Zona Euro autoinflige tarifas de 65% nos bens e 110% nos serviços, diz Lagarde
Economistas do BCE concluíram que as barreiras entre os países da Zona Euro equivalem a tarifas de 65% nos bens e 110% nos serviços. "Há um enorme potencial a explorar" no Mercado Único, diz Lagarde.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, adiantou esta quarta-feira que as barreiras entre os membros da Zona Euro correspondem a tarifas de 65% nos bens e 110% nos serviços e que, se todos os países acompanhassem os Países Baixos, seria anulado o impacto negativo das tarifas de Donald Trump.
Lagarde citava um estudo a ser publicado por economistas do BCE, que decidiram conduzir uma avaliação semelhante à que realizou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que conclui que existia uma tarifa equivalente a 40% sobre o comércio de bens dentro da Zona Euro e tarifas equivalentes a 100% sobre os serviços.
“Quando vimos esse estudo, ficámos um pouco chocados com o facto de nos estarmos a impor este tipo de obstáculo e barreira. E realizámos um estudo semelhante, tentando ser um pouco mais refinados, mais sofisticados, dedicando um pouco mais de tempo a chegar ao fundo da questão”, afirmou perante os eurodeputados da Comissão de Economia e Monetária do Parlamento Europeu.
“E chegámos a números que não só eram da mesma magnitude, como superiores”, acrescentou, adiantando então que as barreiras que subsistem entre os países-membros da Zona Euro equivalem a tarifas de 65% nos bens e de 110% nos serviços.
Nessa medida, prosseguiu, “se todos aplicassem as mesmas barreiras que os Países Baixos, eliminaríamos o impacto negativo da tarifa adicional dos EUA nas exportações da Zona Euro”. E notou que se a Zona Euro “fizesse um quarto do esforço” para eliminar as barreiras, seria o suficiente para compensar as tarifas impostas por Trump.
Segundo Lagarde, “existe um enorme potencial a ser explorado” com a eliminação de barreiras dentro do Mercado Único, que “não serve apenas para fins monetários”, atirou.
“O mercado único deveria ser, de facto, a concretização da promessa de Jacques Delors, feita há muito tempo, quando afirmámos que os bens, os serviços, o capital e as pessoas deveriam circular livremente”, disse a líder da autoridade monetária da moeda única.
Num outro tema, Lagarde assegurou ainda que a inflação na Zona Euro irá se manter dentro da meta do BCE “nos próximos meses”. Isto apesar de ter considerado que se mantém uma incerteza “acima do habitual” devido às políticas comerciais voláteis a nível global.
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