Banqueiros centrais reúnem-se segunda-feira em Sintra. Investimento e crescimento na agenda
Os líderes mundiais da política monetária, juntamente com economistas de renome internacional, vão estar em Sintra na próxima segunda-feira. Na agenda está investimento e crescimento.
O Banco Central Europeu (BCE) volta a reunir em Sintra, a partir de segunda-feira, algumas das mais influentes personalidades do mundo da política monetária para debater o futuro económico, monetário e financeiro internacional
Dedicado este ano ao “Investimento e Crescimento nas economias desenvolvidas”, o BCE prevê juntar cerca de 150 personalidades de diferentes bancos centrais, mas também académicos e economistas de renome internacional, numa altura em que estima que o crescimento da economia da zona euro fique pelos 1,9% e a inflação nos 1,5% (abaixo do seu mandato, que prevê uma inflação próxima, mas abaixo, dos 2%).
Na segunda-feira, o presidente do BCE, Mario Draghi, dará início aos trabalhos, com o habitual discurso num jantar de boas-vindas às dezenas de economistas e responsáveis internacionais que participam no “ECB Forum on Central Banking”, em Sintra.
Na terça-feira, os trabalhos serão dedicados à inovação, investimento e produtividade, juntando responsáveis do BCE, como Benoît Cœuré e Peter Praet, membros do Conselho de Administração do banco central, mas também académicos como David Autor, do Massachusetts Institute of Technology, que vai debater o impacto da produtividade no emprego, ou o economista-chefe da Google, Hal Varian, entre outros.
O último dia do encontro, quarta-feira, será dedicado ao crescimento económico e às políticas macroeconómicas, com um painel com vários académicos, que vão debater as fontes da estagnação económica e a interação entre a política monetária, os balanços das empresas e as reformas estruturais.
O vice-presidente do BCE, Vítor Constâncio, lidera um painel dedicado aos diferentes ciclos económicos, onde participam também o diretor-geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, Marco Buti, e o economista-chefe do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, Sergei Guriev.
Da parte da tarde, e para encerrar a quarta edição do Fórum do BCE em Sintra, juntam-se vários governadores de bancos centrais. Além de Mario Draghi, participam Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra, Haruhiko Kuroda, governador do Banco do Japão, e Stephen Poloz, governador do Banco de Canadá. A moderação do debate fica a cargo do governador do Banco de Israel, Karnit Flug.
A intervenção de Mark Carney deve ser uma das mais aguardadas, numa altura em que decorrem as negociações para que o Reino Unido deixe a União Europeia. Se há um ano, a vitória do ‘Brexit’ marcou o terceiro Fórum do BCE em Sintra, também deverá estar presente nos debates desta quarta edição.
Isto porque uma das questões mais relevantes na negociação entre a UE e o Reino Unido sobre o ‘Brexit’ será a definição das condições para as instituições financeiras que hoje têm sedes oficiais em Londres e que após a saída britânica vão perder o chamado “passaporte” que lhes permite operar no conjunto da União Europeia.
Por isso, Mario Draghi instou já os bancos a prepararem-se “a tempo” para as consequências do ‘Brexit’, admitindo que o processo gera riscos para a supervisão das entidades, e já informou que defende a modificação de um artigo dos seus estatutos para passar a supervisionar a compensação das transações em euros atualmente concentrada em Londres.
Esta conferência do BCE replica um modelo que a Reserva Federal (Fed) norte-americana realiza desde 1978 numa cidade do Kansas, Jackson Hole, que deu nome ao evento que a Fed promove anualmente. No ano passado, o BCE realizou a sua primeira conferência mundial em Sintra.
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