Um ano depois do lançamento, Digi admite “sentimento misto” sobre o mercado português
CEO da Digi Communications diz ser "demasiado cedo" para tirar conclusões, mas admite, sem detalhar, que tem um "sentimento misto" sobre o mercado português. Pico do investimento já passou.
- O CEO da Digi Communications expressou um "sentimento misto" sobre o mercado português, considerando prematuro fazer grandes avaliações, apesar do crescimento no número de clientes móveis e de internet fixa, que já soma 443 mil e 150 mil, respetivamente.
- A Digi já investiu 120 milhões de euros em Portugal, superando a fase de investimento mais intensivo, e a operação gerou despesas operacionais de 88,2 milhões de euros, resultando em um prejuízo operacional de 110 milhões de euros.
- A empresa planeia continuar a expandir a sua cobertura, mas ainda enfrenta desafios técnicos e operacionais.
O líder internacional do grupo que detém a Digi disse esta sexta-feira ter um “sentimento misto” em relação ao mercado português, mas considera “demasiado cedo” para tirar “grandes conclusões” sobre o desempenho da empresa no país. O responsável revelou também que a Digi já investiu 120 milhões de euros em Portugal e que a fase de investimento mais intensivo está ultrapassada.
Serghei Bulgac, CEO da Digi Communications, que detém a Digi Portugal, respondia a perguntas do ECO durante apresentação de resultados via Zoom nesta sexta-feira, 14 de novembro. Durante a manhã, a Digi revelou que chegou ao final de setembro com 443 mil clientes móveis, 5,48% acima do trimestre anterior (+23 mil clientes em termos líquidos), e 150 mil clientes de internet fixa, um aumento de 4,17% em cadeia (+6 mil adições líquidas). A empresa herdou da antiga Nowo 270 mil clientes móveis e 130 mil fixos.
“Penso que o nosso sentimento é misto, mas diria que não estamos a fazer nenhum balanço”, respondeu o gestor, sobre a avaliação que faz do mercado português de comunicações eletrónicas. “Temos estado extremamente ocupados e preocupados em melhorar as nossas redes e em expandir a cobertura fixa e móvel”, acrescentou o CEO da Digi Communications.
O responsável deu também alguns dados operacionais além dos reportados no relatório oficial: a rede móvel da Digi Portugal tem já cerca de 4.500 torres de telecomunicações (vulgo, antenas), enquanto a rede fixa chega atualmente a 1,1 milhões de casas. “É uma grande conquista industrial”, comentou Bulgac, apontando que, somando todas as unidades geradoras de receita, a empresa serve atualmente no país cerca de 800 mil clientes. “Há certamente um segmento de nicho que aprecia estes serviços”, sublinhou.

“Já superámos o pico do nosso investimento” em Portugal
Nos nove meses até setembro, a operação portuguesa gerou despesas operacionais de 88,2 milhões de euros para receitas de 52,5 milhões, tendo obtido um prejuízo operacional (EBITDA) de 110 milhões de euros. Questionado sobre o nível de investimento (capex) no mesmo período, o gestor disse que rondará os 120 milhões de euros.
“Ainda é elevado. Mas muito do nosso capex [em Portugal] está executado. Claro que não iremos ficar por aqui. Mas seguramente que já superámos o pico do nosso investimento. Seguramente que a parte mais significativa já está feita”, afirmou o responsável.
Recorde-se que a Digi chegou a Portugal por via de um investimento superior a 67 milhões de euros em licenças no leilão do 5G concluído em 2021. Em agosto de 2025, avançou para a compra da Nowo, por um valor de 150 milhões de euros. A propósito, o gestor explicou esta sexta-feira que, na prática, a Digi pagou 110 milhões de euros em equity pela Nowo até ao momento.
Importa referir que, quando anunciou a compra da Nowo em agosto do ano passado, a Digi previu num comunicado vir a investir 500 milhões de euros no total em Portugal para oferecer uma “gama completa de serviços” aos portugueses. Viria a estrear-se comercialmente meses depois, a 4 de novembro de 2024, com uma oferta a preços muito abaixo dos praticados habitualmente, embora ainda enfrente alguns constrangimentos técnicos e operacionais.
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