9 e 19 de janeiro são as datas decisivas para corrida de Centeno à vice-presidência do BCE
O prazo para a proposta de candidatos ao lugar de Luis de Guindos termina a 9 de janeiro. Portugal ainda não formalizou o nome de Mário Centeno, numa altura em que se perfilam vários candidatos.
- O processo de seleção do sucessor de Luis de Guindos na vice-presidência do BCE está a avançar rapidamente, com candidaturas abertas até 9 de janeiro.
- Mário Centeno é considerado um "possível candidato" por Portugal, enquanto a concorrência inclui nomes de Finlândia, Letónia e Croácia, que já se manifestaram.
- A escolha do novo vice-presidente poderá influenciar futuras negociações políticas entre os países europeus, especialmente com a Alemanha e a Holanda a ponderarem suas estratégias.
O processo de escolha do sucessor do espanhol Luis de Guindos na vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE) está a apertar, e tudo se vai precipitar já no próximo mês. O processo está formalmente aberto e em curso, e é esperado que os vários países coloquem as cartas na mesa no início do ano.
“O Eurogrupo lançou o processo para escolher um sucessor do vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, cujo mandato expirará no final de Maio de 2026. Hoje definimos o prazo para as candidaturas para o início de janeiro, o que permitirá ao Eurogrupo lidar com este tema na sua reunião de janeiro”, pode ler-se num comunicado divulgado esta quinta-feira por Makis Keravnos, que exerceu o cargo de presidente interino do Eurogrupo até à eleição do grego Kyriakos Pierrakakis.
As candidaturas têm de chegar até 9 de janeiro, por escrito. Para 19 está marcada reunião do Eurogrupo, de onde sairá em teoria, o nome que será proposto para que o processo avance de seguida, incluindo a intervenção do BCE e do Parlamento Europeu. Ainda assim, admite-se que o nome possa só sair na reunião seguinte, em fevereiro, se houver grande polarização entre os ministros no encontro de janeiro.
Também na quinta-feira, em Bruxelas, o ministro das Finanças português voltou a falar sobre o tema, ainda que sem avançar um milímetro face ao que já tinha dito. Mário Centeno é um “possível candidato”, assumiu Joaquim Miranda Sarmento, assegurando que Portugal está preparado para apoiar o ex-governador do Banco de Portugal neste processo.
“É um possível candidato, mas não existe uma confirmação oficial”, disse Miranda Sarmento em entrevista à Bloomberg. O ministro frisou ainda que, “se a oportunidade surgir”, o Governo “irá apoiar qualquer português para esta posição ou qualquer outra posição”. O passo formal que se segue é o envio de uma carta ao presidente do Eurogrupo. Tal poderá mesmo acontecer na próxima semana, até porque de seguida entra o período natalício e as instâncias comunitárias de Bruxelas praticamente fecham.
O antigo governador, que terminou o mandato no Banco de Portugal em outubro, está interessado no lugar e já abordou vários responsáveis europeus assim como membros do Governo português nas últimas semanas para dar conta da sua disponibilidade, de acordo com a Bloomberg.
Uma coisa é dada como certa em Bruxelas, que a concorrente grega, a vice-governadora do banco central da Grécia, Christina Papaconstantinou, terá ficado pelo caminho. Isto porque outro grego, o ministro das Finanças Kyriakos Pierrakakis, foi escolhido para presidente do Eurogrupo, em substituição do irlandês Paschal Donohoe, que aceitou o convite para ser diretor-geral do Banco Mundial. Esta escolha de Pierrakakis deverá deixar a Grécia de fora da corrida aos próximos cargos europeus, num exercício que tem muito de político e de negocial entre os países.
Na corrida para vice do BCE, Centeno deverá enfrentar a concorrência de Finlândia (Olli Rehn), Letónia (Martins Kazaks) – que já afirmaram publicamente a candidatura e o apoio estatal – e Croácia (Boris Vujcic). Não é de excluir que surjam ainda mais candidatos.
Mais do que uma negociação país a país, é normal que surja o desenho de grandes blocos. Neste cenário, Rehn seria o candidato natural do norte da Europa, com Centeno a ser o nome mais forte do sul. Isto não quer dizer que os blocos se alinhem rigorosamente desta forma.
A Alemanha e a Holanda, por exemplo, poderão ter pretensões de colocar alguém como presidente do BCE, quando terminar o mandato de Christine Lagarde, pelo que poderiam estar mais abertos a fazer agora uma concessão ao sul, para poder cobrar essa cedência mais tarde. É um xadrez diplomático cujas peças ainda não estão todas posicionadas.
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9 e 19 de janeiro são as datas decisivas para corrida de Centeno à vice-presidência do BCE
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