Exclusivo Bruxelas chama Caixa, BCP e mais 20 bancos para discutir alívio da regulação
Encontro de alto nível entre comissária Maria Luís Albuquerque e representantes de mais de 20 instituições está marcado para 2 de dezembro, com vista a discutir uma reforma da regulação bancária.
- A Comissão Europeia vai reunir a 2 de dezembro com cerca de 25 líderes bancários, incluindo BCP e CGD, para discutir o alívio das regras prudenciais e preparar um pacote de simplificação regulatória a apresentar no segundo semestre de 2026.
- O objetivo é reforçar a competitividade da banca europeia face aos EUA e criar capacidade de financiamento para as transições Digital, Verde e de Defesa, num processo conduzido por Maria Luís Albuquerque e Stéphane Séjourné.
- Os bancos defendem a redução dos requisitos de capital em cerca de 100 mil milhões de euros, alegando excesso de regulação, enquanto alertam para o crescimento descontrolado do shadow banking e os riscos que este representa para o sistema financeiro.
A Comissão Europeia quer aliviar as regras dos bancos e convocou alguns dos principais líderes do setor para uma reunião de alto nível a ter lugar no dia 2 de dezembro. Será um encontro bastante exclusivo e reservado a cerca de 25 convidados, sobretudo banqueiros, mas também associações empresariais e de consumidores. O ECO sabe que o BCP é um dos convidados, bem como a Caixa Geral de Depósitos, segundo confirmação de fonte oficial, mas haverá mais portugueses sentados à mesa.
A reunião contará com a presença de Maria Luís Albuquerque, comissária de Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e Mercado de Capitais, e a quem caberá, juntamente com Stéphane Séjourné, vice-presidente executivo para a Prosperidade e Estratégia Industrial, a condução dos trabalhos.
O encontro integra os chamados “Diálogos de Implementação” que a Comissão liderada por Ursula von de Leyen tem promovido desde a primavera para recolher contributos de diferentes setores no sentido de reforçar a competitividade da economia da União Europeia. Agora é a vez dos bancos.
Bruxelas está a trabalhar num extenso pacote de medidas que visam simplificar as regras bancárias, e que espera ter pronto até ao segundo semestre do ano.
O objetivo passa por ajudar os bancos a recuperarem a competitividade que perderam para os concorrentes de outras regiões, nomeadamente dos EUA, mas também por capacitar o setor para responder às necessidades de investimento que a União Europeia vai enfrentar a curto prazo, nomeadamente no que toca às ambições no setor da Defesa, Digitalização e Transição Ambiental.
O encontro marcado para o dia 2 de dezembro permitirá assim à Comissão obter uma perspetiva em primeira mão dos bancos em relação a uma reforma profunda do enquadramento regulatório, que abrangerá regras macroprudenciais, microprudenciais e de resolução.
Do lado dos bancos, que há muito se queixam das elevadas exigências de capital, defende-se uma redução dos requisitos na ordem dos 100 mil milhões, entre outras medidas, que poderiam reforçar a capacidade de conceder empréstimos à economia, sem colocar em causa a solidez do setor – uma das linhas vermelhas das autoridades, que são mais cautelosas na abordagem a este tema para evitar que o alívio das regras venha a fragilizar o sistema.
“Shadow banking está a crescer de forma alucinante”
O BCP foi um dos bancos convocados para este encontro. Embora o banco tenha recusado fazer comentários sobre este convite, o CEO — muito crítico do esquema de contribuições para o Fundo de Resolução nacional — já por mais do que uma vez deixou a sua visão sobre o tema da simplificação regulatória, que entrou definitivamente na agenda europeia. Há duas semanas, numa conferência em Lisboa, Miguel Maya defendeu que a regulação melhorou “substancialmente” na última década, contribuindo para reforçar a confiança dos clientes. Ainda assim, criticou o excesso de regras, pois desviou a atenção dos reguladores em relação a outros problemas.
“Nos últimos cinco anos entraram em vigor 13 mil novos regulamentos. Eu recebo dos supervisores três pedidos por dia útil. Eu hoje tenho de estudar não é mais, é muito mais do que nos anos mais exigentes da faculdade”, afirmou o gestor.
“A regulação melhorou muito desde 2014… Agora, temos de pensar que quando se amplificam todos os sons, deixa-se de se ouvir o som. Quer dizer, é uma mistura de tudo”, alertou, avisando para os riscos que se estão a acumular no setor do shadow banking.
“O shadow banking a crescer a uma velocidade alucinante. E os riscos para os cidadãos estão lá, ou seja, isto tudo se contamina. Quer dizer, portanto, o que está no holofote está muitíssimo bem regulado. Há uma parte muito grande que fugiu para as franjas da regulação”, atirou Miguel Maya.
Da parte da Caixa, o maior banco do sistema em Portugal, estará presente Paulo Macedo.
Notícia atualizada às 7:59 com a informação de que a CGD também estará presente no encontro
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