Mendes vence Cotrim de forma clara. E encosta-o… a Ventura

Era um debate importante pela sobreposição de eleitores, mas o arranque demolidor de Marques Mendes encostou Cotrim Figueiredo ao seu eleitorado natural dos liberais... e a André Ventura.

O primeiro tema do confronto televisivo entre Luís Marques Mendes e João Cotrim Figueiredo na TVI estava pré-anunciado, era previsível, e determinou o que veio a ser este debate: Depois das acusações do antigo presidente da Iniciativa Liberal sobre alegadas pressões para desistir, Marques Mendes foi absolutamente arrasador, chegando a acusar Cotrim Figueiredo de ser um “André Ventura envergonhado“. E chegou para ultrapassar, sem problemas de maior, o tema político que se tem relevado mais difícil em vésperas de greve geral: A promulgação, ou não, da lei laboral.

Luís Marques Mendes e João Cotrim Figueiredo procuram conquistar um eleitorado que se cruza, urbano, qualificado e pró-mercado. O antigo líder do PSD — e agora apoiado pela AD — sabe que por um ponto se vai à segunda volta, por um ponto se fica pelo caminho e olhava para Cotrim Figueiredo como uma barreira ao seu caminho. Não perdeu tempo. Ao abrir o debate, e sem responder à pergunta do jornalista José Alberto Carvalho, fez um ataque demolidor à palavra e ao caráter de Cotrim Figueiredo, quando exige que divulgue se alguma vez o pressionou a desistir ou se alguém, em seu nome e a seu mando, o fez. O liberal patinou, puxou Gouveia e Melo, mas Mendes não desaproveitou a oportunidade, de bandeja: “Ou se fazem acusações e se provam ou não se fazem”, atira. “Comporta-se como uma espécie de André Ventura envergonhado, porque faz acusações e não as prova”, diz Mendes considerando que a denuncia não confirmada “não o recomenda para Presidente”. “Este episódio mostra que a sua palavra não é para ser levada a sério”. O debate começou e acabou ali. Logo a seguir, Cotrim ainda ensaiou uma outra insinuação no ar sobre o trabalho de Marques Mendes, mas mais uma vez, perante o desafio do candidato social-democrata, não foi capaz de a concretizar.

Cotrim Figueiredo recuperou alguma coisa na discussão sobre a lei laboral. Sobretudo quando afirma que um candidato a Presidente da República tem de ter uma posição política sobre os temas da atualidade e confirmou que promulgaria o documento que é hoje conhecido e que já foi já alvo de cedências do Governo. Neste caso, Marques Mendes continua a não dizer o que pensa, uma estratégia defensiva para não se comprometer. João Cotrim Figueiredo afirma que ainda não se sabe se Marques Mendes “promulga ou não promulga e já disse que prefere não se pronunciar”. E garante, sem hesitações, porque um candidato presidencial tem de ser claro nas suas posições: “Promulgaria esta legislação laboral na versão mais recente”, para uma lei mais flexível.

Depois, Marques Mendes conseguiu encostar João Cotrim Figueiredo à Iniciativa Liberal e às suas próprias propostas quando era líder partidário. O passado tinha voltado para o atormentar, agora que quer ir à segunda volta e quer alargar o seu universo eleitoral, na política fiscal e nas privatizações. Cotrim foi obrigado a reconhecer que, em matéria de IRS, já não pensará exatamente o mesmo, mas ainda foi capaz de apontar a enorme progressividade dos impostos como uma das razões para a emigração dos jovens mais qualificados.

Cotrim não terá perdido votos dos liberais, nem dos jovens, um dos seus mercados de voto mais fortes, mas não alargou nada a segmentos que querem outra coisa, outra política e outros políticos. Foi uma ‘masterclass’ de Marques Mendes em direto e ao vivo, a diferença entre 50 anos e seis anos de experiência político-partidária.

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