Comissão espera crescimento acima de 2,5% para 2017
"Queremos fazer de Portugal uma história tremenda de sucesso," disse o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, que está de visita a Lisboa.
“Queremos fazer de Portugal uma história tremenda de sucesso,” disse o comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, esta terça-feira, em Lisboa. E a vontade de apoiar é bem visível na avaliação que o responsável de Bruxelas faz sobre o país. Portugal está a evoluir “muito positivamente no plano orçamental e económico,” a estratégia que está a ser seguida para lidar com o malparado dos bancos “é ambiciosa e vai na direção certa.” Mais: a retoma do crescimento está apoiada por fatores estruturais e o país deverá crescer mais de 2,5% em 2017.
“O crescimento vai ficar provavelmente acima de 2,5% em 2017,” antecipou Pierre Moscovici, revendo assim em forte alta as previsões que tinham sido apresentadas pela Comissão Europeia, em maio, que eram de 1,8% para o PIB português.
"Estou otimista, estou impressionado. A economia portuguesa está neste momento numa situação sólida e num caminho forte.”
O comissário lembrou o aumento do PIB de 2,8% já verificado no primeiro trimestre deste ano e apontou para uma recuperação duradoura: “Acho que o crescimento é duradouro porque há fatores estruturais que o estão a suportar.” Moscovici sublinhou o “regresso do investimento”, tanto externo como interno e o “boom do turismo,” que já contribui para o crescimento durante todo o ano, com menor sazonalidade. Além disso, também o crescimento na zona euro está a tornar-se mais forte, defendeu, o que vai ajudar a economia portuguesa a ganhar gás.
“Estou otimista, estou impressionado. A economia portuguesa está neste momento numa situação sólida e num caminho forte,” reforçou.
Redução do défice? Portugal é “sério e confiável”
No plano orçamental, o caminho é também visto como “muito positivo”. Moscovici recordou que o défice foi reduzido de 11% em 2011 para um valor que se espera agora de 1,8%. “Os mercados e os parceiros têm a confirmação de que Portugal é um país sério e um país confiável,” notou.
E até a discordância conhecida entre o modo de cálculo do défice estrutural entre o ministro das Finanças português, Mário Centeno, e a Comissão Europeia, foi classificada como “um diálogo de elevada qualidade”, sobre o qual Moscovici está “otimista” e que “vai no bom caminho.” À espera do esboço de orçamento para 2018, Moscovici fez questão de frisar que as escolhas orçamentais cabem aos Governos, que esse é “o espaço de liberdade chamado democracia” e que, seja como for, a Comissão “vai usar a margem de interpretação para proteger o crescimento” e que “nunca” vai fazer propostas que “prejudiquem o crescimento potencial.”
De forma simples, resumiu que “o crescimento que é crucial sobre qualquer outra questão ou problema,” repetindo a mensagem que já tinha deixado, em entrevista ao ECO, de que a consolidação orçamental não deve prejudicar a retoma económica.
No que toca à estratégia de redução do malparado nos bancos, um problema que limita o apoio que pode ser dado ao crescimento da economia, Moscovici avalia-a como sendo “boa.” Depois de uma conversa, esta manhã, com o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, o comissário veio convencido das boas notícias: “O rácio de non performing loans está a diminuir,” frisou, “estamos no bom caminho, a estratégia seguida pelas autoridades portuguesas é ambiciosa e vai na direção certa.”
A economia portuguesa é uma economia em que nós podemos confiar.
E baixou a pressão, argumentando que este não é um problema apenas português, mas sim uma preocupação europeia, onde têm agora de ser dados passos. Sem querer entrar em detalhes, disse apenas que as duas estratégias — a portuguesa e a europeia — têm de ser, “e estão a ser”, coordenadas.
Sobre a avaliação feita pelas agências de rating ao país, que tarda em mudar — só a Fitch alterou o outlook de estável para positivo — Moscovici sublinhou que “o olhar sobre o país já mudou.” Mas “leva algum tempo a mudar do outlook para o rating, mas temos de continuar, porque nós, a comissão, está aqui para apoiar,” assegurou.
Então quer dizer que já está tudo bem?
Para Moscovici, quase. Nas entrelinhas, o comissário deixou dois ou três apelos. Argumentou que “os esforços devem prosseguir para reduzir o défice estrutural,” porque é assim que a retoma será reforçada e que a dívida pode diminuir no longo prazo. Ou seja, não basta cumprir o objetivo nominal, que parece bem encaminhado, será preciso baixar o défice de forma credível. Aliás, foi com a convicção de que esse caminho continuaria a ser feito que a Comissão decidiu recomendar a saída do Procedimento por Défice Excessivo, desvalorizando o impacto potencial da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.
Notou que “há esforços a melhorar no quadro judicial e administrativo”, bem como “no mercado de trabalho para melhor integrar os desempregados de longa duração.” Aqui, importa “reduzir a segmentação,” mas “a redução do desemprego vai na boa direção e por isso trata-se de consolidar o caminho em curso,” defendeu. E aproveitou para sublinhar que os relatórios de avaliação trimestral do impacto do aumento do salário mínimo são positivos.
No final, rematou: “A economia portuguesa é uma economia em que nós podemos confiar.”
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