8% na comparação em cadeia, o que revela uma aceleração do crescimento face aos 1,8% e 0,7%, respetivamente, registados entre abril e junho.
De acordo com cálculos do ECO, este cenário permite ao Governo ter uma confiança reforçada em que vai conseguir cumprir a previsão para este ano inscrita no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026): 2%. Para isso, a economia terá de crescer cerca de 2% no quarto trimestre face a igual período do ano passado e cerca de 1% na comparação trimestral.
Os dados carecem de cuidado na interpretação, uma vez que a estimativa do INE é ainda preliminar — não inclui informação mais fina sobre as componente do PIB — e os dados finais chegam apenas no final de novembro. Contudo, no atual cenário, o segundo semestre do ano repetiria o padrão verificado em 2024 e permitia compensar os números da primeira metade do ano.
Na comparação em cadeia, o PIB contraiu-se 0,3% no primeiro trimestre — corrigindo em larga medida a forte aceleração no quarto trimestre de 2024 –, tendo recuperado para um crescimento de 0,7% no segundo trimestre, enquanto na comparação face a igual período do ano anterior cresceu 1,7% e 1,8%, respetivamente.

No terceiro trimestre, os indicadores revelam, para já, que a procura interna continua a puxar pela economia, embora o seu contributo se tenha mantido relativamente estável. Um comportamento que, na comparação homóloga, resultou de uma aceleração do consumo privado que compensou a desaceleração verificada no investimento.
Uma consequência das medidas de política do Governo, já que foi em agosto e setembro que se aplicaram as novas tabelas de retenção na fonte que traduziram a redução do IRS com retroativos a janeiro, a que se somou o suplemento extraordinário aos pensionistas. Isto significou mais dinheiro ao fim do mês no bolso dos portugueses durante o verão. Cenário que no ano passado tinha ocorrido em setembro e outubro, e que impulsionou o maior crescimento em cadeia do PIB num quarto trimestre desde 2013, com exceção dos últimos três meses de 2021 (após a pandemia).
Assim, se no ano passado o efeito das medidas de política do Governo se fizeram sentir em setembro e outubro, este ano concentraram-se apenas no terceiro trimestre. O que poderá traduzir-se em taxas ligeiramente inferiores de crescimento da economia no último trimestre do ano face aos 1,2% na comparação em cadeia e de 2,6% na comparação homóloga registados no quarto trimestre de 2024. Um quadro que é compensado pelas taxas superiores às registadas entre julho e setembro de 2023.
Mas, além do consumo, a evolução do PIB do terceiro trimestre revelou ainda um contributo menos negativo da procura externa líquida. Apesar da incerteza internacional, o INE explica que se registou uma aceleração das exportações de bens e serviços, ao mesmo tempo que se verificou também uma ligeira desaceleração das importações.
Um comportamento esperado pelo Governo, conforme o ECO explica aqui. “Para a segunda metade do ano, antecipa-se uma aceleração do PIB, decorrente da manutenção de um crescimento robusto da procura interna e de alguma recuperação das exportações após o comportamento fraco registado no primeiro semestre”, pode ler-se no relatório do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), no qual prevê um crescimento económico de 2%, depois de uma taxa de 2,1% em 2024.
Na sequência destes dados, o Governo mostrou-se confiante no cumprimento das metas. Primeiro, através do Ministério das Finanças. “Depois dos efeitos negativos da incerteza internacional e da guerra comercial e dos choques geopolíticos, a economia portuguesa continua a demonstrar uma elevada resiliência“, assinalou o organismo tutelado por Joaquim Miranda Sarmento, em comunicado.
O Ministério das Finanças salientou ainda que “este desempenho reforça a confiança que existe relativamente à economia nacional e a convicção do Governo de que é possível atingir um crescimento de 2% este ano”.
Este desempenho reforça a confiança que existe relativamente à economia nacional e a convicção do Governo de que é possível atingir um crescimento de 2% este ano.
“É um número que supera as expectativas que existiam. Revela que o número do crescimento do PIB tem vindo em crescendo desde o início do ano”, corroborou o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, numa audição parlamentar no âmbito da apreciação na especialidade do OE2026. “Significa que há uma altíssima probabilidade do objetivo do Governo ser atingido no final do ano“, acrescentou.
Paralelamente, Portugal apresenta um desempenho acima da média da Zona Euro. A economia dos países do euro cresceu, em média, 1,3% em termos homólogos no terceiro trimestre, uma taxa que revela uma ligeira desaceleração face aos 1,5% registados no trimestre precedente. Portugal não só é um dos países que contrariou a tendência, como a expansão do PIB de 2,4% o coloca como o terceiro país com a maior subida.
Os dados preliminares divulgados na quinta-feira pelo Eurostat revelam que, entre os países do euro para os quais já existem dados disponíveis, Portugal é apenas ultrapassado pela Irlanda (+12,3%) e por Espanha (2,8%) no ‘top três’ dos que mais cresceu em termos homólogos no terceiro trimestre. E quando comparado com a expansão do PIB na comparação em cadeia, Portugal é mesmo o país com a maior subida trimestral, face a uma média de crescimento de 0,2%.
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